Outra Dimensão escrita por ACLFerreira


Capítulo 5
Um Pedido Inesperado


Notas iniciais do capítulo

Continuando a Saga...



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A noite caía no deserto, trazendo uma brisa fria, mas Sarada se obrigou a sair de sua cama e seguir, pé ante pé, em direção ao quarto de sua mãe. A babá estava no andar inferior, com certeza pensando que ela estava dormindo, então se esforçou a não fazer barulho.

Desde do dia em que descobrira a caixa, ela permanecia no mesmo lugar de sempre: debaixo da cama. Era quase como se ela dissesse que poderia ver quando quisesse.

Depois de pegar a caixa, sentou-se na cama meticulosamente arrumada e tornou a abrir. Encontrou a fotografia e a bandana, buscando mais informações, mas pouco poderia supor por uma foto. Mas o que estava claro era o grande carinho e felicidade que sua mãe demonstrava junto aquelas pessoas das quais não sabia nem mesmo o nome.

Ela suspirou e voltou a olhar dentro da caixa. De repente, reparou em algo a mais dentro da caixa e pegou. Tendo passado muito tempo dentro do hospital acompanhando a mãe, quando ela ainda nutria a esperança de que seguisse seus passos, sabia o que era aquilo. Era um ultrassom e claramente era dela.

A menina sorriu, mas acabou ficando surpresa ao perceber uma segunda sombra perfeitamente delineada na imagem. Algo dentro dela se apertou e uma emoção crua subiu. Ela começou a tremer incontrolavelmente segurando o exame e nem percebeu que alguém estava na soleira olhando para ela em absoluto choque.

 

O barulho da lenha estalando na fogueira trouxe os pensamentos de Sakura de volta ao presente. Tudo teria sido mais fácil se sua filha tivesse saído uma médica como ela e não uma guerreira como seu pai. Mas aprendera a muito que não se podia mudar o que uma pessoa realmente era, apenas aceitar.

Um barulho chamou sua atenção e ela jogou sua adaga antes de se voltar, mas a pessoa se desviou habilmente.

— Foi só um aviso de que não quero companhia. Então, dê o fora.

O menino a olhou em silêncio, sua adaga junto ao lado do corpo como que querendo dizer que não fora até ali para brigar.

— Só quero conversar.

— Sobre o quê?

— Sobre o meu pai.

O pedaço de madeira que ela usava para mexer a fogueira se deteve, finalmente o olhando diretamente. O garoto parecia ter a mesma idade de sua filha e algo muito perto de raiva subiu, mas ela fez o possível para não se entregar.

— E quem é seu pai?

O menino se aproximou cautelosamente.

— Sua fama a precede. Não creio que realmente não saiba.

Ela ficou em silencio por um longo momento.

— Seu pai e eu crescemos juntos em uma época muito diferente. O que eu poderia dizer sobre ele que você já não saiba?

Daisuke sentou-se ao seu lado.

— Meu pai não fala muito sobre o passado. Tudo o que eu sei foi o que ouvi na escola ou então nas rodas de conversa. E você sabe como essas versões nem sempre espelham toda a verdade, não é?

Surpreendentemente, ela sorriu.

— Parece que você é muito mais parecido com seu pai do que eu imaginei. A maioria das crianças se orgulharia de ter um pai tão famoso e não questionaria o que dizem. Na verdade, ajudaria a exagerá-las. Mas você quer saber o que é verdade. Por quê?

— Para entendê-lo! Ele não é como qualquer outro pai que eu conheci.

Ela enfim parou de mexer na fogueira.

— Muitos anos atrás, quando seu pai e eu ainda éramos crianças, havia um grande descontentamento junto aos Uchiha. Eles se sentiam preteridos na Aldeia e a raiva e o sentimento de injustiça acabou gerando um desejo de mudanças. Eles queriam derrubar o governo, mas não pacificamente. Queriam matar todos que eram contra seus planos, ou seja, a maioria das pessoas da Aldeia. Mas havia pessoas lá de dentro que eram contra seus planos e conseguiram convencer um a um que rachar uma união que dera certo por tantos anos era suicídio. Com a promessa do Governo de que reveriam sua posição com relação a eles, lentamente eles se acalmaram. Quando seu avô morreu, assim, pouco antes de nos formamos na Academia, seu tio assumiu a liderança do Clã, mas não instituiu mudanças. Tudo continuou exatamente como era.

Ela olhou para o céu estrelado, assumindo uma expressão triste.

— Naqueles dias, Naruto, seu pai e eu formávamos a chamada Equipe 7 que mal sabíamos, mas historicamente era formada pelos melhores ninjas de cada geração. Mas colocar Naruto e Sasuke na mesma equipe foi um terrível erro. Seu pai queria ser o melhor, sempre, mas nunca conseguia acompanhar Naruto. A raiva o levou por caminhos sombrios e a lutar até mesmo contra nós quando mais precisávamos dele. Ele se tornou um Renegado simplesmente porque não conseguia aceitar não ser o melhor.

Ela finalmente se voltou para o menino.

— Ele finalmente caiu em si um pouco antes da grande Batalha Final e seu heroísmo naquele dia acabou fazendo com que o Conselho revogasse sua condição como Renegado.

— Eu não sabia que meu pai foi um Renegado…

— Na Batalha, Naruto e ele perderam um dos braços e minha sensei, Tsunade, fez uma prótese para cada um. Não há muito o que contar depois disso.

— Sempre me disseram que ele se casou com minha mãe porque meu tio o deixou sem escolha.

— Sempre há uma escolha, Daisuke, e todos somos obrigados a conviver com as nossas.

O menino a olhou e algo em seu olhar a surpreendeu de súbito.

— Engraçado, sempre achei que todos os Uchiha tivessem olhos castanhos.

Daisuke desviou o olhar. Seus olhos, no escuro, pareciam ser iguais aos de seu pai, mas isso se devia ao pequeno alo negro em volta de sua íris. Na verdade, com iluminação, se descobria que seus olhos na verdade eram verdes.

— Dizem que sou o único que já nasceu com os olhos coloridos. Os médicos tiveram de explicar que verde era variação de castanho; assim, em uma população com pessoas de olhos predominantemente castanhos era raro, mas poderia sim nascer alguém com olhos verdes.

Como médica, ela também sabia que isso era possível, mas algo calou fundo em seu peito. De súbito, ela se ergueu, chamando a atenção da criança.

— Volte para casa, Daisuke! Seus pais devem estar preocupados.

Ele espetou a adaga junto a fogueira e se recostou a uma das árvores.

— Meu pai está no grupo de busca e minha mãe mal se apercebe da minha existência. Então, ninguém vai dar pela minha falta.

A mulher balançou a cabeça sorrindo.

— Faça como quiser.

Se ele percebeu que ela ainda o observava através da fogueira, não demonstrou.

 

Ele bem é filho de quem é, pensou Sakura, olhando o garoto que a seguia como uma sombra. Não a convencera totalmente o motivo fosse a curiosidade sobre o pai, o garoto era um péssimo ator, mas ainda a surpreendia sua determinação. A admiração pelo pai era clara, mas a sua total falta de emoção ao mencionar a mãe fora mais revelador do que suas palavras.

De súbito, ela se deteve junto a uma construção, além das fronteiras do País do Fogo. Que o sequestrador conseguisse desloca-la tanto em tão pouco tempo demonstrava que era habilidoso e perigoso.

Daisuke parou bem ao seu lado, sob a árvore.

— Onde nós estamos?

— Entre o País do Fogo e o Vento. Estamos no País do Rio, na Vila dos Artesãos.

— Será que eles são tão burros assim para trazê-la para bem entre a Vila da Areia e Konoha?

A mulher nada respondeu, apenas ficou olhando.

— A Vila perdeu boa parte de sua fonte de renda depois que atacaram Gaara. Muitos artesãos capazes se mudaram para os outros países e a Vila decaiu. Acho que sequestraram Sarada e os outros para descobrir o segredo do Sharigan e poder construir uma arma que os pusesse de volta na Elite.

Enquanto planejavam o ataque, ela tomara conhecimento do porquê fora tão fácil para Itachi convencer os outros de que sua filha não era uma Uchiha legitima. Disseram-lhe que vários do Clã tinham desaparecido misteriosamente nos últimos meses, todos que possuíam o Sharigan primário, como Sarada. Jovens ainda, não tinham muita desenvoltura no controle de sua principal arma e assim fora fácil sequestrá-los.

Temari, Gaara e os cinco jovens guerreiros que haviam comparecido ao Exame Chunin haviam também se juntado a busca. O Kazekaze havia considerado chamar guerreiros de sua própria Vila, mas seria uma viagem desnecessária já que o próprio Naruto havia enviado seus principais ninjas para auxiliá-los, assim como boa parte de seus velhos companheiros.

— Dizem que você era a discípula favorita da mais lendária Médica ninja. Isso é verdade?

— Se está se referindo a Tsunade Senju, sim, ela foi minha sensei.

O garoto ainda hesitou por um segundo antes de tornar a surpreendê-la:

— Você me ensinaria?

— Como é?

Daisuke ficou imediatamente vermelho.

— O quê? É um pedido tão absurdo assim?

— Não, mas eu jamais imaginei receber um pedido assim de um Uchiha.

— Eu sei que a fama dos meus não é muito boa, não precisa me dizer. Eu peguei todas as disciplinas extracurriculares sobre ninjutsu médico na Academia, mas meu tio não queria nem saber que seu sobrinho e provável herdeiro fosse um ninja médico.

— E queria forçar você a ser um guerreiro como seu pai e ele… O que seu pai diz?

O rapaz ficou mais sem jeito ainda.

— Eu não contei para ele.

Ela teve pena do garoto, forçado a ser alguém que não era.

— Converse com seu pai e com o Naruto. Eu moro na Vila da Areia, então você vai ter de ter uma autorização especial para se mudar para lá por algum tempo.

Daisuke sorriu abertamente pela primeira vez e algo o fez terrivelmente familiar para ela. De repente, voltou a sua mente a estranha cor de seus olhos, tão incomum para um Uchiha, e ela o olhou como se o estivesse vendo pela primeira vez.

As palavras de sua falecida sensei voltaram a sua mente, quase instantaneamente.

— Genética é a maior loteria que existe. Algumas características podem se repetir por várias gerações, mas outras podem demorar outras tantas gerações para reaparecer. Contudo, quanto mais próxima é a característica mais provável será que um herdeiro a tenha.

— Enquanto esperamos, vamos fazer um teste. O que vê quando olha para mim?

Surpreendido, Daisuke hesitou por um segundo. Depois a olhou de cima abaixo antes de desviar o olhar, constrangido.

— Que está na mais perfeita forma física.

Ela inclinou a cabeça, não muito surpreendida.

— Só isso?

— Danos nos ossos pélvicos acusam que deu a luz pelo menos uma vez; cicatrizes sobrepostas em braços e pernas acusam que gosta de atacar de perto e saltando; sua quantidade absoluta de chakra é baixa, levando-me a supor que precisa de um controle extremamente delicado do mesmo para alcançar o modo sábio; sua idade celular é alguns anos mais alta do que sua idade cronológica. Esse último não faço ideia do porquê.

— Ótima memória fotográfica. É um tipo de ninjutsu médico que poucos têm conhecimento. Talvez eu lhe ensine.

O menino tornou a sorrir, feliz por tê-la impressionado.

— Mas primeiro vai ter de convencer seu pai de que quer desperdiçar todo seu potencial – provocou e Daisuke ficou tão assustado que deu dois passos atrás. – A menos que ele tenha uma mentalidade bem mais atual do que seu tio, você vai ter um bocado de trabalho.

— Não me interessa – gritou, botando o dedo no rosto dela. – A vida é minha e faço dela o que bem quiser.

Ela ergueu uma sombrancelha, mas acabou sorrindo.

— Eu sempre o imaginei assim…

O menino pestanejou, olhando para ela assustado.

— Meu filho… Como a Sarada não herdou meu talento para a medicina, sonhava que seu irmão pudesse ser o escolhido pelo destino para seguir meus passos. Pena que ele não viveu para mostrar se meu sonho era real ou não.

— Irmão? Você teve outro filho?

Ela não respondeu, sentindo os outros se aproximarem pela escuridão da floresta. Logo as árvores ao redor se viram tomadas pelos ninjas.

— Avisaram ao Conselho sobre o que descobrimos? – perguntou, ao amigo mais próximo.

— O Naruto está tratando disso, mas até ele admitiu que não temos tempo para esperar por um aval – disse Shikamaru, sorrindo. – Só Deus sabe o que esses idiotas estão fazendo dentro desses muros.

— E você não deveria estar lá protegendo o Naruto?

— Serio? Com dois dos meus tesouros mais preciosos aqui?

Ela sorriu.

— Qual o plano?

— Infiltração… Não queremos mortes desnecessárias, não é? E eu duvido muito que o Senhor daqui queira bater de frente com o Conselho sequestrando tantos Uchihas. Ele não seria burro a esse ponto.

— Com tantos guerreiros, é meio impossível, não é?

— Vamos retirar eles de lá primeiro e nos entender com os políticos depois.

A mulher simplesmente assentiu. Analisando ao redor, esperando que algum dos guardas cometesse um erro.

— Vai precisar de companhia – comentou uma voz irritantemente familiar.

Ela mal o olhou.

— Não, obrigado!

— Se bem me lembro, você nunca foi uma boa atriz. Vai precisar de alguém.

Ela resmungou, tendo de admitir que boa parte daquilo era verdade. Por um curto período de tempo, servira de espiã no mesmo grupo ao qual Sasuke se juntara em sua época de Renegado para só então descobrir que ele também era espião. Na verdade, fora ele que a salvara quando o grupo a descobrira e ele forjara um ataque que supostamente a mataria para ajudá-la a fugir. Só foram descobrir a verdade quando, na Guerra, a encontraram entre os combatentes.

— Pense rápido…

Os guardas, que se afastaram para fumar, nem perceberam o que foi que os atingiu. Enquanto que os companheiros se ocupavam de esconder os dois guardas inconscientes e prendê-los, os dois se apressaram a assumir a forma deles.

Supunha-se que os prisioneiros estavam na área mais bem guardada da Aldeia, mas era difícil encontrá-la já que havia soldados por toda parte. O mais estranho é que eram de diferentes Aldeias, diferentes países. Por enquanto, não haviam visto nenhum de Konoha, mas ainda não haviam analisado toda a Aldeia.

Para não levantar suspeitas, passaram a seguir os parâmetros dos outros guardas, mas não conversavam. Os dois seguiam o fluxo, somente levantando dados sobre o que acontecia ao redor. Com o poder mental de Ino, podiam passar as informações em tempo real para os companheiros que a tudo acompanhavam do lado de fora.

Já estavam ali fazia quase duas horas quando se depararam, finalmente, com um grupo mais concentrado de guardas junto a um edifício. De longe, não parecia ser grande coisa, mas, tendo tantos guardas ao redor sem motivo aparente, era claro pensar que era o lugar que procuravam.

Claramente, não desconfiaram de dois guardas entrando no edifício, mas se detiveram na área que parecia ser a principal.

— Vou ver o que posso descobrir…

— Sozinho?

— Movo-me muito mais rápido que você. Nos encontramos lá fora.

Antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, ele sumiu. Com coisa que um cara se movendo assim não chamaria atenção. Foi quando várias sombras a cercaram.

Seu companheiro seguiu de sala em sala, de andar em andar, mas nem sombra daqueles que procurava. Até deparar-se, no subsolo, com uma sala que o fez parar, espantado com o que se deparou.

Muitas cadeiras estavam dispostas no grande salão, a maioria ocupada, diante de vários monitores, em estado quase catatônico. Não estavam inconscientes, mas também não estavam totalmente conscientes. Ele passou a mão diante do rosto de um deles, mas ele sequer piscou.

Foi quando voltou-se para o monitor e o que viu o fez estancar em choque. Lavagem cerebral, foi a primeira coisa que veio a sua mente. Queriam criar um imenso exercito com os representantes dos principais Clãs, todos condicionados a obedecer ao seu líder.

Mas com que finalidade?, pensou. Sua ilusão não podia se manter por tempo indefinido, então tinha de voltar e reagrupar. Montar um plano…

Um estrondo pôs fim a sua indecisão, fazendo-o suspirar e desaparecer como em um raio de luz.

Em sua forma real, a mulher arfava, tendo alguns bons soldados aos seus pés, mas com vários outros cercando-a. Ela havia se tornado ainda mais habilidosa com o passar dos anos, mas a um preço. Ela desceu sobre um joelho, parecendo fraca demais para continuar de pé, mas ninguém, a não ser ele, poderia imaginar que era só ilusão.

Como um raio, ela passou por eles e chegou até ele.

— Encontrou alguma coisa?

— Sim, mas estão seguros por enquanto.

Ela se voltou imediatamente.

— Eles não tem interesse em mata-los – disse, agarrando-a pelo braço. – Temos de mudar de aparência e descobrir como sair desse lugar de forma segura com todos eles.

Antes que ela pudesse manifestar alguma opinião, ele se teletransportou para fora da cidade para junto de seus amigos.

— Como sempre tomando as decisões pelos outros – resmungou a mulher, se recompondo. – Qual é seu brilhante plano?

— Estão tentando fazer “lavagem cerebral” neles.

— Lavagem cerebral? Tipo, criando uma equipe de mercenários? – perguntou Soka, chamando atenção dos outros. – Com que finalidade?

— Defesa, vender seus serviços… As possibilidades são infinitas – disse Shikamaru, de seu ponto de observação. – E nenhuma muito pacífica.

— Temos de avisar ao Hokage e os outros – alertou um dos amigos o que ninguém gostaria de falar. O Conselho não era famoso por suas decisões muito pacíficas. Se queriam que o mínimo de pessoas morresse tinham que agir imediatamente, descobrindo um forma de entrar na fortaleza.

Sasuke e Shikamaru assentiram.

— Mande uma mensagem com os nossos progressos ao Naruto. Mas não esperaremos pela resposta – pediu Shikamaru ao Sai, sem olhá-lo. – Espalhem-se e colham informações sobre as melhores rotas de entrada e saída.

Em um piscar de olhos, todos desapareceram, ficando apenas Shikamaru, Sasuke, Sakura e Daisuke.

— Vamos, menino! – chamou, chamando sua atenção. – Os dois tem muito o que conversar.

— Ah, claro…

Um longo silêncio se instalou quando os dois desapareceram.

— Fico feliz que tenha reconstruído sua vida…

— É meio difícil em um lugar estranho com as pessoas olhando desconfiadas a cada passo que você dava. Se não fosse pelo fato de ser protegida pelo Gaara, provavelmente não teria permanecido lá nem por um ano.

— Mas você foi aceita no final. Com suas habilidades, não deve ter demorado a conseguir algum respeito.

Ela nem se preocupou em responder.

— Pelo menos, para conseguir alguém para proteger vocês.

— O que o leva a acreditar nisso? Ou que eu não sou capaz de proteger a mim e a minha filha dos olhares de pena dos outros?

— Sem querer ofender… Daisuke me contou sobre a conversa que vocês tiveram.

— Qual parte dela?

— Acho que toda. Eu já disse a ele que conversaria com o Naruto para conseguir a permissão, se bem que eu acho que seria mais fácil lá em Konoha.

Ela simplesmente sorriu sarcasticamente.

— E ele me contou também sobre seu filho…

Isso a fez morder o lábio.

— Seu filho fala demais.

— Ele está esperando que vocês regressem?

Uma aura de tristeza e desolação a tomou, fazendo-o estancar.

— Não há ninguém esperando por nós… pelo menos não do jeito que você imagina.

Por segundos, ele não entendeu o que ela quis dizer, até que a compreensão o atingiu como um raio.

— Não… não me diga…

— Saizo nasceu morto… no mesmo dia em que a Sarada veio ao mundo.

Ele simplesmente fechou os olhos, entendendo o fato dela não querer tocar no assunto.

— Quando deixei Konoha, não fazia ideia que estava gravida de gêmeos. Fui descobrir semanas depois. A gravidez corria bem, os dois se desenvolvendo perfeitamente… até aqueles últimos dias. Faltava menos de três semanas para a data prevista quando entrei em trabalho de parto. Conseguiram salvá-la, mas era tarde demais para ele – disse, como se não houvesse mais ninguém ali, segurando duramente as suas emoções. – Sarada já tinha nove anos quando encontrou um dos ultrassons e a emoção de saber que tinha um irmão ativou seu Sharingan. Foi a primeira vez que seus olhos brilharam vermelhos. Foi duro ter de dizer a ela que ele não havia sobrevivido.

Por vários momentos, ele nada disse.

— Eu deveria ter estado lá…

— Você fez uma escolha… escolheu não estar lá.

— Eu não sabia. Você não me deu a chance de escolher…

— Sério mesmo? Você queria que eu fizesse o quê? Arriscasse a minha vida e a dos meus filhos? Ou pior, nos arrastar a mais uma década de rixas e discórdias? O problema não era seu irmão, era o fato de você não ter tido peito para contrariá-lo – disse, usando a ironia para ataca-lo. – No fim, você fez exatamente o que ele queria que fizesse e não demorou a esquecer que eu existia.

Ele baixou os olhos.

— Eu não me casei porque o meu irmão me obrigou. Me casei porque… porque ela estava grávida.

Embora já imaginasse isso, a revelação a atingiu duramente.

— Ou seja, você me traiu. Duas vezes. Não espere que eu algum dia te perdoe.

Ela fez menção de ir, mas ele ainda tinha uma dúvida:

— O que disse a ela sobre mim?

— Não disse… Ela nunca perguntou.

Dizendo isso, ela desapareceu na escuridão.


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