Olá, Happy.

Não quero fazer rodeios e nem mesmo tenho forças pra isso, então vou direto ao ponto.

Ontem eu fui demitido; Mavis está grávida; Minhas notas estão horríveis; Eu vou ter que morar com meu irmão definitivamente e por último, mas não menos importante, Laxus voltou para atormentar minha vida.

Acho que estou um pouco deprimido desde ontem, eu não esperava ser demitido do nada e por um motivo tão bobo como “Os clientes reclamam de você, dizem que você não sorri para eles. Parece odiá-los.”, eu não odiava, agora definitivamente os odeio. Na verdade, agora que parei para pensar, eu estou mais irritado do que deprimido. Esse trabalho era a única coisa que eu tinha que meu irmão não podia controlar, sabe? Quando saí de casa eu disse que seria independente e não precisaria da ajuda dele, mas agora eu perdi a única coisa que me ajudava a sobreviver sozinho. Sem esse emprego não posso pagar meu aluguel, ou seja, eu vou ter que morar com Zeref.

Eu até considerei pedir a ajuda dele, não ia me matar depender dele só até eu arranjar um novo emprego, então esperei até o jantar para poder conversar com ele e Mavis, mas então antes que eu pudesse dizer alguma coisa Mavis soltou a bomba: Ela está grávida e é uma gravidez de risco graças aos problemas de saúde dela. Eu não sei dizer se meu irmão ficou feliz ou preocupado, ainda não consigo decifrar a expressão estranha que ele está fazendo desde ontem, mas Mavis está feliz, muito muito feliz. Eu também estou feliz por eles e por isso ainda não consegui contar, eu não posso dar mais problemas aos dois, pelo menos não agora.

Sobre minhas notas, bom, eu nunca fui o melhor aluno mesmo. Não é como se minhas notas fossem péssimas antes, sempre fiquei na média e para mim isso bastava, mas agora estou com mais notas vermelhas do que posso contar nos dedos. O fato de que não estou em nenhum clube apenas piora minha situação. Agora tenho que me matar de estudar quase todos os dias para poder ficar ao menos na média. Eu não tenho tanta certeza se eu consigo ou não passar de ano, cá entre nós, eu não sou muito inteligente.

E o Laxus… Acho que posso dizer que sua existência é graças à ele. Nós dois nunca nos demos bem, embora, nunca tínhamos realmente nos enfrentado até aquele dia. Ele me provocava e eu costumava ignorar, Laxus é um cara tão grande e tão musculoso quanto Gajeel e já mandou tantas pessoas para o hospital quanto troca de meias, perto dele eu era quase como uma criança desnutrida que mal tinha forças para andar e era por isso que ele adorava mexer comigo, talvez ele tivesse algum sonho maluco de me quebrar ao meio como se eu fosse um graveto. Eu não sei bem o motivo da nossa briga, muito menos o que aconteceu comigo para realmente brigar com ele, talvez estivesse estressado demais com tudo ou, quem sabe, cheguei ao meu limite com ele, mas um dia eu simplesmente caí como um idiota nas provocações dele, brigamos e eu levei uma surra, mas (só para deixar claro) ele também saiu na pior. Ele ganhou uma suspensão e eu ganhei você. Agora acho que a sede de sangue dele (mais especificamente, pelo meu sangue) está maior do que antes.

Na última semana ele esbarrou no meu ombro no mínimo umas dez vezes e em mais da metade delas eu senti como se ele estivesse querendo arrancar meu braço fora, quando ele está de bom humor me ameaça sempre que me vê e faz questão de que todos ouçam. Outro dia eu estava conversando com Lucy no corredor quando ele passou, achei que a princípio ele iria me ignorar, mas então quando ele passou do meu lado me empurrou contra a parede e continuou andando como se nada tivesse acontecido.

— Você está bem? Não, espera, você não vai fazer nada?! – Lucy me perguntou alarmada, sem saber se me ajudava ou se gritava comigo.

Naquele momento tudo que eu conseguia pensar era em como eu estava irritado. Em como eu queria socar ele até que ninguém mais conseguisse reconhecê-lo, mas me controlei. Eu não quero cair na dele, não outra vez.

— Ele só quer me fazer de idiota outra vez, alguma hora ele cansa.

— Só não espere que ele se canse quando já tiver te mandado para um hospital – Ela retrucou irritada.  

— Eu não sou como você que se mete em brigas sempre que alguém mexe com Levy e leva uma surra como se não fosse nada demais. Eu tenho meu próprio orgulho.

Ela suspirou, como se já soubesse que não adiantaria tentar discutir comigo sobre o assunto.

— Mais do que orgulho, isso é covardia.

Isso fere um pouco minha dignidade, mas eu sou obrigado a concordar.

N.D.