Os ninjas já estavam de pé em segundos e, minutos depois, estavam se reunindo para descobrir o que estava acontecendo, mas foram logo pegos em um forte genjutsu que derrubou a maioria. Os que não caíram no primeiro momento foram arremessados longe com ataques precisos.

Enquanto os peões distraiam os guerreiros, o principal inimigo seguia rumo ao seu alvo na parte central da Aldeia. Sua velocidade era tal que sequer era visto e passou sem problemas pelos shinobis… ao menos pensava que sim.

O estrondo foi escutado até mesmo no hospital acordando aqueles que aproveitavam os poucos momentos de paz no horário noturno. Alguns começaram a organizar os equipamentos, preparando-se para a agitação que certamente se seguiria a batalha que podia ser ouvida por toda a Aldeia.

Mas o que não esperavam aconteceu…

Uma explosão na entrada do hospital arremessou estilhaços por todos os lados, jogando os poucos que estavam na recepção pelo corredor ou contra a parede. Foi somente quando duas médicas se aproximaram da recepção vendo a completa destruição.

— É justamente vocês que eu procurava – disse o homem vestido com um manto negro enfeitado de nuvens vermelhas e uma mascara laranja da qual somente dava para ver seu olho direito.

De repente, o olho dele de negro passou a vermelho e logo assumiu um padrão que pareceu estranhamente familiar a uma das jovens presentes na recepção.

— Cuidado, Hinata! – disse a jovem de cabelos rosados, mas o inimigo foi mais rápido. Nitidamente não querendo usar chakra demais para tentar dominá-las, efetuou apenas um ataque, acertando Sakura.

Ele se preparava para efetuar um segundo ataque quando sentiu ameaça e se esquivou. Três homens se aproximavam em alta velocidade, colocando-se entre ele e as duas jovens mulheres.

— Ora, ora, eu não esperava diversão – ironizou, encarando o homem que vinha mais a frente. – Há quanto tempo, Kakashi?

Os outros olharam para o shinobi mais velho procurando uma explicação, mas ele parecia em choque olhando para o homem a sua frente. Seu chakra era incrivelmente familiar, mas era impossível… Quando pode ver seu único olho visível, seu choque se tornou horror.

— Obito?

— Não uso mais esse nome – disse, puxando sua arma e posicionando-se para o ataque. – Lembra de sua promessa, velho amigo?

— Claro que eu lembro!

— Você não cumpriu. Agora vim cobrar sua divida.

— Fazendo toda nossa Aldeia pagar por minha culpa? – questionou, lutando para voltar a sua postura normal. – Esse não é o garoto que eu conheci, que sonhava em ser Hokage, apesar de todos dizerem que ele era um perdedor, e que traria a paz para esse mundo.

— E você era uma dessas pessoas, não é? Agora vou mostrar o quanto todos vocês estavam enganados.

Kakashi balançou a cabeça em negativa, fechando seu único olho visível.

— Todos esses anos acreditei que estava junto aos outros no outro mundo. O que aconteceu com você?

— Você e sua traição – disse, fazendo uma série de selos e gritou: – Katon: Vendaval dançante…

— Suiton: Barreira de água…

— Isso não vai adiantar, Kakashi – riu o inimigo, mas foi surpreendido quando várias raízes saíram do chão e avançaram em sua direção, fazendo-o desfazer o jutsu. Ele olhou na direção da jovem de cabelos rosados que se apoiava pesadamente em uma das cadeiras do saguão. – Seu avô ficaria orgulhoso, jovem Haruno, mas sinceramente deveria odiar essa Aldeia tanto ou até mais do que eu! Depois do que fizeram com o seu Clã…

— Ninguém deve pagar ou sofrer pelos erros de apenas alguns – contestou, levantando-se enquanto seus cortes se fechavam. – Eu escolhi proteger minha Aldeia.

— Uma bela frase para alguém que nunca enfrentou uma guerra, viu todos aqueles pelos quais se importava morrer diante de seus olhos. Eu perdi meus pais, cresci sozinho, sempre buscando meu lugar, mas nunca encontrei. Nem a garota que eu gostava me dava chance, eu era um ninguém. Mas eu encontrei alguém que acreditou em mim e agora todos pagarão – disse, fazendo vários selos e surpreendendo os demais. – Agora veremos o quanto se tornou habilidosa, menina!

— Saiam daí!

Várias raízes surgiram do chão se lançando contra os shinobis, mas Kakashi se aproximava ao invés de se afastar.

— Técnica do grande dragão de fogo…

O jutsu conseguiu incinerar as raízes abrindo caminho em direção ao inimigo, mas ele usou seu olho para se esquivar.

— Eu já esperava por isso – disse o jounin, saltando antes de ser atingido.

— Vejo que seus amigos o abandonaram…

— Isso é apenas entre você e eu – disse Kakashi, muito sério. – Eu só quero que me responda uma coisa: Por quê?

— Você me tirou a única coisa que realmente me importava. Você a matou…

Kakashi o olhou chocado.

— Como… como você…

— Quem você acha que eliminou aqueles ninjas naquele dia? – ironizou Obito, fazendo-o baixar a cabeça.

— Você estava lá?

— Eu cheguei um milésimo de segundo atrasado. Tarde demais para salvá-la.

O inimigo rosnou.

— Esse mundo podre me tirou tudo o que me era importante. Agora vou reconstruí-lo para que ninguém mais tenha de passar pelo que eu passei, mas primeiro… vou expurgar dele todos os indignos…

— Responda-me, Obito! Você acha que a Rin iria querer isso?

O outro hesitou ao ouvir aquilo.

— Sua avó morreu sozinha, mas até o ultimo dia de sua vida ela colocava rosas em frente ao memorial porque não havia um tumulo sobre o qual chorar. Acha que qualquer uma delas iria aceitar o que você se tornou? Uma vez eu fui pedir perdão por não ter conseguido trazer o neto dela de volta e sabe o que ela me respondeu? Obito morreu protegendo seus amigos até o fim, eu não poderia estar mais orgulhosa dele.

Aquilo o atingiu e Kakashi sentiu, baixando sua arma.

— Rin nunca mais foi a mesma depois que você se foi. Parecia que uma parte dela tinha morrido naquele dia, nunca mais a vi sorrir como costumava. A última coisa que ela me disse foi para que eu não ficasse triste porque estaria ao lado da única pessoa que fez por merecer o seu coração.

Obito começou a balançar a cabeça freneticamente. De repente, ele abriu o portal e se foi, deixando Kakashi parado em frente ao hospital semi-destruído.

Lentamente, os habitantes da Aldeia removiam os escombros e cuidavam dos feridos ou providenciavam os enterros dos que não sobreviveram.

Enquanto isso, os lideres tinham problemas maiores para resolver. Sakura foi se reunir com os antigos Conselheiros. Era a primeira vez que os via desde do confronto no Campo de Treinamento, mas algo que Obito Uchiha dissera naquela noite a fizera pensar e questionar se realmente sabia o que acontecera tantos anos atrás.

Ao ouvir a porta se abrir, os dois, que jogavam shogi, voltaram-se.

— Ora, a que devemos a honra?

— O que aconteceu com o Clã Haruno? – foi logo ao assunto, não querendo perder tempo.

O homem riu, movendo uma das peças do tabuleiro.

— Eles escolheram uma desertora ao invés da Aldeia – disse, sem um único pingo de emoção, fazendo-a sentir que dali não vinha coisa boa. – E tiveram o destino reservado aos desertores e traidores.

Levou vários segundos para ela compreender o que quiseram dizer.

— Estão querendo dizer que…

— Você e seus pais são os últimos membros do Clã Haruno – disse a mulher, sem olhá-la. – Não podíamos permitir que conhecimentos tão importantes para nosso povo caísse em mãos erradas, não é?

— O Sandaime Hokage sabe disso?

— Nem tudo o que decidíamos precisava ser de seu conhecimento. Nosso acordo era apenas pela vida da prostituta de Tobirama-sama – disse o homem, com escarnio. – Não é nossa culpa que ele não tenha pensado sobre o destino de seu Clã.

A jovem balançou a cabeça, agastada. Aquilo não deveria surpreendê-la, mas surpreendeu.

— Espero que essa linha de raciocínio alimente suas noites – disse, o tom de voz fazendo finalmente com que os dois a fitasse. – Só posso lhes dizer uma coisa, senhores: vocês viverão para pagar por seus pecados.

Ela se voltou para a porta, mas a anciã a impediu:

— O que quer dizer com isso?

Os olhos chapeados voltaram-se apenas em aviso.

— Tobirama vai retornar para uma rápida visita – alertou, fazendo-os estremecer de pavor. – E vocês estarão aqui para enfrentar sua fúria.

Dizendo isso, ela se foi, deixando-os em completo pavor.