MacGuffin escrita por Yuu-Chan-Br


Capítulo 9
Ato 8




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A porta fechada atrás de si lhe rendeu um enorme alívio, o fato de estar de volta a seu porto seguro – sua casa – lhe abrandando o peito. A experiência não fora de todo ruim, mas ainda se sentia cansado após passar tantas horas de esforço mental para interagir com o mais velho: os desentendimentos não eram sempre fáceis de evitar. Apesar de todo o medido pela lógica, sentiu-se estúpido ao lembrar da expressão contente do outro ao filmar sua reação com o pequeno café da manhã.

— Parece criança – riu baixo e pigarreou logo em seguida, como se tentasse retomar a seriedade, mesmo sem ninguém o ver.

Retirou o casaco e o deixou no encosto do sofá antes de sentar-se sobre o mesmo, retirando o celular do bolso da calça. Sorriu ao abrir o aplicativo e se deparar com Jaehee, a qual o cumprimentou de pronto.

“Bom dia, Jae-ssi”, respondeu animado.

Jaehee: Zen-ssi, vi há pouco o pequeno… acontecimento. Está tudo bem?

Ele sorriu com sua preocupação, continuava tão atenciosa quanto de costume. Acomodou um dos pés sobre o assento e abraçou-lhe a perna, o queixo apoiado em seu joelho. “Incrivelmente consegui sair vivo daquele apartamento… Só de lembrar já me dá coceira!”, enviou e, de fato, começou a coçar um dos braços, como se a simples menção fosse capaz de ativar sua alergia.

Jaehee: Não é melhor tomar remédio? De todo modo, vê-lo no apartamento de Jumin-hyung foi um tanto quanto incomum, mas fico feliz por se entenderem melhor.

Franziu o nariz ao ler a frase. “Não estamos nos dando melhor, eu só levei ele pra casa porque o bonitão ficou bêbado e não conseguia nem andar direito”, respondeu-lhe. A lembrança do mais velho a tropeçar pelo caminho o fez voltar a rir, não sendo repreendido pelo próprio ego desta vez.

A moça enviou um gif de si surpresa.

Jaehee: Mas você pareceu ter gostado das panquecas que ele fez, pareceu um progresso.

Zen grunhiu e passou uma das mãos pelo rosto em frustração, os dedos correndo pela tela apressados, quase desesperado para desfazer o possível mal entendido. “Eu estou feliz de não ter uma intoxicação alimentar”, começou e mordeu o lábio inferior, em parte culpado por menosprezar o esforço do outro. “Mas foi mesmo incrível que o sr. CEO saiba cozinhar alguma coisa, eu me pergunto se ele foi obrigado a aprender isso também”.

Jaehee: Culinária é uma das habilidades básicas necessárias para se conseguir viver por conta própria, então é possível… embora eu duvide que Jumin-hyung vá precisar disso algum dia.

Ela estava certa e o reconhecimento do fato o irritava com intensidade. Estalou a língua e tentou pensar em algo ofensivo para escrever em resposta, mas nada lhe veio à mente. Em vez disso, recordou-se da satisfação estampada no rosto do homem enquanto o filmava a comer as panquecas. A cena continuava a o enervar, pela presunção de Jumin, mas, pensando mais a fundo, ele não estava apenas satisfeito por ser apreciado, já que era um feito seu? Quando abordava a situação de tal modo, a reação do moreno era quase… Balançou a cabeça para os lados com violência, o peito acelerando e queimando, causando-lhe um imensurável mal estar com desespero acoplado. Nervoso, ele riu, o celular apertado entre os polegares.

— O que tem de errado comigo? – Riu novamente. – Jumin-i sendo… – Cobriu a boca logo em seguida, como se completar a frase em voz alta pudesse atrair maus augúrios.

Mas não, precisava haver outra explicação. Claro, ele não estava sendo uma boa pessoa – e pensava “boa pessoa” para espantar uma palavra ainda mais perturbadora, como “adorável”, ou “fofo” –, obviamente não! Com toda a certeza não se preocupava assim com ele! Para o moreno toda a agenda de convivência não passava de um jogo do qual deveria sair triunfante, por isso o aceitara. Assentiu ao nada  e sentiu um sorriso torto se abrir em sua face, mentindo para si mesmo e torcendo para que o coração voltasse ao ritmo normal. Dar-se-ia um murro na cara, não fosse o rosto seu ganha-pão – agredir tamanha beleza seria um crime, mesmo quando se tratava das próprias feições. Distraído pelo aglomerado de sentimentos no peito, custou a notar a entrada de Yoosung na conversa, precisando descer a tela para enxergar a conversa perdida. O mais novo do grupo começara enviar uma imagem animada de si mesmo a chorar.

Jaehee: Yoosung-ssi, o que houve?

Yoosung: Jae-nuna… Eu acordei hoje com vontade de comer panquecas, então fiz algumas, arrumei num prato bonito com camadas de chantilly, coloquei calda de chocolate por cima… Ficou tão bonito que quis tirar uma foto! ...mas deu memória insuficiente.

Jaehee: Talvez seja uma boa ideia deletar as fotos antigas?

Yoosung: Eu também pensei nisso, apesar de não lembrar ter tantas fotos assim, mas quando abri a galeria pra deletar os arquivos que não precisava mais eu me deparei com ISSO.

Havia uma captura de tela logo abaixo, mostrando a galeria de fotos do loiro, repleta de fotos de Seven. À primeira vista pareciam iguais, mas, quando observadas com mais cuidado, era possível notar milimétricas diferenças. Soltou um riso agudo com a cena, considerando um ato digno do ruivo.

Yoosung: Ele tirou essas no bar e tirou mais fotos ainda quando me trouxe pra casa…

Jaehee: ...Não é à toa que lotou a memória…

Yoosung: Não é? O pior de tudo é que eu demorei tanto até conseguir deletar tudo que quando terminei a torre de panqueca tinha caído pro lado e ficado feia.

Ele voltou a enviar seu gif chorando.

Jaehee: Parece mesmo frustrante… Mas por que quis comer panquecas esta manhã? É uma nova moda?

Yoosung: Nova moda?

Jaehee: Sim, pois também foi o café da manhã do Zen-ssi hoje… Estávamos falando sobre isso agora há pouco.

Yoosung: Nossa! Então são três pessoas, porque hoje cedo Jumin-hyung me ligou pedindo receita de panqueca, por isso devo ter ficado com vontade!

Jaehee: ...Oh. Ele fez as panquecas para o Zen-ssi.

Yoosug enviou uma imagem animada de si surpreso.

Yoosung: Ele fez?! Então foi por isso que ele me ligou?!

Jaehee: Provavelmente.

Yoosung: Bem que eu achei estranho ele pedir a receita quando podia pedir pra fazerem pra ele… Faz parte da ideia da Ji-nuna?

Jaehee: Sim, na conversa anterior tem uma foto e um vídeo de reação dele com a comida, apesar de a qualidade da imagem não ser das melhores. É tão triste ver tamanha beleza desperdiçada…

Ela enviou um gif de si chorando, massageando o ego do albino – era uma sensação ótima após horas passadas na companhia de Jumin, mesmo não sendo o pior de seus passeios. Observou o mais novo sair da conversa e voltar logo depois, fazendo-o se perguntar quanto tempo gastara perdido em devaneios.

Yoosung: Lolol, a reação do Zen-hyung é a melhor! Mas é surpreendente que tenha ficado bom, não esperava que Jumin-hyung tivesse esses dotes culinários.

“Não é? Pensei que riquinhos mimados não aprendessem esse tipo de coisa”, enviou na conversa, satisfeito por enfim alcançar suas falas atuais.

Yoosung: É bem incrível, mas o mais incrível ainda foi ele ter deixado tão bonito… É difícil de ver com a imagem borrada, mas pelo menos na foto dá pra notar um pouco melhor.

Jaehee: Jumin-hyung consegue surpreender quando quer, a parte mais difícil é ele querer… Por isso fiquei surpresa, acima de tudo, com o cuidado que ele teve ao preparar a refeição. Zen-ssi, por relutante como eu me sinta com relação a isso, não seria essa uma prova irrefutável do afeto que ele sente por você?

“Ah, não… Você também? Ji-ssi está te contaminando com esse pensamento?”, emburrou-se.

Yoosung: Mas não é uma boa oportunidade para vocês se entenderem melhor? Sempre pareceu que tinham intimidade, mas não paravam de brigar… Se for pra ficarem bem, vou torcer por vocês!

Terminou a frase com um emoji seu comemorando.

Enquanto encarava inconformado o visor do celular, Zen notou a entrada de Jiyeon na conversa, enviando um de seus famigerados gifs com flores sendo jogadas para o alto.

Yoosung: É raro ver vocês duas online a essa hora. O Café está tranquilo?

Jiyeon: Na verdade fechamos o café por hoje pois viemos nos encontrar com a organizadora do casamento. Vi que a Jaehee-ya estava no celular e fiquei curiosa para saber o que estava acontecendo.

Zen retorceu os lábios ao ler a frase, o apertar de seu âmago sendo inevitável tanto pela dor de sua amada se casar com outra pessoa quanto pela culpa causada pelo ciúme – conquanto seu lado racional estava decidido a lhes desejar felicidades, o emocional se recusava a concordar.

Yoosung: E como vão os preparativos?

Jiyeon: Ah, estamos no início, sentadas com muitos catálogos na mesa. A coordenadora saiu agora para pegar mais alguns porque Jaehee-ya não deixa ela trabalhar direito.

Jaehee: Eu deixo...

Yoosung: lololol, o que ela fez?

Jiyeon: A cada opção que ela nos mostra, Jaehee-ya contra-argumenta com algo melhor ou quer arranjar tudo por conta própria...Parece que alguém tem problemas para delegar tarefas~~ Seria um vício adquirido ao longo dos anos trabalhando para o Ju-ssi?

Jaehee: …

Yoosung: É uma possibilidade… Ah! Eu entendo, porque você acaba fazendo tudo por conta própria quando trabalha pra ele, ahahaha….

Jiyeon: Sinto muito pelas panquecas, aliás.

O ator retorceu o cenho outra vez ao ler “fofo” direcionado ao mais velho, o desgosto sendo mais intenso do que de costume. “Você é a única pessoa que consegue achar ele fofo”, escreveu e hesitou por segundos antes de enfim enviar a mensagem. Minutos atrás havia varrido da mente a possibilidade de o enxergar da mesma forma, então a ver fazendo o mesmo comentário era como receber um tapa de realidade no meio das fuças. Mordeu o lábio inferior e pressionou a testa contra o joelho dobrado sobre o sofá.

— O que eu estou fazendo da minha vida?! – grunhiu.

Jiyeon: lololol, admito que ele age de forma estranha, mas você precisa passar pelo tsun tsun antes de chegar no dere dere.

Jaehee: De novo isso…?

Jiyeon: Mas é verdade! É uma camada grossa de tsun tsun, mas eu acredito em você, Zen-ssi, está mais perto do dere dere do que pensa! Vou torcer por vocês!

Finalizou o raciocínio com um gif novo. Uma versão miniatura de si com pompons de torcida sendo balançados no ar.

Yoosung: Ah, ainda não tinha visto esse!

Jiyeon: Eu acabei de abrir e ver, Seven-ssi deve ter colocado agora há pouco.

Yoosung enviou uma imagem animada de si surpreso, abrindo e fechando a boca.

Yoosung: Como ele teve tempo de fazer isso se estava com a gente a noite toda???

Jiyeon: Às vezes eu me pergunto se ele não dorme…

Jaehee: Os hábitos do Seven-ssi definitivamente não são dos mais saudáveis, então a probabilidade de ele virar algumas noites é alta.

Jiyeon: Ah, a organizadora está voltando! Zen-ssi, antes de eu ir, gostaria de passar o próximo compromisso da agenda de convivência, ele é…. *RUFAR DE TAMBORES*

Jaehee: ...A coincidência de maneirismos é tão perturbadora…

Yoosung: lololol, Nuna, como se sente sabendo que vai casar com a versão feminina do Seven-hyung?

Jaehee: ...sem comentários…

Jiyeon: EEEI! Vocês estão estragando o suspense!

Ela lhes enviou um emoji de si cruzando os braços e virando o rosto para o lado, numa adorável birra.

Zen se pegou sorrindo como idiota ao enxergar o aglomerado de pixels e imaginar o quão encantador seria vê-la repetir o ato na vida real.

Jiyeon: DE QUALQUER FORMA!!! O próximo compromisso será um filme! ♥ Vou deixar em aberto qual será, mas gostaria de fazer algumas sugestões. Fiquem à vontade para escolher algum da lista ou não. Logo envio para você e para o Ju-ssi, ok?

Jaehee:  Ela está nos olhando feio do corredor do café…

Jiyeon: Hyiaaa! Precisamos ir agora, então! Até logo!

Ambas saíram da conversa às pressas, divertindo os outros dois.

Yoosung: lolol eu só quero ver como vai sair esse casamento… Enfim, é melhor eu ir agora também, o carro já está me esperando. Escolha o filme com carinho, Zen-hyung!

O ator bufou ao último comentário do loiro antes de sair e fez o mesmo. De imediato recebeu uma mensagem de Jiyeon com uma lista de cinco filmes dos mais variados temas: podia-se notar seu empenho na maldita agenda, causando-lhe sentimentos ambivalentes. Soltou um “heh” baixo e voltou a pressionar a testa sobre o joelhos, abraçando-o e roçando o rosto ali até terminar com uma das bochechas pressionadas no local. Sentiu-se uma criança grande, embora houvesse um singelo orgulho por não ter feito nenhum comentário impertinente à relação das duas amigas, por mais que seu coração se apertasse no peito. Suspirou.

— Por que infernos eu tô seguindo o conselho dele?!

Jogou o celular sobre o sofá e se desesperou ao vê-lo quicar no estofado e quase ir ao chão, apressando-se em o amparar antes de um desastre acontecer. Num suspiro de alívio ao ter o aparelho entre as mãos, quase o derrubou uma segunda vez quando o mesmo começou a tocar de repente. Atendendeu-o por reflexo, sem olhar quem ligava:

— Alô? – chamou, ainda afobado.

— Alô.

A expressão do albino fechou tão logo reconheceu a voz grave do outro lado da linha.

— Vamos conversar sobre qual filme assistiremos?


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Notas finais do capítulo

[Yuu-Chan-Br]: ALGUÉM LEVA ESSE BLOQUEIO CRIATIVO EMBORA, AAAAA-- Demorar duas semanas para terminar um capítulo que não chega nem a 3000 palavras não é meu normal, gente, e fico muito triste por isso acontecer. 3 Frustrações criativas à parte, o que estão achando das reações? E já não parece o início de algo? Eu fico me divertindo só de pensar~~

Noto que alguns leitores possuem dificuldade para deixar comentários, então vou deixar um pequeno roteiro caso você sinta vontade de comentar, mas não saiba o quê, certo?

Qual foi sua parte preferida?
E qual não gostou?
Houve alguma parte que te fez sentir uma sensação intensa (felicidade, raiva, remorso, angústia)? Qual?
Você acha que algo precisa ser melhorado? O quê?
Quais são suas considerações gerais sobre esse capítulo: as descrições te agradam? Os personagens estão in character? Existe alguma sugestão pontual que você gostaria de fazer?

Lembrando que seguir este roteiro não é obrigatório, ele apenas existe pois uma amiga em específico comentou ter essa dificuldade e pensei que poderia ser o caso de outras pessoas também. ♥



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