Pivete escrita por slytherina


Capítulo 1
Objeto do meu desejo


Notas iniciais do capítulo

Situei a estorinha após a declaração de amor de Han-Kyul.



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Choi Han-Kyul acordou cedo e se arrumou para ir ao trabalho. A noite insone ainda lhe cobraria com juros por não ter tido o descanso necessário. Ele culpava Go Eun-Chan por isso. O rapaz imberbe e de fala fina o enfeitiçara o bastante para fazê-lo declarar-lhe amor. Nunca em toda sua vida pensara que se apaixonaria por outro homem. Aquilo fora uma força da natureza, como um terremoto ou um tsunami. Go Eun-Chan não deixara pedra sobre pedra nas ideias preconcebidas do que era politicamente correto na sua mente e no seu coração. Tudo fora revirado e desestruturado.

Choi Han-Kyul gostaria de odiar aquele baixinho. Gostaria de demiti-lo, deportá-lo, confina-lo em uma ilha perdida, manda-lo para bem longe de si. Só assim poderia deixar de deseja-lo e de sentir ternura por aquele homem. Ao invés disso, o que fizera? O agarrara na primeira oportunidade que tivera e o beijara na boca.

E que beijo!

Choi Han-Kyul se apoiou momentaneamente na parede para evitar um acidente. Sentia-se lânguido e quente. Se o galeroso estivesse agora consigo, tinha certeza que não se controlaria, mas ele não era gay, tampouco o era Go Eun-Chan. Eram apenas dois homens doces e enamorados um do outro.

Não tinha dúvidas que Eun-chan o amava, porquê ele retribuíra o beijo, inclusive tomara a iniciativa e o beijara uma segunda e terceira vez. Estavam condenados a se amarem em segredo, sem nunca revelarem ao mundo sua relação socialmente malvista. O irônico era que ele havia contratado Eun-Chan para posar de seu amante gay, mas aquilo fora uma pegadinha, uma enganação. Uma pilhéria sem maiores repercussões. Quando a coisa passou para o campo dos sentimentos amorosos, tudo ficou muito perigoso e intenso.

Han-Kyul se refez do torpor da paixão e foi para o trabalho como gerente de uma cafeteria gourmet, chamada Coffee Prince.

Cumprimentou os empregados, checou os mantimentos, verificou a limpeza dos recintos e o funcionamento dos aparelhos. A seguir iria para seu escritório, conferir o livro-caixa e os pedidos de entrega em atacado, bem como sua situação bancária.

Onde estava Eun-Chan? Ele passara discretamente os olhos pelos aposentos, sem encontrar o objeto de seu desejo.

- Eun-chan irá se atrasar hoje. Ele me avisou por SMS. Ele pede desculpas ao senhor, patrão. – Noh Sun-Ki, seu empregado japonês, especialista em preparar waffles, o avisou. Ele tinha olhos argutos de quem sabe tudo que acontece ao seu redor, mas uma discrição a toda prova.

- Hã? Esse pivete só apronta. – Han-Kyul grunhiu, já subindo para o segundo andar.

Será que Sun-Ki desconfiava de algo? Será que era óbvio que ele nutria algo indecente e vergonhoso por um de seus empregados? Han-Kyul sacudiu a cabeça.

- Dane-se! Ninguém vai me julgar ou lançar uma mácula no que eu sinto por aquele rapaz.

Sentou-se em sua cadeira da escrivaninha e abriu o fichário com anotações das operações financeiras do Café. Às 11:30 não se controlou mais e ligou para seu amor.

- Eun-Chan? Onde você está?

- Chefe? Estou trabalhando.

- Venha já aqui no meu escritório.

Han-Kyul desligou abruptamente e deixou o celular sobre a mesa. Estava ele aqui, enlouquecendo de saudades e preocupação, e o bastardo do frangote chegou ao trabalho sem procura-lo, nem que fosse para dizer um “oi”.

- Pivete! – Han-Kyul exclamou com os dentes cerrados de ira.

Logo mais a porta se abriu, e o baixinho de olhos grandes entrou. Estava nervoso e apreensivo. Seu patrão e dono do seu coração era muito explosivo e cruel algumas vezes. E se não fosse a absoluta certeza de que existia algo de bom naquele homem grande e musculoso, ele já teria se afastado dele. Aproximou-se lentamente da mesa do chefe, como se temesse irritá-lo.

Han-Kyul não se segurou mais. Levantou-se e avançou para o pequeno, agarrando-o de supetão para um abraço quente e possessivo.

- Por que faz isso comigo Eun-chan? Sabe que me preocupo com você. Meu dia só começa depois que te vejo.

- Eu não fiz nada, Han-Kyul. Você é que se preocupa demais com tudo. Eu só me atrasei para o trabalho, porquê mamãe estava doente, e a professora de minha irmã caçula, Eun-Sae, pediu que um responsável comparecesse ao colégio.

- E você é o responsável por sua irmãzinha? O homem da casa na ausência de seu pai?

- Sim!

Han-Kyul foi tomado de ternura e adoração. Como um ser tão pequeno assumia tantas responsabilidades de gente grande? Ele deu um cálido beijo em seus lábios rosados e secos, que estavam sempre entreabertos, como se estivesse sedento. A seguir beijou suas faces imberbes e macias. Então beijou seus grandes olhos escuros, tão arregalados e inocentes. Passou as mãos naqueles cabelos negros e curtos, que começavam a crescer até o pescoço. Tanta ternura e comoção aquele rapaz lhe despertava, que poderia pô-lo no colo e niná-lo, como se fora um bebê. Ou um cachorrinho.

- Desculpe-me! – Han-Kyul retirou as mãos de Eun-Chan e deu um passo para trás, desfazendo o encanto. – Às vezes eu me deixo levar pelo momento.

- Você pede desculpas por me amar? – Eun-chan sorriu.

- Sim ... não. É claro que não. É que você é tão pequeno e eu sou tão grande ... Às vezes eu sinto que poderia sufoca-lo. Desculpe-me!

- Eu não me importo. – Eun-Chan aproximou-se de novo e o enlaçou. – Eu aguento. Todo seu amor, sua altura, seu tamanho. Eu aguento você todo.

Eun-chan o olhou lânguido e de olhos semicerrados. O ambiente ficou quente e só se ouvia a respiração de ambos.

- Chega! É melhor voltarmos para o trabalho. Eu aqui no escritório, e você lá embaixo, servindo cafés.

- Tem certeza? – Eun-Chan perguntou ainda lânguido e com as faces rosadas.

- Tenho! Vai logo antes que eu perca o autocontrole.

- Sim, Ahjussi! – Eun-Chan se retirou com um pequeno sorriso.


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Notas finais do capítulo

Ahjussi significa senhor em coreano.