Natsu| Verão

(Junho/21 — Setembro/22)

A rua estava movimentada devido ao início da estação do ano que mais causava divisão de opiniões. O verão começara já com elevadas temperaturas, e com o passar dos dias isso não mudara nenhum pouco.

As crianças entraram de férias e agora, ignorando o calor que fazia na rua, corriam umas atrás das outras, rindo e gritando. Porém, não eram elas que tornavam o local tão mais movimentado. Naquela noite aconteceria o tradicional tanabata matsuri. Para conseguirem arrumar tudo a tempo, era necessário que todos ajudassem.

Naruto fora o primeiro a se voluntariar. Desde que se tornara uma figura pública e querida pela vila, sua presença era sempre muito bem aproveitada e ele nunca a negava. Mesmo sobre o sol quente, carregava peso o tempo todo, ou fazia serviços manuais que lhe arrancavam suor.

Na hora do almoço, todos puderam conferir como era a dinâmica entre o mais recente casal da vila. Hinata foi levar o almoço do seu marido. Eles haviam se casado meses antes e ainda atraíam a atenção de todos quando socializavam na frente deles.

Ela, porém, não se demorou, porque, assim como ele, tinha se voluntariado para ajudar. Junto com Ino e Sakura, arrumava belos arranjos de flores por toda a cidade.

As crianças da academia ninja ainda treinavam, mas muitas pegavam como missão ajudar na arrumação daquele dia tão especial. Com tamanha mobilização da população, tudo acabara pronto antes mesmo do previsto.

Hinata e Naruto se encontraram em casa. Ela já tomava banho, enquanto ele ia comer alguma coisa mais. Para o Uzumaki não importava se haveria muita comida onde iriam, naquele momento, tinha fome e a saciaria.

Quando ela saiu do banheiro foi a vez dele. Naquela noite todos se vestiriam com o mesmo estilo de roupa, a yukata, um quimono muito mais leve que o habitual, perfeito para o clima que estavam. Cada um possuía um desenho diferente, colorido e que mostrasse um pouco da personalidade da pessoa.

O de Hinata havia sido confeccionado por ela mesma. Era pintado por cores entre o azul e o violeta, mesclando em flores e contornos abstratos. Enquanto se olhava no espelho viu Naruto saindo do banheiro já com o seu traje. Ela o havia convencido a pintar também, e o resultado acabara sendo um quimono branco com vários redemoinhos laranja. Sem dúvidas, era o Naruto ali.

Trocaram um breve olhar e sorriram ao mesmo tempo. Mesmo estando há tão pouco tempo juntos, desenvolveram uma comunicação pelo olhar que poucos acreditariam ser possível, levando em conta o quanto demoraram a ficar juntos.

— Não prenda — Naruto falou quando a viu se encarar no espelho mais uma vez. — Gosto do seu cabelo solto.

Aceitando a sugestão, ainda mais porque estava justamente em dúvida do que fazer, Hinata acenou com a cabeça e os dois saíram. A noite já tinha chegado e o clima se tornara muito mais agradável. A brisa fresca que batia no cabelo de Hinata fazia com que ele voasse para trás e, às vezes, para a frente de seu rosto, fazendo com que ela risse.

Naruto apontava alguns lugares que eles poderiam ir depois de comerem. Hinata apontava alguns outros, acenando para alguém conhecido que via no caminho. Todos paravam para ver onde o casal ia. Eles andavam de mãos dadas pela vila, alheios a como ainda eram a novidade. O primeiro casal ninja que se casara daquele grupo.

Sem surpresa, o local escolhido para uma refeição fora o Ichiraku. Ao ver os dois entrarem, o prato favorito de cada um foi dito e eles optaram por diferenciar sentando-se em umas mesas do lado de fora. Como sempre, não demoraram a serem atendidos. Apesar de desconfiar, Hinata nunca tivera coragem de perguntar se Naruto sempre recebia aquela atenção. Ela tinha quase certeza que sim.

Em meio a uma conversa leve sobre como tinha sido o dia, sobre as coisas especiais e engraçadas que haviam acontecido a cada um, eles comeram. Um casal comum aproveitando aquele dia especial.

— O que acha de irmos fazer nossos pedidos? — Naruto a chamou quando enfim terminaram de comer.

— Tem algum desejo especial? — Hinata começou a caminhar ao lado de Naruto, mas estava curiosa quanto aquela questão.

— Na verdade, tenho um sim. — Ele sorriu e só então a olhou. Por um instante Hinata não entendeu.

— Acho que não pode contar.

— Não até que se realize. Você sabe como funciona. — Sem se incomodar com as pessoas que passavam, seguindo para o mesmo lugar, Naruto passou os braços sobre os ombros da esposa. Eles fechavam um pouco o caminho daquela forma.

Ao chegarem perto do local, uma jovem entregava papeis coloridos com canetas. Cada um escrevia o seu desejo e devolviam a caneta, caminhando para os ramos de bambus e amarrando seus desejos ali.

Por alguns segundos Naruto e Hinata ficaram olhando para seus desejos. Um tentava imaginar o que poderia ser o do outro. Ao perceberem isso com uma troca de olhares, deram uma risada baixa e se afastaram de mãos dadas.

Eles foram a todas as barracas que Naruto apontara. Encontraram seus amigos em algumas delas e comeram ou beberam algo com eles. Alguns casais haviam acabado se formando logo após o casamento e agora aproveitavam o festival mais romântico da estação para tornar aquela relação conhecida e oficial, como Ino e Sai.

Na barraca de Ino, ao comprar uma flor para Hinata, Naruto deveria recitar um poema de autoria própria e o resultado fez com que todos acabassem rindo e Hinata ficasse corada. Aquela reação vinha sendo rara, mas quando Naruto lhe chamava de “mulher irresistível e inesquecível”, era óbvio que ela não conseguia evitar.

Foi no final da noite, quando o cansaço começava a tomar conta dos dois, que Naruto a puxou pela mão para uma parte mais alta da vila. Todos começaram a se virar na direção do monte do Hokages. Ele a abraçou onde estavam e, se abaixando um pouco, encostou o queixo em seu ombro.

— Olhe para cima — sussurrou no exato instante em que fogos de artifício tomaram o céu, iluminando toda a vila.

Ouviu-se várias exclamações de surpresa e agrado. Hinata apenas sorriu ainda mais.

— É assim que eu me sinto sempre que te toco, sabia? — Novamente era Naruto sussurrando. Ele falava coisas românticas sem perceber e essa era uma coisa que Hinata gostava. — Fogos de artifício na minha barriga e no meu peito.

— É assim que sempre me senti.

— Ah, agora entendo porque você desmaiava. — Ele riu. Hinata o acompanhou, acenando com a cabeça. — Mas agora que posso, prefiro fazer outra coisa.

Sem esperar uma resposta dela, apoiou a mão em seu queixo, a puxando em sua direção. Hinata virou-se e previu o que viria assim que encarou as safiras brilhantes de Naruto. Os lábios dele lhe tocaram com intimidade e carinho.

E naquele momento eles eram os fogos de artifícios um do outro.