Toujours Pur escrita por Pandizzy


Capítulo 2
Capítulo Um - A Mui Antiga e Nobre Casa dos Black




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/732990/chapter/2

Odeio tudo isso.

Sirius olhou ao redor, uma névoa de raiva cobrindo seus olhos e observou sua prima cumprimentar os convidados de seu casamento, um sorriso falso em seu rosto gelado. Seu marido estava ao seu lado, segurando seu braço possessivamente e rindo de uma piada que Rabastan Lestrange havia contado.

Sirius queria estar em um outro lugar. Qualquer outro lugar seria melhor do que aqui com sua família esnobe e seus amigos mais esnobes ainda, rindo de piadas sem graça e elogiando falsamente enquanto preparavam adagas para ferir na primeira oportunidade.

— Arrume sua postura, Sirius — sua mãe lhe disse, seus dentes perolados brilhando contra as velas enfeitiçadas. A encarando nos olhos, Sirius moveu seu quadril mais para frente enquanto mantinha seus ombros colados à cadeira; era uma posição extremamente desconfortável, mas o fogo de raiva nos olhos de sua mãe compensou a dor. — Imprestável — ela ralhou, antes de se virar e sumir por entre as mesas.

Sirius olhou para a mesa que ele estava, reservada para a tia da noiva e sua família, e suspirou. Regulus estava atacando a torta de limão em sua frente e seu pai estava observando alguém com um brilho estranho nos olhos.

Ele suspirou, irritado, e olhou ao redor, procurando alguma coisa que causaria um escândalo o suficiente para forçar sua mãe a mandá-lo para casa… Não, ela o faria  continuar ali como forma de punição. Sirius tateou, então, seu bolso, mas percebeu com desgosto que havia deixado seu maço de cigarros em casa; poderia visualizá-lo, jogado em sua cama sem nem saber o quanto era necessitado.

Uma risada familiar soou perto dele e Sirius se viu se virando, procurando aquela risada que ele quase nunca ouvia. A encontrou em sua irmã que conversava com o tio, um sorriso brilhante nos lábios vermelhos enquanto se portava elegantemente nos saltos grafite e o vestido rendado azul escuro. Sirius se lembrou de querer perguntar, assim que a viu, se ela sabia que o azul escuro era a cor usada pela realeza em tempos de luto, contudo parou sua fala antes mesmo que saísse de sua boca. É claro que ela sabia, concordava com seus pais na importância irreal da família Black e provavelmente estava demonstrando seu luto imaginário pelo recente “assassinato” de dois puro-sangues por trouxas extremistas.

Sirius quis vomitar.

Os recém-casados se aproximaram, com sorrisos abertos e vestes brancas; seus dedos estavam entrelaçados.

— Onde está a tia Burga? — Narcissa perguntou, uma ruga de preocupação crescendo entre suas sobrancelhas.

— Foi ao toalete — Regulus respondeu, sorrindo esperançoso para ela. — Em poucos minutos, ela volta.

Sirius reprimiu a vontade de dizer que sua mãe não havia ido ao toalete, mas sim, na melhor das hipóteses, ao bar para esquecer o tipo de herdeiro que ela havia trazido a este mundo.

— Ah, tudo bem então — ela respondeu, sorrindo aliviada, enquanto Lily andava até a mesa. — Eu fico com quatro Blacks, se não posso ter os cinco.

Narcissa se virou para Regulus, murmurando agradecimentos por sua presença e iniciando uma conversa trivial que fazia o estômago de Sirius revirar.

Mãos tocaram seus ombros com afeição e ele congelou em seu lugar, fazia tanto tempo que ninguém o tinha tocado tão gentilmente que o toque quase doeu.

— Relaxe, irmãozinho — uma voz sussurrou em seu ouvido e Sirius levantou seu rosto, encontrando as feições de Lily focando em si. De perto ele conseguia ver suas imperfeições: o excesso de maquiagem sob seus olhos, o suor que se acumulava em seu pescoço e as rachaduras em seus lábios cobertos por batom vermelho.

— Sou quatorze minutos mais velho que você — murmurou enquanto se endireitava na cadeira e bebia um pouco do vinho em sua frente. Lily juntou suas mão sobre seu peito, efetivamente o prendendo em seu abraço. Suas mãos eram frias e suas unhas compridas pareciam preparadas para arranhar os olhos de Sirius para fora de suas órbitas.

— Foda-se — ela respondeu. — Dance comigo quando eles forem embora, sim?

— Por quê? — a última vez que eles dançaram juntos foi no segundo casamento de Margaret Goyle no segundo ano de Hogwarts e naquele dia haviam sido obrigados pela própria noiva.

— Estou evitando alguém — sussurrou docemente antes de se endireitar. Sirius notou que Narcissa e Lucius haviam se voltados para eles.

Enquanto sua irmã e prima falavam sobre a beleza da cerimônia e a futura lua de mel (para a Argentina), Lucius e Sirius se encararam friamente.

Eu sei o que você é, o loiro parecia dizer em seus olhos, traidor de sangue sujo.

As unhas de Lily se fincaram possessivamente na roupa de Sirius, entretanto continuou agindo como se nada estivesse errado ao ver Narcissa dirigir seu olhar para o primo que não se deu ao trabalho de se levantar.

— Sirius — ela disse, tentando manter a compostura.

— Cissy — ele respondeu, no mesmo tom de desgosto dela.

Os olhos azuis dela queimaram. — Você não tem o direiro de me chamar de Cissy.

Sirius a ignorou.

— Foi uma linda cerimônia, Cissy. — ele sorriu. — Aposto que custou horrores.

— Custou mesmo — confirmou Lucius. — mas minha família pode pagar então eu não me importei em assumir as rédeas das finanças.

— Incrível, desta maneira Narcissa será bem mimada — Lily interviu, ainda mantendo seu aperto em Sirius. — e futuros filhos também, eu espero?

— Narcissa e eu conversamos e já concordamos em termos apenas um filho. — Lucius pegou a mão da esposa e a apertou contra o próprio peito. — Quando a hora for certa, é claro.

Lily sorriu, como se tudo fosse extremamente óbvio, e acenou quando os dois pediram suas com licenças para sair.

— Foi melhor do que eu esperava — ela comentou enquanto apertava seus ombros com os dedos.

Sirius alcançou as mãos dela e as segurou, relaxando em seu lugar. — Se você diz.

— Vamos — Lily disse, tentando puxa-lo da cadeira. — Você prometou que iria dançar comigo.

— Eu não prometi nada — reclamou mesmo enquanto se levantava e se deixava ser puxado até a pista de dança. — Você simplesmente aceitou meu silêncio como consentimento.

Como sempre.

As músicas que Narcissa e Lucius haviam escolhido eram lentas, dando espaço apenas para uma dança entre casais; graças a isso, Lily se virou para Sirius e colocou uma de suas mãos em seu ombro, aproximando seus corpos. Sirius deixou sua mão na lombar dela.

— Quem você está evitando? — ele perguntou enquanto começavam a se movimentar pelo salão. Um flash branco sinalizou que a jornalista que acompanhava o casamento os avistou.

— Ariel — Lily respondeu, olhando intensamente em seus olhos.

Sirius sentiu seus músculos reconhecerem aqueles passos, aquela pessoa pressionada contra ele… Tantos anos tentando esquecer as aulas de etiqueta e de dança que fora obrigado a tomar durante sua infância foram obviamente em vão, seu corpo nunca esqueceria o que estava queimado em sua memória. Xingou em voz baixa e continuou dançando com sua irmã.

— Quem? — questionou, confuso.

— Mulciber. — revirou os olhos quando ele continuou com a mesma careta. — Meu ex-namorado?

Sirius não sabia que Lily estava namorando e nem que ela havia terminado o relacionamento.

— Por que vocês terminaram? — ele levantou o braço e Lily deu um giro embaixo do arco que se formou.

— Ariel é extremamente ciumento — respondeu, voltando a se aproximar. — Até mesmo com Regulus! Como se eu fosse capaz…

— Quando?

— Nestas férias. — piscou os dois olhos e Sirius pôde ver que a maquiagem escura dela estava borrada, mas Lily não parecia notar. — Eu mandei uma carta.

— Cruel. Terminar por uma carta.

Lily sorriu ingenuamente, mas olhou ao redor, nervosa. Sirius seguiu sua visão e viu Mulciber a encarando, um brilho desejoso em suas orbes azuis. — A mamãe e a mãe de Ariel querem que nos voltemos. Por isso eu o estou evitando, tenho certeza que vai sugerir uma viagem de última hora para a França ou Espanha, talvez, algum lugar para ele tentar entrar em minhas calças.

— Imagem mental desnecessária.

— Perdão, de qualquer jeito, você é único membro da nossa família que não vai me jogar para ele então estou aqui. — ela fez uma pausa, como se estivesse pensando. — Você e o papai, na verdade, mas você é mais divertido.

Sirius não disse nada, preferindo manter seu foco em outro lugar. O vestido de sua irmã se erguia até seu pescoço, como mãos negras se fechando contra sua pele, mas possuía uma abertura oval em seu decote onde um pingente vermelho-sangue não escondia o B gravado na pedra.

Sirius seria burro se não o reconhecesse: até o dia anterior, aquele colar adornava o pescoço de sua mãe.

— Onde você arrumou isso? — perguntou, irritado. Não gostava de ver um símbolo de Walburga Black tão perto de sua irmã.

Lily sorriu e, na luz das velas, sua pele parecia quase azul. — Mamãe me deu. Fiz algo que a deixou extremamente orgulhosa.

Sirius sentiu seu rosto se fechar ainda mais. — E o que isso poderia ser? Torturou algum trouxa?

Ela o surpreendeu ao fazer uma careta ofendida.

Não. Tio Cygnus me contou que fui escolhida como a monitora-chefe. — ergueu os olhos em forma de superioridade e seu lábio se curvou arrogantemente. — Uma escolha óbvia, é claro. — ela apertou seu braço e Sirius a ergueu no ar levemente, como todos ao seu redor faziam. As sobrancelhas vermelhas de Lily se juntaram, formando uma linha definida através de sua testa. — Não vai dizer como está orgulhoso de mim?

— Você é a sobrinha do diretor — respondeu simplesmente. — É claro que ele iria te escolher.

— Então, espertinho, me diga porque você não foi escolhido? — estava irritada, ótimo, Sirius era particularmente afetuoso com as chamas de emoção em sua irmã. — Porque tio Cygnus escolheu James Potter ao invés de você?

Sirius quis rir. James não havia sido escolhido, alguém da Sonserina teria sido; talvez Mulciber.

— Ninguém em sã consciência escolheria James Potter como monitor-chefe.

— Bom, tio Cygnus escolheu — Lily deu de ombros. — Mamãe deve ter o convencido.

— Por que Walburga Black convenceria o diretor de Hogwarts a escolher James Fleamont Potter, ao invés de um membro da Sonserina, como monitor-chefe?

Os olhos de Lily vacilaram, ela não possuía uma resposta para aquilo; deveria não saber tanto quanto pretendia.

— Ela está tentando levar seus amigos para o lado certo — disse, finalmente. — Tentando criar futuros bons para eles.

— E qual seria o motivo por trás disso?

— Walburga é sua mãe, sua família. — ela sorriu.

— Isso não muda nada.

Lily revirou os olhos. — Como sua família, ela sempre cuidará de você.

A música parou, mudando para Lucius Malfoy pedirem para todos se sentarem e Lily seguiu para seu lugar, mas Sirius continuou parado, pensando em sua irmã e em sua fala.

***

Como sua família, ela sempre cuidará de você.

As palavras de Lily reverberavam pela mente de Sirius, quicando nos cantos e voltando para o centro, para ele. Ele não conseguia esquecê-las, ou deixá-las para trás.

Não era justo ela fazer isso com ele, logo quando tudo estava tão decidido, quando ele já tinha tanta certeza… Maldita seja ela! Maldita!

Respirou fundo, tentando se acalmar, enquanto andava pelas ruas de Londres. Conseguia ver o quanto se destacava entre aquelas pessoas; elas usavam roupas de segunda mão, com retalhos e marcas de sujeira enquanto ele continuava com as vestes caras que seus pais insistiram que ele usasse o tempo todo. Nos trouxas havia também a varinha quebrada bege que as autoridades bruxas obrigaram que fossem costuradas em suas roupas.

Eles o encararam com desprezo, mas não ousaram se aproximar ou falar qualquer coisa. Simplesmente o encararam enquanto ele andava até um homem, montando guarda no centro de Londres. Uma varinha longa e branca estava presa em sua mão.

— Documentos — exigiu. Sirius enfiou a mão no bolso e entregou o amontoado de papéis para o homem, estava prestes a pegar sua varinha para a inspeção necessária (qualquer nascido-trouxa poderia simplesmente ter forjado os documentos) quando os olhos do guarda se arregalaram e ele abaixou sua cabeça em um claro sinal de submissão. Sua mão trêmula estendeu os documentos de volta para Sirius. — Bem-vindo ao centro de Londres, senhor Black.

Sirius não olhou para ele enquanto continuava seu caminho, nem quando os olhos aguados do homem o seguiram maravilhado. Esse lugar era diferente do que a rua em que estava, mães estavam segurando as mãos de seus filhos com força e bêbados lotavam as estradas, todos com a mesma careta de desolação e cansaço em seus rostos.

Ele continuou andando até todos os olhos se afastarem de sua pessoa, até as ruas voltarem a se esvaziar e até uma leve chuva começar a descer até o chão, acumulando água em seu cabelo, roupas e corpo. Sirius se agitou como um cachorro, jogando as gotas o mais longe possível enquanto continuava seu caminho.

Ele suspendeu sua caminhada, deixando que a água se acumulasse em seu corpo enquanto pensava em sua irmã, em suas palavras e em sua história. Cuidar de você.

Vou cuidar de você. Prometo.

E então, Sirius se lembrou. Se lembrou de, no quinto ano, ter voltado para casa com sua família depois da festa de aniversário de sua tia. Ele estava se sentindo particularmente irritado naquele dia e brigou com os pais, péssimo ato pois seu pai estava totalmente intoxicado pelo vinho que tomou sem se preocupar na festa.

Ele se lembrou de ter sido jogado contra uma estante com magia, sua cabeça havia batido com força contra a madeira e ele tinha completamente apagado depois disso; provavelmente tinha tido uma concussão. Sirius acordou horas depois, ainda na sala de estar com sangue seco cobrindo metade de seu rosto, mas seus pais tinham ido dormir e Regulus provavelmente estava em seu quarto como o covarde que era.

Mas Lily... Lily tinha ficado. Ele se recordou de ter acordado com a cabeça no colo dela, suas mãos macias estavam acariciando seu cabelo enquanto sussurrava feitiços de cura em seu ouvido.

Ele não tinha certeza se ela havia notado que ele estava acordado, todavia ela ainda assim murmurou com os olhos fechados e lágrimas descendo por suas bochechas:

— Não se preocupe, Sirius. Vou cuidar de você.

Ele nunca contou o que havia acontecido naquele dia para ninguém, nem mesmo para James. Depois de um tempo, ele havia até mesmo se forçado a esquecer.

Parou na frente de um beco escuro e andou até a parede de tijolos frios e molhados. O lugar cheirava a álcool e a urina, além de um forte odor de esgoto que se impregnava nas paredes. Sirius quis cobrir o rosto com um lenço, para tentar diminuir o fedor, mas não o fez, seria muito pior para onde iria por isso pegou sua varinha e sussurrou:

Lumos.

Sua varinha iluminou a parede em sua frente e Sirius pôde ver uma fênix dourada pintada nos tijolos, as asas abertas e o bico aberto em um grito de vitória esplendoso. A ave abriu seu olho negro e olhou para Sirius intensamente.

— Amortentia — ele disse e o olho piscou, agradecido.

A fênix bateu suas asas e com isso a parede se desfez, revelando uma sala cinzenta e fria, vazia salva apenas por uma escada íngreme em seu meio. Sirius deu um passo para frente, entrando no lugar e a parede se refez atrás de si tão silenciosamente quanto havia caído segundos antes. Um ar frio o cercou e ele estremeceu, ainda parado em seu lugar.

Respirando fundo, Sirius começou a descer as escadas lentamente, ouvindo a água correndo pelos canos de Londres e o som da cidade reverberado por aquelas paredes finas.

Desceu até a escada se acabar e ele se encontrar em frente a uma porta pesada e de aço. Havia algo cravado nela:

 

BATA E DIGA SEU NOME COMPLETO.

 

Sirius estendeu seu pulso e bateu duas vezes na porta, um barulho mais alto do que ele pretendia soou. — Sirius Orion Black — ele murmurou, piscando os olhos duas vezes.

A porta se abriu e, antes que Sirius pudesse pensar, os braços finos de Marlene McKinnon o puxaram para um abraço forte e apertado. Ela havia emagrecido, ele notou, e o cabelo loiro estava mais comprido do que a última vez em que se viram.

— Onde você estava? Estavamos morrendo de preocupação, achamos que tinha sido comprometido. Duas semanas, Sirius! Duas semanas! — ela sussurrou, afundando os dedos longos em seu cabelo e beijando seu rosto algumas vezes, os lábios molhados e fechados. Sirius reprimiu a vontade de empurrá-la para longe, Marlene poderia ter a mania de ser afetuosa demais, mas era uma boa pessoa. — É tão bom te ver.

Ela tinha olhos cor de chocolate e cabelo louro escuro. Uma cicatriz branca cortava sua bochecha esquerda, deixando-a com uma aparência punk que condizia com as botas de combate e a quantidade de couro que ela estava usando.

— É bom te ver também.

Ela mordeu o lábio inferior, mastigando-o. — Moony foi atacado quando foi visitar a mãe, todo mundo está um nervo

— Como ele está? — perguntou quando se separam e ele entrou na casa. Ela trancou a porta com força e sussurrou feitiços de proteção.

— Bem. Eles foram bastante brutais, mas Dorcas está cuidando dele. — andaram por um corredor vazio, um corredor que ele conhecia muito bem. Sirius sentiu uma pontada em seu estômago ao pensar em Remus deitado em uma cama de hospital e suprimiu a vontade de vomitar ao visualizar sua namorada inclinada sobre ele, sussurrando memórias em seu ouvido. — Ele perguntou por você, sabe? Todos estão preocupados. Prongs está desesperado com o seu sumiço e Wormy achou que estava morto.

Isso fez Sirius sorrir pela primeira vez no dia. Peter Pettigrew era uma rainha do drama.

— Estou bem. Faltei em um jantar com você-sabe-quem e meus pais me deixaram de castigo, por isso a falta de notícias, mas ainda não desconfiam de nada. Acho que estão focados demais na minha irmã ou algo assim, ela foi elogiada pelo lordizinho.

Os olhos de Marlene se arregalaram e ela cruzou os braços, parecia menor e mais assustada do que a poderosa bruxa que ele conhecia. Desviou o olhar e falou

— Ainda não entendo porque você continua naquela casa, sei que recebemos ótimas informações pelo que você ouve, mas… seria muito mais seguro se vivesse aqui conosco. Prongs não se incomodaria de dividir o dormitório com você, tenho certeza disso.

Marlene abriu a última porta necessária para entrar na sede, os sons de vozes e passos encheram os ouvidos de Sirius e ele viu todas as pessoas que moravam ali o tempo todo. As famílias bruxas e não-bruxas que ganharam proteção.

— Não posso, Lene. — ele deu um sorriso triste enquanto os olhos verdes de Lily brilhavam em sua mente. — Simplesmente não posso.

Marlene suspirou, derrotada, mas não disse nada.

— Onde ele está? — Sirius perguntou, estavam no primeiro nível do subsolo. — Onde está o Fawkes?

— No terceiro nível — Marlene respondeu enquanto duas crianças corriam por entre suas pernas. — só que ele está falando com Olho-Tonto agora e não quer ser incomodado.

Ele suspirou, enfiando as mãos nos bolsos fundos de seu casaco e sentindo seus dedos roçarem a madeira de sua varinha.

— Você vai voltar para a escola? No mês que vem? — perguntou casualmente.

— Óbvio! — respondeu surpresa. — Eles podem desconfiar se eu não aparecer!

— Tem todo o material?

— Sim. Prongs foi com o tio e comprou para todo mundo. — Marlene bufou, claramente não satisfeita com algo. Sirius não conseguiu não concordar com ela.

— Ele é idiota? — sentiu sua garganta doer ao perguntar, havia falado mais alto que o costume. — Vão desconfiar dele se fizer assim!

— Foi o que eu disse para ele, mas ele me ouviu? Não! — ela cruzou os braços mais uma vez, as bochechas corando com a raiva. — Ele só ouve você!

Marlene havia namorado James Potter por dois anos antes de terminarem por causa de Sirius. Apesar dele não ter feito nada, a garota não aguentava Padfoot saber de coisas pessoais que James nem pensava em lhe contar ou o fato de ele não obedecer à voz da razão. Recentemente, Lene havia seguido em frente com Wormtail e parecia bem feliz.

— Não é minha culpa. — ofereceu um sorriso sem-graça. — Prongs provavelmente está seguro, é puro-sangue.

— Eu sei que não é. — ela abanou as mãos como se aquilo não fosse importante. — Vou procurar Dumbledore e dizer que você quer falar com ele. Tente ficar à vontade.

Marlene sorriu, se afastando e desaparecendo nas sombras do esconderijo.

Sirius começou a andar pelo corredor, tinha sido enfeitiçado para estar em uma temperatura ideal o tempo todo, mas o casaco pesado que ele usava causava pequenos pontos em seu pescoço e torso começarem a suar. Era desconfortável e nojento.

Ele viu, em seu caminho, rostos familiares. Molly Weasley estava correndo atrás do segundo filho e em suas mãos pequenas havia um lagarto que mudava de cor lentamente; Emmeline Vance tinha um pedaço de carvão em mãos enquanto ensinava dois garotos as mais básicas poções em uma sala especial; Caradoc Dearborn conversava com sua pequena e bem irritada sobrinha e Arthur Weasley anotava tudo o que uma menina nascida-trouxa dizia sobre o seu mundo.

— Com licença! — pediu uma bruxa asiática, ela levitava dois grandes blocos de papéis acima de sua cabeça. — Estou passando!

Sirius andou para o lado enquanto ela corria até as escadas, talvez sem notar que um dos papéis de seus blocos havia voado para longe dela. Ele o pegou, o pergaminho se amassando entre seus dedos.

— Sato! — ele chamou, sem sucesso. — Ei, Sato! Você deixou cair isso!

O cabelo escuro de Sato foi a última coisa que ele viu antes de ela descer até as fornalhas. Sirius olhou para a sua mão, onde o papel caído estava, e dois velhos e familiares olhos azuis o encararam de volta.

 

Procurado:

Albus Percival Wulfric Brian Dumbledore

Recompensa: 10.000 Galeões

Motivo: Fundador e Líder da Ordem da Fênix, Rebelião Aberta contra o Novo Regime, Inimigo Declarado do Lorde das Trevas.

Visto Pela Última Vez: Florestas da Albania.

Aviso: Bruxo Extremamente Perigoso! Atacar à Primeira Vista!

 

Bufando, Sirius amassou o papel e o empurrou para o fundo de seu bolso, lidaria com aquilo depois.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!