A Viajante - Tomione escrita por Lady Riddle


Capítulo 6
Primeira decepção desse tempo


Notas iniciais do capítulo

Porque vocês postam comentários lindos e eu me sinto na obrigação de retribuir todo esse carinho preparando capítulo novo!
Obrigada por tudo! ❤



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Tom Riddle havia me salvado naquela noite, mas as coisas nunca mais foram as mesmas pra mim. Agora eu havia me tornado uma garota silenciosa, que tentava ser a mais discreta e a mais invisível possível. Durante as aulas, eu não respondia a mais nenhuma pergunta e nos intervalos, ou eu fugia para a biblioteca ou voltava para o salão comunal. Eu não tinha mais o prazer de andar pelo Castelo sozinha, ainda mais sempre que via aqueles garotos e Tom Riddle me olhando, aliás ele sempre parece estar em todos os lugares agora.

Eu não sei o que ele fez com os meninos, mas no dia seguinte ao acontecido, eles tinham os olhos vazios e olheiras em baixo deles, mas bastava que eles me vissem para eu sentir o olhar de fúria e ódio deles pairando sobre mim. Só o Tom me olhava inexpressivamente.

Todos os meus amigos haviam notado que algo aconteceu comigo porque sempre me perguntavam o porquê de eu estar diferente, e apesar da resposta ser sempre a mesma, eles nunca desistiam. Esta tarde por exemplo, eles praticamente me obrigaram a prometer que eu iria até a beira do Lago Negro com eles. Fazia tempo que eu não me sentava ao ar livre.

— Você continua estranha, Mione. Nem pontos para a nossa casa você ganha mais durante as aulas! Você é uma sabe tudo e os sabe tudo gostam de exibir, igual ao bonitão do Riddle! Ou ele te ameaçou para você parar de competir com ele ou você se apaixonou e quer deixar todos os pontos pra ele! – Minerva sugeriu com um ar divertido e os meninos simularam estar vomitando.

— Tem que ser muito louca para gostar dele! – Septimus disse – quer dizer, ele é um psicopata e eu nunca o vi com garota nenhuma. Aposto que ele nunca deu um beijo na vida, por isso é tão amargurado. – o ruivo acrescentou e eu tive que rir.

— É que ele ainda não encontrou a garota ideal pra ele, mas quem sabe ela não é a Hermione Granger que aqui se encontra? – Minerva continuou gesticulando em minha direção.

— Não viaja! – Septimus respondeu mal humorado e eu voltei a rir.

Ri porque a última coisa que eu iria ter era um envolvimento com Tom Riddle. Vim até esse tempo para matá-lo e não para me envolver com ele, e depois, era só eu me lembrar da aparência dele no futuro para repelir a ideia, apesar de ele ser um garoto extremamente bonito, inteligente, interessante, sério... tudo o que eu mais admirava em um homem. Se ele não fosse quem fosse, ele seria o príncipe encantado dos meus sonhos de menina e eu me apaixonaria muito por ele.

Mudamos de assunto e eu prometi que voltaria a participar das aulas para ganhar pontos para a nossa casa. Após rirmos e sacanear a Minerva, dizendo que ela gostava do Bryce Longbottom, resolvemos entrar porque já anoitecia, e ela e Charlus precisavam fazer a ronda noturna de monitor. Quando íamos para a sala comunal, alguém chamou o meu nome e eu arregalei os olhos ao saber quem era o dono daquela voz.

— Srta. Granger, eu gostaria de dar uma palavra com você. – Tom Riddle disse, fazendo eu e o meu grupo pararmos e nos virarmos pra ele que estava acompanhado do loiro, o Abraxas Malfoy que parecia me analisar. – à sós.

— Nem brincando! O que tiver pra falar, vai falar na nossa frente! – Septimus protestou.

— Eu não falei com você, Weasley. Dirija-se à mim quando o assunto for com você! – ele retrucou o Septimus e me olhou esperando a minha resposta.

— Ãhm... bom, mas não iremos nos afastar muito. – eu respondi e o Riddle deu um passo para trás dando a entender que ele me seguiria para onde eu quisesse falar com ele.

Nos afastamos um pouco e os meus amigos continuaram na mesma posição tomando conta de mim e o Abraxas nos olhava divertidamente.

— Você não dedurou os meus amigos, por quê? – ele me perguntou.

— Achei melhor não fazê-lo. Acho que foi uma forma de agradecer por você ter me salvado... – eu respondi e ele deu um quase sorriso.

— Nunca mais chegarão nem perto de fazerem aquilo de novo, seja com você ou com qualquer outra garota. Você tem a minha palavra, mas você está bem? – ele tornou a perguntar.

— Obrigada, estou... e por que está se importando comigo? – eu devolvi a pergunta com outra. Aquilo era muito confuso.

— Porque eu sei valorizar a inteligência de alguém, ainda que essa pessoa seja uma sangue ruim como você. Você me força a estudar mais para ser melhor do que você e eu gosto disso. Bom, melhor eu ir antes que eu tenha que estuporar os seus amiguinhos! A gente se vê, srta. Granger. – ele finalizou e se afastou, sem me deixar ao menos me despedir também.

Vi Abraxas sair andando atrás dele e eu voltei para os meus amigos que me aguardavam cheios de perguntas sobre o que ele queria comigo. Inventei alguma coisa complicada sobre as matérias da escola e eles pareceram acreditar, não me cobrando mais nenhuma informação.

Quando a noite caiu, voltei para a minha cama para estudar a melhor maneira de envenenar o Tom Riddle, mas como ele havia me salvado, decidi que não usaria essa arma de covarde contra ele. Se eu iria matá-lo, daria ao menos a chance de  ele se defender. Eu só teria que encontrar alguma maneira de fazer isso de forma justa e sem levantar suspeitas de alguém. Um duelo seria o ideal, mas será que eu teria chances de sair vitoriosa? Quer dizer, eu poderia ser boa com os livros e ter uma alta capacidade de raciocínio e dedução, mas Lord Voldemort no futuro era conhecido por ser um exímio duelista e um bruxo poderoso, e eu não duvidava nada de que Tom Riddle já fosse assim. 

Eu precisava pensar, mas a minha cabeça doía tanto pelo estresse causado há alguns dias que eu acabei dormindo, afinal, eu teria um ano para planejar o primeiro e único assassinato que eu cometeria na vida.

Na manhã seguinte, eu tive uma surpresa, apesar de que para todos os outros alunos, isso não fosse novidade já que todo ano isso acontecia conforme me contaram. Eu estava envolvida em uma conversa animada com os meus três novos amigos quando o diretor Dippet pediu a palavra.

— Peço perdão por atrapalhar este delicioso desjejum de vocês, mas eu preciso fazer um importante comunicado, embora vocês já saibam o que eu vá dizer. Faltam dois meses para o fim do ano, e como de costume, realizaremos o baile anual de inverno. Quero que deem início aos atos preparatórios, que os garotos convidem as garotas e que cada dama prepare o seu lindo vestido. – o diretor anunciou e embora aquilo fosse uma tradição anual, as meninas ficaram animadas e já começaram a fazer planos – conto com vocês para esse ano ser um sucesso como todos os outros!

— Que ótimo! – Charlus disse revirando os olhos nos fazendo rir – acho que esse ano, irei tomar coragem e convidar a Dórea... e você deveria convidar a Cedrella também, Septimus.

— É... – Septimus concordou, embora desanimado, e todos voltamos a comer.

O baile não me interessava nem um pouco, mesmo que eu recebesse um convite, eu não iria, e eu até poderia esquecer que ele aconteceria se não fosse pelo professor Slughorn durante a aula de poções. Desta , eu voltei a competir com o Tom para saber quem respondia mais rápido as perguntas que o professor fazia, mas foi no final da aula que o professor se mostrou mais uma vez inconveniente.

— Ah, garotos, não sabem como eu gostava desses bailes no meu tempo de aluno! Muitos casamentos aconteceram por causa deles. Estas noites são tão mágicas que não é difícil os casais se apaixonarem... você por exemplo, Tom, deveria aproveitar a oportunidade. Até hoje, nunca o vi em um baile, mas como foi nomeado monitor chefe, dessa vez você é obrigado a participar. Diga-me, rapaz, já tem alguma dama em mente para convidar? – o professor perguntou e todos se viraram em expectativa para Tom Riddle, principalmente as meninas que provavelmente sonhavam em ser convidadas por ele.

— Eu não sei dançar, senhor. Devo levar qualquer uma porque sou obrigado a ir, mas eu não vou dançar. – ele respondeu seriamente frustrando as outras garotas e o professor o olhou com ar de reprovação.

— Mostrarei a você que não é difícil, venha cá, rapaz. Você também, srta. Granger. – ele me chamou me pegando de surpresa, fazendo eu e Tom nos olharmos assustados.

— Mas eu também não levo jeito e não pretendo ir, senhor... – eu tentei protestar, mas o professor me cortou.

— Andem logo, andem logo... – o professor insistiu fazendo todos rirem e o Abraxas dar uma cotovelada no tom e o empurrar para que ele fosse. Como não tinha jeito, acabamos indo. – muito bem, agora fiquem de frente um pro outro e se aproximem! Mais, mais, fiquem juntos! – o professor me empurrou em direção ao Tom e eu só não caí porque o mesmo me segurou, me causando um leve arrepio, afinal era o futuro Lord das Trevas que me segurava.

— Agora, Tom coloque as mãos na cintura dela! Muito bem, você, senhorita Granger, coloque as mãos em volta do pescoço dele – o professor continuou e nós obedecemos completamente constrangidos.

O toque do Tom era firme, preciso e me causava  e arrepios. Apesar do medo da proximidade, estranhamente, eu queria  ficar ali pra sempre, tanto que eu começava a me questionar se ele seria mesmo Voldemort no futuro. Fui tirada dos meus devaneios quando escutei todos rindo porque eu encarava o Tom sem piscar e ele me devolvia o olhar confuso e constrangido, então o professor Slughorn mandou que déssemos passos para frente, para trás e para os lados. Quando demos por nós, estávamos dançando ao som de música nenhuma até que ele nos aplaudiu.

— Excelente! Inclusive podem ir juntos se não tiverem a pretensão de ir com mais alguém. Vocês dançam muito bem! – o professor elogiou e todos aplaudiram, embora estivesssm debochando, o que fez Tom me soltar rapidamente.

Sem nos olharmos mais, voltamos para os nossos lugares e aguardamos que o professor nos liberasse para irmos embora. Tive que escutar Minerva dizer o tempo todo o quanto eu faria um casal bonito com o Riddle, mas estranhamente o Septimus pareceu não gostar.

— Ele é um psicopata e ela seria louca se aceitasse ir até a esquina com ele! – o ruivo falou e o Charlus começou a fazer piadinhas sobre ele estar com ciúmes.

Enquanto seguíamos até a torre da Grifinória, encontramos uma garota sentada no chão, com o rosto escondido nos joelhos chorando muito alto. Quando nos aproximamos, quase caí para trás. Aquela menina era a Murta que Geme. Claro que era porque Voldemort ainda não a havia matado.

— O que foi dessa vez? – Charlus perguntou. – Olívia ou quem?

— O Tom... Tom Riddle me deu um fora! Eu o esperei sair da aula e o convidei para ser o meu par no baile e ele nem olhou pra mim! Foi horrível e tão grosseiro que a Olívia riu! Eu quero morrer! – ela explicou enquanto soluçava.

Decidimos nos afastar e eu comecei a me questionar se a morte dela foi mero acaso ou se ela havia o chateado tanto a ponto disso, já que esse era o ano em que ele a mataria.

Decidi pegar um novo livro na biblioteca para estudar as matérias, e como agora eu tinha medo de andar sozinha pelo castelo, pedi para Minerva ir comigo. Fomos conversando durante todo o trajeto até que paramos ao escutar a conversa de dois garotos, cuja voz de um deles ecoava na minha cabeça já fazia algum tempo. Nos escondemos atrás das pilastras para escutar.

— Ande, Tom, isso vai ser bom para despistar todo mundo e depois a Granger é uma garota bonita e você não pode negar! Lembra? É pela nossa causa. – Abraxas disse para o Tom e eu escutei o moreno dar um suspiro impaciente – ou você tem medo de acabar se envolvendo mais do que já está?

— Eu não estou envolvido! Eu não sinto nada por aquela sangue ruim imunda! Por mim, ela poderia morrer que faria um bem para a humanidade! Ela não passa de uma sujeitinha de sangue sujo! – Riddle respondeu e eu senti uma tontura me assolar. Apesar de ser esperado que ele pensasse isso de mim, ele havia sido tão legal nos últimos dias que doía escutar.

— Ah, Tom se você soubesse como são bons esses prazeres da vida... – o loiro respondeu sem se importar com a explosão do “amigo”.

— Se um dia eu estiver interessado, certamente não será com uma qualquer, uma imunda como a Hermione Granger! – ele respondeu e se retirou à passos rápidos.

Deixei o meu corpo desfalecer. Minerva até tentou me consolar, mas assim que Tom saiu, ele deixou um rastro de tristeza e decepção em mim. Talvez as coisas nunca mudassem mesmo. Talvez Tom Riddle nunca tivesse se tornado Voldemort porque ele já nasceu um monstro.


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Notas finais do capítulo

Pobre Mione :(