Um anos depois

Já faz um ano que Alisha nasceu, um ano que minha vida está completa.

Alisha é o centro das atenções na nossa casa. Ela recebe tanta visitas, coisa que nunca recebia antes.

Meu pai e minha mãe nos visitavam quase todos os dias.O grande amor das vidas deles agora era Alisha. Meu pai amava e mimava tanto essa menina, quero só ver quando crescer.

Os pais de Maya nos visitam sempre que podiam, em viagens de negócios e afins. O irmão de Maya era o mas afastado da família, talvez por já ter sua própria família e Maya morar tão longe, eles tenham se afastado um pouco. Apesar que sempre via Maya conversando por telefone com ele.

Eu e minha linda esposa indiana estávamos felizes, com nossa pequena filha nos enchendo de alegria. Maya ainda continuava fazendo seus trabalhos domésticos, pois ela dizia que desde criança foi ensinada a cuidar do marido e dos filhos, então a ideia dela trabalhar na empresa foi esquecido. Não gostei da ideia de Maya ficar trancada o dia inteiro dentro de casa fazendo trabalhos de casa, mas ela me disse que estava feliz então acatei a ideia dela cuida de nossa família.

A felicidade de Maya e Alisha era minha felicidade.

Maya era a mulher da minha vida, não tinha dúvidas disso. Não tivemos um casamento adequado, apenas uma cerimônia pequena na sala de minha casa. Maya merecia mas, merecia uma festa inteira. Por isso decidi pedi-la em casamento.

Da maneira correta. Da maneira americana. Já que ela estava virada numa própria mulher norte-americana.

Lembro-me quando fui comprar a aliança para pedi-la em casamento. Sai da empresa e fui na loja de jóias mais cara da cidade.Como já disse, Maya merecia o melhor.Escolhi a aliança que mais combinava com Maya. Uma aliança dourada, toda cheia de pedrinhas brilhantes e no meio havia uma pedra de diamante. Era bem o estilo de Maya.

Não poderia comprar uma aliança simples, sendo que descobri que mulheres indianas amavam jóias, lembro do dia de nosso casamento, o quanto Maya estava cheia de jóias. Ela colocava várias jóias em diversas ocasiões, até mesmo para ir a lugares rotineiros, como o supermercado.

Minha esposa havia se habituado a vários costumes americanos, mas ainda assim mantinha sua cultura indiana. Ela não demonstrava afeto em público, apenas com nossa filha, ainda usava o lenço na cabeça quando saía de casa e nem queira saber o que ela faz quando entramos de sapato dentro de casa. Ela vira outra mulher. Mas devo dizer que adoro todos essas diferenças culturais.

Decidi pedi-la em casamento hoje, num jantar romântico no restaurante indiano da cidade. Vai ser a primeira vez que saímos sem nossa pequena Alisha.

—Maya, vamos - gritei sentado no sofá da sala. Não importa de qual país a mulher é, ela sempre vai demorar para se arrumar.

—Já estou pronta - ouvi seus passos descerem a escada, me levantei correndo e dei de cara com a mulher mais linda da minha vida.

—Uau - Maya corou e sorriu timidamente. Ela estava com um sari branco - não tão cheio de detalhes, ela estava deslumbrante, seu cabelo caía em cachos por suas costas, mas era pouco escondido pelo véu, sua maquiagem leve, mas com grande em seus grandes olhos azuis. - você está maravilhosa, deslumbrante, uma perfeição.

—Obrigada - ela sorriu e encostou seus lábios no meu. Agarrei sua cintura e aprofundei o beijo, mas logo tratei de me afastar, não podia levar Maya para o quarto. Pelo menos não agora no começo da noite. -Onde vamos? não quero deixar Alisha muito tempo.

—Ela está com meus pais, está tudo sob controle, vamos aproveitar a noite juntos - beijei suas mãos e a puxei para fora de casa.

Maya era muito apegada a Alisha, elas passavam o dia inteiro juntas, ao vezes até a noite quando eu ou Maya levamos nossa pequena para dormir no nosso meio.

—Não consigo não ficar preocupada - ela suspirou e entrelaçou suas mãos.

—Eu sei, também fico preocupado, afinal é a primeira vez que saímos sem ela.

Ficamos em silêncio apenas aproveitando a noite. Maya olhava pela janela. Ela sempre fazia isso quando andávamos de carro. Vendo as paisagens.

Estacionei o cara e abri o carro para ela. Maya viu o restaurante e seus olhos brilharam.

—Ah Dan, é um restaurante indiano? - confirmei com a cabeça e seu sorriso se alargou - Atchá, estava com tanta saudade de comer algo da índia. - entramos no restaurante e sentamos no fundo.

Logo um garçom veio nos atender, usava roupas típicas de homens indianos.

—Namastê - nos cumprimentou. Maya sorriu animada.

—Namastê - o cumprimentamos. Maya parecia estar não cabendo em si de felicidade. Sabia que ela sentia falta da sua cultura diariamente. Me inclinei em sua direção.

—Você vai ter que pedir para mim, não tenho nem ideia do pode ser isso - apontei para o cardápio, Maya sorriu e olhou para o garçom.

—Vou querer um Chaat e um Thali - falou colocando o cardápio na mesa. - você quer tomar algo?

—Sim, você escolhe tudo - falei rindo.

—Ele vai querer um Tamr Hind e eu um Vimto.

—Ok, parece gostoso - falei estreitando os olhos para ela que sorriu. - você vai ter que me dizer o que são esses pratos. - ela confirmou com a cabeça.

—Sinto falta de Alisha - falou suspirando triste. - como isso é possível, estou apenas uma hora longe dela - ri baixinho e segurei suas mãos.

—Eu também, Rajkumari.

—Adoro quando você fala em hindi - sorri e segurei sua mão. Ela não gostava muito de demonstrar afeto em público, o máximo que poderia fazer é segurar suas mãos. O garçom chegou e deixou um prato na minha frente, com um tipo de arroz com o que pareciam algumas verduras, Maya recebeu um mini buffet com várias potinhos cheio de ingredientes que eu não fazia ideia do que eram e alguns comidas parecidas com pastéis, bolinhos de queijo e panquecas. A dela parecia bem mais gostosa.

Olhei para meu prato e procurei pelos talheres.Maya riu.

—Isso é Chaat, um prato bem popular em Mumbai. é tipo uma massa fria misturada com alguns ingredientes, arroz, batata, pasta de pimenta vermelha, coentro, cebola picada e molho de tamarindo. - Maya explicou

—Eu sei o que batata, arroz e cebola, deve dar para comer - falei brincando, ela riu - cadê o garfo - procurei pelos talheres.

—Geralmente é comida com a mão, de preferência com a mãe direita - olhei boquiaberto para ela, vou ter que comer arroz com a mão? - Mas podemos pedir talheres, Dan.

—Acho uma ótima ideia - rimos - e o seu prato é o que?

—É pra quem é vegetariano, tem pão típico da índia e uma porção de arroz e esses potinhos são os acompanhamentos. São bem gostosos, podemos dividir esse se você não gostar do Chaat.

—Ta - fui direto. Essa comidas típicas da índia estavam me deixando com um pé atrás. Totalmente diferentes daqui. E pra melhorar estou tomando um suco de tâmaras, o que é bem comum em Dubai. Nem sei o que são tâmaras.

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