Destinos - one-shot escrita por JessykC


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Olá ^^
Essa era uma fic que eu tinha esquecida no meu PC e resolvi postar kk
Espero que gostem!

PS: Era pra ser uma short-fic porem eu fiquei sem inspiração hehe então transformei em uma one.



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Pov Edward

Dizem que quando estamos prestes a morrer, um filme da nossa vida passa diante de nossos olhos. Talvez para algumas pessoas seja verdade, mas para mim não. Eu só podia ver as luzes da cidade e ouvir o uivo do vento, acima de mim apenas o céu completamente estrelado e abaixo toda New York. Aqui de cima os carros e as pessoas mais pareciam formigas.

Dei um passo para a frente equilibrando-me na beirada  do edifício. Sim, a queda daqui seria fatal, mas era exatamente essa a intenção. Me jogar daqui de cima seria como voar, podia imaginar o vento passando rápido por meu corpo, a sensação de liberdade que um passarinho deve ter. Quando tudo acabasse eu nem mesmo notaria, então seria só a paz eterna.

Respirei fundo aspirando o ar fresco e limpo da noite, abri os braços e olhei para o céu estrelado.

— Papai, eu te amo. Logo estarei ao com o senhor, mamãe e Alice.

Olhei novamente para baixo e respirei uma ultima vez, porem  em vez de do ar puro que havia sentido a pouco, um perfume suave feminino adentrou minhas narinas, tão doce e delicioso que me deixou embriagado por um momento. O som de passos me despertou, virei minha cabeça lentamente naquela direção e meus olhos se prenderam a dois orbes azuis.

— Er... Oi!

Continuei calado observando o rosto bonito extremamente branco e emoldurado por cabelos negros repicados que iam até o busto. Seus olhos azuis delineados de preto estavam arregalados e os lábios avermelhados tremiam.

— Desculpe, eu não sabia que mais alguém costumava vir até aqui.

— Eu não costumo vir aqui. - esclareci friamente.

— Eu sim, todas as noites... - disse ela, andando para perto de onde eu estava e olhando para baixo. - É um lugar bonito não é? Me sinto meio "dona do mundo" vendo toda a cidade abaixo de mim.

A garota continuava falando ignorando totalmente o fato de ter um cara prestes a se matar ao seu lado.

— Como você se chama? - perguntou após um momento silencioso.

— Edward - respondi em um sussurro.

—Bonito - ela sorriu. - O meu é Isabella, mas prefiro que me chamem de Bella porque eu..

— Oque esta fazendo? - eu a interrompi.

— Como assim?

— Porque esta conversando com um estranho que está prestes a pular de um edifício?

Ela engoliu em seco e mordeu os lábios, oque fez com que parte de minha atenção se concentrasse naquele ponto especifico.

— Eu.. Não sei, tentando pensar em algo que o faça desistir disso, talvez?

— Esta perdendo seu tempo.

— Sempre podemos mudar de ideia...

— Eu não. Pelo menos não dessa vez. - suspirei.

— Porque não?

— Porque já não tenho pelo que viver. - Não sabia porque estava explicando isso para essa garota estranha, mas ela tinha que entender que não podia me salvar. - Perdi meus pais e minha irmã em um acidente aéreo a duas semanas.

— Sinto muito. Sei como se sente, perdi minha mãe a alguns anos, mas ainda tenho meu pai e meu irmão.

— Meus pêsames.

— Tudo bem. Meu irmãozinho é meu ponto de equilíbrio, sem ele não sei oque faria.

Senti lagrimas em meus olhos, enquanto Isabella falava eu pensava em minha pequena Alice, tão nova e cheia de vida. Havia comemorado seus 16 anos e carregou a todos nós para Paris, este fora seu presente. Eu, como o péssimo irmão que sempre fui, fiquei lá apenas dois dias. Mesmo ela implorando para que eu ficasse, eu neguei dizendo que tinha coisas "mais importantes" para fazer. Voltei para NY e eles ficaram por lá mais duas semanas . Se eu soubesse que nunca mais os veria...

— Você é uma boa irmã - concluí, vendo o jeito com que ela falava sobre o irmão.

— Nem sempre fui. - começou, sentando-se no chão e encarando o nada. - Quando minha mãe morreu eu tinha 12 anos e meu irmão apenas 6. Tentei me matar no meu aniversário de 13, lamina de barbear no pulso... - Isabella estendeu-me o braço esquerdo para que eu visse a pequena cicatriz ali. - Eu quase consegui, porem meu irmão entrou no banheiro e me viu ali sangrando. Só me lembro de seu rostinho apavorado, de seus gritos e seu choro. Ele pedia para que eu não o deixasse assim como a mamãe. - Ela fungou e limpou as lagrimas que escorriam por seu rosto. - Foi então que eu vi a merda que eu tava fazendo. Ele ficou sem falar comigo por semanas... - terminou sorrindo tristemente.

Olhei para cima pensando oque diria Alice se me visse agora. Será que ficaria brava e sem falar comigo? Não, provavelmente gritaria dizendo que eu estava sendo um idiota. Porém agora ela estava morta, não diria nem faria nada.

— Você acha que sua família iria gostar de saber que está prestes a se matar por causa deles? - perguntou Isabella.

— Não sei, mas eles estão mortos e não podem se opor.

— Você não acredita em vida após a morte?

— Sim. - Respondi franzindo o cenho, sem entender onde ela queria chegar.

— E quando você encontrar com eles, seja lá onde for, você acha que eles dirão oque?

Fechei os olhos e apertei as mãos em punhos. Oque essa garota estava tentando fazer?

— Não me importa, não tenho porque ficar aqui! Era para eu ter morrido também, se eu não tivesse voltado antes eu estaria com eles agora!

— Talvez não fosse sua hora..

— Direi minha própria hora!!! - praticamente gritei, cansado da insistência da garota.

Isabella se assustou com minha pequena explosão e desviou o olhar engolindo em seco. Respirei fundo e sentei-me ao seu lado.

— Só quero estar com eles de novo, ok? - sussurrei com a voz embargada pelo choro contido.  -  Só quero minha família de volta...

Ela suspirou, pôs as mãos nos bolsos do casaco e os olhos na cidade.

— Eu entendo... Olha, eu não estou pedindo que não pule, mas eu acredito em destino e que todos temos uma missão a cumprir, estamos aqui por algum motivo. Quando achamos que não tem nada mais que nos prenda aqui, o destino pode nos surpreender, mas só se estivermos dispostos a agarrar as oportunidades. Nada acontece por acaso Edward, e o sol sempre nasce após uma noite escura. Pense bem, espero te ver outra vez. Boa noite.

Ela ficou em pé e então se foi, e eu fiquei ali digerindo suas palavras.

Destino, nunca acreditei em destino. Nossas escolhas nos levam a lugares diferentes e apenas isso. Mas Isabella, talvez alguma força superior a tenha trazido aqui essa noite.

"Espero te ver outra vez" ela tinha dito, aquela garota queria me ver de novo, sabe-se lá porque... Mas e eu, queria vê-la também? Claro que sim! Queria poder desvendar todos os seus segredos, conhecer toda a sua historia e o seu motivo de viver: seu irmão. Admiti para mim mesmo que havia gostado de Isabella.

Olhei para baixo, se eu pulasse agora não haveria volta, não haveria segunda chance... Não haveria Isabella. Era isso que eu queria, não era? Ir... Para onde, eu não sabia. Apenas queria ir. Parar de sentir dor, porque a dor da perda é a pior dor que já senti, é sufocante e insuportável. A unica coisa em que eu pensava era em morrer e ficar em paz, rever minha família. Pelo menos era, até Isabella chegar e trazer a duvida.

Eu podia escolher o caminho mais fácil: pular, ou eu podia pegar essa oportunidade que o "destino" me trouxe e tentar recomeçar.

— Pai, queria tanto que estivesse aqui. - eu disse para a imensidão  negra. - Me diga oque fazer. Me dê um sinal. Por favor..

Naquele mesmo instante senti um vento quente passar por mim, impregnando meu sistema com o cheiro dela, o perfume de Isabella.

 

Pov Bella

 

Muitos jovens reclamam por seus pais serem chatos, super protetores ou cafonas, mal sabem eles que perde-los é perder um pedaço de si mesmos.

— Josh, por favor, você sabe que todos os dias neste horário eu vou lá no terraço.

— É, to ligado. Não sei oque tanto você faz lá em cima. Você não vai se encontrar com nenhum cara, né? - perguntou ele, se virando no sofá para me encarar.

— Claro que não! Eu só gosto de ficar lá...

— Tá, finjo que acredito...

Bufei e me virei pegando meu casaco no cabideiro.

— Papai logo estará em casa, eu vou lá e você fica aqui. Se comporta e tenta não colocar fogo no apartamento, ok?

— Aff, isso já faz muito tempo e foi um acidente!

— Ta bom, ta bom... Tchauzinho, chatinho.

— Tchau irritante.

Dei um beijo na cabeça do meu irmão e sai do apartamento. Esperava que Charlie chegasse logo,  odiava deixar Josh sozinho à noite. Ok, ele já não era mais uma criança, já tinha 13 anos, porém eu não podia deixar de me preocupar. Desde que minha mãe morrera - e eu parei de tentar me matar-, assumi seu papel sendo responsável por ele. Claro que tínhamos nosso pai, Charlie, que se esforça demais para cuidar da gente sozinho. Ele trabalha até mesmo nos finais de semana em sua oficina mecânica, para que tenhamos uma boa vida.

Eu tenho 19 anos, não estudo, no momento estou guardando dinheiro para a faculdade. Trabalho com meu pai pela manhã e algumas horas da tarde, chego em casa as 16 horas e busco meu irmão - que fica no apartamento da Sra Collin nossa vizinha, jogando vídeo game com o filho dela, seu colega. Sorte nossa que temos vizinhos tão legais! A Sra Collin se voluntariou, desde a morte de minha mãe, a buscar meu irmão no colégio, já que teria que buscar o próprio filho -, eu fico sozinha com ele até as 19 horas, arrumamos a casa, -  ele me ajuda de livre e espontânea vontade, depois que eu ameaço tirar-lhe o vídeo game é claro-, então Charlie chegava.

O único momento que eu tinha um tempo só meu era à noite, depois de fazer toda a arrumação e esperar Charlie chegar eu subia as escadas até o terraço - oque não é uma longa subida pois eu moro no 18° andar e o edifício tem 20. Eu gostava de ficar lá olhando a cidade e o céu extremamente estrelado. O ar lá parecia mais limpo e os barulhos da cidade não me alcançavam.

Hoje, infelizmente Charlie trabalharia até um pouco mais tarde, nesses dias eu ficava com meu irmão não querendo deixa-lo sozinho, porem hoje não consegui conter-me, sentia-me sufocada e havia algo me puxando para lá. Pode ser algo estranho de se dizer, mas eu sentia que deveria estar lá.

Subi o ultimo lance de escadas e avistei a porta do terraço, empurrei-a e como sempre ela se abriu sem nenhum barulho, o ar puro da noite banhou meu rosto e só então reparei que havia alguém ali. "Que saco, descobriram meu lugar!", foi meu primeiro pensamento, porem quando o homem deu um passo para a frente se equilibrando na beirada do edifício eu me desesperei. Oque aquele louco estava fazendo?! Ele abriu os braços e olhou para cima.

— Papai, eu te amo. Logo estarei ai com o senhor, mamãe e Alice. - Ouvi o homem falar baixinho com sua voz melodiosa.

Então era isso, ele iria se jogar dali, iria se matar por aqueles que já se foram. Senti um aperto no peito, não sabia porque mas me desesperei tanto ao constatar que não poderia fazer nada. Ou podia? Comecei a me aproximar dele lentamente.

Ah Deus. Oque eu estou fazendo?

O homem enrijeceu por um momento e virou o rosto lentamente, então pude vê-lo: seus olhos verdes eram tristes e opacos, o rosto bonito e anguloso estava contorcido em uma expressão de dor. Eu não sabia oque fazer, estava nervosa, apenas comecei a falar tudo oque me vinha à cabeça.

Edward era seu nome, havia perdido a família em um acidente aéreo, e agora acreditava que a unica saída era se jogar desse edifício. Eu o entendia.

Contei a ele sobre mim, sobre minha experiencia com uma lamina de barbear. Não sabia porque, mas ajuda-lo agora era extremamente importante. Eu nem o conhecia, mas o pouco que vi dele me fez sentir estranha, queria saber mais sobre ele. Um pouco mais de tempo, era só oque eu pedia. Porém não seria possível, ele sabia oque estava fazendo e me disse que tentar salva-lo era perda de tempo. Deixaria então em suas mãos, saí de lá o deixando sozinho com seus pensamentos. Tentei parecer calma e segura, mas por dentro eu queria apenas gritar e implorar para que ele não pulasse.

Fiquei atras da porta espiando-o pela fresta e ele continuava lá parado. Será que eu devia chamar a policia, os bombeiros, a guarda costeira??? Ah meu Deus! Espiei novamente e o vi olhando para o céu, de repente um vento passou por mim revirando meus cabelos e os jogando em meu rosto. Então foi com um alivio surreal que vi Edward dar um passo para trás e se sentar no chão. Sorri aliviada, observando-o passar as mãos pelos cabelos e deitar-se olhando para o céu.

Desci as escadas até meu apartamento e entrei indo direto para meu quarto, deitei-me em minha cama sentindo meu coração disparado. Fiquei ali até Josh me chamar para comer uma pizza que papai havia pedido.

Acordei as 4 horas da madrugada como sempre acontecia aos sábados, eu estava acostumada a dormir e por isso já sabia que provavelmente não dormiria mais até à noite. Levantei-me e me dirigi até a sala, liguei a TV e fiquei passando os canais sem prestar atenção.

O sonho que tive estava rondando minha cabeça: um homem de braços abertos na beirada de um edifício. Eu chamava por ele, pedia que não pulasse, mas só oque ele fazia era estender-me a mão, um chamado mudo para que eu fosse com ele. Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa uma garota pequena de cabelos pretos apareceu ao meu lado segurando minha mão, olhei em seus olhos verdes tão brilhantes e ela falou em sua voz de sinos: "por favor, ajude-o", então eu caminhei em direção a Edward e me joguei de lá com ele, a ultima coisa que vi foram grandes asas se abrindo em minhas costas.

Balancei a cabeça tentando me livrar das imagens, que sonho foi esse? Não tinha sentido nenhum! Desliguei a TV e fiquei um tempo ali, olhando para a tela preta, sentia-me ansiosa, mas pelo que? Depois de um tempo decidi que iria para o terraço, fazia tempo que não via o nascer do sol. Coloquei um casaco de frio por cima do meu pijama, peguei uma coberta que eu sempre usava para me sentar em cima lá no terraço, e fiz uma térmica de café que eu era acostumada a tomar pela manha. Rumei para o terraço.

Chegando la levei um susto quando vi o homem deitado no banco que havia ali, um susto e um alivio, Edward realmente havia desistido de sua ideia suicida? Cheguei mais perto e vi que ele dormia profundamente com o braço sobre o rosto. Que cara estranho, porque não foi para seu apartamento? Resolvi não acorda-lo, coloquei minha coberta no chão ao lado do banco e sentei-me, relógio do meu celular indicava que logo o sol iria nascer. Abri minha térmica de café e aquele cheiro maravilhoso me impregnou, me servi com um pouco daquela que era minha bebida favorita e observei enquanto a fumaça dançava pelo ar.

— Maldade você não ter trazido uma caneca para mim.

Mais um susto para a lista dos que Edward já me dera.

— Saiba você que eu não tinha ideia de que alguém seria tao louco de estar aqui essa hora.

— Sabe que esta se insultando também não é? – ele riu.

— Não é um insulto, um pouco de loucura não é ruim. – eu sorri. - Eu não tenho uma caneca, mas a tampa da minha térmica é bem útil nesses casos.

Servi um pouco de café para Edward e ele pegou o copo o envolvendo com as duas mãos.

— O sol irá nascer em breve. – ele comentou depois de alguns minutos de silencio.

— Sim.

— Assim como você disse.

— Oque? – perguntei confusa.

— Você disse que o sol sempre nasce após uma noite escura... Ele esta nascendo.

Eu o olhei e ele observava o horizonte. Os primeiros raios de sol refletiram em seus olhos enquanto eu o olhava, ele dirigiu seu olhar para mim e sorrimos juntos. Realmente, um novo dia estava se iniciando e com ele uma nova chance de felicidade, para Edward e talvez para mim também.

Você acredita em destino?


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Notas finais do capítulo

Se gostaram deixem comentários sim?

Bjinhos!