Tom

Eu sentia que esse ano seria o mais produtivo possível. Tudo parecia ter mudado após eu descobrir no ano passado que descendo do próprio Salazar Slytherin. Eu sempre soube que eu era especial, e agora eu iria me concentrar em achar a entrada da Câmara Secreta. Eu achava que tudo correria conforme eu havia planejado, pelo menos até ela chegar.

Confesso que quando a vi na seleção, ela não havia me chamado muito a atenção, ainda mais sendo só mais uma sangue ruim ou uma mestiça qualquer porque o nome Granger não era bruxo, mas então as surpresas começaram a vir.

Primeiro, ela me surpreendeu quando eu a encontrei sozinha à noite voltando dá biblioteca. O único que buscava aquele lugar como refúgio quando não estava bem era eu, e encontrar alguém que tinha o mesmo hábito era no mínimo interessante. Depois ela me surpreendeu quando falou comigo como um igual. Certamente aqueles amiguinhos que ela fez na Grifinória devem ter falado sobre mim, e ainda sim ela não se intimidou. Por fim, ela me surpreendeu quando teve a infeliz ideia de começar a competir comigo nas aulas. Quem ela pensa que é para me tratar como um igual?

Senti a minha honra ser danificada quando ela fez uma poção do morto vivo melhor do que a minha, e mais uma vez ela não se intimidou quando eu fui cobrá-la, pelo contrário, ela ousou me desafiar. Se ela queria guerra, ela teria.

— Como vocês sabem, a minha missão é limpar o mundo da influencia dos trouxas e dos sangue ruins. No momento, como vocês devem ter notado, uma certa sujeitinha de sangue sujo tem tentado competir comigo e agido como se fosse igual a nós. Ela precisa ser severamente punida e é por isso que eu quero que vocês não deem paz a ela! Azarem-na sempre que a virem e se possível for, mandem-na para a enfermaria. Já está na hora dessa sangue ruim entender como as coisas funcionam aqui em Hogwarts! – eu falei certa vez na sala precisa, em uma reunião com os cavaleiros de walpurgis

Fui recepcionado com aplausos e olhares admirados. Aqueles eram os meus primeiros seguidores e agiam muito bem quando eram devidamente controlados por mim. Nós não dávamos trégua aos sangue ruins eu sabia que no futuro, eu influenciaria o mundo todo e seria conhecido como o maior bruxo de todos os tempos.

— Mas lembrei-me: se forem pegos em ação, sofrerão as consequências da minha fúria. Estão dispensados! – eu os liberei e todos foram, exceto Abraxas Malfoy que balançava a cabeça e mantinha um discreto sorriso nos lábios. Ele era o mais próximo de amigo que eu tinha.

— Tom, Tom... isso vai se transformar em amor. Deixe a menina! Não seja tão egoísta! Tudo bem que ela é uma sangue ruim, mas ela tem o seu mérito, reconheça isso! – o loiro se dirigiu a mim e eu o olhei feio.

— Não diga besteiras, Abraxas, ou torturou você até a loucura! Sabe muito bem que eu sou incapaz de amar! – eu respondi.

— Incapaz de amar até conhecer Hermione Granger... bom, melhor eu ir antes que milord fique indisposto! – ele retrucou cheio de ironia e se retirou da sala enquanto eu me segurava para não atacá-lo.

Eu sabia que nunca me apaixonaria por ela ou por pessoa alguma, mas eu não podia negar que a srta. Granger passou habitar os meus pensamentos após se mostrar tão inteligente. Ela daria um bom cavaleiro de walpurgis se não fosse uma sangue ruim, aliás, é incompreensível o fato de alguém como ela ter a mente tão brilhante, não que os meus amigos de sangue puro sejam espertos.

Eu iria testar as habilidades e os reflexos de Hermione ao mandar atacarem-na, e mais uma vez ela me surpreendeu. Já fazia um mês desde que eu comecei a infernizá-la e ela ainda não havia sido sequer atingida. Ela deve ter algo de especial e eu não descansarei enquanto não descobrir!

A nossa rivalidade aumentou quando aconteceu o primeiro jogo de quadribol do ano. Eu detestava esse esporte, mas eu tinha que estar presente para garantir que a Sonserina ganhasse para implicar com o Charlus Potter, nem que eu tivesse que azarar o goleiro deles para que as goles entrassem, medida essa que teve de ser executada.

No início, a azaração estava dando certo e a minha casa estava quase encostando na Grifinória, mas então ela teve que se meter outra vez e murmurrar o contrafeitiço. Além de inteligente e habilidosa com a varinha, ela era uma excelente feiticeira, e definitivamente, eu precisava desvendar essa garota. Decidi então que manteria contato visual com ela para explorar cada canto da mente dela.

Foi então que mais uma vez ela me surpreendeu se revelando uma oclumente impecável. Eu não consegui ultrapassar nenhuma barreira, então decidi analisar as feições dela. Foi só então que eu notei o quanto ela é bonita. Ela não é nem de longe a mais bonita da escola, as primas Black ganham dela de lavada, mas ainda sim, Hermione Granger é muito atraente. Então ela decidiu quebrar o contato visual que nos mantinha conectados e saiu da arquibancada, me deixando sozinho e irritado porque eu queria ficar olhando mais um pouco pra ela.

Decidi ir para a sala comunal para ler um pouco sobre as artes das trevas até que me perdi no horário. Eram onze da noite e eu deveria encontrar os meus seguidores na sala precisa dali a uma hora. Resolvi matar o tempo andando pelos corredores. Ser monitor tinha os seus privilégios, mas quando eu ia subindo as escadarias do quinto andar, encontrei Abraxas Malfoy. Já ia brigar com ele por ele estar perambulando pelo castelo naquele horário quando ele se adiantou.

— Tom, tenho uma notícia para lhe dar. Pegaram a sua donzela, e se você demorar, de donzela ela só terá o nome. – Abraxas disse me fazendo olhá-lo confuso – Sabe como o Lestrange, o Avery e o Cygnus gostam de brincar com as sangues ruins. Eu me neguei a participar dessa baixaria, mas eles... bom, você tem duas opções: ou salve a sua formosa dama ou verá como ela nunca será mais a mesma. Eles irão matá-la por dentro.

Levei alguns segundos para processar o que Abraxas estava dizendo, mas assim que compreendi tudo, senti o meu coração disparar, a minha respiração acelerar e as minhas pernas começarem a correr sem o meu comando em direção a sala precisa. Subi as escadas correndo enquanto eu pensava que aquilo não podia acontecer, primeiro porque eu nunca aprovei esse tipo de comportamento por ser arriscado demais, eu preferia torturar com magia, e depois porque ela era Hermione e por algum motivo, eu sentia que deveria salvá-la ou me arrependeria amargamente disso.

Assim que entrei na sala precisa, eu a escutei chorar desesperadamente e aquilo revirou o meu estômago. Eu não queria que ela sofresse, a dor dela também fazia doer em mim e foi por isso que eu expulsei aqueles três imbecis o mais rápido que eu pude, me segurando para não matá-los ali mesmo. Pedi também para o Malfoy sair. Eu sabia que ele havia me seguido para evitar que eu fizesse alguma besteira, assim como ele sempre fazia.

Eu estava furioso porque ela parecia ter mais medo de mim do que deles, apesar de eu nunca entender o porquê, e naquele momento eu prometi cuidar e protegê-la de quem quer que fosse. Eu sentia que era o certo a se fazer e foi assim que eu curei todos os machucados dela e a observei dormir. Ela parecia um anjo dormindo e era uma pena que quando ela acordasse, ela se lembraria e ficaria assustada outra vez. Eu até pensei em obliviá-la, mas eu queria que ela se lembrasse para se cuidar mais na próxima vez.

Assim que ela acordou, eu a levei de volta para torre da Grifinória e incrivelmente, ela me agradeceu por tê-la salvado e me abraçou. Eu não sabia o que fazer e não correspondi ao abraço, mas pior ainda foi quando ela beijou o meu rosto e entrou pelo buraco do retrato. Senti o meu rosto esquentar na hora, mas aquilo era tão bom. Eu nunca havia desejado estar com garota alguma, mas mais uma vez ela me surpreendeu. Ela era a exceção.

Após me recompor do beijo, coloquei a mão no bolso para pegar a moeda que eu usava para comunicar com os meus seguidores e os convoquei para uma reunião na sala precisa, apesar de já ser tão tarde.

— Lestrange, Black e Avery... vocês me desapontaram muito essa noite. O que eu disse sobre vocês nunca, em hipótese alguma estuprarem uma garota outra vez? Da última vez, vocês quase nos exporam e rezem para a sangue ruim não os denunciar para o diretor Dippet, porque se ela fizer, eu adorarei experimentar a maldição da morte em vocês três. Vocês sabem que eu nunca fui pego nas coisas que eu faço, então nunca descobririam a minha autoria na morte de vocês, eu fui claro? – eu falei num tom de voz firme com eles.

— Sim, milord, isso não vai voltar a acontecer. – Lestrange prometeu e os outros concordaram, mantendo a cabeça baixa.

— Ótimo, agora... Crucio! – eu amaldiçoei cada um cinco vezes, até ver sangue escorrer pela boca deles e vê-los agonizando de dor – se eu ver mais alguém importunando a Granger, eu juro que a punição será pior. Agora vão ficar de olho nela e não podemos nos dar ao luxo de sermos descobertos! Estão dispensados. Orion, Mulciber e Carrow, tirem esses três trastes daqui!

Eles não hesitaram em me obedecer, ainda mais depois de me ver torturar aqueles três imbecis. Malfoy foi o único que se deixou ficar.

— Uau! Você fez a coisa certa, Tom, mas eu não sabia que iria assim tão rápido. Será que eu sempre estive certo sobre você? – ele me perguntou com um tom de voz divertido – pobres rapazes...

— Fiz isso pelo bem da nossa causa, somente isso! A sangue ruim não me interessa nem um pouco, sabe que eu não pretendo nunca me envolver com ninguém, só o poder me interessa, e fora daqui você também ou sobrará pra você, Malfoy! – eu respondi irritado.

— Tudo bem, eu já vou. E sabe, fico feliz que a sangue ruim tenha ganhado um anjo da guarda. Continue a nunca permitir que alguém desgrasse a vida de uma mulher, ainda que ela seja uma smahue ruim. Boa noite, Tom. – ele retrucou e se retirou da sala.

Malfoy sempre falava besteira, mas dessa vez ele estava certo. Hermione Granger havia ganhado um protetor. Eu sempre a observaria quando pudesse e não deixaria que nenhum mal acontecesse a ela de novo. Dessa vez, eu mataria quem a fizesse chorar outra vez.