Fallen Angels escrita por Erin Noble Dracula


Capítulo 16
O Livro




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P.O.V. Kalique.

As palavras daquele livro faziam mais sentido do que qualquer outra coisa.

—Onde Romeu arrumou esse livro?

—Ele disse que foi numa biblioteca, mas eu tenho sérias dúvidas.

—Porque?

—Porque a maneira como está escrito, as palavras utilizadas são muito antigas. A linguagem é muito arcaica.

—E dai Balem?

—E dai? Eu procurei o nome desse livro e adivinha como chama?

—Não sei.

—Bíblia Sagrada. Sabe quantos exemplares desse livro existem?

—Quantos?

—Milhares, mas nenhum igual a esse. Ele contém junto o que os humanos chamam de Velho Testamento e Novo Testamento. Geralmente são vendidos separadamente, são separados em dois livros diferentes, mas nesse ai...

—Tem os dois juntos. O livro veio dela, da Princesa.

—Obviamente.

—Mas, porque ela nos daria esse livro?

—Eu não sei, mas pelo que eu soube existe sempre um propósito para tudo o que ela faz.

—E qual é o propósito?

—Eu não sei. Ironicamente cabe a nós descobrir.

—Muito conveniente.

—Mas, depois de ler esse livro eu me senti...

—Culpada. A palavra que está procurando Kalique é culpada.

—Porque fez isso Romeu? Porque ela fez isso?

—Porque nós estivemos mortos por milênios. Agora percebo isso. Tão... insensíveis, indiferentes, intolerantes. A nossa humanidade estava morrendo.

—Você acha isso?

—Eu tenho certeza. Qual foi a última vez que riu, que sorriu de verdade? Que se sentiu feliz? Que sentiu algo de fato?

Eu não tinha resposta.

—Eu não quero viver pra sempre, porque percebo agora que viver pra sempre não é viver é existir. Nós andamos, comemos, falamos, nadamos no mar mas somos fantasmas. Estamos mortos por dentro.

—Você ta certo. Romeu, você tá certo! Todo esse tempo não pudemos ver, como pode ser? Como pudemos ser tão cegos?

—As vezes é necessário alguém de fora para ver o que está errado do lado de dentro.

—Eu vou sair.

—Onde vai?

—Começar a socializar com os humanos. As mulheres humanas mais especificamente.

—Onde?

—Salão de beleza. O lugar que as mulheres da alta sociedade humana passam maior parte do seu tempo.

—Se encontrar com Alexandra lá...

—Eu digo que mandou um oi.

—Diga que eu a amo e que sinto a falta dela.

—Eu posso até falar, mas se ela vai acreditar são outros quinhentos.

Assim que cheguei ao Centro de Estética as mulheres me olharam torto.

—Deixem ela. O que ela fez no passado não pode ser alterado, o que ela pode fazer é ser melhor daqui pra frente.

—Alteza.

—Vamos começar de novo tá? Uma nova chance. Oi sou a Alex.

Ela me estendeu a mão.

—Kalique. Mas, pode me chamar de Kali. Então... o que tem pra fazer de bom aqui?

—Tudo o que você imaginar. Eu vou fazer massagem, quer me acompanhar?

—Claro. Será uma honra.

Nós tiramos nossas vestes e haviam outras três moças lá.

—Kali, essas são as minhas amigas. Rainha Susana Pevensie, Princesa Mia Thermopolis Rinaldi e a Princesa Tamina de Alamut.

—Senhorita.

—Deita ai e relaxa.

As massagistas eram... divinas. Elas saíram e nós colocamos roupões.

—Onde vamos agora?

—Banho de lama.

As funcionárias prenderam nossos cabelos, nos vestiram com trajes de banho e nos colocaram em banheiras cheias de lama.

—É viscoso.

—É mágica. Todas as esteticistas e funcionárias daqui são bruxas e todos os tratamentos envolvem magia.

—Interessante. Elas também viajam no tempo como você?

—Não.

O Centro era um lugar extremamente luxuoso, o piso era de mármore, as banheiras de louça. As cortinas bordadas, as funcionárias muito bem vestidas.

Nós ficamos uma hora imersas naquela lama, mas a lama de Alex era a única que soltava fumaça.

—Porque a dela solta fumaça?

—Porque a temperatura é muito mais alta que a da nossa.

—Porque?

—Porque ela é um dragão. Dragões reagem muito bem ao calor extremo.

—Pensei que fosse uma anjo bruxa.

—Também. A mãe dela é uma bruxa nascida numa linhagem de viajantes e de dragões. Uma mãe de dragões só nasce uma vez a cada... mil e tantos anos.

—E ela é? Uma mãe de dragões?

—Sim.

Nós saímos e tiramos a lama da pele. Alex tirou na água fervendo e a pele dela ficou lustrosa, sedosa.

—Começo a entender o negócio do calor.

—Esse tratamento nós vamos fazer em salas separadas. Nós vamos numa das salas e a Alex vai na outra.

—Porque?

—Porque as almas humanas são como uma bomba atômica, mas a alma de um anjo é como um bilhão de bombas atômicas, se a mulher que aplica o tratamento não souber mexer direito com a energia da Alex, ela pode explodir tudo num raio de quilômetros indefinidos.

—Vão mexer nas nossas almas?

—Não, na nossa energia vital. Que vem da alma. Elas vão equilibrar nosso campo energético, desbloquear nossos chacras.

Depois que o tratamento acabou eu me senti mais relaxada, até um pouco sonolenta. Para fechar a sessão de tratamentos fizemos máscara facial, unhas e cabelo.

Combinamos de sair amanhã ás compras.

—Diga ao seu irmão que eu recebi o recado dele. Mas, confiança é como um espelho você pode concertar, mas sempre vai dar pra ver o racho na porcaria do reflexo.

—Menina isso foi cruel!

—Mas, é a verdade.

—É. Mas, ainda assim é cruel.

—Melhor dizer a verdade e ser cruel do que mentir e ser gentil. Porque quando você é pego mentindo as coisas vão ladeira abaixo.

—Eu reconheço uma indireta quando ouço uma.

—Não foi uma indireta, é a verdade. O sol, a lua, a verdade. Três coisas que não ficam ocultas por muito tempo.


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