Olá, Happy. escrita por Letley


Capítulo 17
Segunda-feira, 02 de Janeiro de 2017.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Olá, Happy.

Sei que faz algum tempo desde a última vez que escrevi em você, é que eu simplesmente não vi motivos para te entediar com meu tédio. Desde que entrei de férias não tenho feito mais nada além de assistir TV ou sair com Erza, Gray e Lisanna às vezes. Aliás, Feliz Natal! Não tive o que escrever para você no Natal também, fiquei em casa enquanto Mavis e Zeref saíram para uma noite romântica, o que para mim foi um alívio já que, desde que o papai morreu, Zeref e eu não encaramos muito bem esses tipos de feriados “familiares”. Embora, eu tenha algo para contar para você sobre o Ano Novo.

Um dos amigos de Zeref é dono de um restaurante e estava sem pessoal para trabalhar no Ano Novo, já que eu não ia fazer nada, me ofereci para ajudar. A maior surpresa é que quando cheguei ao restaurante para trabalhar dei de cara com ninguém menos que Levy, que também estava trabalhando lá. Nos cumprimentamos com rápidos acenos, eu ainda não conseguia olhar para ela. Foi uma noite difícil, eu não conseguia me concentrar sabendo que ela estava ali, a todo momento eu me sentia como se estivesse sendo observado. Apenas quando tirei um pequeno intervalo consegui relaxar, mas não por muito tempo já que assim que eu me sentei na sala dos funcionários, Levy também entrou e se sentou ao meu lado. Ela não disse nada por um tempo e eu resolvi que só ignorar ela era uma boa opção. Infelizmente, não era o mesmo para ela.

— Você me odeia, não é?

Essa pergunta me assustou. Eu nunca realmente havia dito a alguém que odiava Levy, eu nunca nem ao menos conversava com alguém sobre Levy. Eu venho tentando esquecer do dia em que a encontramos praticamente morta dentro do banheiro feminino a mais de um mês e essa pergunta fez eu me sentir de volta a aquele mesmo lugar outra vez; sem saber o que fazer.

— Eu não sei, provavelmente.

— Entendo.

E voltamos a ficar calados. Os poucos minutos do meu intervalo parecendo se arrastar por horas. Então ela voltou a falar mais uma vez.

— Quer saber porque eu fiz isso?

Queria dizer um grande “Sim, eu quero!”, mas naquele momento nada saia da minha boca, parecia que eu tinha esquecido como se formulava frases inteiras. E, embora eu quisesse saber de verdade o que havia se passado com Levy, sentia que aquilo não era da minha conta, seria mais problemas para mim e eu mal conseguia resolver os que eu tinha.

— Acho que isso não é da minha conta – Respondi por fim.

Levy riu. Eu nunca a tinha visto rir, dar sorrisos fracos sim, mas rir como alguém que estava se divertindo não. Não mesmo, nunca.  

— Gosto de você, Natsu. Você nunca carrega mais peso do que consegue suportar – Ela deu tapinhas no meu ombro como se fôssemos velhos amigos, e de alguma forma, eu sentia que realmente éramos.  

Se eu vasculhar minhas memórias desde a primeira vez em que entrei em uma escola, Levy sempre estava lá, muito antes de Erza, Gray ou Lisanna. Ela sempre esteve ali, em uma sala diferente ou na mesma sala, a pessoa com quem eu esbarrava na biblioteca ou que eu via de longe almoçando sozinha. Nós sempre estivemos ali, mas nunca realmente sentamos e conversamos. Apenas nos bastávamos com a presença um do outro, em um entendimento mútuo e silencioso. Deve ter sido por isso que fiquei tão assustado quando a encontrei naquele dia e deve ser por isso também que eu sinto tanto ressentimento contra ela. É simplesmente porque Levy é uma das poucas coisas na minha vida que continua igual e eu odeio quando as coisas mudam, odeio quando perco algo e perder a presença de Levy seria assustador demais.

Eu perdi minha mãe sem nem mesmo conhecê-la; Perdi meu pai sem poder me desculpar por tudo de ruim que já havia dito a ele; Perdi meu primeiro amor sem nunca ter nem mesmo me confessado; Por algum tempo, acreditei ter perdido meu irmão para Mavis; Perdi meu emprego e consequentemente meu apartamento; Perdi meu gato por causa da minha irresponsabilidade e estive a ponto de perder a habitual presença de Levy.

Acho que, se ela tivesse ido, se ela tivesse conseguido se matar de verdade, talvez eu tivesse tentado o mesmo também.

N.D.


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Notas finais do capítulo

Até a próxima ♥



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