When I Dreamed escrita por Shiroyuki


Capítulo 7
Capítulo 7. research and curiosity




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—  Como está se sentindo? – Phichit perguntou, para a sala aparentemente vazia. 

— Como uma substância amorfa e sem consistência? – A forma indefinida de cobertores sobre o sofá da sala respondeu, com voz anasalada e rouca. 

—  Ótimo, assim eu sei que você não vai fugir. 

Yuuri não pretendia fugir.  

Ok, ele estava mesmo pensando em passar no estúdio de dança quando acordou de manhã. Mesmo que tivesse sentindo seu corpo inteiro mole e dolorido, o nariz entupido obrigando-o a respirar pela boca de uma forma bem patética, e a garganta arranhada que o deixou sem voz rapidamente, porque mesmo um dia de prática perdido nessa altura poderia afetar seriamente sua performance. É claro que, com toda a sorte com que ele foi abençoado ao nascer, logo depois de ficar motivado para a apresentação para a qual Minako o escalara, de ter ideias para a coreografia e começar a resolver sua vida, ele tinha que pegar uma gripe e agora estava condenado à passar um período de tempo indeterminado preso àquele sofá, com Phichit como seu carcereiro pessoal.  

A questão é que ele não poderia fugir nem que quisesse, seja por causa da segurança reforçada, seja pelo fato de Phichit já ter avisado Minako sobre o estado dele e por causa disso ninguém deixaria que ele sequer chegasse perto de qualquer um dos estúdios de dança, ou ainda, porque Yuuri não tinha mais forças para sair debaixo daqueles cobertores por nada nesse mundo agora. 

Phichit se aproximou, verificando sua testa com a palma da mão muito quente contra sua pele. 

— Pelo menos a febre baixou. Aqui, tome o chá que eu fiz. – Phichit entregou à Yuuri uma fumegante caneca de chá que tinha a forma da cabeça do Darth Vader – Você precisa de mais alguma coisa? – ele indagou, solícito. 

— Vontade de viver. – Yuuri respondeu fracamente, enquanto se erguia com dificuldade e se ajeitava mais confortável nos cobertores para tomar o chá. 

— Se é só isso então tá bem normal. 

— Cruel.  

Como Yuuri ocupava sozinho o único sofá da pequena sala de estar, Phichit se instalou confortavelmente na única poltrona disponível, com os pés sobre a mesa de centro e seu notebook no colo. Iria trabalhar ali hoje para ficar de olho em Yuuri. Não duvidava que ele levantasse dali assim que os remédios fizessem efeito e ele se sentisse um pouquinho melhor, para se esgueirar de volta ao estúdio e praticar um pouco mais da coreografia. Phichit não permitiria que isso acontecesse, não durante seu turno. 

— Eu achei uma coisa muito interessante aqui, enquanto pesquisava para a minha próxima matéria... – Phichit começou a puxar assunto, apenas porque ele não conseguia suportar o silêncio por muito tempo. Yuuri, ainda com a xícara quente nas mãos, apenas soltou um lamento rouco para mostrar que estava ouvindo. – Bem, pra começar, mandaram eu escrever algo sobre zodíaco, horóscopo sabe. E eu descobri algumas coisas muito legais sobre essas coisas místicas e tal, você tinha que ler, tem vários conselhos que dá pra levar para a vida! Inclusive, agora que eu penso sobre isso, você é de sagitário, você deveria ser mais aventureiro, aberto aos riscos e despreocupado, sabe? Deve ter alguma coisa muito errada com a posição dos seus planetas. 

— Jura? – a voz de Yuuri estava áspera e quase sumindo, mas a carga de sarcasmo ainda era bastante evidente. Nada que fosse abalar a animação de Phichit, porém. 

— É! Você deve ter nascido virado para o lado escuro da lua ou eu sei lá como isso funciona. Deve ter alguma coisa de Câncer nesse ascendente, até porque você vive fazendo chantagem emocional comigo! Isso explicaria tudo. 

— O chantagista dessa casa é você. – Yuuri replicou, sem forças para um argumento mais elaborado. 

— Então, acho que para ajudar com a sua coreografia, você ia precisar de uns planetas em Escorpião, no mínimo. 

—  Foi essa a conclusão miraculosa a que você chegou com a sua pesquisa? Eu preciso de planetas

— Não, não era disso que eu ia falar… enfim, o que eu ia dizer era que, enquanto eu pesquisava sobre signos, acabei encontrando uns artigos sobre sonhos, também. Muito interessantes. 

Se o tópico despertou o interesse de Yuuri, ele não demonstrou, pois continuou mais concentrado no chá do que na conversa em si. Já fazia alguns dias desde o último sonho, e como estava completamente concentrado em fazer sua coreografia dar certo, Yuuri não estava pensando nisso mais. Ainda assim, Phichit ouviu um “hmm” abafado, sinal claro de que ele podia dar continuidade ao assunto. 

— Um deles dizia que sonhos podem ser ligados à lembranças de outras vidas, ou podem ser partes da sua consciência em outra dimensão. Sabe, teoria das cordas, multiverso e tudo mais? 

— Não. Não sei. 

— Então, é isso. – Phichit estava ao menos ouvindo? Yuuri duvidava seriamente que ele estivesse. – Deve haver um universo em que a sua vida não é chata e você tem um namorado super incrível, não é legal imaginar isso? 

— Você está completamente descontrolado nos ataques gratuitos hoje, não é? Quem foi que te magoou? Espero que o Phichit do outro universo seja mais gentil com o melhor amigo doente. 

— Awn, é claro que nós ainda somos melhores amigos no outro universo. Só não garanto nada quanto à parte de ser mais gentil. – Phichit estava seguindo uma linha de pensamento rápida demais para Yuuri no atual estado conseguir acompanhar, então ele se limitou a assentir e apreciar o seu chá quente. – Enfim, outra coisa interessante que eu li, é que é impossível você sonhar com alguém que não conhece. 

—  Mas… 

— É, eu sei! – Phichit se animou, o que quase sempre era um sinal para se preparar para o que quer que ele pretendesse fazer – O artigo dizia que mesmo quando você vê um rosto desconhecido no sonho, isso significa que você deve ter visto essa pessoa em algum lugar, seja uma revista, na televisão, ou passando pela rua. Você viu a pessoa, não percebeu, mas seu cérebro registrou, então, ela aparece no seu sonho. Sabe o que isso quer dizer? 

— Que você passou tempo demais lendo coisas sobre sonhos quando deveria estar lendo sobre signos e uma coisa não tem nada a ver com a outra? – Ele apontou, sabiamente. Novamente, ignorado. 

— Quer dizer que o cara dos seus sonhos está por aí, real, de carne e osso, em algum lugar desse mundo! – Ok, era muito mais absurdo do que Yuuri pensou que seria. – Ele existe Yuuri, e eu tenho certeza disso. A gente só precisa procurar! 

— Ah, claro, porque deve ser fácil assim encontrar uma única pessoa numa vastidão infinita de pessoas que existem, ou já existiram, nesse mundo. Seguindo essa sua teoria, eu posso ter visto ele em algum programa antigo de televisão e ele ser um velho agora.  

— Duvido muito. Ele é o seu destino, certeza, e está por aí procurando por você também. Além disso, é muito fácil encontrar pessoas sim, quando nós temos o maravilhoso advento da rede mundial de computadores, bem aqui, no meu colo. – ele apontou para o próprio notebook como se anunciasse a existência do próprio messias, e Yuuri revirou os olhos, mais preocupado com o fato de que era difícil respirar ao mesmo tempo em que tomava chá no seu atual estado. 

— Você assiste filmes demais. 

— Quer apostar que eu consigo achar o seu misterioso homem dos sonhos? Hm? Por que eu sei que consigo. – Phichit pareceu levar a tarefa para o lado pessoal – Aqui, vamos ver… homens de cabelo platinado… e olhos azuis… não vai ser difícil, um homem como o que você me descreveu ceeertamente tem Instagram, pode ter certeza, e eu vou encontrar, ou não me chamo Phichit Chulanont. 

Phichit começou a digitar furiosamente, com o ar de quem sabia o que estava fazendo. Yuuri apenas revirou os olhos, cansado demais para levar em consideração as coisas que Phichit dizia. Ele sempre se empolgava demais com coisas sem importância, e Yuuri tinha quase certeza de que ele provavelmente tinha tarefas mais importantes da faculdade e do estágio para se preocupar. Isso acabaria com ele chorando e lamentando por ter que virar madrugadas para terminar tudo o que teria que supostamente estar fazendo agora dentro do prazo, e não havia nada que Yuuri pudesse fazer para evitar esse triste fim. 

— O que acha desse? – Phichit girou o notebook no seu colo para que Yuuri enxergasse. Diante dele apareceu um homem, aparentemente de meia idade, posando para uma selfie, com cabelos inteiramente brancos, penteados para trás com gel. Aquele homem certamente não tinha idade para estar usando aplicativos como aquele, mas quem era Yuuri para julgar. 

— Muito velho. – Yuuri espirrou, se apressando para catar mais um lenço para limpar o nariz. Phichit voltou à sua busca. 

— E esse? 

Yuuri encarou por cima do lenço a foto de um garoto que não devia ter mais do que 18 anos, sem camisa, fazendo pose diante de um espelho. Os cabelos eram descoloridos, um tanto desidratados, caindo sobre o olho. 

— Muito jovem! Olha Phichit, isso realmente não parece muito certo…  

— Calma, eu sei o que eu estou fazendo. Olha esse! Parece promissor. Acho que ele é russo e tem um poodle… 

— Desculpe, eu estou ficando com dor de cabeça… deixa para outro dia essa sua busca, pode ser? – Yuuri devolveu a xícara vazia na mesa de centro da sala, e voltou a deitar no sofá, fechando os olhos. Pensar na possibilidade do homem que aparecia nos seus sonhos ser real o fez ficar um tanto apreensivo, tinha que admitir. Mesmo que isso não passasse de uma fantasia exagerada de Phichit, a ideia de que ele poderia por acaso encontrá-lo daquela forma o deixou inquieto, e ele preferia não ter que pensar nisso, pelo menos não por enquanto. 

Porque em poucas semanas, ele estaria viajando para Nova York, e não tinha muito tempo restando para refinar sua coreografia e praticar o suficiente para que tudo saísse perfeitamente. Precisava ficar bem, e precisava disso o quanto antes. Pensar nas possibilidades de como tudo poderia dar errado – e no quanto as chances disso eram tremendamente grandes – faziam o estômago de Yuuri revirar, uma reação que nada tinha a ver com o seu estado atual, e ele empurrava para longe esses pensamentos, evitando-os tanto quanto possível. Dormir poderia ajudar, nesse caso. 

Um pouco relutante, Phichit fechou a guia de pesquisas, e sem outras opções já que Yuuri parecia prestes a dormir e abandoná-lo completamente sozinho, teria que se obrigar a fazer os trabalhos que estava deixando acumular naquela semana para passar o tempo. 

Mas antes disso, ia só dar uma passadinha rápida no YouTube, só para ver se tinha alguma coisa nova por lá. 

Bem rapidinho. 

(Ele não voltou a trabalhar naquele dia.) 

 
 

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— Tem certeza de que não quer ir, Yura? Ainda dá tempo de conseguir outro ingresso. 

— Pagar para ficar horas sentado num lugar cheio de velhos para ver gente dançando de roupa apertada? Não, eu passo. Já tive o suficiente disso. 

Victor deu de ombros, sem mais insistir. Aquele mês havia passado rápido. 

Ele ajeitava rapidamente o colarinho da sua camisa no espelho, passando os dedos de leve na franja para ela voltar para o lugar milimetricamente planejado. Ele não tinha certeza sobre o nível de formalidade do evento, mas sendo um recital de ballet clássico, um terno de três peças como o que ele escolheu para vestir estava adequado. Ser filho de uma ex-primma ballerina do Ballet de Bolshoi tinha vantagens e desvantagens, mas havia dado a ele uma gama variada de conhecimentos que de outra forma, ele não conceberia, e que estavam vindo muito a calhar ultimamente. 

Mila iria buscá-lo hoje, e eles iriam juntos ao teatro onde o evento seria apresentado. Ela precisava estar lá algum tempo antes do início, para se organizar para as fotos, mas Victor iria aproveitar esse tempo extra para garantir mais experiências e ideias que utilizaria para compor a atmosfera do seu livro. Ela não garantira nada, mas iria tentar colocar Victor nos bastidores de alguma forma após o espetáculo, para que ele pudesse conversar com os dançarinos e, talvez, trabalhar mais algumas das suas ideias com os relatos reais das pessoas que viviam naquele mundo. 

Victor não podia negar: estava empolgado. E esse estado de espírito, que havia se tornado tão raro nos últimos tempos, o motivava a continuar seguindo por este caminho por tanto tempo quanto fosse necessário. 

Mesmo Yuri, cujas aulas finalmente haviam começado, fazendo com que ele já não passasse mais tanto tempo dentro de casa, percebia a mudança de ares em seu irmão mesmo não o vendo com tanta frequência. Yuri passou as férias inteiras reclamando sobre não ter nada para fazer e nenhum lugar para ir naquela cidade, mas foi só recomeçar a estudar que Victor mal o via em casa. 

Victor queria saber para que lugares ele tanto ia, mas como ele sempre voltava para casa em um horário adequado e não dava abertura alguma, ele pretendia esperar um pouco mais antes de dar início aos interrogatórios. Tinha ciência de que deveria ser um tutor responsável para cuidar de Yuri. Por outro lado, seu irmão já tinha quase 16 anos, e parecia perfeitamente disposto a fazer isso por si próprio, então, Victor confiaria nele um pouco mais, e a qualquer sinal de que algo preocupante pudesse estar acontecendo, ele ativaria o protocolo de irmão mais velho e iria interferir. 

Como sempre, Yuri não saía do seu celular. Deitado no sofá da sala, com as pernas por cima de Makkachin que ocupava a outra ponta, ele digitava como se sua vida dependesse disso, quase sem piscar. Por mais que Yuri realmente nunca desgrudasse do celular, nunca havia sido dessa forma antes. O que fazia Victor ficar intrigado. Muito, muito intrigado. 

Ah, que se dane o lance de confiança, Victor estava curioso! 

— Hey, Yuratchka… – Ele sentou na poltrona mais próxima, olhando para a televisão ligada com ares de inocência e leve distração. – Como vai a escola? 

— Bem. Mesma merda sempre. Gente chata. Comida ruim. – Ele respondeu no mesmo tom de voz desinteressado, e sem desviar os olhos da tela nem parar de mover os dedos. 

— E você não fez nenhum amigo por lá ainda? – A pergunta saiu naturalmente, como quem não queria nada, mas Victor notou a leve mudança na expressão do mais jovem, os lábios pressionados um contra o outro, um franzir de sobrancelhas tão leve que mal se podia diferenciar da sua usual máscara de angústia adolescente constante, mas estava lá, e Victor sabia o que procurar. Sinais de que ele podia estar escondendo alguma coisa. 

— Como eu disse, as pessoas do meu ano são chatas. Todos eles. Não tenho interesse em “amigos”, valeu. – Victor notou a leve inflexão na voz do adolescente, que dava ênfase para uma informação aparentemente irrelevante. Victor podia ser avoado, distraído e esquecido, mas quando ele se dispunha a observar alguém, podia ler qualquer pessoa como se fosse um livro. Como dito previamente, Victor sabia o que procurar. 

—  E quanto às pessoas dos outros anos? 

Dessa vez, a pausa que Yuri deu foi tão evidente que não seria necessário qualquer atenção para perceber. Ele se recompôs quase imediatamente, mas não o suficiente para que o sorriso de compreensão imediata viesse tomar espaço no rosto de Victor. 

— Hm, é. Tem uns caras mais velhos que dá para aturar por lá. – Yuri não ousava desviar os olhos do telefone, pois sabia que assim que cruzasse olhares com Victor, era morte súbita, e ele não estava nem um pouco disposto a destrinchar detalhes da sua vida pessoal com seu ridiculamente intrometido irmão mais velho. 

O seu ridiculamente intrometido e potencialmente animado irmão mais velho parecia discordar disso, e já estava pulando em conclusões precipitadas. 

— Yuratchka! Você fez amigos! Você pode trazer eles aqui em casa se quiser! Ah… a não ser que… – Victor olhou bem para o garoto a sua frente e lembrou por alto como eram as pessoas que ele costumava achar “legais”. – Yura, você não está andando com pessoas duvidosas na escola, não é? – Ele se ergueu da poltrona em um rompante, começando a andar de um lado para o outro – Eu não sei o que os jovens fazem hoje em dia? Você está andando com aqueles caras mais velhos que reprovaram vários anos e já tem barba mas ainda estão no ensino médio, e andam em gangues de motoqueiros vandalizando locais públicos, bebendo pela rua, e falsificando identidades para garotinhos inocentes como você entrar em boates e… Yura, se você for parar em uma delegacia como eu faço pra te tirar de lá? Eu não sei! 

De repente, toda essa história de ser um tutor responsável parecia muito mais complexa do que de início. 

— Ok, Victor, pare! – Yuri finalmente desistiu do celular, sentando de volta no sofá com uma expressão de cansaço e exasperação, assustando Makkachin com seu súbito movimento. Sabia que Victor era exagerado por natureza, e não estava nem um pouco a fim de lidar com aquilo no momento, obrigado. Então, seria válido sacrificar uma parte da sua privacidade pelo bem maior. Talvez. – Eu não estou fazendo nada de errado, se acalme! – ele gritou, interrompendo o longo monólogo que Yuri se recusava a ouvir, mas que pelo andar da imaginação de Victor, já estava sendo cogitado como ele faria para contar à Yakov sobre as tatuagens de gangue que Yuri supostamente havia feito, e como encontrar um advogado bom o suficiente para tirá-lo da cadeia. 

— Como eu vou me acalmar se eu não sei com quem você está andando! Você é só um menino, Yura, e ainda é um dos bonitos, é um perigo isso… 

Yuri não quis apontar que Victor não estava dando a mínima para isso até aquele momento, então respirou muito fundo para não perder a compostura, chutar a mesa para longe e gritar o que realmente estava pensando naquele momento. Para tirar as ideias loucas da cabeça de Victor, ele precisava ser o mais convincente possível, e estar calmo aparentemente era um dos requisitos para isso. 

— Primeiro: Eu sei me cuidar, tá legal? Segundo: eu não estou andando com marginais, traficantes ou sei lá o que você pensa que as pessoas fazem, puta merda Victor, você tem que segurar essa imaginação. Eu só conheci uma pessoa, tá legal? Ele ouviu a música que eu tava ouvindo nos fones… 

— Que volume você ouve música pra ele conseguir ouvir através dos fones? – Victor interrompeu, prestando atenção no detalhe errado, como sempre. 

— Não interessa. Ele veio falar comigo por causa disso, e é um cara legal. O Otabek acabou de fazer 18 anos, eu juro, e ele não está repetindo o ano nem nada. Bom, ele realmente tem uma moto, é uma moto muito foda aliás, e eu acho que ele deve ter barba também… Mas isso não vem ao caso! – Yuri percebeu que estava divagando mais do que devia, e voltou a gritar. Talvez, lá no fundo, ele estivesse mesmo com vontade de falar mais sobre isso com alguém, mas não quisesse dar o braço a torcer até então. – Eu não estou fazendo nada do que essa sua mente insana começou a criar, e eu não vou ser preso! Então, vai logo pra essa sua besteira de ballet e me deixa em paz! 

— Então é com esse… como é, Otabek? Que você está conversando? – Victor diminuiu o tom de voz, para algo quase coerente para uma conversa normal, embora sua insistência e curiosidade incomodassem Yuri em um nível estratosférico. Yuri assentiu de leve com a cabeça, e Victor voltou a sorrir – Ah, okay, então! É ótimo que você esteja fazendo amigos, Yura! Pode chamar ele para vir aqui! 

Antes que Yuri pudesse resmungar mais alguma coisa ou apenas perder a paciência e começar a gritar mais uma vez, o telefone de Victor apitou para uma notificação. Era Mila que estava chegando para buscá-lo. 

— Vaza daqui logo! – Yuri voltou a deitar no sofá, com o seu celular, e Makkachin fez o mesmo, ajeitando-se nos seus pés. Victor havia conseguido estragar o seu breve momento de raro bom humor com apenas algumas palavras. Ele realmente tinha um dom para isso. 

— Nós ainda vamos conversar mais sobre isso! – Victor alertou, enquanto pegava suas coisas (carteira, celular, bloquinho de anotações, o ingresso… não estava esquecendo de nada?) e guardava nos bolsos internos do paletó, preparando-se para sair. – Quero saber mais sobre esse Otavio. 

—  Otabek! 

— Que seja. – Ele disse, jogando um beijo de longe para Makkachin e saindo pela porta – O assunto não acabou! 

Yuri não se preocupou nem um pouco com isso. Conhecendo Victor como ele conhecia, sabia muito bem que em cinco minutos ele já teria esquecido tudo sobre aquela conversa, e Yuri poderia continuar a viver sua vida como sempre. Makkachin bufou, do seu lugar na ponta do sofá, como se pudesse ler os pensamentos do garoto, e concordasse plenamente com ele. 






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Notas finais do capítulo

Olá pessoas o/ Como prometido, outro capítulo da fic, mais rápido do que da outra vez (eu acho, porque me perdi nos dias aqui, mas acho que atualizei antes do que geralmente faço, então ok XD) Espero que estejam gostando da história o// Bem, como eu disse a quem já não se aguenta esperando enfim o encontro do Victor e do Yuuri, eu devo dizer que está mais próximo do que nunca. Como deu pra reparar, tivemos um salto temporal de alguns dias, e finalmente, chegou a tão esperada apresentação do Yuuri! Eles vão estar no mesmo lugar ao mesmo tempo? Talvez. Nem sempre as coisas são fáceis assim não é mesmo? Só peço que tenham paciência~ porque eles estão mais perto um do outro do que imaginam XD
Bem, muito obrigada a quem leu até aqui, espero que quem goste da fic continue gostando o/ e até o próximo capítulo ♥



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