Minha garota escrita por Moonpierre


Capítulo 1
Minha garota


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Estava tentando escrever algo maior, mas, saiu esse texto kkkk
Quero ouvir suas opiniões ♥
Beijos ♥



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Música.

Melodia se espalhando pelo bar, causando um arrepio que perpassa todo meu corpo. Essa sensação durou alguns minutos de puro êxtase.

O som me preenche, e desejo que ele nunca mais saia da minha mente. Gostaria de recordá-lo durante toda minha existência.

Sua voz possuí algum tipo de poder sobre mim. Forte, doce, enquanto respira nos intervalos.

Isso foi algo que sempre pertenceu a você, e te define tal qual o meu hábito de escrever incessantemente.

Seus olhos me observam, penetrantes, dignos da sua lua em escorpião.

É impressionante o modo como você me faz sentir, estamos rodeadas de pessoas, mas parece que a canção é só para mim.

Que flerte barato.

Suas roupas pretas justas me permitem observar as formas de seu corpo.

Ah, como eu te desejo!

Se pudesse, simplesmente te empurraria na parede, e te beijaria com ardor, mordendo teus lábios com esse batom vermelho tão sexy.

Sussurraria: "quer se divertir hoje à noite?".

Seus olhos castanhos continuam me analisando.

As palavras em inglês saem da sua boca com maestria.

"Well I guess you'll say

What can make me feel this way

My girl (my girl, my girl)

Talking about my girl (my girl)"

Querida, desculpe.

Nesse momento parei de me focar na sua voz, e estou pensando em você comigo. Sem roupas, de preferência.

Como consegue ser tão sensual assim?

Será que é seu mapa astral? Lilith, marte e vênus em leão.

Ou será sua experiência em ser esse misto de mistério fascinante?

Sinto um toque no meu ombro, e solto um palavrão. Isso me assustou. Estava imersa no espetáculo.

—Você não para de observá-la — meu amigo Henrique comenta, sorrindo maliciosamente.

—Quem não olharia? — devolvo, mordendo os lábios, já a encarando novamente.

—Se só quer sexo, não dê em cima de Samantha — ele avisa, áspero.

Levanto uma sobrancelha.

Está tão óbvio que estou pensando na bunda nua dela em cima do meu colo? Nas palmadas que daria? Nos meus dedos dentro...

O pensamento fica em estado inconclusivo, pois logo Henrique abre a boca novamente.

Deveria ir no banheiro do karaokê. Teria privacidade lá.

Ou poderia sair daqui. Voltar para casa.

—Não vou admitir isso — ele declara.

—Como? — interpelo.

Ele deve estar com ciúmes. Estou sempre transando com uma mulher diferente a cada semana.

—Samantha é sensível, e é minha amiga. Não quebre o coração dela, Brianna — ele continua.

—Você acha que só quero transar com ela? — pergunto — Sammy também é minha amiga, e é uma amiga heterossexual, caso tenha esquecido. Logo, esse plano não está na lista dos "possíveis a serem realizados".

Henrique balança a cabeça vagamente.

—Disso, não sei muito bem — afirma.

—Claro que é — digo novamente — cem por cento hétero! — suspiro, com tristeza.

Samantha saiu do palco, e veio se juntar a nós. Percebo a garrafa de vinho em sua mão, e a taça. 

Ela se senta bem ao meu lado, sem antes bagunçar meu cabelo curto.

Eu tenho uma relação de amor e ódio quando ela faz isso.

Me sinto tão... indefesa. Acho que essa é a palavra.

Outras pessoas foram cantar. Algumas cantam horrivelmente mal, acho que deveriam ser proibidas de entrar em bares de karaokê!

Nada contra o "livre árbitro", mas destruir os tímpanos dos ouvidos alheios é crime!

Foi por causa dessa falta de talento que Henrique foi flertar por aí, deixando-nos sozinhas.

A garota de cabelos escuros, e batom vermelho sexy, bebe vinho ao meu lado. Lentamente. Apreciando o gosto.

Que delícia.

Ela vira o rosto, e me fita. Estremeço.

—Quer se embriagar? — já está me oferecendo a taça.

—Certamente — replico, e começo a tomar alguns goles.

Ela coloca uma das mãos, delicadamente, em cima do meu braço.

O contato visual não foi embora.

Logo, Henrique chega. Acho que ele foi encher a paciência de alguma mulher com silicone – nada contra, peitos são bonitos de qualquer maneira.

Deve ter recebido um "não", pois parece meio chateado.

—Vamos embora?

Nós duas nada falamos.

—Com licença — Samantha se aproxima de mim. Muita proximidade — posso tomar mais vinho? Ou vai ficar com minha taça? — ela sorri abertamente.

Fico vermelha.

Todo esse contato visual.

—Claro... — engulo em seco, entregando-lhe a bebida.

Ela coloca a taça na boca, e bebe com uma expressão de prazer, mirando meus lábios.

Depois desvia, e dá um leve sorriso.

—Já volto, vou pegar mais bebida — explico, me afastando.

Pago uma tequila, e quando estou voltando ouço:

—Brianna está cada vez mais bonita. Viu o cabelo dela? — é a voz de Samantha — Está azul! Cabelos coloridos são tão lindos.

Ele revira os olhos.

—Ainda não sou daltônico. Sei qual é a cor do cabelo dela — Henrique fala sendo grosso.

—O estilo dela me deixa louca — ela degusta mais vinho — queria ser assim, ou...

Samantha interrompe sua fala.

—Ou o que? — indaga Henrique, visivelmente curioso.

—Ou estar com alguém tão bad girl quanto ela. Imagino que seja divertido. Também penso se eu estaria em alguma das histórias dela.

—Brianna só escreve coisas de lésbica — ele retruca — e muito material +18.

—Não me importo com isso — Samantha diz, dando de ombros — eu gosto de Brianna. Ela é linda, inteligente, e bem humorada.

Fico vermelha. Quantos elogios!

—Posso te perguntar algo pessoal? — indaga um Henrique desconcertado.

—Claro — responde — o que quiser.

—Você é lésbica? — ele questiona sem pudor.

—Pra vocês matemáticos só existe "um mais um = igual a dois"? — Samantha solta uma grande gargalhada — há tantas possibilidades...

—Eu sempre soube que você tinha uma queda por ela — ele afirma — mas você tem que descobrir se Brianna sente o mesmo, ou se ela só quer sexo.

Fico sem fôlego.

Até entendo meu amigo se preocupar com Samantha. Ele não quer que ela sofra, e acabe sentada em um sofá assistindo comédias românticas estúpidas e engolindo uma dúzia de potes de sorvete.

Isso foi o que ele fez quando terminou com a namorada. Sei que ele sofreu bastante, afinal, foi seu primeiro término.

Já eu, desde que terminei com minha primeira namorada, só transo com várias e não ligo emocionalmente para nenhuma.

Só que, caralho, eu não sou uma ninfomaníaca!

E, certamente, sou bem direta quando só "quero sexo".

Não faço joguinhos fingindo que amo alguém, para, depois da primeira noite, nem ligar no dia seguinte.

Aliás, não é só sexo que quero com Samantha.

Acho que já está na hora de eu estar com alguém por quem detenho sentimentos.

Adoro todas as coisas que ela faz, até as mais irritantes, como por exemplo: ouvir músicas antigas de elevador (que odeio), ter um pequeno pavor de falar ao telefone (desligando na minha cara, sem nem atender), não subir escadas rolantes nos shoppings, procurando uma escada normal e me cansando no percurso, ler compulsivamente livros clássicos e chatos, implicando comigo para "ler, que é bom!" (odeio), adorar seus filmes franceses (sem sentido)...

Eu fiquei em choque durante alguns momentos com a frase dela: "Pra vocês matemáticos só existe um mais um = igual a dois? Há tantas possibilidades...". Modo estranho de se assumir bissexual ou pansexual, ou sabe-se lá o que.

Isso me lembra de uma coisa.

Uma indireta que não havia percebido antes.

Quando mudei meu cabelo, ela me confidenciou que eu estava mais bonita que a Emma do filme "Azul é a cor mais quente".

Nunca assisti esse filme, afinal, filme francês... contudo, aparentemente é um filme lésbico. Com boas cenas de sexo.

Bem, não sei se são boas já que nunca assisti — são os boatos.

Como num sopro todas as memórias me vêm a tona.

A maneira como ela se apoiava no meu ombro quando estava cansada.

O dia em que uma flor caiu em cima da minha cabeça e ela recolheu, para depois acariciar meus cabelos.

O jeito como ela sempre me observa, como se estivesse perdidamente apaixonada.

Então, chego mais perto. Interrompo toda aquela conversa.

—Não quero só transar com ela, Henrique — disparo — eu gosto dela de verdade.

—Gosta? — ele fica incrédulo — desde quando gosta de alguém?

—Desde que comecei a prestar atenção em todos os detalhes, em todas as pequenas coisas, que Samantha faz.

Henrique parece satisfeito com minha resposta.

Não irei quebrar o coração da sua amiga, afinal.

A morena sorri para mim.

—Percebeu que cantei a música para você? — pergunta.

—Mais uma daquelas músicas de elevador? — questionei, revirando os olhos.

Ela ri com minha expressão.

—Queria cantar a música do "Arctic monkeys": "I wanna be yours". É exatamente o que sinto por você. Quero ser sua — ela se aproxima de mim.

Acho que o álcool ajuda a desinibir, pois uma garota tímida dessas falando isso...

—Gosto da banda — exclamo.

Poderíamos transar ao som de uma, reflito.

—Cantei "My girl", do Temptations. Portanto, quer ser minha garota Brianna?

—Espere. Isso é algo que eu deveria perguntar! Portanto, quer ser minha garota Samantha?

—Eu sou sua garota — ela me dá um selinho, e depois fica parada na minha frente — e você é minha garota.

Nós duas nos encaramos por alguns momentos, até eu me aproximar mais dela.

Beijo sua boca lentamente, minha língua explorando.

Nem a joguei contra a parede ainda, e ela já parece estar deslumbrada. Como se isso fosse o que desejasse a muito tempo.

Imagino o que irá sentir quando for ainda mais intenso.

—Vocês duas deveriam ir ao motel! — Henrique dá uma bronca — não me façam de vela nesse bar! Estou sozinho!

—Aguente um pouco Henrique — Samantha ordena, calmamente — ou não vai ser padrinho no nosso casamento!

Uma das piadas mais corriqueiras que Henrique faz sobre mim, é que irei me casar em Las Vegas.

Obviamente por causa das strippers.

Ele deve me achar ninfomaníaca mesmo.

—Gosto de jogar cartas — ela sussurra no meu ouvido, no meio do beijo, como se lembrasse da velha piada.

A felicidade me preenche, como a música me preencheu quando ouvi a voz dela.

Se alguém me perguntar: "O que te faz sentir desse jeito?"

Vou responder:

Minha garota.


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