MacGuffin escrita por Yuu-Chan-Br


Capítulo 10
Ato 9




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— Eu não acredito que assisti um filme romântico com outro homem…

De todos comentários possíveis de ser feitos após uma sessão de cinema, Zen fizera questão de escolher justamente aquele, como se, dentro de toda uma gama de pareceres, apenas os mais ácidos e inconvenientes fossem selecionados a dedo para irritar o moreno. Este, porém, não sentia nada além de enfado pelas alfinetadas do mais novo.

— Pensei que já tivéssemos passado deste estágio, considerando todo o tempo que ficamos juntos e ainda ficaremos até a agenda de Jiyeon terminar.

Jumin permitiu uma pequena curva de sorriso se formar ao grunhido recebido em resposta à sua fala, divertindo-se com o sofrimento desnecessariamente excessivo do amigo:

— E o que achou dele? — continuou o assunto enquanto caminhavam para fora do grande prédio onde estiveram até então.

Há anos o CEO não frequentava o cinema, tornando a experiência ainda mais curiosa. Talvez o outro não percebesse — por estar demasiado imerso em sua própria fragilidade —, mas Jumin apreciava em imenso a mudança de cenário.

— Eu gostei do filme — Zen respondeu de pronto, sua expressão azedando um segundo depois. — Mas ainda não acredito que precisei assistir justo com você… — Suspirou, sentindo-se derrotado. — E por que fez tanta questão desse, afinal? Ela mandou uma lista grande!

Apesar de lutar contra seus ímpetos de questionar como o ator não saberia a resposta de uma pergunta tão óbvia, Jumin não conseguiu evitar o arquear de uma sobrancelha e o estacar de seus passos no meio do caminho, virando-se na direção do outro:

— Talvez você não tenha procurado resenhas do filme antes, mas não percebeu o motivo após terminar de ver?

Incomodado, Zen enfiou as mãos nos bolsos e desviou o rosto para olhar em volta, seu pequeno apreciar da paisagem não parecendo tão natural quanto decerto gostaria. Apesar da demora, sua resposta veio:

— Você é mesmo tão arrogante quanto ele — resmoneou.

— Oh, devo considerar isso um elogio? — brincou.

Apesar de tudo, Jumin estava de bom humor. Havia procurado — na verdade pedido para Yoosung procurar — resumos de cada um dos filmes sugeridos, encantando-se em específico com aquele pela semelhança com sua realidade. Jiyeon de fato havia despejado imensa dedicação não apenas na confecção da agenda, como também nas opções de passeio dentro da mesma, levando em conta suas personalidades, tanto nos pontos bons quanto nos ruins. Incomodado, virou-se para o lado à estranha sensação de olhos sobre si, deparando-se com o amigo o encarando descaradamente.

— Pois não? — Arqueou uma sobrancelha.

— Você está sorrindo mais, ultimamente — comentou em semi descrença.

— Oh…

Levando uma das mãos ao queixo, o mais velho refletiu sobre as palavras do outro. De fato, a sensação de leveza era recente, como se um estranho peso lhe fosse retirado das costas.

— E você, o que achou do filme? — foi a vez de Zen perguntar, cortando-lhe a linha de raciocínio anterior.

— Foi um bom filme — disse mantendo a pose prévia, reflexivo quanto às próprias opiniões. — Tive receio que não fosse uma boa adaptação do livro, então fiquei surpreso por não haver quase nenhuma divergência. — Virou-se na direção do outro, aguardando uma resposta, mas ela não veio.

Zen parecia perdido, incomodado. Franziu as sobrancelhas e arregalou os olhos enquanto o moreno o observava. Após alguns segundos de silêncio, perguntou:

— O original era um livro?

Cansaço voltou a se apossar do maior, roubando parcialmente o entusiasmo que antes o preenchia. Quando prestes a retorquir a pergunta com uma de suas características ironias, sentiu o celular vibrar no bolso da calça, apressando-se em o alcançar. Ao pressionar o dedo sobre o ícone de mensagens dentro do aplicativo do RFA, pôde ler o texto enviado por Jiyeon.

“Estão se divertindo? ♥ O encontro de hoje foi no cinema, então não se esqueçam de tirar uma foto em frente a ele ou com os bilhetes, para que eu possa comprovar que vocês foram mesmo (na verdade eu só quero fotos de vocês juntos, ssshhh). Ah! Vocês devem estar com fome depois do filme, então por que não comem algo no caminho? É a sua vez de provar algo diferente, Ju-ssi!”

Achando graça da sinceridade expressa em palavras na tela, não se surpreendeu ao enxergar pelos cantos dos olhos como o amigo esboçava uma reação parecida, apesar de um tanto mais exagerada: ria feito bobo, um contraste e tanto com o rosto oscilante entre felicidade de desgosto. Aproximou-se do homem ainda com o aparelho em mãos e, tentando ao máximo possível capturar a imagem do cinema atrás de si ao fundo, posicionou-se a seu lado e bateu uma foto, surpreendendo-o.

— Você acabou de tirar uma selfie? — a descrença em sua fala poderia ser sentida a quilômetros de distância.

— Sim — respondeu sem lhe dar muita atenção, enviando o retrato recém tirado ao grupo de amigos online no bate-papo, sequer percebendo ao certo quais eram.

Zen olhou para o próprio celular e retorceu a boca.

— Jumin-i, está tudo embaçado de novo! Nem dá pra ver nossas caras direito!

Incomodado, o moreno voltou a analisar a foto. Não conseguia compreender o motivo de não acertar o foco da câmera. Já tentara, por incontáveis vezes, todos os ajustes disponíveis no aparelho, mas nada parecia funcionar. Talvez precisasse de um novo, com uma câmera frontal melhor? Súbito, ouviu um suspiro desgastado e sentiu uma mão sobre o ombro, as frações de segundo passadas quase como insuficientes para ele erguer o rosto e se deparar com o outro celular esticado na mão do albino e ouvir o característico ruído de clique falso. Ainda confuso, mudou o foco do rosto hílare de Zen de volta à própria tela e só então viu a imagem tirada, enviada ao grupo sem sua permissão — não que ele possuísse qualquer moral para reclamar do feito.

707: lolololol, a cara do Jumin-hyung, totalmente desprevenido!

Jiyeon: acho que vou fazer um mural com todas as fotos da agenda de convivência! ♥

A expressão do mais velho na imagem era da mais genuína surpresa. Os olhos levemente arregalados e os lábios entreabertos lhe rendiam um quê de adorabilidade e ele não sabia ao certo como se sentir a respeito disto. Encarando o celular em mãos, conseguia ouvir ao fundo pequenas risadas, agudas e abafadas, provenientes do mais novo. De quando em quando ele o observava de soslaio e então voltava a rir da foto, como se a recuperação da crise de risos exigisse de si um esforço hercúleo. Quando enfim voltou ao normal, respirou profundamente e guardou de volta o aparelho no bolso, direcionando-se à fonte de sua diversão:

— Pois então, senhor futuro presidente, está com fome?

— Oh, sim, havia a sugestão de comermos algo. Devo chamar meu chef? — ameaçou fazer uma ligação, mas foi impedido.

— Ei, ei, o que é isso? — Moveu o indicador para os lados em frente ao rosto do outro, em negação. — Ela disse que era sua vez de provar algo diferente, não? Então eu escolho onde vamos comer!

Houve um constrangedor momento de silêncio e, apesar de a expressão de Jumin não se esmorecer, o desconforto causado pela ideia era muitíssimo palpável para Zen, uma compreensão construída ao longo dos anos e não expandida para outras além de “como o perturbar com eficácia”. Apreciando seu pequeno momento de vitória, abriu um sorriso lateral e fez menção a um restaurante de sanduíches de fast food do outro lado da rua. Naquele momento, sim, nem a aperfeiçoada técnica de Jumin foi capaz de esconder seu profundo desgosto.

— Pensei que gostasse de desafios, futuro presidente — provocou.

— Você sabe — soltou um suspiro cansado, a necessidade de levar uma das mãos ao rosto falando mais alto do que sua autoimagem. — Você sabe que eu não como alimentos com as mãos.

— Mas a proposta da agenda não é fazer algo fora de sua área de conforto? Para que nos conheçamos melhor? Como você pretende me compreender quando se recusa a experimentar o que faz parte do meu dia a dia?!

Naquele instante fora impossível duvidar de suas habilidades como ator, pois, sem dúvida alguma, Zen fazia um belíssimo trabalho em convencer o amigo. Apesar de todos os seus esforços e de o mais velho compreender seu ponto de vista com perfeição, ainda havia resistência de sua parte.

— Eu assisti um filme romântico com você! — quase bradou. — E você alugou a sala inteira, só tinha a gente lá dentro! — Acanhou-se de ambas as constatações ao ser ouvido por duas moças passando ali perto, cochichando uma com a outra, aos risos. — Sabe como foi constrangedor?!

Jumin gostaria de rebater o argumento absurdo, mas não apreciava a ideia de estragar o dia com mais uma discussão infindável. Conquanto não se considerasse errado, a hipótese de passar de leves alfinetadas divertidas para a agonia de algo mais sério lhe angustiava o peito, como se a garganta lhe fosse estrangulada e o ar faltasse. Estranhou-se. Não era um homem de sentimentos tão intensos, ao menos não na maior parte do tempo, tornando o sentir com tanto ímpeto mais inclinado à tortura do que à satisfação. Após certa reflexão, decidiu não se tratar de algo tão acentuado, apenas o parecia pelo contraste de ter-se habituado à apatia. Lidaria com aquela sensação do mesmo modo feito com as demais: guardando-a no fundo do peito e ignorando-a até ir embora. Não encontrava utilidade para algo tão fútil

— Certo — soltou num suspiro de exaustão —, mas com a condição que não comamos dentro do restaurante. Não gostaria de correr riscos de ser pego em flagrante numa situação tão embaraçosa.

— Sua noção do que é embaraçoso ou não é muito estranha — Zen resmungou, não demorando a se animar outra vez. — E o que vai querer, ilustríssimo senhor?

— Você supõe que eu saiba? — Arqueou uma sobrancelha. — Pode pedir igual ao seu, considere uma revanche pela vez no restaurante quando pedi por você.

— Oooh? — soltou num tom de quase troça. — Estou começando a gostar dessa agenda! Vamos?

Não houve movimentação por parte do outro. Zen insistiu:

— Vamos?

Nada. Com zombaria a fervilhar dentro de si, Zen sorriu, orgulhoso de si:

— Está com vergonha até de ficar na fila?

— Eu tenho uma imagem a zelar.

— Imagem de robô? — brincou, recebendo um olhar atravessado em resposta. — Certo, certo, eu vou sozinho. E pago o seu, também — disse com prazer, um enorme senso de auto realização se apoderando de cada célula viva em seu corpo.

A percepção da própria derrota se instalou no moreno ao ver o rapaz sumir de suas vistas, mesmo que jamais o admitisse em voz alta. Aparentemente a batalha de egos continuaria mesmo após terem chegado num consenso quanto a suas vidas amorosas — a semelhança os aproximava e repelia em igual intensidade. De pé ainda próximo ao boulevard do cinema, ocupou o tempo de espera ociosa com o celular. Ao abrir a conversa do RFA outra vez, deparou-se primeiro com o secretário a reclamar da quantidade de trabalho com uma infindável corrente de emojis chorando.

Yoosung: Fico feliz que o Jumin-hyung esteja se divertindo e se entendendo melhor com Zen-hyung, mas parece que é só ele tirar um dia de folga que tudo desaba!

“Conto com você”, enviou e recebeu mais algumas imagens do choro do loiro. Divertiu-se com elas.

707:  Aaah, Juju! Como vai o encontro? Já andaram de mãos dadas?

“Não comece com seus absurdos”, respondeu-lhe.

Jaehee: Mas a sério, como vai o passeio? Vimos a foto do cinema.

707: Juju pareceu tão frágil e indefeso, oh! Seria o bastante para diluir a teimosia de Zen-hyun? Assistam no próximo capítulo!

Jaehee: Seven-Ssi…

Yoosung: Mas é verdade que você parece mais solto hoje, Hyung! Quer dizer que houve uma melhora no relacionamento de vocês?

707: O AMOR DESABROCHA COMO UMA ROSA~~

“Vou apenas te ignorar”, enviou. “Mas, sim, apesar dos pesares, tem sido um passeio agradável até agora”. Não sabia ao certo como, nem quando, mas havia um singelo sorriso formado em seus lábios. Talvez a saída com o amigo houvesse de fato melhorado seu ânimo, embora uma diminuta voz dentro de si se esforçasse para o alertar sobre a possibilidade de haver algo a mais. Como que por influência da fala, sua mente foi preenchida por variados fractais mnemônicos: o choro do albino e o próprio, seus desabafos sobre a vida amorosa frustrada, a reação divertida enquanto comia suas panquecas e até mesmo a de desgosto ao encontrar um pêlo de Elizabeth III em seu café. A última lembrança, em específico, rendeu-lhe um riso abafado, durante o qual cobriu em partes os lábios com uma das mãos. Talvez houvesse um certo sadismo escondido dentro de si.

— Eles disseram alguma coisa engraçada?

Apesar de a voz o pegar de surpresa, não chegou ao ponto do susto. Jumin ergueu o rosto até os próprios olhos encontrarem os carmim do outro, a pergunta a dançar em seus pensamentos.

— No chat. — Zen apontou para o celular em suas mãos, a tarefa dificultada por segurar um saco de papel pardo em cada uma delas.

Os orbes claros do mais velho ainda pesaram perdidos sobre o amigo — o qual começava a se frustrar com a falta de compreensão do outro — até enfim se dar conta do assunto.

— Querem saber se já demos as mãos — disse com toda a sinceridade.

A reação do ator fora impagável. Primeiro franziu os sobrolhos ao extremo, depois inclinou o rosto a um lado e entreabriu os lábios. Não parecia querer dizer coisa alguma, mas um estranho e esganiçado ruído lhe escapara da garganta a contragosto, causando-lhe ainda mais constrangimento. Por fim grunhiu e entregou uma das embalagens ao moreno, retirando o celular do bolso e digitando com incrível velocidade para quem utilizava apenas uma mão.

Zen: QUAL É O SEU PROBLEMA?!

Jumin não conseguiu evitar o riso que lhe saiu em parte pelo nariz, ignorando o fuzilamento recebido pelo olhar do outro.

707: Não precisa ficar sem-graça, Zen-hyung, torcemos por você! ♥

Zen: ENTÃO PARE DE TORCEER!

Yoosung: Typo…

707: Você sabe que o mundo não faz sentido quando Yoosung-i comenta do typo de alguém.

Jaehee: De fato…

O loiro enviou um gif seu irritado, embora não fosse levado a sério pelos demais.

Zen bufou e tentou se acalmar, buscando mudar de assunto antes que ele possivelmente saísse do controle. Sua irritação com as provocações parecia ir além do normal, fazendo o maior ponderar se em algum momento a agenda ultrapassara seus limites de convivência social, muito embora este fosse seu intuito desde o início.

Zen: Jae-ssi, você está fazendo uma pausa?

Jaehee: Ah, por assim dizer… Hoje saímos novamente com a organizadora, estamos experimentando vestidos. Jiyeon-a está no provador agora, deve sair logo para mostrar uma das opções.

Yoosung: Mas não dizem que ver a noiva de vestido antes do casamento dá azar?

“Tais superstições não passam de tolice”, Jumin enviou ao grupo.

Jaehee: Concordo. A probabilidade de um relacionamento dar certo depende do quanto as partes envolvidas estão dispostas a compreender uma a outra, não tem a ver com o que vestem ou vêem, isso é pura tolice.

Um “heh” baixo lhe chamou a atenção, fazendo o mais velho erguer o rosto e se deparar com um albino visivelmente angustiado. Ali havia um Zen risonho, sua diversão transparecendo o desespero da ideia do casamento se concretizando a cada passo documentado por elas no aplicativo do grupo.

707: FOTO FOTO FOTO FOTO FOTO

A insistência do ruivo fora uma facada a mais no peito do menor, fato comprovado pelo retorcer de seu cenho ao ler a frase no visor do celular. Jumin estava dividido: um lado seu também possuía curiosidade de ver a moça em seu vestido — mesmo sabendo que a veriam nele de todo modo quando chegasse o dia do matrimônio —, enquanto outra receava o quanto a imagem influiria no estado mental do amigo. Uma terceira parte, ainda, parecia acreditar piamente em como estes pequenos choques de realidade eram necessários para ele seguir em frente de uma vez.

A tão aclamada foto não tardou a chegar, contendo uma animada Jiyeon girando em seu volumoso vestido cujas camadas de anágua se perdiam de vista, instigadas pelo movimento divertido. Pela posição não era possível ver a frente de suas vestes, mas deixava à mostra a delicadeza das rendas a lhe emoldurar as costas. O mais belo de tudo, porém, era o sorriso estampado em seus lábios, não deixando dúvidas quanto à satisfação retratada naquele momento.

— Ah, ela tá linda — o ator verbalizou os pensamentos de ambos, acompanhando-os de um riso nervoso. — Ah, droga, ela tá muito linda! — Cobriu a boca com a palma da mão.

Jaehee: Nunca pensei que fosse achar ela ainda mais bonita… parece um anjo.

A frase escrita pela amiga atingiu em cheio ambos os homens, visto como era impossível discordar.

Preocupado, Jumin observou com cuidado as reações do menor, como se analisasse sua resposta aos estímulos negativos, ainda mais com Seven e Yoosung concordando com Jaehee. Quando alcançaria seu limite? Quando acontecesse, como reagiria? Quando reagisse, o que ele mesmo sentiria a respeito? Suas perguntas permaneceram sem resposta, pois o ruivo fora mais rápido em mudar de assunto.

707: Não dá mesmo para negar como ela ficou linda nessa foto, mas… eu tenho algo que talvez possa competir com essa beleza!

Zen: Eu tenho um mau pressentimento…

Mal houve tempo para reações, pois o hacker enviou à conversa a fotografia de um certo rapaz loiro, de cabelos bagunçados ao de leve sorrindo animado com um copo de cerveja na mão.

Jaehee: …

Zen: …

Jumin encarou a tela em espanto até a mesma ser inundava por emojis do rapaz em questão assustado, assim como falas suas.

Yoosung: ???

Que fotos são essas???

707: Eu tirei da vez que saímos para beber. Você estava tão distraído que nem percebeu~

Jaehee: ...stalker[*]...

O ruivo enviou uma animação de seu avatar confuso, indo de um lado a outro com as mãos para o alto.

707: É possível ser stalker de um amigo conhecido?

Jiyeon entrou na conversa no segundo seguinte.

Jiyeon: Você foi meu stalker por alguns meses enquanto eu estava no apartamento da Rika-ssi, não?

Seven enviou outra animação, nesta seu avatar se surpreendia e os óculos quebravam.

“Oh…?”, Jumin escreveu em provocação à reação.

707: Oh, não, está acontecendo! Está acontecendo!

ELES VIERAM ME BUSCAR!

Jaehee: ???

707: OS ALIENS!

O rapaz saiu da conversa.

Yoosung: …

Zen: Ele sempre acha um jeito de fugir da conversa quando o calo aperta, né?

Jaehee enviou um emoji de si suspirando, cansada.

Jiyeon: Agente 707, ainda tenho muito a aprender com ele!

Jaehee: Eu preferia que continuasse sem aprender…

Yoosung: Concordo.

Zen: Também.

“Sou obrigado a concordar”, Jumin enviou e se divertiu com a reação da jovem em foco.

Jiyeon: Não sei dizer se estão desmerecendo ele ou eu… (risos nervosos) Mas, Zen-ssi, esse cinema onde vocês estão não fica perto da casa de chá que fomos da outra vez? Acho que seria uma boa ideia levar o Ju-ssi lá, as opções são todas muito gostosas!

“Casa de chá?”, indagou, curioso.

Jaehee: Aquela com as pérolas, não? Sem dúvida era muito saboroso e com uma grande quantidade de opções, embora a ideia de imaginar Jumin-oppa lá pareça um pouco absurda…

Jiyeon: É justamente por ser fora do costume que estou sugerindo! Da última vez quem quebrou a rotina foi o Zen-ssi, então agora é hora de inverter!

A jovem enviou um gif seu balançando os pompons para o alto, torcendo.

O riso abafado de Zen pode ser ouvido, embora ele se esforçasse para o disfarçar, causando uma sensação ruim no mais velho. Talvez fosse um mau presságio — não pela sugestão, mas por como ela seria posta em prática. Tentando ao máximo manter-se positivo, escreveu “se é recomendação sua, deve valer a pena visitar” e ouviu um grunhido baixo proveniente do amigo. Ele não era muito eficaz em esconder os próprios sentimentos: surpreendia-se cada vez mais com o fato de conseguir levar a carreira de ator. Olhava-o de canto, analisando cada pequeno movimento, como se assim fosse possível compreender sua psiquê. O riso bobo ao se deparar com as mensagens da jovem amada, o repousar das costas num poste próximo por estar cansado de permanecer em pé, o cobrir imediato dos lábios ao rir… Parecia possuir algum tique, em específico quando se divertia, pois de quando em quando os dígitos eram levados aos lábios por impulso durante tais situações. Focou-se ali, aos devaneios, sem atentar à possibilidade de seu ato parecer rude. Surpreendeu-se quando os olhares se cruzaram, apesar de o albino não parecer incomodado com o fato de ser observado. Em vez de reclamar, ele apontou para a tela do próprio celular e disse:

— Ela está falando com você.

Ainda desnorteado por não compreender ao certo as próprias ações — não havia, afinal, motivo para se sobressaltar com uma troca de olhares com um conhecido —, voltou a atenção ao aparelho em mãos.

Jiyeon: Ju-ssi, Zen-ssi, espero que vocês se divirtam muito! ♥ Quero fotos do Ju-ssi provando o chá também! Agora eu preciso ir, mas fiquem com essa preciosidade antes~

Ela enviou à conversa uma foto de Jaehee também experimentando um vestido de noiva, embora, diferente da outra, ela parecesse completamente alheia à exposição da própria imagem. A mulher mexia na saia das vestes, como se analisasse a pomposa anágua, enquanto a organizadora se aproximava, animada.

Jiyeon: Ela é linda, não é? ♥ Agora preciso ir, vamos tentar escolher os vestidos ainda hoje. Aaaah, já estou cansada! ;;; Até logo!

Ela saiu em seguida, deixando apenas os rapazes. Quando Jaehee fizera logout? Não percebera, mas a imagem de ambas se divertindo com os planos do casamento próximo lhe preenchia o peito de satisfação. Ainda observou Yoosung se desculpar por não ter participado tanto da conversa e sair, dizendo estar ocupado com algumas demandas de última hora. “Conto com você”, disse-lhe e recebeu um emoji do loiro chorando, embora ele dissesse que tentaria seu melhor. Saiu também do bate-papo, acompanhado de Zen em seguida.

— Elas ficaram mesmo lindas, as duas — o mais novo comentou de súbito, chamando-lhe a atenção.

Havia um quê de melancolia em sua voz, e, apesar de já ser esperada, era sempre difícil lidar com seus sentimentos, à flor da pele como estavam. Jumin não era perito em lidar com emoções — fossem as dele próprio ou de terceiros —, e tal percepção lhe feria o orgulho a cada momento passado sem saber como reagir à tristeza do amigo. Tentava o acalentar de alguma forma, mas não sabia dizer se fazia um bom trabalho ou não, considerando a possibilidade de solicitar uma segunda opinião.

— Lindas — concordou e guardou o celular no bolso. — Feitas uma para a outra.

O retorcer do rosto do ator em agonia lhe era dolorido, embora não soubesse dizer se a dor era proveniente de o amigo ainda não ter superado a união ou da própria falta de jeito para lidar com a situação.

— Talvez eu precise mesmo adoçar um pouco minha vida. — Zen sorriu meio torto, meio errado, mas tentando ao máximo se portar como um adulto.

Jumin o percebia e exibia no suave curvar da linha dos lábios.

— Chá? — indagou o mais velho.

— Chá — divertiu-se o ator com a reação bem humorada do outro.

 


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Notas finais do capítulo

[Yuu-Chan-Br]: DEZ CAPÍTULOS E NÃO TEVE NEM BEIJO. DEZ CAPÍTULOS E ELES NEM ANDARAM DE MÃOS DADAS. DEZ CAPÍTULOS E NEM TEVE DECLARAÇÃO. 8D HAH

Desculpem. ♥ Mas é adorável, não?~ Escrevi esse capítulo achando que estava feio, mal feito, desconexo… mas então reli ele inteiro de uma vez (para “colocar os pingos nos ‘i’s") e senti que estava bem melhor do que pensava, na verdade. Fiquei muito feliz! ♥ ♥ ♥

[*] Stalker - A tradução livre seria “perseguidor”. Os níveis de stalker variam desde pessoas que “apenas” seguem suas vítimas onde vão a fim de recolher informações e/ou objetos usados até os mais extremos, que invadem suas casas e/ou local de trabalho, amaeaçam, ferem e matam.



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