As estrelas pontilhavam o céu noturno pouco iluminado pela lua, sob o qual as pessoas que ainda circulavam pelas ruas tentavam se proteger do frio cortante que atravessava a noite de dezembro. O clima gelado do lado de fora, entretanto, não influenciava em nada no clima que tomava-os no quarto abafado.

O calor que seus corpos emanavam era muito mais notável do que a brisa gélida que entrava por entre as frestas da janela entreaberta; os lábios unidos com gosto de vinho lhes eram muito mais interessantes do que a movimentação ainda grande pelo distrito; e suas vozes ofegantes pareciam muito mais atrativas que os diversos barulhos noturnos da cidade. Os beijos que os deixavam sem ar eram a única coisa que abafava os suspiros e gemidos que ecoavam no ambiente, e o roçar de suas peles e longos cabelos de ambos era a única que lhes arrepiava.

Ela estava finalmente enxergando que poderia redescobrir a felicidade ao lado dele; e ele estava finalmente cedendo aos próprios anseios que lhe perseguiam desde quando a conhecera.

Como haviam chegado àquele ponto ou o que fora o estopim para iniciarem aquela noite, na qual antes tinham o objetivo de apenas jantarem como bons amigos e companheiros de conversa, já não importava mais. O que estavam vivenciando naquele exato instante parecia muito mais importante do que coisas banais como essas.

A verdade era que nada além daquele mundo único que descobriam juntos lhes interessava naquele momento. Enquanto seus corpos exploravam-se unidos, a única coisa que lhes vinha na mente era o quanto agradeciam ao vinho degustado mais cedo no jantar. Se era certo ou errado, deixariam para quem quisesse julgar que julgasse; eles mesmos não estavam interessados nisso. O único interesse partilhado por ambos era o quanto queriam repetir aquelas doses, quantas vezes fossem necessárias para se sentirem plenamente satisfeitos e felizes.

Porque, naquela noite, Katsura e Ikumatsu descobriam que não se importavam com nada além de seus nomes sussurrados pelas vozes entrecortadas um do outro. Apenas aquilo já lhes bastava para terem a certeza de que jamais se arrependeriam de terem cedido aos seus desejos.