When I Dreamed escrita por Shiroyuki


Capítulo 1
Capítulo 1. black coffee and inspiration




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"Nada acontece por acaso.

Não existe a sorte.

Há um significado por detrás

de cada pequeno ato.

Talvez não possa ser visto

com clareza imediatamente,

mas sê-lo-á antes que

se passe muito tempo."

Richard Bach




 1. black coffe and inspiration

 

Por mais que tentasse se concentrar naquele momento, nem mesmo o burburinho de conversas misturadas no espaço da praça de alimentação da Universidade, unido ao som dos auto-falantes que variavam entre avisos, anúncios e músicas pop com refrão repetitivo, era o suficiente para mantê-lo desperto naquela manhã.

A imagem do livro à sua frente começava a ficar borrada, e, ainda que estivesse usando seus óculos, ele mal conseguira identificar o assunto do capítulo que começava a (supostamente) ler. Devia estar louco quando decidiu escolher matérias de administração como eletivas naquele semestre, só para o caso de tudo dar errado e ele ter que voltar para casa e trabalhar na pensão dos seus pais. Na hora, parecia uma ótima ideia ter um plano B. Agora, quando ele estava há mais ou menos uns 40 minutos de fazer uma prova e falhar nela épicamente, a ideia parecia apenas estúpida.

Deixou o livro cair de suas mãos sobre a mesa redonda, e bateu a cabeça nele logo depois, sem forças para voltar a se erguer. Seus óculos deslizaram, tortos, indo parar na sua testa, mas ele não se preocupou em ajeitar. Sem erguer a cabeça, deslizou a mão sobre a superfície até encontrar seu copo de café, sentindo pelo peso que ele já estava vazio. Argh. Ele deveria ter estudado antes. E dormido melhor. Mesmo que a segunda constatação não fosse exatamente sua culpa. Fazia algum tempo desde que ele conseguira ter uma noite de sono completa e sem interrupções, e nem sempre a faculdade era a razão por trás disso.

Naquela noite, por exemplo, o culpado era outro. Ele se remexeu sobre a mesa, ocultando o rosto entre os braços e fazendo com que os óculos subissem ainda mais na cabeça. Ele havia aparecido mais uma vez. Enquanto dormia. Fazia tanto tempo que isso ocorria que já não sabia mais dizer quando começara, mas a imagem ainda era nítida na sua  mente, como em todas as outras vezes.

Eram apenas sonhos, produtos da sua imaginação, e ele sabia bem disso, mas não deixava de ser intrigante. Esporadicamente, nos últimos tempos em uma frequência cada vez maior, ele era visitado em seu inconsciente por uma misteriosa e marcante figura. Nunca era igual, os sonhos nunca se repetiam, apenas aquela mesma pessoa se mantinha constante em todos eles.

Ele saberia descrevê-lo perfeitamente, em todos os detalhes, como se fosse alguém real. Os cabelos eram de um inconfundível tom platinado, um cinza quase branco que sempre parecia reluzir, mesmo quando não havia luz alguma. Às vezes, ele surgia com cabelos longos, que se moviam ao seu redor de forma quase hipnótica. Outras vezes, o cabelo era curto, jogado para o lado de uma maneira até que… charmosa. Mas ele sempre sabia que se tratava da mesma pessoa. Assim como sabia, sem precisar de muito, que, apesar da forma quase andrógina com que aquela pessoa por vezes se apresentava, era sem dúvidas um homem.

Cada novo sonho trazia consigo uma gama de informações as quais ele se prendia, mesmo sem a intenção de levar qualquer um desses pensamentos irracionais a sério. Sabia muito bem que esses produtos da sua imaginação fértil tinham algum significado objetivo, psicologicamente falando. Talvez ele só estivesse carente, precisando expandir seus ares, encontrar alguém. Talvez isso fosse um sinal que sua mente enviava, alertando a necessidade de um relacionamento?

Namoros nunca foram seu forte, e ele não sentia real urgência de sanar esta lacuna em sua vida, então essa teoria não fazia muito sentido para ele. Estava bem, sozinho, desta forma. Mas não podia negar, os sonhos o deixavam perturbado, para dizer o mínimo. Podia lembrar com perfeição do timbre da voz daquele homem, sua risada melodiosa, e a forma como ele pronunciava os “erres” de uma forma única. Via claramente seus olhos azuis, calorosos, convidativos, que pareciam sempre sorrir na sua direção. Quando, nos sonhos, era tocado, conseguia sentir na manhã seguinte o calor irradiar da sua pele, no mesmo local.

Por vezes, os sonhos se resumiam a relances, cenas desconexas, imagens soltas daquela pessoa, como flashes pertencentes a um cenário mais completo. Outras vezes, ele observava passivamente, de longe, assistindo ao homem mover-se com uma graça inata que parecia quase etérea. Os seus favoritos, ele tinha que admitir, eram aqueles nos quais eles podiam interagir. Às vezes, o homem apenas segurava sua mão e o fitava, em silêncio, com um sorriso calmo, quase devoto, na sua direção. Em outros, eles conversavam, por horas e horas, perdendo-se um no outro, mas ele nunca conseguia lembrar do teor das conversas quando acordava.

Porém, nada se comparava aos sonhos onde eles dançavam. Juntos, movendo-se como um só, sentindo as mãos firmes que repousavam delicamente em sua cintura e o conduziam para perto de si, com os olhos claros e brilhantes focados somente em si e nada mais. Quando os sonhos eram assim, ele quase desejava nunca acordar, apenas para ficar dançando com seu par eternamente. Ele quase riu de si mesmo. Provavelmente, estava ficando insano. Apaixonando-se por um sonho, que estupidez…

—  Yu-uuu-ri~ - Ouviu alguém cantar seu nome, prolongando a vogal ritmadamente. Sabia exatamente quem era. Quem mais teria tanta energia àquela hora da manhã? - Ainda vivo?

Yuuri respondeu com um grunhido, erguendo somente os olhos para enxergar seu colega de apartamento, Phichit, que, apesar de ter ficado dormindo quando Yuuri saiu de casa, aparecia em cima da hora na aula, com o cabelo sem um fio fora do lugar e o delineado perfeitamente desenhado sobre os olhos, como se tivesse se preparado por horas antes de chegar. Yuuri quase sentia inveja da capacidade que Phichit tinha de se preparar em cinco minutos sem deixar uma única pista disso para trás, e ainda andar por aí como se fosse uma foto de Instagram ambulante.

Havia conhecido Phichit quando ainda era um calouro. Saíra da pequena cidade do interior do Michigan, onde vivia com seus pais, para cursar a faculdade em Detroit, e, inexperiente como era, logo se encontrou perdido e sem saber o que fazer. A vida na cidade era muito mais cara do que ele imaginara, e ele precisava se virar com o pouco dinheiro que seus pais conseguiam enviar por mês.

Trabalhar era uma opção, mas ele não queria recorrer à isso tão cedo e acabar prejudicando seus estudos no processo. Acabou recorrendo à saída mais simples naquela conjuntura: encontrar alguém disposto a dividir um apartamento e cortar as despesas com aluguel pela metade, embora morar com um desconhecido fosse um comportamento completamente contrário à sua natureza reservada e pouco sociável. Por sorte, só precisou procurar um pouco para encontrar anúncios que buscavam o mesmo que ele, e foi assim que acabou dividindo um pequeno apartamento próximo ao campus da Universidade com o aluno de intercâmbio da Thailândia, Phichit Chulanont.

Sendo ambos estrangeiros vivendo nos Estados Unidos - Yuuri havia vindo para o país ainda muito novo, com apenas seis anos, mas a adaptação nunca foi simples para ele - não foi complicado encontrar afinidades, e Phichit era realmente muito fácil de conviver. Apesar das suas tendências a dividir sua privacidade com centenas de seguidores através de fotos, arrastar Yuuri para festas que ele sempre se arrependia de ir, e da insistência em convencer o síndico do prédio onde moravam de que hamsters não eram animais de estimação que violavam as regras do condomínio, somando isso tudo e mais inúmeras outras razões, Phichit era o melhor amigo que Yuuri poderia esperar.

—  Acho que você precisa disso daqui mais do que eu… - Ele entregou seu próprio copo de café fumegante ao amigo, que aceitou o elixir de vida como um peregrino que vaga pelo deserto e encontra, enfim, água. - Não conseguiu dormir de novo?

Yuuri balançou a cabeça, ajeitando os óculos de volta no rosto, e se forçando a engolir o líquido que sorveu de uma só vez. Quente demais!

—  Acordei às 3 da manhã mais ou menos e não consegui mais pregar os olhos. Fiquei me revirando até o sol nascer. - Ele explicou rapidamente, com a língua para fora para aliviar o efeito do café quente.

—  Por causa da prova, ou foi o seu namorado imaginário de novo?

Phichit sabia dos sonhos, mas Yuuri se arrependia de ter contado a ele com tantos detalhes. Nunca conseguia se livrar do ar de deboche que acompanhava Phichit cada vez que citava o assunto.

— Ele não é meu namorado. - E nem teria como ser… Acrescentou mentalmente, apesar de ser óbvio. Foi a única coisa que conseguiu falar para se defender, o que não pareceu uma boa ideia, visto a maneira como o sorriso de Phichit se alargava. - Mas sim, foram os sonhos.

— Hmm, como foi dessa vez? Mais pistas sobre ele? - Interessado, Phichit se escorou na mesa, apoiando o queixo em uma das mãos, inclinado na direção de Yuuri. Ele vivia repetindo que Yuuri deveria sair por aí procurando o homem dos seus (literalmente) sonhos, e que ele devia existir por aí em algum lugar, mas Yuuri acreditava que a ideia de que uma pessoa com quem ele sonhava pudesse, de fato, ser real, parecia absurda. Ele queria realmente acreditar na impossibilidade da questão, na verdade. Uma pontinha sempre se acendia, lá no fundo, cada vez que Yuuri o encontrava enquanto dormia, infelizmente.

Yuuri suspirou.

— Dessa vez eu só vi ele de longe. Era em um lugar escuro, só havia uma luz, mais longe. Ele parecia… flutuar, em uma espécie de lago, mas não se molhava, apenas deslizava sobre a água, como se estivesse dançando, com asas nos pés, ou algo assim. - Ele deu de ombros. Omitiu a parte sobre como os olhos do misterioso homem pareciam faiscar na sua direção, fazendo-o estremecer, e sobre como seu sorriso era tão terno, carinhoso, quando ele estendia a mão, convidando Yuuri a se juntar a ele. Yuuri não foi, dessa vez. Sentia medo de afundar no lago.

— Poético, gostei. - Phichit comentou, com ar quase sonhador, puxando de volta o seu café e tomando um gole pequeno. - Sabe, eu ainda acho que você deveria sair por aí procurando esse homem dos sonhos. Talvez ele esteja por aí, esperando que você o encontre. Ou pode estar sonhando com você também, já pensou? Ele pode ser sua alma gêmea, Yuuri.

—  Não fala besteira, isso não existe. - Yuuri fechou o livro que não conseguia ler, e tomou mais do café de Phichit. Precisava parar de pensar nisso, e se concentrar em maneiras de enrolar suficientemente naquela prova para conseguir ao menos a média para passar.

—  Não deixe isso para lá assim! Pode ser a chance da sua vida! - Phichit parecia pessoalmente ofendido com o descaso de Yuuri sobre o assunto, como sempre. - É como naquela música… I know you! I walked with you once upon a dream-

—  Certo! - Yuuri se colocou de pé, enfiando o livro na sua bolsa e interrompendo o momento de Phichit sem nenhum remorso. - Se você vai começar a cantar músicas da Disney às oito horas da manhã, e sóbrio ainda por cima, eu sei que é hora de ir embora.

—  Blasfêmia, não há hora nem estado etílico para cantar Disney. - Ele protestou em resposta. Yuuri tomou o último gole do café, batendo o copo na mesa como um cowboy em um Saloon faria com seu copo de rum, e colocou a alça da bolsa no ombro, afastando-se dali sem olhar para trás.

—  Obrigado pelo café. - Disse, por fim, acenando com uma das mãos, enquanto seguia para a porta de saída.


.

.

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A campainha tocou, e ele foi obrigado a parar de encarar o cursor piscando na página em branco aberta em seu notebook para se levantar e atender a porta. Quando chegou na entrada, Makkachin - seu poodle marrom e companheiro inseparável - já estava à frente da porta, agitando-se animadamente com o rabo balançando e uma ansiedade visível para que, quem quer que estivesse do outro lado, entrasse logo.

Ele abriu. Uma figura pequena, magra e extremamente furiosa adentrou o apartamento sem pedir licença, trazendo consigo uma mala de rodinhas com uma nada discreta estampa de tigre. Mesmo se ele não tivesse visto de quem se tratava, a mala seria pista suficiente para adivinhar.

Ah… Ele tinha esquecido que era hoje…

Victor, você fez de novo!— O adolescente vociferou em um russo ríspido e pesado, enquanto seguia para o interior da sala de estar com sua mala, pisando firme. Parou dois segundos para afagar de leve a cabeça do cachorro que o seguia ávido por alguma atenção, e voltou a se virar para o adulto, que continuava a encará-lo com um sorriso pequeno congelado, sem sequer piscar, enquanto fechava a porta lentamente. - Caralho, como você pôde me esquecer no aeroporto!! É porque você tá ficando velho e CARECA que não consegue mais guardar as informações nessa cabeça enorme, é isso?!?

Calma, Yuratchka…— Ele tentou adotar seu tom de voz mais tranquilo e comedido, voltando automaticamente à sua língua materna assim que a ouviu. Depois de tanto tempo sem falar nada em russo, era até estranho ter que pronunciar aquelas sílabas; soava menos natural do que deveria. Aproximou-se a passos cuidadosos do jovem, que parecia estar soltando fumaça pelas orelhas, com tanto ódio acumulado em um corpo tão diminuto. - Não é que eu tenha esquecido, eu só… perdi a noção das horas, enquanto escrevia o próximo livro…

Yuri encarou o notebook que repousava na mesa de centro, exibindo um documento completamente em branco, e voltou a fitar o outro com o olho que não estava oculto pela franja longa, tão afiado e mordaz que Victor quase se sentiu patético por estar com medo de um adolescente de 15 anos que nem atingira a puberdade direito ainda.

 Tá bom, foda-se, não importa. - Yuri fez um gesto amplo com os braços e se jogou no sofá, sem se importar em tirar os tênis (também com estampa de algum grande felino, para variar) antes de colocar as pernas para cima. - Eu consegui pegar um táxi e chegar aqui sem problemas. Mas a mãe vai ficar puta quando souber que você me esqueceu, e você pode ter certeza de que eu vou contar.

 Cuidado com esse linguajar, Mama lavaria sua boca com sabão se ouvisse isso.— Victor observou, quase decepcionado, embora não ligasse exatamente para a forma que seu irmão mais novo falava ou deixava de falar. Ele não prestava atenção em metade das coisas que o garoto saía gritando por aí mesmo. Além disso, estava acostumado à forma rude com que Yuri tratava as pessoas com quem realmente se importava, então, via isso como uma demonstração genuína de afeto, e, por mais estranho que isso soasse, ainda era engraçado.

Não tem nada para comer aqui não? - Ele resmungou, puxando o celular do bolso, pronto para ignorar o mundo ao seu redor. Makkachin se juntou a ele no sofá, empurrando o corpo grande para roubar o espaço das pernas de Yuri, e ele, mesmo reclamando, não o afastou. Yuri vivia proclamando sua preferência por gatos ao invés de cachorros, mas Makkachin não ligava para isso e invadia o espaço do garoto mesmo assim.

Eu posso arranjar algo, mas pelo menos leve a sua mala para o quarto de hóspedes antes disso, pode ser? — Victor se encaminhou para a cozinha, abrindo a geladeira apenas para confirmar o que já sabia: ela estava praticamente vazia. Já era hora do jantar? Victor estava completamente perdido com relação à noção de tempo.

Pegou o telefone do balcão para pedir algo, enquanto ouvia os resmungos propositalmente altos de Yuri enquanto ele se jogava para fora do sofá e ia arrastando a mala com o mínimo esforço exigido na direção do corredor onde ficavam os quartos.

Aparentemente, os dias de tranquilidade e sossego no apartamento praticamente vazio de Victor haviam chegado ao fim. Yuri enfiara na cabeça que iria cursar o ensino médio nos Estados Unidos por sabe Deus que razão, mesmo que não tivesse a menor ideia do que iria fazer na faculdade. Apesar do senso comum de que as escolas russas eram provavelmente melhores, Yuri nunca se adaptou muito bem às regras rígidas, e certamente buscava ter alguma liberdade vivendo sozinho com o irmão mais velho.

Victor desconfiava que parte do motivo de sua mãe ter concordado com isso sem maiores deliberações era porque não gostava da ideia de que ele vivia sozinho daquela forma, e, embora seu pai fosse absolutamente contra isso, não teve voz ativa para controlar essa decisão. Victor sempre gostou tanto de ter a casa movimentada; não podia negar que o silêncio e a solidão eram difíceis de lidar às vezes, mesmo considerando a sua profissão.

Quando morava na Rússia, apesar da família ser composta apenas por seus pais, Yuri e Makkachin, a casa sempre tinha barulho e vida, fosse pelos alunos de ballet da sua mãe, que tinham aulas no estúdio anexo à casa, ou pelos gritos de seu pai mandando Yuri e Victor diminuírem o volume da TV ou pararem de brigar para que ele pudesse trabalhar em paz, ou ainda, Yuri invadindo seu quarto para passar algum tempo sem qualquer permissão ou convite prévio. Victor sentia falta disso também. Lá, mesmo que quisesse muito, ele nunca ficava sozinho em casa.

Lilia e Yakov, seus pais… Bem, eles não eram seus pais biológicos. Victor sabia disso desde que era pequeno, e Yuri também. Ele não sabia sobre seus pais verdadeiros, e não lembrava de nada sobre o tempo que passara mudando de casa em casa de parentes que não queriam realmente ficar com ele, até que fora mandado, enfim, para um orfanato, já com 9 anos, onde Lilia o conheceu. Ela não podia ter filhos; Victor foi escolhido por eles, e não poderia ter pedido pais melhores para si. Apesar de ambos, Lilia e Yakov, serem um tanto rígidos, com dificuldades em demonstrar sentimentos facilmente - completos opostos a Victor, que cresceu ansiando por qualquer sinal de afeto, e demonstrando sempre que tinha oportunidade, ele sabia bem o quanto era querido pelos dois.

Já Yuri entrou para a família de uma forma diferente. Quase dez anos atrás, um amigo de longa data foi diagnosticado com uma doença terminal. Sem parentes próximos e temendo que o seu neto, tão pequeno, sofresse nas mãos da justiça como orfão, ele passou a guarda da criança para seus padrinhos, Yakov e Lilia, e Yuri se tornou o mais novo membro da casa, e o amado irmãozinho de Victor, que, na época, já era um adolescente, e entendia muito bem o peso de toda aquela escolha.

Yuri era tão fofo quando pequeno. Tinha pesadelos, pedia para dormir com Victor, e acabava chutando-o durante a noite inteira até que ele caísse da cama. Andava por aí com suas pantufas em forma de tigre, e, de manhã cedo, ia assistir desenhos com um cobertor e um prato de cereal com leite. Na primeira série, se apaixonou pela professora e escreveu uma carta para ela, mas esqueceu de assinar. Alimentava os gatinhos de rua que moravam no terreno vazio atrás da sua casa escondido, levando quase sempre a comida de Victor para eles.

Victor ouvia os gritos do jovem que agora reclamava lá de dentro do apartamento sobre o quarto ainda não estar arrumado para a chegada dele, e “onde raios você guarda a porra dos lençóis dessa casa, Victor??”. Agora ele estava todo crescido, deixando o cabelo ficar comprido, usando roupas de punk e praguejando palavrões como um marinheiro veterano. Mal dava para acreditar.

—  Se você não encontrar lençóis nós podemos dividir a minha cama como nos velhos tempos, Yuratchka! — Ele respondeu, com um entusiasmo exagerado que, sabia, irritaria ainda mais o mais novo. - Ou colocar o colchão aqui na sala e fazer uma festa do pijama, o que acha?

—  MAS NEM FUD-

—  Linguajar, Yura~

Enquanto Yuri ainda praguejava, em voz mais contida dessa vez, Victor encontrou o folheto com o número do restaurante chinês da rua de baixo e fez um pedido rápido. Ele realmente não lembrava mais que Yuri iria vir morar com ele, e não lembrou de buscá-lo no aeroporto, e, lá no fundo, lamentava essa pequena falha - mas, não podia negar, estava feliz por tê-lo ali, agora.

Já se sentia mais leve com essa novidade. Talvez as ideias finalmente voltassem a bater na sua porta, depois de tanto tempo. Era isso o que ele precisava, certamente, para vencer o fantasma do bloqueio criativo que o assombrava naqueles últimos meses - aquele que podia significar a morte de qualquer escritor, como ele. Mudanças na sua vida pareciam uma boa maneira de trazer aquilo que ele havia perdido, e que precisava mais do que nunca, atualmente.

Inspiração.


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Notas finais do capítulo

Já fazia muito tempo que eu queria escrever algo do meu anime favorito de todos os tempos eveeeer e quando a inspiração bateu, não pude resistir~ aqui está o resultado, demorou um pouco, mas enfim, eu resolvi postar alguma coisa de Yuri on Ice.

A história provavelmente vai ser longuinha mas eu estou planejando algo em torno de 20 capítulos, não muito mais do que isso pra não acabar enrolando como eu sempre faço >< À todos que lerem, muito obrigada, e eu sinceramente espero que gostem dessa fanfic, que eu fiz com muito amor no meu coração por esse casal tão lindo e perfeito ai~



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