MacGuffin escrita por Yuu-Chan-Br


Capítulo 12
Ato 11




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— Isanim[*], aqui estão os documentos que você pediu.

Diante da porta entreaberta, Yoosung aguardou por uma resposta de seu superior, mas ela não veio.

— Isanim? — chamou-o uma segunda vez, novamente sem reação.

Estranhando, o loiro pressionou as costas contra a porta e usou o peso do corpo e terminou de abrir passagem para si, caminhando rumo à mesa de seu chefe com uma pequena pilha de documentos e pastas. Sua cadeira, de encosto alto e couro brilhante, não permitia discernir se havia alguém ali ou não por estar virada ao contrário, causando ao assistente ainda mais dúvida.

— Jumin-hyung? — Tentou uma abordagem diferente conforme se aproximava, apoiando os papéis sobre a grande mesa de madeira envernizada antes de dar a volta na mesma. Quando prestes a proferir seu nome uma vez mais, ouviu-o rir baixo, um singelo alívio a lhe envolver o corpo pela certeza de o homem não ter fugido de seus afazeres para ficar com a gata. — Isanim — proferiu-o, só então recebendo os olhos claros sobre si —, trouxe os papéis que pediu.

— Oh, sim. — Girou a cadeira ao de leve para o lado e vislumbrou a pilha sobre a mesma. — Obrigado, olharei num segundo.

Curioso com a distração do mais velho, Yoosung não precisou ir muito longe para reconhecer o ruído, mesmo baixo, da conversa em grupo proveniente do tão conhecido aplicativo de celular. Foi incapaz de conter um diminuto riso ao imaginar como Jaehee o repreenderia caso estivesse em sua situação. Ele, contudo, apenas se divertia com a cena, enxergando de relance uma das fotos do passeio mais recente de Jumin e Zen. Aquela versão, contudo, fora editada para possuir uma moldura de corações, deixando-o num limbo entre achar graça e se sentir perturbado.

— Ji-nuna quem fez? — perguntou por impulso, as íris violeta cravadas na imagem.

— Sim — respondeu como se nada fosse, sem se importar com intimidade de ter sua conversa vista por cima do ombro.

Era possível notar algo diferente no moreno, um novo viço, uma animação, uma recente complacência, deixando o mais novo confuso quanto à causa. Já havia notado uma melhora significativa de sua pessoa desde o início do relacionamento entre Jaehee e Jiyeon, mas daquela vez parecia diferente, algo além do motivo já conhecido pelos demais integrantes do RFA. A justificativa era difícil de visualizar, quanto mais pontuar, levando Yoosung a inclinar a cabeça de um lado a outro tal qual uma criança curiosa, decerto parecendo peculiar aos olhos do mais velho. Por sorte sua, o mesmo se ocupava tanto com o aplicativo ao ponto de não focar em nada além dele.

— Obrigado.

O menor se sobressaltou ao repentino timbre grave, voltando sua atenção a seu portador.

— Pelo quê? — perguntou com um das mãos sobre o peito, tentando acalmar os próprios batimentos cardíacos.

— Pela receita de panquecas passo a passo — dizia ao lançar-lhe olhares fugidios de quando em quando. Não por estar envergonhado, mas por não desejar perder uma frase sequer da conversa.

— Ah, de nada — divertiu-se com a fala inusitada. — Valeu a pena só pela reação do Zen-hyung — riu baixo à recordação ainda fresca. — Aquela foto devia ser emoldurada, pena que ficou borrada.

Jumin, até então focado demais em seu mundo pessoal para dar atenção apropriada a seus arredores, pousou o celular sobre o colo por um instante e, mirando num ponto específico da parede paralela a si. Quando Yoosung já considerava deixá-lo ali, junto a seus devaneios, foi sobressaltado uma segunda vez:

— Assistente Kim, pesquise preços de gráficas e enquadramento.

***

— Assistente Kim, pesquise preços de gráficas e enquadramento.

Não fora dita palavra alguma, mas não fez diferença. Elas eram dispensáveis quando a expressão do assistente parecia gritar. Os olhos púrpura estavam arregalados e o sorriso forçado ficava torto, transparecendo toda a perturbação do rapaz. Permitindo-se demonstrar certa graça pela curva de seus lábios, Jumin emendou:

— É uma brincadeira, Yoosung. — Divertiu-se ainda mais ao relaxar do outro após a explicação.

— Eu nunca vou acostumar com suas brincadeiras — soltou num riso nervoso.

— Acostuma, sim, com o tempo — afirmou, enfim atentando ao menor. — Mas é tão surpreendente assim eu querer imprimir uma foto com um amigo?

— Ah, isso não, mas fazer grande o bastante pra enquadrar é… — pausou, e, ao sentir os olhos griz sobre si, desviou-se deles. — Bem, num geral é incomum você se animar tanto com algo que não a Elizabeth…

Jumin virou sua cadeira de volta na direção da mesa e acomodou o celular sobre o móvel, pensativo. De fato, mesmo como brincadeira, em outra situação só teria levado a sério a ideia apenas se falasse da gata. Além disso, ao alternar entre a tela da conversa e a expressão do assistente, notava-se como o pequeno parecia lutar contra o ímpeto de lhe dizer algo. O olhar a rodar entre a mesa, o celular, ele e um ponto na sala onde não havia nada a lhe chamar a atenção transparecia a necessidade de distrair a própria mente com algo além dos próprios pensamentos, em especial pelo fato de o loiro pressionar e morder o lábios inferior.

— Yoosung — chamou-o, erguendo um sobrolho. — Algum problema?

— Não, nenhum! — tropeçou nas palavras, o coçar de sua nuca entregando o nervosismo durante a fala.

Num suspiro, o moreno apoiou ambas as mãos sobre a madeira e entrelaçou os dedos, fitando-o com atenção:

— Ouça, sei da minha fama como chefe, mas gostaria de dizer para contar caso haja alguma dificuldade ou se não estiver bem. Venho tentado ser mais perceptivo desde o — estacou, abalado — incidente, mas ainda não percebo certas nuances, por isso preciso que me diga.

Não era mentira. Aprendera a lidar com as próprias falhas da pior forma possível, tendo seu alto padrão de exigência recebido de volta como um tapa na cara. Estava, porém, fadado a cometer os mesmos erros caso não mantivesse  um canal de comunicação aberto e, por isso, esforçava-se para compreender melhor não só a pessoa subordinada diretamente a si, como todos aqueles ao seu redor.

Diante de si, contudo, havia um Yoosung estupefato, cujas pálpebras abriam e fechavam em espanto, não sabendo ao certo como reagir. Não o incomodava, apenas fora pego desprevenido pela repentina declaração.

— Eu me pergunto se essa mudança veio só da Jae-nuna ou se tem a ver com a agenda de convivência também — completou o loiro ao rir, levando uma das mãos meio fechada à boca, cobrindo-a. — Não se preocupe, não tem nada a ver com o trabalho. Na verdade tinha me preocupado com você, mas — pausou, lançando um olhar apreensivo ao celular do outro. — Talvez fique tudo bem, já que você está mesmo disposto a dialogar.

Apesar da fala reconfortante, ainda havia uma sombra de angústia sobre o rapaz. Antes de Jumin conseguir dar prosseguimento ao assunto, o outro se despediu e saiu da sala, deixando para trás um diretor confuso e perdido. Voltou-se ao aparelho, tomando-o em mãos.

Não havia muitos membros na conversa no momento, apenas ele, Zen e Jiyeon, responsável pela edição anterior da foto. Em meio a protestos do ator, ela enviava uma nova imagem, na qual havia um scrapbook  enfeitado com algumas fotos da agenda de convivência e frases escritas, as quais não conseguia ler sem aumentar o retrato. Riu-se da revolta educada do outro — a diferença de tratamento dado à moça quando comparado aos demais amigos permanecia evidente—, embora por vezes deixasse escapar o quão dolorido de fato estava.

Zen: Ji-ssi T__T Por que precisa fazer isso? Isso não me deixa nada feliz

Jiyeon: ᕕ( ᐛ )ᕗ Mas, Zen-ssi, são belas memórias de vocês dois juntos, celebrando a amizade. Yay!

Enviou-lhes o inesquecível emoji de si jogando flores para o alto, o qual se tornou um tipo de piada interna do grupo.

Zen: ...Por que precisa fazer um livro disso?

Jiyeon: É uma ocasião memorável, não pode passar batida!111!!!1!!!

Zen: Mas por que um livro???

Alguns minutos se passaram sem resposta, apenas com o mais novo a chamar a amiga, sem sucesso.

Jiyeon: Ah, desculpa a demora, eu precisei guardar tudo correndo porque a Jaehee-ya chamou ;;; Precisamos sair para decidir como serão os convites.

“Você não deveria dar prioridade aos preparativos do casamento, em vez de se preocupar conosco?”, enviou-lhes.

Zen: ...odeio admitir, mas ele tem razão.

Jiyeon: Hahahaha, não se preocupem~ Eu ando tão preocupada com as coisas do casamento... precisava de alguma coisa pra me distrair, por isso decidi fazer isso. De qualquer forma, vocês logo devem receber os convites, espero que gostem! ♥ Até logo~

Ela saiu de repente, deixando-o a sós com o outro homem. Havia uma certa tensão por ambos não poderem falar abertamente sobre todo o contexto, mesmo após ela partir. Talvez pudessem se comunicar de forma indireta, ou talvez fosse melhor mandarem mensagens privadas um ao outro, evitando um possível futuro confronto quanto ao dito durante sua ausência.

“Você já almoçou?”

Enviou a frase sem refletir a respeito, num impulso, o tipo de questionamento cotidiano feito a pessoas com as quais se importava. Perdera a conta de quantas vezes a preocupação fora expressa em palavras daquele modo à organizadora das festas, não só por si, mas todos todos os membros do RFA. Dirigir a específica pergunta a Zen era curioso. Engraçado, até. Não houve uma resposta imediata, porém.

Zen: Sim.

Talvez estivesse chocado com a dúvida fora do comum, o que era esperado, pois não houve nada a seguir. Nem um complemento, nem uma especificação da comida, nada. Para um grande apreciador de si mesmo, estranhou o fato de ele não prolongar o assunto, não era de seu feitio. Quando prestes a desistir, recebeu a imagem do rapaz segurando um cachorro-quente no palito, empanado em batatas fritas [*].

Franziu o cenho. Sentia seus sentimentos conflitantes: por um lado estava feliz por obter uma réplica mais detalhadas; não era tratado com frieza. Por outro…

“Talvez você devesse fazer um exame de colesterol…”

Zen: ...Quanta preocupação, Isanim, a que devo a honra?

Jumin achou graça da singela provocação embebida em ironia, ao ponto de um sorriso ser inevitável.

“Mas eu sempre me preocupei com você”, disse com sinceridade, “Talvez precise de refeições mais saudáveis”.

Mais silêncio. Conseguia ver uma pequena mensagem de rodapé do próprio aplicativo, o qual entregava o fato de o amigo digitar. Súbito, parou. Tão súbito quanto, voltou a escrever. Parou. Voltou. A ação incoerente perdurou por alguns minutos, até, enfim, receber uma resposta.

Zen: É a comida mais fácil perto do trabalho, não tem jeito. Nem todos nós podem ter chefs particulares, como você.

Jumin sentiu as pálpebras a lhe pesarem sobre as íris, apercebendo-se do fato de ter inclinado o rosto até quase se colar à tela do aparelho quando alguns fios da própria franja entraram em seu campo de visão. Entreabriu os lábios e expirou por eles uma diminuta quantidade de ar, emitindo um ruído quase inaudível, mesmo para si. Surpreendia-se com a capacidade do amigo em manter a saúde, dados seus hábitos alimentares. Talvez houvesse de fato algo incrível em seu código genético e pudesse ser estudado na confecção de vacinas de imunização para a posteridade mas, mesmo com tantos conhecimentos a seu respeito, não conseguia evitar a estranha coceira no fundo do peito ao saber que provavelmente aquela seria sua refeição até o fim do dia.

“Gostaria que eu o emprestasse para você?”, enviou-lhe.

Zen: NAÕ!

Riu da palavra grafada incorreta.

Zen: Por que você quer me emprestar seu chef??? E por que você achou que tava tudo bem EMPRESTAR uma pessoa? É uma pessoa!!!

“Foi uma figura de linguagem”, suspirou enquanto os dígitos deslizavam pela tela. “Sei que não posso emprestar um ser humano, mas posso emprestar o tempo de seu trabalho, pensei que estivesse implícito”.

Zen: Não dá pra saber o que fica implícito ou não quando se trata de você…

Sentiu-se quase ofendido, mas, quando prestes a dizer algo, viu Jiyeon retornar à conversa.

“?”

Zen: ...você não tinha ido ver os convites?

Jiyeon: Siiim, eu estou no caminho, mas antes queria passar aqui pra falar com vocês! Eu dei uma olhada na conversa e, já que os hábitos alimentares do Zen-ssi são tão ruins, por que não forçar ele a cozinhar? (≧∇≦)/ Assim vocês podem ter uma refeição juntos que seja menos traumática pro Ju-ssi, também.

“...Tenho minhas dúvidas quanto a isso…”

Zen: EI!

Jiyeon: lololol Sempre dá pra escolher algo simples, como kare[*]. Qualquer coisa, pode ligar pro Yoosung-ssi pra pedir ajuda.

Zen: ...acho que ele ficaria frustrado de ler isso, se estivesse aqui.

Jiyeon: ∩(︶▽︶)∩ Ele compreenderia, tenho certeza

Jumin não possuía tanta certeza assim, mas se divertiu tanto com a sugestão quanto com o comentário adicional. “Parece uma boa ideia”, enviou a ambos e recebeu de pronto um gif do amigo surpreso, seu cabelo subindo e descendo na imagem.

Zen: Você parecia relutante um minuto atrás!

“Nada pode ser pior do que aquele hambúrguer…”, franziu o cenho ao rememorar o evento, o estranho “sabor” ainda assombrava suas papilas gustativas.

Zen: Ainda precisa comer mais 39 se quiser que eu faça seu comercial, futuro presidente.

Uma nuvem negra pairou sobre a cabeça do homem ao contemplar a possibilidade. Repousou o aparelho sobre a mesa por um instante e pressionou um dedo de cada lado da ponte do nariz, próximos aos olhos. Era tortura? Precisava ser. Era o modo de ele lhe dizer suas condições, não se aproximaria sem antes o fazer sofrer por isso. Retomou o celular em mãos. “Não sabia que você possuía esse tipo de hobby, Zen. Sadismo?”, enviou-lhes, satisfeito com a resposta bem humorada.

Zen: Não é hobby! Eu não sou sádico!

Jiyeon: A relação de vocês já está nesse estágio? Ooooh~~ Podem se divertir, crianças, mas não se esqueçam de decidir a safe word[*] antes, segurança em primeiro lugar!

“Só espero que não transmita esse sadismo na comida… Devo me preocupar?”, resolveu o provocar mais um bocado, suas reações sendo por demais divertidas para deixar a oportunidade passar.

Zen: EU NÃO SOU SÁDICO!

Jiyeon: Tem certeza? O jeito que você trata o Ju-ssi sempre parece ter um fundo de sadismo~ Ou você só não tinha percebido ainda? Ah, descobrimos uma nova faceta sua!!!

“!!!”, acompanhou a moça na brincadeira, como de quando em quando gostava de fazer, quando o interesse lhe convinha.

Zen: NÃO INCENTIVE ELA!

Jiyeon: Zen-ssi não quer que me incentive…

A jovem enviou um novo emoji seu, cujos olhos lacrimejavam e a boca se entreabria e fechava, prestes a verter seu pranto.

“Fazendo uma mulher chorar… E ainda se diz um cavalheiro”, decidiu continuar a provocação, curioso para saber até onde iria.

Zen: … eu faço o kare…

Enquanto o moreno ria da situação e da facilidade com a qual Jiyeon — mesmo de forma indireta — sempre convencia o outro, pode observar a tela se preencher com gifs dela e suas flores jogadas ao alto, até a conversa anterior sumir por completo.

Jiyeon: Como sempre, quero fotos! Do processo e da reação do Ju-ssi comendo, que espero ser melhor do que com o hambúrguer, lolol

“Não deve ser muito difícil”, admitiu ao sentir calafrios lhe percorrendo a espinha pela lembrança do pavor passado.

Jiyeon: Então vou marcar para a próxima folga em comum de vocês! Ah, se quiserem cozinhar juntos, também é uma boa ideia, dizem que isso costuma fortalecer o relacionamento de casais!

Ao observar a última palavra da frase com um sobrolho arqueado, Jumin não teve tempo de questionar a amiga sobre sua formulação de frase, Zen foi mais rápido.

Zen: Casal?? Como assim casal?? Nós não somos um casal!

Jiyeon enviou um emoji seu inclinando o rosto para o lado, com uma interrogação aparecendo em alternância a seus movimentos. Devia ser novo. Jumin se perguntou como Seven possuía tanto tempo livre para criar e programar as novas imagens de expressão para a moça, em vez se gastar o tempo com o próprio trabalho.

Jiyeon: Mas eu nunca disse que vocês eram, só que costuma fortalecer o relacionamento de casais. Se funciona com casais, deve funcionar com amigos também, não?

Zen: …

Era possível sentir a ausência de crença do outro através das reticências e o fato lhe causava diversão. Zen parecia ter sempre as emoções à flor da pele, e, talvez por isso, provocá-lo fosse tão divertido — desconfiava de Jiyeon compartilhar do sentimento, levando em consideração todas as brincadeiras feitas no decorrer de sua amizade.

Zen: Mudando de assunto, olhem só o que eu recebi hoje cedo!

Logo em seguida receberam a foto de uma mesa cheia coberta por uma infinidade dos mais variados objetos, em sua grande maioria, cartas.

Jiyeon: Fãs?

Zen: Sim! Minhas fãs não são adoráveis?

O ator lhes enviou um emoji seu com vários brilhos em volta, animado.

Zen: Olha, tem esse aqui em especial! Parece familiar?

Ele mandou à conversa em grupo uma foto de si mesmo segurando um buquê de astromélias brancas envoltas numa trama de sisal e amarradas numa fita vermelha de cetim em laço.

Jiyeon: Ah, tiveram a mesma ideia!

Zen: alguém deve ter me visto com o buquê que vocês deram da outra vez e pensaram que eu gostava da flor, então mandaram um parecido. Engraçado como esse tipo de rumor se espalha, né?

Ele estava radiante. Não era um de seus comentários inconvenientes ou causadores de mal-estar, mas era perceptível a facilidade na escrita do ator ao receber um presente semelhante ao dado a si pelas duas amigas, em especial a mais velha. A expressão lhe murchou no rosto.

Jiyeon: Então é só um rumor, você não gosta mesmo das flores? Assim você parte meu coração…

Zen: Claro que não! Eu fiquei muito feliz pela fã ter me mandado um presente, mas parte dessa felicidade foi ter lembrado de quando vocês saíram comigo na estreia da peça. Se você ficar de coração partido, eu fico também…

Para completar o raciocínio, enviou uma imagem animada de si piscando e com um coração.

Jumin expirou pelo nariz com ares de enfado. Velhos hábitos eram difíceis de se perder e, obviamente, vez ou outra Zen ainda havia de escorregar em suas investidas sobre a jovem, embora naquele caso específico precisasse admitir que ela o induzira à resposta. “Talvez ela considere que ele já superou e pode brincar como faz com o resto de nós?”, pensou, mas não houve tempo hábil para uma réplica rápida à conversa escrita, a própria morena passara à sua frente.

Jiyeon: Mas tenho certeza que ficaria ainda mais feliz caso recebesse essas flores de outra pessoa, não é, Ju-ssi?

Fora inevitável o espanto a se apossar das feições do CEO, cujas sobrancelhas se arquearam e os olhos abriram além do comum, seguidos do apoio dos lábios sobre a extensão do indicador, pensativo. A forma com a qual ela conduzia a conversa em sua direção não era apenas fascinante, como também muito proveitosa. A indireta fora, na verdade, direta ao extremo, causando-lhe divertimento.

“Talvez ele tenha uma surpresa, então”, comunicou-os.

Zen: Não se atreva…!

Jiyeon enviou-lhes, de novo, a imagem animada com flores jogadas ao alto.

Jiyeon: Talvez esta seja a última atividade na agenda antes do casamento, então espero que aproveitem muito bem! A comida pode aproximar as pessoas, viu? Falo um pouco por experiência própria, haha. Queria muito que tivesse dado tempo de vocês visitarem a gente no Café, mas ficou muito corrido ;;; então vamos deixar para depois, ok? Até logo!

Despediram-se e logo a jovem saiu da conversa.

“Bem, preciso voltar ao trabalho”, enviou, embora houvesse percebido pouco antes uma indicação do aplicativo sobre o outro membro do bate-papo digitar algo. A mensagem sumiu tão logo enviou a própria, porém. Perplexo, encarou a tela do celular por breves segundos à espera da mensagem do outro, em vão. A mesma indicação apareceu mais três ou quatro vezes sem haver de fato  uma fala do albino, causando-lhe angústia. Já preparava os dedos para o inquirir quanto ao não dito, quando a frase enfim veio.

Zen: É estranho ter um dia de folga sem nada marcado com você.

Não houve resposta, ao menos não imediata. Não por maldade ou escárnio, mas pura e simplesmente por Jumin não saber como responder. A fala o pegara tão de surpresa ao ponto de, por um momento, sentir uma fisgada no peito. Quase suspeitou de um princípio de infarto, mas não o era. Era sutil demais, embora ainda lhe estrangulasse as entranhas e embrulhasse o estômago. A imersão em seus devaneios, contudo, não impediu a continuação das mensagens do rapaz.

Zen: Aaaa, o que eu estou dizendo?? Ahahaha… Eu devo estar ficando doido, isso sim, não é possível. Melhor sair e tentar me distrair com alguma coisa.

Saiu sem se despedir da forma mais apropriada, embora essa não fosse, nem de longe, a maior das preocupações do moreno. Havia em seu peito uma estranha euforia somada à aceleração de seus batimentos cardíacos, culminando numa quase falta de ar. Estaria doente? Entremeou os dedos pela franja, afastando-os do rosto. Agoniado, recostou-se contra o estofado da cadeira, fechou os olhos e respirou fundo, buscando normalizar a própria pulsação. Alguns momentos depois, em parte recuperado, aproximou-se do telefone sobre a mesa e lhe puxou o fone, pressionando uma sequência de números.

— Assistente Kim? Preciso que faça algo para mim.

 


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Notas finais do capítulo

[Yuu-ChanBr]: WELP~~ O que acham? Eu sinceramente estou AMANDO como isso aqui está se desenvolvendo, rio bastante e tenho alguns chiliques da fangirl que sou. ♥ Acho muito divertido ver como, mesmo incertos, os sentimentos de um pelo outro acabam transparecendo em algumas ações sem que eles tenham controle disso. É a parte mais divertida, lololol. A maioria das pessoas acaba dando dicas de como se sente sem perceber, embora isso seja uma faca de dois gumes.

[*] Isanim - Seria “Diretor” com um honorífico de respeito.

[*] Cachorro-quente empanado com batata frita: Eu também fiquei surpresa, mas parece ser uma coisa bem comum na Coreia do Sul! Lá é chamado de “gamja hot”.

[*] Safe word - É uma palavra decidida, à escolha dos participantes, nas práticas de BDSM, para delimitar a hora de parar, já que “não” costuma fazer parte da brincadeira.

[*] Kare - “curry”, normalmente feito com uma pasta temperada, carne, batata e cenoura. Existem variações com outros tipos de verdura e ingredientes adicionais, mas este é o básico da receita.



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