WSU's A Frente Unida escrita por Lex Luthor, WSU


Capítulo 6
V — Pregos na Parede




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Rio de Janeiro

 

O Soldado subia o morro lentamente, olhava para o chão, estava pensativo. Ia tão vagarosamente que Carol e a primeira dama, que iam em frente, haviam fugido de sua vista. Um velho senhor, negro e de barba e cabelos grisalhos o observava fumando um cachimbo.

— Isso vai te fazer mal. — disse o velho enquanto ria.

O Soldado olhou para ele, o velho tragou o cachimbo de barro e expeliu a fumaça.

— O jeito que pegou na garganta dele, o soco depois que soltou a mulher. — O velho sorriu expelindo a fumaça. —Toda essa raiva no coração — balançou a cabeça negativamente. — não vai te fazer bem.

É só um velho falando bobagem. Quer que eu dê moleza para bandido? — pensou o Soldado.

— Nem a fumaça no seu pulmão — respondeu o Soldado olhando sério para o velho.

O velho riu alto segurando no corpo do cachimbo apontou a boquilha da piteira em direção a Tales.

— Um filho meu tinha problemas de temperamento, como você. — disse o velho. — Mandei ele botar um prego no muro toda vez que tivesse raiva. — Mostrando surpresa na voz, disse o velho. — O filho da mãe botou mais de trinta em uma semana! 

O sorriso no rosto do Soldado fez com que ele parasse para escutar, imaginava onde o velho queria chegar e talvez valesse a pena.

— E aí, ele percebeu que era mais fácil controlar a raiva do que ter que por um prego sempre que tivesse um ataque.  — continuou o velho. — Quando ele percebeu isso, mandei tirar os pregos do muro. 

O velho apontou com o cachimbo para o muro de sua casa. Uma horrível parede branca esburacada.

— Esse é o muro. É assim que seu coração fica com a raiva. — o velho falava com seriedade no tom da voz. — Se esburacar demais, o muro cai. 

As palavras daquele senhor fizeram com que o Soldado subisse o morro pensativo, haviam realmente o tocado.

Ele e Aracnídeo ficaram patrulhando o morro em busca de algum corrompido e/ou terrorista desgarrado. Karen e Trap foram deixar os cativos libertos na Casa Branca, na nave.

Mas logo a nave estava de volta e Aracnídeo e Soldado foram de encontro a Karen e Trap.

— A família presidencial, a empregada e o embaixador Park Ji-Hu estão a salvo na Casa Branca! — disse Karen animada.

Ela percebeu o semblante triste do Soldado.

— O que houve? — perguntou Karen sem resposta.

O Soldado apenas passa por ela sem dizer nada. Como se não estivesse naquele plano, não a escuta.

— Ei! — Karen o puxou pelo braço. — O que tá acontecendo? — perguntou Karen.

O Soldado vira-se, com seu rosto cansado.

— Muita coisa Karen. — Seus olhos abalados enchem-se de lágrimas. — Uma vez, Marcos esteve prestes a matar um homem e eu disse a ele que seria cruzar uma linha, que você não pode mais voltar. E agora sei que perdi o controle e isso está me matando! — Ele se curva e apoia a cabeça no ombro da pequena menina. — Meu lugar não é aqui com vocês.

Karen afagou seus cabelos, o abraçou.

— Engraçado ter citado o Marcos. — A garota Maximus disse sorrindo. — Ele fala coisas ridículas!

O Soldado olhou para o rosto de Karen, precisava ouvi-la.

— Outro dia ele me disse que vocês dois eram como um casal gay, que tinham me adotado como filha. — Karen sorri enquanto fala. — E que você era a mãe. — completou. — Talvez ele fale muita bobagem, mas o Marcos sabe que vocês dois são os pilares de tudo isso aqui. Sem vocês não tem Frente Unida, Tales.

Eles escutam um nariz fungando. Atrás deles, o Aracnídeo enxugava suas lágrimas.

 

 

 

Apartamento do Dr. Gustaffson

 

Marcos e Doutor Gustaffson, conversavam no apartamento enquanto trabalhavam no capacitor de fluxo.

— Com certeza tu não vais conseguir carregar, nas costas, um cubo de chumbo com urânio enriquecido dentro. — disse o doutor. — As quedas poderiam danificar os circuitos e é por isto que vamos usar um transmissor.

— Uma boa ideia! — elogiou Marcos.

— As ondas gravitacionais são capacitadas e redirecionadas para o receptor: você.

— Má ideia! — disse Marcos em tom de elogio. — Eu sou bem acostumado a fazer besteira.

O antigo aluno do doutor observava o trabalho de seu mestre.

— E então, o que sua família pensa a respeito disto? — perguntou Gustaffson.

— Disso o que? — devolveu a pergunta.

— Ora, garoto! — O doutor enfezou-se. — Não sou idiota e nem aquela caveira em minha mesa é um demônio, Temerário!

Os pensamentos de Marcos elevaram-se para sua família naquele momento. Sua esposa, sua filha e seu filho que estava para chegar.

— Minha filha acha legal. — Sorriu. — A minha esposa diz todo dia que eu não sou o Superman, todo dia.

O telefone de Marcos vibrou.

Era Elisa.

— Falando nela. — disse Marcos ao atender a ligação. — Fala, gordinha. — disse com um sorriso maroto.

Oi, meu amor. — disse Elisa com uma voz triste. — Tá na hora de parar de zombar do meu sobrepeso, não tenho culpa do bebê ter trinta quilos.

— Como a Vanessa tá? — Marcos perguntou. — Como vocês estão?

Acho que melhor do que você — respondeu Elisa com amargura na voz.

Percebendo a reação incomum de sua esposa, Marcos adianta o assunto:

— Já sei o que vai dizer — previu Marcos. —, que eu não sou o Superman, que eu não deveria estar aqui — dizia Marcos ao ser interrompido. 

Não — respondeu Elisa.

— É o quê, macho? — Marcos levanta as sobrancelhas surpreso. — Que loucura, bicho! — enfatizou a surpresa.

Minha vontade agora é de enfiar a minha mão na sua cara por insistir nessa merda de Temerário. Mas te vendo aí lutando ao lado dos seus amigos para salvar tanta gente, eu percebi que você não escolher ser o Temerário — disse Elisa com um tom de voz obstinado. —, o Caveira te escolheu.

Marcos parou para ouvir a sua mulher com mais atenção.

Estamos orando por você, Marcos. — disse Elisa. — Ria na cara dos desgraçados.

Elisa sentiu fortes dores na barriga, o que a interrompeu.

Ai, que droga! — gritou. — O Júnior tá chutando a minha barriga, desgraçado!

Uma lágrima escorre pelo rosto de Marcos.

— Ele puxou ao papai. — Sorriu emocionado.   

 

 

     

Salão Oval, Casa Branca

 

Michael Jhonston, cabelos brancos bem como o bigode, bem trajado com um terno fino. Esperava impacientemente sentado atrás de sua mesa de executivo na sala presidencial.

Contemplava o painel aberto do fundo falso de sua mesa. À sua frente estava a arma mais poderosa do mundo: Um conjunto de pinos coloridos, um botão vermelho e uma tela digital com entradas para coordenadas.

Sua porta batia, a reação desesperada do presidente foi empurrar o painel para debaixo da mesa.

— Entrem — disse o presidente Jhonston.

Entrava na sala um general, assemelhava-se muito a Anthony Hopkins, a diferença? As várias medalhas no peito. Também entrava o seu vice-presidente, negro, rosto liso, usava óculos e era um pouco mais jovem que Jhonston.

— General Meyers — Levantou-se apertando sua mão. —, senhor Mitch. — Apertou a mão do vice.

— Parece que o assunto é sério, não é, Michael? — perguntou o vice-presidente.

O presidente Jhonston olhou para as duas pessoas em frente ao seu gabinete.

— O desgraçado tem o telefone da Betty — disse o presidente.

— Ótimo, terá uma formidável companhia para o jantar. — disse o general Meyers. — Se me permite, vou continuar a traçar a minha estratégia. — Meyers dá de costas.

O presidente levanta-se desesperadamente.

— Espere, Meyers! — exclama o presidente. — Ele sabe segredos meus e da Betty.

— Ah, merda. — disse Mitch decepcionado. — O que ele pediu em troca das informações?

— Que informações? — indagou o general.

— Que eu tenho um caso com a minha empregada, Meyers! — respondeu o presidente impaciente. — E quer que eu aperte o botão vermelho.

Apertar o aquele botão, significava o desarmamento atômico total dos Estados Unidos, o que levou o general Meyers a uma risada forçada.

— Mas será tão difícil assim para vocês democratas tomarem essa simples decisão?! — perguntou Meyers exaltado. — Família e reputação versus a soberania da pátria?!

O presidente socou sua mesa de executivo.

— Você está falando com um homem, e seu superior, gostando você ou não! — disse o presidente com uma veia sobressaltando o pescoço. — Acabei de dar a resposta a Ibrahim Abdullah. — o presidente apertou o nó da gravata. — Não farei o que ele quer.

Os dois se silenciaram. Mitch ainda não havia digerido o baque, Meyers estava revoltado, mas com a certeza do Impeachment de seu adversário político à frente.

— Só tem um problema, Meyers — continuou o presidente. — e você vai ter que adiar a sua vitória. Abdullah me disse que tem alguém aqui dentro.

 

 

 

Hospital de Trauma, São Paulo

 

Fora do hospital, Azathoth tragava. Tragava e expelia a fumaça do cigarro de seus pulmões. Havia chamado Karen, na certeza de que logo ela estaria ali.

— O garoto vai ficar bem. — disse Erik. — Vai passar pela cirurgia agora. — Erik deu um sorriso. — O espião do Facebook concordou em ceder as informações à Frente Unida, como pediu.

Azathoth olhava para o vazio estacionamento naquela noite fria em que descia a garoa em São Paulo.

— O garoto está certo, Erik. — disse Azathoth reflexivo. — Nós falhamos com aquelas pessoas e agora as que não estão mortas estão por aí, alguns servindo a fanáticos religiosos e radicais.

A nave apareceria no estacionamento, um espetáculo de luzes.

— São seus novos parceiros, superazathoth — ironizou Erik.

— Adeus, velho amigo. — Azathoth estendeu a mão em direção a seu amigo, hesitou, ainda que tímido, preferiu um abraço. — Volta logo pra São Paulo, ou eu vou pra Madrid — despediu-se.

Azathoth desceu pela rampa que dava acesso ao estacionamento. Um feixe de luz o iluminou. No mesmo instante, estava na nave.

— Acho bom ter alguma coisa pra gente! — disse o Aracnídeo pendurado de cabeça pra baixo. — Quem faltou à reunião do AA enfrentou sérias consequências.

Azathoth olhou ao redor da nave. Karen, Trap, Soldado Fantasma e Aracnídeo estavam lá.

— Soldado tem um gênio forte, não aceitou o pedido de ajuda do Temerário a tempo. — disse Azathoth, exímio em deduções acertadas. — Os dois tiveram outro bate bocas, e saíram nas tapas, o que fez o Caveira deixar o grupo.

— Assim não tem graça! — disse o Aracnídeo sorridente ao descer da teia. — Miserave! — “elogiou”.

A Agente Trap, com o seu smartphone em mãos, chamava a atenção.

— Acabei de confirmar com a ANIC: O cara que vimos no morro é o terrorista número 6 do mundo. Ibrahim Abdullah. Brasileiro, 27 anos. 

Ela passava o dedo pela tela procurando mais informações, enquanto os outros membros escutavam atentos.

 — O nome real dele é Ulysses Paim, foi para o leste europeu aos 17 para jogar futebol, mas levou um golpe do empresário. — disse Trap. — De alguma forma conheceu radicais islâmicos por lá.

O Soldado levantou-se da cadeira. Sombrio, parecia estar doente e escondia isso do grupo.

— Ótimo, conhecemos o inimigo. — disse o Soldado virando-se para Azathoth. — Agora, Azathoth, o que tem para nós?

— Descobri o possível envolvimento de uma multinacional com os terroristas. — disse Azathoth com dúvida. — Eles oferecem a tecnologia da bomba, provavelmente. Temos que seguir a localização indicada por um espião.

— Como sabemos que não é uma armadilha? — perguntou Karen.

— Não sabemos. — respondeu Azathoth. — Vou enviar a localização para você, pode fazer a nave segui-la?

Karen suspirou.

— Não sei como esse combustível desceu tanto, estamos na reserva, mas vamos no aventurar — respondeu a garota Maximus.

 

 

 

Casa Branca

 

Ele tinha uma arma em mãos. Observava uma intensa correria, o oficial do exército gritando:

— Rápido, isto não é uma simulação! — Apontava para as escadas que se revelavam no solo retrátil. — Todos para o abrigo anti-bombas!

Ao ver o homem de terno e chapéu Homburg brancos, também armado e frente a frente, o oficial não escondeu o espanto.

— Abaixem-se! — Aponta para Vésper. — Ele tem uma arma! — avisou enquanto tira uma arma do coldre do colete.

O movimento fez com que Vésper, o homem de branco, rolasse sobre seu ombro direito evadindo do disparo desferido pelo oficial e, ao levantar, bem em frente ao mesmo, aplicasse um gancho de direita, levando-o ao chão.

Vésper pulou em direção à mão direita e tomou a arma do oficial, rolou mais uma vez e de joelhos e apontou as duas armas em direção ao seu amigo, Neverfallen.

— Aí, Dory. — disse Neverfallen deixando uma Beretta ao chão e mostrando as palmas das mãos com o olhar fixo ao seu amigo — Vai parecer estranho o que eu vou te dizer agora, mas estamos do mesmo lado.

Vésper o olha desconfiado.

— Eu não sei quem você é — respondeu Vésper.

Neverfallen soltou uma risada receosa.

— Vai por mim, você não sabe nem quem você é. — Neverfallen tentava contornar a situação com o som abafado de sua máscara tática preta. — Posso lhe dizer quem você é, por que estamos — Um disparo interrompe sua fala.

Duas balas, uma em cada olho. Neverfallen caído ao chão.

— Ninguém pode me dizer quem eu sou — disse Vésper entre os dentes.


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