Olá, Happy. 

Ultimamente tenho ficado até tarde na escola estudando junto com Lisanna. Sei que parece loucura isso de que eu, Natsu Dragneel, a pessoa que odeia estudar (e quem não odeia?), esteja fazendo algum esforço por umas notinhas a mais. Eu sei, é realmente loucura, mas o motivo pelo qual eu estou fazendo isso é, na verdade, Lisanna. Geralmente ela estuda junto com Erza, mas essa anda tendo “compromissos importantes” e não têm vindo, então eu vim para Lisanna não ter que ficar sozinha e também porque quero voltar a me aproximar dela. 

Sobre o caso da Erza: Você se lembra daquele cara que a elogiou no metrô? O cara de cabelo azul e tatuagem no rosto? Ao que parece ele conseguiu o número dela e os dois têm se encontrado bastante nos últimos dias. Tenho que admitir que estou com um pouco de ciúmes dela, já que ela não tem passado muito tempo comigo (me sinto uma criança birrenta chorando pela atenção da mãe dizendo isso). Na verdade, desde que eu comecei a falar mais com Lucy ela se distanciou. Gray disse que ela está com raiva por eu estar paquerando Lucy na frente de Lisanna (eu nunca fiz isso) e também por eu evitá-la (admito que fiz isso, mas foi só uma vez), então acabamos ficando distantes. Queria poder falar com ela, mas meu orgulho não vai me deixar ceder e eu sei que o dela também não.

Voltando a Lisanna; sei que eu não tenho sido o melhor amigo para ela nos últimos meses e que também não tenho sido muito considerado sobre seus sentimentos, por isso estava tentando consertar isso e estava dando certo até hoje. Ah, hoje! Esse dia maravilhoso em que eu senti pela primeira vez a sensação de um ataque cardíaco.

Hoje decidimos ficar na biblioteca, foi o lugar mais quieto e confortável que encontramos para poder estudar. Estava tudo indo bem, Lisanna estava se esforçando e eu quase dormindo sobre exercícios de álgebra quando de repente Lucy chegou. E quando digo de repente, eu quero dizer literalmente de repente. Foi algo meio, PUF! E ela estava do nosso lado, sorrindo e perguntando se podia ficar conosco. Lisanna concordou e acho que mesmo se eu discordasse ela continuaria ali. Até então estava tudo bem, estávamos todos nos dando bem até que Lucy se levantou para pegar um livro e assim que ela sumiu da nossa vista, Lisanna me fez a seguinte pergunta: 

— Você gosta dela, não é?  

Eu não sabia se deveria ou não responder ela, para falar a verdade fiquei com medo de que minha resposta fosse machucar Lisanna ou até mesmo afastá-la ainda mais de mim. Então fiquei calado, fingi que não havia ouvido, mas Lisanna me chutou por debaixo da mesa e me olhou emburrada.

— Você só tem que dizer sim ou não, idiota. 

— Não sei… provavelmente. 

— Entendo.

Por alguns poucos minutos ficamos calados, um silêncio aterrorizador e desconfortável, mas Lisanna o quebrou.  

— Não quero que pense que ainda sinto o mesmo por você. Quer dizer, eu gosto de você, mas… não é mais a mesma coisa, entende? Eu… hum… superei? Não sei se essa é a palavra certa, mas para mim você agora é só meu precioso amigo de infância – Ela suspirou, parecia cansada – Eu não quero que você fique se prendendo por minha causa, Natsu.  

— Me desculpe por nunca ter te dado uma resposta – Falei. Ela sorriu. 

— Não precisa, não é como se eu já não soubesse – Ela se levantou, começou a arrumar suas coisas dentro da bolsa. Lisanna teria ido sem nem mesmo se despedir se eu não tivesse a segurado. 

— Você não pode, ainda não terminamos – Falei. Ela olhou para mim, depois para meus cadernos em cima da mesa. Acho que estava confusa sobre o que eu estaria falando e então ela balançou a cabeça e riu. 

— Terminamos sim, Natsu. Pelo menos eu terminei.  

E ela foi embora. Quando Lucy voltou eu já não tinha forças para ao menos fingir que estava estudando, apenas fiquei encarando ela enquanto ela lia um livro, tentando descobrir se eu realmente gostava dela ou não. Em algum momento ela percebeu meu olhar e começou a me encarar de volta e ficamos assim, numa estranha competição de quem encara mais.

— Então… – Ela começou de repente, pareceu tímida por um segundo, mas logo se recompôs e voltou a olhar nos meus olhos – Provavelmente, é?  

Bom Happy, eu não sou do tipo que cora ou fica envergonhado com facilidade, mas tenho quase certeza (quase!) de que fiquei vermelho naquele momento. 

— Não sabia que você tinha o hábito de ouvir as conversas alheias – Falei desviando o olhar.

— O livro que eu queria estava na prateleira atrás de você. Foi sem querer. 

Houve um silêncio ainda pior entre mim e Lucy do que houve com Lisanna. Eu não sabia o que dizer e acho que ela também não, mas alguém precisava falar algo e eu decidi que esse alguém devia ser eu.  

— É – Voltei a encarar ela que ainda não havia tirado os olhos de mim – Provavelmente. 

Ela sorriu com as bochechas corando, um sorriso envergonhado que eu nunca pensei que veria em Lucy. Naquele momento eu percebi que não era um provavelmente – acho que nunca tinha sido para começo de conversa –, eu realmente gostava de Lucy.

— Tudo bem – Ela respondeu ainda sorrindo – Eu provavelmente também gosto de você. 

Tudo depois disso é um borrão na minha mente. Não sei nem mesmo dizer se isso realmente aconteceu ou se foi só um sonho, ainda é difícil acreditar que Lucy tenha dito algo assim para mim, ou que ela tenha sorrido daquela forma para mim. Na verdade, tudo era inacreditável demais. Acho que estou feliz com isso, mas ao mesmo tempo estou confuso e assustado. Nunca gostei de ninguém além de Michelle, é vergonhoso dizer isso mas tudo que eu sei sobre o amor se resume a Michelle, doces e pizza. Além disso também têm Lisanna, não sei se amanhã quando eu a ver na escola vai ser a mesma coisa, se eu vou continuar sendo amigo dela ou se ela vai apenas me ignorar. Sinceramente, estou com medo da segunda opção, Lisanna é importante para mim, não quero perdê-la. 

Eu sei que é impossível para você me responder, você não fala como no meu sonho e muito menos vai aparecer uma resposta magicamente aqui, mas Happy, o que acha que eu devo fazer? 

N.D.