Day After Day escrita por nywphadora, ProngsJackson, nywphadora


Capítulo 5
Day 4


Notas iniciais do capítulo

(N/Clenery): Vamos ter terminado essa fanfic e ainda continuarei cismando que a prova que eles faziam quando teve a treta com o Snape era História da Magia. É sério, gente, de onde eu tirei isso?
Penúltimo capítulo. O próximo é o epílogo. Boa leitura ♥



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— James, acorda.

Ele estava ciente de que Remus tentava chamá-lo havia pelo menos uma hora, enquanto que Sirius e Peter já tinham desistido, nem estando mais lá.

— Me deixa em paz, Moony — por fim respondeu, escondendo o seu rosto por baixo do travesseiro.

Assim que silenciou-se, sentiu a pressão da cama diminuir, indicando que Remus tinha levantado-se de seu lado.

— A gente se vê na prova, então — o lobisomem disse, inseguro se deveria mesmo deixá-lo, mas decidiu fazer como os outros dois, a porta batendo indicava a sua saída.

James queria conseguir voltar a dormir, mas não tinha pregado o olho desde que o vira tempo quebrou-se. Pela primeira vez, o seu corpo não sentia vontade alguma de descansar, como que querendo castigá-lo.

Bem, certamente alguém queria castigá-lo. O vira tempo não era de Lily, nunca foi e nunca seria. Ela nunca teve um. Era quase que ridículo ele ter pensado nessa possibilidade, sabendo o quão difícil era conseguir um pelo Ministério, e como os sangues puros do alto escalão poriam em dúvida a responsabilidade de uma nascida trouxa, mesmo que a professora McGonagall insistisse muito.

Isso era mais frustrante do que todos os dias dos últimos anos em que passou tentando transformar-se em animago para poder ajudar Remus, sem sucesso. Quando ele sabia que seria um processo demorado, mas mesmo assim esperava que tendo um pai pocionista ajudasse. Ajudou, mas as vezes em que Sirius não tinha conseguido deixar aquela maldita folha na boca por querer trocar salivas com as garotas pelos corredores de Hogwarts, as vezes em que Peter engoliu a folha por acidente durante uma refeição, e as vezes em que todos acabavam decidindo recomeçar, apenas para que todos se transformassem ao mesmo tempo.

Tudo isso tinha sido um grande desafio na vida de James, só não se comparava àquele inferno que estava vivendo.

Nunca mais pensaria que gostaria de parar no tempo ou que gostaria de repetir algum momento. Definitivamente soava bem pior do que se acreditava.

Ele não era do tipo que ficava por semanas deitado na cama, desistindo de tudo. Lily Evans era a prova daquilo, e como era, mas não tinha como continuar lutando por ela quando a cada dia ela se esquecia do que acontecia no anterior. Mesmo que fizesse algo certo, um namoro não acontecia em 24 horas.

Pela primeira vez, não conseguia encontrar uma saída. Mesmo falar com Dumbledore era uma decisão utópica. Como ele poderia resolver a sua situação antes do fim do dia? Era um bruxo poderoso, mas nem ele tinha um vira tempo.

Nem Merlin ou os fundadores de Hogwarts teriam.

Era um pouco louco pensar em usar um vira tempo quando estava no meio de um loop temporal. Seria o mesmo que procurar por um ventilador no meio de um furacão.

Sim, era uma boa definição.

Olhou para o relógio em cima da mesa. Já tinha se passado o almoço e estaria a poucos minutos de começar a prova. Voltou a abaixar a cabeça, fechando os olhos.

Sua mãe sempre dizia para que tentasse visualizar coisas boas quando estivesse muito difícil de dormir, quando as mortes dos jornais se tornassem demais para suportar. Imaginou a sua mão delicada acariciando os seus fios para fazê-lo dormir, aquele anel enorme que ela não tirava do dedo batendo em sua orelha, como sempre acontecia.

Seria tão bom visitá-la, sentia tanto a sua falta, e sua falta nem faria diferença naquele dia. Ele já tinha feito a prova duas, três vezes, nem conseguia lembrar-se da conta exata.

Perdido no tempo.

Em um loop.

Um enorme furacão chamado Lily.

— James? Você está se sentindo bem?

Ele resmungou, sem conseguir mover-se, sem ter vontade para isso.

Estava frio e a cama estava bem quente.

— Eu acho que ele está com febre. Chame Papoula.

Febre?

Ele estava ótimo.

Só com um pouco de sono.

Quem era Papoula mesmo?

Ele voltou a dormir.

Aquele tinha sido um sonho bem estranho. Ele estava sentindo-se melhor. Nada como um bom descanso para renovar as energias, mas ainda não se sentia recuperado a ponto de voltar com os planos loucos de mexer com o tempo.

Mais do que já estava mexendo, no caso.

Ele abriu os olhos, sem sentir a luminosidade impedi-lo disso. Estava escuro lá fora e o dormitório estava vazio. Assim que sentou-se, sentiu um pano cair da sua testa.

Não tinha sido um sonho?

Mas como era possível? As pessoas não pegavam febre de qualquer jeito!

Certo, ele estava um bom tempo sem dormir.

Certo, ele não tinha comido.

Mas não era assim que os ursos faziam? Hibernavam por meses e ficavam bem protegidos? Faltou a parte da adiposidade e da comida, mas era uma simulação quase perfeita.

Passou a mão na testa, tentando organizar-se no meio de seus pensamentos confusos.

Aquele lance do loop temporal era delírio?

Sentiu esperanças, que foram quebradas assim que ele viu a porcaria do calendário do lado da cama de Moony. Ele nunca esquecia de marcar a data passada, calculando o quanto faltava para a lua cheia.

Se fosse lua cheia naquela época, ele teria condenado o seu amigo a passar por aquilo em um loop infinito. Um pesadelo interminável.

Não, ele não. Ele nunca pediu para consertar um erro que cometeu ou o que fosse que o levou até aquele presente momento.

A porta do quarto se abriu e Sirius o olhou parecendo que iria chorar de tanto alívio.

— Prongs! Você está bem! — ele foi abraçá-lo.

— O que houve?

Apesar da energia, a sua cabeça parecia ainda grogue.

Vai ver o tempo naquele loop — que ranço começava a pegar da palavra — fez com que seu cérebro começasse a se derreter. Coisas horríveis aconteceram com bruxos que mexeram no tempo.

As más línguas diriam que não haveria diferença ou cérebro para derreter.

— Você estava passando bem mal. Por que não nos contou? — Sirius deu bronca nele — Poderíamos ter pedido ajuda.

— Eu não estava passando mal antes.

James voltou a olhar para a janela.

— Que horas são? — ele perguntou.

— Hoje escureceu mais cedo — comentou Sirius, olhando na mesma direção que ele — Quase hora do jantar. Eu vim aqui para ver se você tinha acordado...

Resolveu não dizer nada, mas achou graça, imaginando os amigos combinando turnos e correndo para o dormitório masculino a cada intervalo entre aulas, chegando atrasados sem a menor culpa, apenas para ver se ele já tinha acordado.

— Uma pena que você não escutou nada do que dissemos — Sirius continuou falando — Moony disse que isso só acontece com gente que está em coma, mas você estava tão pálido que eu não duvidava...

— Não exagere — disse James, sem ter muita certeza se estava tão mal quanto ele dizia.

— Lily esteve aqui.

Ele levantou as sobrancelhas tão altas que elas deveriam ter sumido sob o seu cabelo.

— Evans? — repetiu, confuso — O que ela faria aqui?

Dessa vez, foi Sirius que demonstrou surpresa.

— Desde quando você a chama de Evans? — ele perguntou.

Desde que ele tinha vivido aquele mesmo dia mais de uma vez.

— É, parece que a febre foi forte — Sirius brincou.

Ele gostava mesmo de um pouco de humor negro.

— Pois é — James sorriu.

— Você disse que não estava passando mal antes, então... O que aconteceu? — Sirius ficou sério — Você não parecia estar apenas com muito sono. Na verdade, parecia que você nem tinha dormido.

— Eu não quero falar sobre isso.

Ele pareceu um pouco magoado pela recusa, mas não insistiu.

— Você perdeu a prova de DCAT — Sirius tentou mudar de assunto.

— Isso já aconteceu alguma vez na história de Hogwarts? — James perguntou — No mundo trouxa, tem segunda chamada.

— Nem imagino como você sabe disso. Mentira, isso tem um nome.

Novamente, aquele assunto que estava tentando evitar.

Parecia até que toda conversa que tinha com seus amigos envolvia Lily.

— Vocês brigaram ontem? — Sirius perguntou, notando a sua expressão estranha — É por isso que você não queria levantar da cama? Você já passou por isso outras vezes, mas a febre... Você preocupou até a McGonagall, cara.

— Não que isso seja muito difícil.

— Brigar com a Lily ou preocupar a McGonagall?

James suspirou.

— As duas coisas — disse, por fim.

Remus entrou no dormitório, parecendo aliviado por ver James acordado.

— Você já se sente melhor? — ele perguntou.

— É, eu acho. Talvez eu só volte a dormir — respondeu, dando de ombros.

— Você não comeu nada o dia inteiro — Remus comentou, franzindo o cenho — Quando acordar amanhã, estará completamente debilitado.

— O jantar já deve estar quase acabando — disse Sirius — É melhor irmos pegar algo para você comer...

— Não, eu vou. Caminhar um pouco... — James deu de ombros novamente.

Dali a alguns minutos resetaria tudo mesmo. Não queria passar os últimos minutos do dia com os seus amigos incomodando-o por não comer. Ou estar no meio de uma refeição e “acordar” na cama, essa opção com certeza era bem frustrante de imaginar-se.

— Quer que a gente vá contigo? — perguntou Remus.

— Eu não vou desmaiar — ele retrucou, levantando-se da cama.

Antes de sair do quarto, pegou o mapa do maroto de cima da mesa de cabeceira, não querendo que eles ficassem vigiando-o por lá. A qualquer momento que ficasse parado em um canto, pensariam que precisava de ajuda, e não se sentia confortável com isso.

O que a Evans tinha feito no seu quarto?

Tinha sido a sua voz que escutou mais cedo?

Não, ela não trataria a Madame Pomfrey com tanta intimidade... Isso parecia mais a professora McGonagall.

Então tinha sido ela a chamá-las?

Ou talvez McGonagall pediu para que Lily tomasse conta dele, já que era monitora. Sim, talvez fosse isso. Embora... Remus também era monitor. E não precisava realmente da sua ajuda, se todos os seus amigos tinham ido até lá periodicamente para saber se ele estava bem.

Evans nunca fazia muito sentido.

Supunha que nem ela gostaria que ele morresse.

Concentrou-se no seu ponto do mapa, podendo mover-se sem dificuldades sem a capa da invisibilidade. Não precisou desviar de Filch ou dos monitores. Não é como se estivesse fazendo algo de errado, já que ainda devia ser a hora do jantar.

Até que viu o nome “Lily Evans” saindo das cozinhas.

— Malfeito feito — James apontou a varinha para o mapa a tempo.

Assim que guardou-o nas vestes, viu Lily virando o corredor, em sua direção.

Ela parou de caminhar, quando o viu, parecendo surpresa por ele estar ali, enquanto levava um copo de suco e um prato de pudim.

— Não devia estar no Salão Principal? — não pôde evitar perguntar.

— Não devia estar na cama? — Lily retrucou, parecendo bem humorada — Você parece ter passado uns maus bocados mais cedo.

O que tinha dado nela?

— Algo assim — ele respondeu — Obrigado por... Bem, eu não sei direito o que você fez, só que esteve lá, mas obrigado mesmo assim.

— De nada por ter feito algo que você não tem ideia — Lily riu — Suco?

— Não, obrigado. A gente se vê, Evans.

Ela fez uma expressão surpresa, enquanto ele passava ao lado dela.

Fez cócegas na pera do quadro, vendo por rabo de olho que Lily ainda estava parada no meio do corredor.

— Sabe — ela virou-se para ele —, seria melhor se eu ficasse de olho em você. Não queremos que saia desmaiando por aí.

— Você está de bom humor — James disse, passando pela moldura do quadro — Isso é normal em uma semana de provas?

— Talvez seja porque não tive motivos para me estressar hoje — Lily seguiu-o — Seus amigos não aprontaram nada, já que você esteve doente.

— Isso é um pedido para que eu fique doente mais vezes?

James teve que desviar a sua atenção para os elfos que foram para perto dele, perguntando o que ele queria comer.

— Não, eu só... Queria dizer que está no caminho certo — ela sentou-se no banco de madeira, tomando um gole do seu suco de melancia.

— Caminho certo? — ele repetiu, pegando um pedaço grande da torta de carne e rins que um elfo o oferecia — Para quê? Ser monitor chefe?

Lily não respondeu, apenas rindo.

— Como assim Sirius não fez nada hoje? — perguntou James, sentando-se em frente à ela — Pensei que ele tinha dito ter discutido com Snape.

Ela franziu o cenho.

— Severus não me falou nada disso.

Oh!

Com a sua febre, os seus amigos não tiveram tempo para provocar Snape. E, portanto, ele não chamou-a de sangue ruim. Sendo assim, eles ainda eram amigos.

— Ele devia estar me falando de outro dia, então — James tomou um gole do suco de abóbora, tentando não deixar tão claro o quão chateado estava.

Então, talvez essa fosse a resposta: Lily e Snape precisavam continuar amigos e ele tinha atrapalhado aquele ciclo natural da vida, quando implicou com ele no dia anterior.

No dia seguinte, tudo voltaria ao normal e ele nunca mais falaria com Lily Evans outra vez.

— Está tudo bem com você? — ela perguntou, parecendo notar algo em sua expressão.

Por que ela tornava tudo mais difícil?

— Sim, está, Evans — ele abaixou a cabeça, resolvendo que não deveria desperdiçar a comida dos elfos.

Comeram em silêncio por alguns minutos. Um silêncio incômodo.

— É muito estranho te escutar me chamando de Evans — ela comentou.

— Parece que todos os seus sonhos estão se realizando, não é?

Lily não parecia mais tão bem humorada quanto antes.

— Bem, amanhã você volta ao normal — ela deu um sorriso forçado.

— Não precisa se preocupar com isso — James levantou-se, deixando o prato vazio em cima da mesa e saindo sem agradecer.

Ele não estava com humor para isso. Só queria voltar para o seu dormitório e dormir até o dia seguinte.

— Potter — Lily foi atrás dele.

Olhou-a, tentando não demonstrar nenhuma emoção.

— Como você faltou na prova hoje, terá que fazê-la assim que a semana acabar, após a última prova — ela avisou, na sua voz de monitora — McGonagall pediu para te avisar.

— Obrigado. Tenha uma boa noite.

Ele voltou a caminhar em direção ao Salão Comunal, sem preocupar-se em pegar o mapa para ver se o caminho estava livre.

— Eu fiz algo de errado?

James olhou para Lily, incrédulo, parando de caminhar.

— O quê? — perguntou, sem conseguir acreditar.

— Eu fiz alguma coisa de errado? Você está chateado comigo? — Lily perguntou, aproximando-se dele — Você parece magoado.

— Você nunca se importou comigo — retrucou.

Ela pôs uma mecha de seu cabelo, que voava para o seu rosto, atrás da orelha.

— Isso não é verdade. Eu só... Se você não tivesse implicado tanto comigo e com Severus nos últimos anos, tenho certeza de que teríamos uma relação mais pacífica.

E o quê? Os três seriam melhores amigos?

Quase questionou isso para ela, debochado. Sentia tanta raiva, uma vontade real de magoá-la, feri-la com suas palavras, assim como a realização do motivo do loop temporal ter acontecido o machucou.

— Como você mesma disse, amanhã eu volto ao normal — disse James — Então eu tomaria cuidado com o que diz. Você não quer que eu me aproveite que se preocupa comigo para conseguir um encontro a Hogsmeade.

— Pare com isso.

Ele ignorou-a, voltando a caminhar. Dessa vez, com pressa para chegar ao seu quarto.

— Não vire as costas para mim! — Lily quase gritou, sem se importar que já tinha passado do horário de recolher.

É claro que não se importava, ela era monitora.

— Então diga de uma vez o que você quer, Evans! — ele quase gritou também.

Era demais suportá-la tão perto e tão longe ao mesmo tempo, pedindo por sua atenção ao mesmo tempo em que desprezava os seus sentimentos.

— O que eu quero? — repetiu Lily.

— Uma hora, você está implorando para que eu te deixe em paz. E agora você fica aí, reclamando que eu resolvi obedecer — James retrucou, irritado — O que você quer? Uma carta de despedida? Que eu me afaste aos poucos para que possa se acostumar?

— Eu quero que você... — ela pareceu perder a coragem.

Ele negou com a cabeça, voltando a caminhar.

Estava cansado de discutir.

— Eu quero que você seja você mesmo, James!

Que tipo de brincadeira era aquela?

Ela nunca tinha o chamado de James.

— Não quem você tenta ser para agradar aos seus amigos ou tentar me impressionar. Eu quero que você seja o amigo que se transformou em animago para ajudar Remus...

Antes que ela pudesse completar a frase, ele foi rapidamente até ela para cobrir a sua boca.

Tinha enlouquecido? Ia gritar para toda Hogwarts que eles eram animagos ilegais e que Remus era um lobisomem?

— Você enlouqueceu? — ele sussurrou, os olhos arregalados.

— Desculpe-me — ela disse, a boca tremendo.

— Você não me conhece.

— Eu quero. Conhecer quem você realmente é.

James continuou olhando-a, sem entender, quando escutou passos.

— Lily? O que está acontecendo aqui?

Ele afastou-se dela, como se tivesse levado um choque.

Snape olhou-o com raiva, enquanto aproximava-se dela.

— O que ele te fez? — ele perguntou a ela.

— Ele não me fez nada — Lily replicou, sem tirar os olhos dele.

Aquele era o momento pelo qual estava passando pelos piores dias da sua vida.

O motivo pelo qual não poderia dar certo.

Tinha conseguido separar Lily de Snape por um dia, e as consequências daquilo... Não lidaria com aquilo novamente. Ele não iria deixar os seus sentimentos o traírem outra vez.

Sem dizer uma palavra, tentou afastar-se, como tentou fazer toda a noite.

Afastar-se dela.

— Espera aí!

— Severus, não.

Ele sentiu o impacto nas costas, derrubando.

— Pare com isso! — Lily gritou, sem importar-se se escutariam.

— Eu vi a mão dele na sua boca! — Snape exclamou — Estava tentando te calar, planejando fazer sabe-se lá o quê se eu não tivesse chegado.

— Se você não tivesse chegado? — repetiu Lily, chegando perto de James — Se você não tivesse chegado, eu continuaria tendo uma conversa agradável sem partir para a violência.

— Conversa agradável? Com o Potter? — ele fez uma careta — Você me disse que o odiava!

Lily não respondeu a essa acusação, parecendo procurar alguma mancha de sangue na blusa dele, que tentava se levantar do chão.

— Lily? — Snape exigiu.

— Eu estou cansada de você me cobrando! — ela reclamou — Qual é o problema? Por que eu tenho que escolher um lado? Por que eu não posso ser amiga de mais de uma pessoa?

— Amiga dele? Ele debocha de você, te desrespeita com esses convites para Hogsmeade. Ele me azara! Você só brigam!

James segurou a vontade de devolver o feitiço. Seria mais fácil assim, Lily voltaria à sua atitude normal, odiando-o por machucar o seu melhor amigo. Mas se aquele loop tinha sido causado por causa de uma brincadeira com Snape, ele não queria nunca mais tocar em um fio de cabelo daquele sonserino.

— Você anda com pessoas ruins e nem por isso exijo que você escolha entre nós — Lily argumentou.

Ela realmente pensava que aquele era um bom plano? Ser amiga de Snape e dele?

— Não, mas eu exijo. Ou você é minha amiga, ou não é — ele disse, cerrando a mão em punho — O que você escolhe, Lily?

Ela ajeitou-se, já que antes estava inclinada para ver como James estava, olhando-o desafiadoramente.

— Eu escolho a mim — respondeu, firme — Escolho poder escolher os meus amigos. Escolho os amigos que não acham que mandam em mim.

Snape ficou em silêncio, vendo que ela não acrescentava mais nada. E então deu as costas, sem dizer mais nada.

Que que tinha acabado de acontecer ali?

Lily Evans tinha discutido com Snape em defesa dele?

— Você está bem? — ela perguntou a ele, parecendo preocupada — Talvez devêssemos ir até a Madame Pomfrey. Você mal saiu da cama e já se mete em uma briga.

Ele só podia estar sonhando.

— Estou. Eu só quero voltar para o Salão Comunal — James respondeu, decidindo tentar agir normalmente.

Completamente ao contrário de como a sua cabeça estava naquele momento.

Era algum tipo de sonho?

Outro delírio?

— Tudo bem — Lily parecia aliviada.

Embora não tivesse oferecido o seu ombro para que ele se apoiasse — o que agradeceu, não precisava de mais contato físico naquele momento —, ficou atenta aos seus passos, como se temesse que ele tropeçasse ou desmaiasse no meio do corredor.

— Você deveria falar com ele — disse.

— Snape? — Lily perguntou, surpresa — Não. Essa discussão só foi mais uma de muitas.

Eles não eram os amigos perfeitos? Não entendia.

— Os amigos dele são futuros Comensais da Morte — ela explicou, parecendo ver a sua confusão — Todos sabem disso, é claro, mas... Ele os defende. Defende o que fazem. Não faz sentido ele ser amigo deles, agir como eles, e me tratar diferente dos outros. Eu sou uma nascida trouxa, não deveria haver uma distinção.

— Ele gosta de você — deu de ombros.

Jamais imaginaria que estaria tendo aquele tipo de conversa com Lily.

— Não, eu acho que não. Ele me idealiza. É um pouco assustador — ela murmurou.

— Tem certeza de que não está falando de mim?

Lily revirou os olhos.

— Agora, eu não estava te defendendo — pararam em frente ao quadro da Mulher Gorda — Deixemos isso bem claro.

— Óbvio que não estava.

Ela sorriu, dizendo a senha para o quadro e entrando antes dele no Salão Comunal.

— Boa noite — Lily abaixou-se para pegar a sua mochila, que estava em cima do sofá.

— Lily.

Ela parou o que estava fazendo, olhando-o curiosa.

— O zíper tá aberto — James apontou para a parte da frente da mochila — Não queremos que o seu tinteiro caia e quebre.

— É verdade, obrigada.

Engoliu em seco quando ela passou em sua frente, subindo as escadas do dormitório feminino.

— Boa noite — ele respondeu.

— Eu já disse — Lily sorriu, claramente brincando.

James olhou para o relógio em cima da lareira.

Nossa! Já estava bem tarde.

Sentiu-se completamente exausto e decidiu, por motivo desconhecido, que subir as escadas era muito trabalho.

Fechou os olhos assim que sua cabeça deitou-se na almofada vermelha e dourada do sofá do Salão Comunal.


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Notas finais do capítulo

Como se sentem sabendo que só falta mais um capítulo?