"Finalmente, nós damos
um passo [...] e eu não sei
para onde estou indo, mas
sei que vai ser por um bom tempo."

— Ellie Goulding (Beating Heart)

Era quase fim de tarde do domingo. Hinata terminou de organizar a mochila com todos os documentos necessários, as passagens, algumas poucas roupas e objetos de uso pessoal e o livro. A campainha tocou a garota correu para atender a porta. Recebeu os amigos com um abraço, convidando-os a sentar na sala.

— E então? Qual é o assunto urgente? – Ino perguntou, acomodando-se no sofá.

— Eu vou viajar essa semana. – a morena respondeu, lembrando de toda a conversa que teve com Naruto na noite anterior.

Flashback On

— ... Não vamos poder esperar as provas passarem, né? – questionou com a voz baixa. O rapaz suspirou, sentando ao seu lado.

— Acho que não... – disse, sem direcionar o olhar para a garota – Kurama sabe onde moramos e percebeu que você é forte, isso te torna uma ameaça pra ele.

— O que ele quer afinal? – a Hyuuga perguntou, fitando o loiro.

— Ele é um espirito milenar que odeia os humanos... provavelmente está querendo um corpo físico pra possuir e soltar o inferno na Terra, ou algo do tipo. – Naruto explicou superficialmente.

— Ele parecia te conhecer. – ouvindo Hinata dizer aquilo, um arrepio percorreu a nuca do Uzumaki.

— É... longa história, mas voltando ao assunto principal: você vai querer ir atrás dos fragmentos do espelho ou vai esperar as provas? – fitou a jovem, que por um momento não conseguiu desviar o olhar das safiras do rapaz – A escolha é sua, Hinata. Não vou te forçar a nada.

Flashback Off

— Viajar? Mas e as provas? – Gaara perguntou, estava completamente confuso e não era o único.

— Vou ter que fazer nas recuperações... – a garota respondeu.

— Mas por que isso assim do nada? – TenTen se manifestou na conversa – Hina, o que aconteceu?

— Anh... er... apareceu um problema e eu não posso esperar para resolver mais tarde. – a Hyuuga tentou ser o mais sincera que podia naquele momento.

— Tem algo que a gente pode fazer? – Ino questionou, vendo a amiga fazer um movimento negativo com a cabeça.

— Eu só... quis avisar pra vocês não ficarem preocupados, mas ninguém pode me ajudar agora. – "Ninguém além de Naruto", pensou.

— Falando desse jeito você me deixa preocupado. – disse Gaara, cruzando os braços. As outras também concordaram.

— Gomenasai¹ – foi tudo o que Hinata foi capaz de dizer.

Deixaram a residencia da Hyuuga não muito depois daquela conversa, não havia muito o que falar sobre o assunto e Hinata não diria nada sobre sua viajem ou seu problema.

Os três seguiram para uma cafeteria que tinham costume de visitar após a escola ou quando tinham tempo livre. Era um local pequeno, porém agradável; a iluminação com luses amareladas dava um ar acolhedor; havia duas mesas no lado de fora e uma área no terraço; junto a vitrine tinha três mesas com sofás como assento, já as outras distribuídas pelo estabelecimento possuíam cadeiras de madeira.

Sentaram-se na mesa do canto junto à vitrine, Gaara e Ino sentaram um ao lado do outro e TenTen no banco da frente. O rapaz que lá trabalhava recolheu os pedidos, dois cafés e um cappuccino com panquecas, e se retirou.

— Essa história tá estranha... – comentou Ino, apoiando uma das mãos no queixo.

— A Hinata tá estranha e não é de hoje. – disse Gaara.

— Verdade, já tem uns dias que ela tá assim, cheia de segredos e tals. – TenTen falou, olhando para a rua.

— Fica difícil tentar ajudar desse jeito. – o ruivo suspirou – Me pergunto se vão deixar ela fazer a segunda chamada ou se vão mandá-la pra recuperação.

— Isso seria horrível! – Ino praticamente gritou, assustando o garçom que havia chegado com os pedidos – Desculpe... – pediu com um sorriso sem graça. O rapaz apenas sorriu e deixou as bebidas e as panquecas na mesa – Se ela for direto pra recuperação, a ultima unidade dela vai ir zerada pro histórico escolar.

— Isso não seria nada bom pra quem tá tentando entrar em Konoha. – TenTen comentou, enfiando um pedaço generoso de panqueca na boca em seguida.

— Ou em qualquer universidade. – Gaara acrescentou.

— Não tem nada que a gente possa fazer pra garantir que a Hina não vá pra recuperação? – Ino olhou para os amigos e todos fizeram silencio.

Os próximos minutos foram quietos, apenas o som das xícaras sendo colocadas na mesa e o garfo arrastando no prato impediam que o local ficasse completamente silencioso.

— A gente pode dizer que ela viajo por causa de uma emergência familiar. – o ruivo soltou a ideia. As meninas o olharam, pedindo que continuasse – Bem, se a gente disser que ela está doente vamos precisar de um atestado quando ela voltar, mas se for um problema na família, vai ser só dizer pra ela o que inventamos e na hora é só confirmar.

— É bom saber que tenho amigos inteligentes. – comentou TenTen com um sorriso.

— E o que tem em mente, senhor articulador de planos? – Ino perguntou, tomando o resto de seu café.

— Lembra que a Hina disse que o tio dela morreu quando ela era pequena, bem antes de se mudar pra cá? É só contar essa história pros professores. – o ruivo deu de ombros.

— Pode dar certo, já que ninguém deve saber. – TenTen concordou – Além de que, com essa desculpa ela vai poder fazer a segunda chamada.

— Podemos discutir os detalhes na minha casa. – a loira sugeriu. Todos concordaram e pediram a conta, indo para a casa da Yamanaka após pagar a mesma.

Hinata chegou na estação ao pôr do sol e foi direto para o aeroporto de Nerima. O voo sairia em pouco tempo, então apressou-se em fazer o check-in. Naruto a acompanhou em todos os momentos, mas não falou muito; passou a maior parte do tempo observando os arredores para o caso de Kurama aparecer.

Algum tempo depois de sentar na sala de espera, o voo da Hyuuga foi chamado e a mesma apresentou os documentos necessários para embarcar na aeronave. Sentou numa cadeira praticamente no fim do corredor, perto da janela.

— Você está bem? – o Uzumaki perguntou, falando algo pela primeira vez desde que saíram de
casa.

— Hai... eu só queria poder ter dito tudo pra eles. – ela respondeu, olhando o lado de fora.

— Entendo... mas eles vão ficar bem, não se preocupe. – o rapaz sorriu, tentando tranquilizá-la.

— E nós? – ela o olhou apreensiva – Ficaremos bem? – Naruto suspirou e colocou a mão na cabeça da garota, fazendo um carinho suave.

— Não se preocupe, eu protejo você.