Os guardas pareciam estátuas, parados diante da cela onde o prisioneiro se encontrava. O rapaz ainda tentara fugir, mas aquele lugar parecia possuir algum tipo de selo de retenção de chakra que não permitia que ele usasse sua energia. Assim, só restava esperar.

Onde estão os outros? O que aconteceu?, pensou, mas nada lhe veio a mente enquanto a impaciência parecia miná-lo.

Não gaste energia a toa, disse uma voz em sua mente, como sempre irônica. Nunca vai conseguir sair daqui.

Diga algo que eu não sei.

O besta deu uma risadinha.

Esse mundo é muito diferente do que você está acostumado. Tome cuidado com cada palavra que disser e não terá problemas.

Pode me adiantar o que posso esperar?

Tenha paciência, criança!

Ele iria protestar, mas de repente sentiu um chakra diferente se aproximar e se levantou da cama bem quando um senhor bem apessoado de idade avançada, a julgar pelas rugas, se aproximou de sua localização.

O homem parou diante de sua cela e ficou observando-o por longos momentos.

— Qual é o seu nome, criança?

— Naruto. Naruto Uzumaki…

O homem ergueu uma sobrancelha com a menção do nome incomum, mas ficou ainda mais surpreso a menção do sobrenome.

— Uzumaki? Tem certeza?

— Foi o que sempre me disseram. Minha mãe era uma Uzumaki, mas meu pai não, por isso minha aparência incomum para um membro do Clã.

O homem passou a mão pela barba branca.

— Isso explica algumas coisas… além do fato de ser um jinchuuriki.

Opa! Isso certamente não era uma das coisas que ele devia saber.

— Olha, senhor… Eu não sou uma ameaça, só quero sair daqui e encontrar os meus amigos.

O homem não respondeu, apenas continuou analisando-o.

— De onde você vem?

Naruto coçou a nuca, sem saber como explicar.

— Você não acreditaria se eu dissesse.

— Tente…

— Eu diria que algumas décadas a frente.

O homem não demonstrou sua surpresa, mas não era preciso dizer que ele ficou surpreso com a informação.

— E o que o faz acreditar que está no passado?

— Uma pista foi ter encontrado tanta gente ruiva usando o símbolo do Clã Uzumaki, mas da onde eu vim o Clã está praticamente extinto. Além de mim, só lembro de ter conhecido duas pessoas com esse nome.

— Uma delas imagino que seja sua mãe…

— Minha mãe morreu no dia em que nasci.

De repente, ele se deu conta de que estava falando mais do que deveria e olhou para os lados, confuso.

— Olha, velhote, é impressão minha ou tem algo muito errado com esse lugar?

O homem apontou para a parede atrás do garoto fazendo-o se voltar.

— Ah, claro! Esse lugar não suprime apenas chakra, não é?

— Sua amiga Hyuuga está sendo interrogada na sala ao lado, mas ela está sendo bem mais reticente do que você. Ter um doujutsu ajuda bem nessa hora.

— E o senhor é…

— Ashina Uzumaki, líder do Clã Uzumaki.

— O líder do Clã na época de Hashirama Senju – supôs o garoto, se localizando no tempo finalmente.

— Hashirama Senju? Está falando do herdeiro do Clã Senju?

— Na minha época, esse homem é um herói, considerado um dos maiores shinobis já nascidos, um verdadeiro Deus – disse o rapaz, mordendo o lábio, enquanto passava as mãos pelos cabelos. – Dá para desligar essa coisa? Falar sobre o futuro pode ser muito problemático.

— Nisso tenho que concordar – disse Ashina, fazendo um sinal e o Selo imediatamente parou de brilhar. – Você disse que é um Uzumaki e devo dizer que as análises preliminares sobre você confirmam o que diz. Mas você não usa qualquer símbolo que remeta a Uzushio…

— Como eu disse, da onde eu vim sobraram muitos poucos de nós. Além de mim e dos outros dois que usam esse sobrenome, sei de apenas mais um grupo de pessoas que tem sangue Uzumaki, mas pertencem ao Clã Senju. Fui criado em Konohagakure, uma Aldeia que enquadra o atual território dos Senjus, o dos Uchihas mais alguns quilômetros quadrados. Ela será fundada dentro de mais alguns anos por Hashirama e o então líder dos Uchihas, Madara.

— Uma aliança improvável devo dizer… Os dois Clãs vivem em guerra há décadas.

— Não por muito tempo mais. Minha melhor amiga é uma Senju, descendente de Tobirama, irmão mais jovem de Hashirama, e está namorando o filho do líder dos Uchihas… com a bênção de ambas as famílias.

— Chega, chega… É informação demais – disse o homem, destrancando a sela.

Poucos minutos depois, os dois estavam andando por um corredor onde Hinata os esperava. Ela correu ao encontro do companheiro, analisando-o para ver se havia algum ferimento.

— Eu estou bem! Ashina-sama só queria algumas informações.

— Você deve ser a jovem Hyuuga – disse o homem, fazendo-a se voltar.

— Prazer, Uzukage-sama – salientou a jovem, curvando-se, respeitosa.

— Educada como um bom Hyuuga. Vocês se meteram em uma grande confusão ao entrarem inadvertidamente em um portal e agora terei mais dor de cabeça quando a noticia chegar ao chefe dos Hyuugas.

Os dois jovens se apavoraram. Isso certamente não é uma boa ideia.

— Temos de sair daqui antes que eles nos vejam – sussurrou Hinata, em pânico.

Ashina os olhou sem entender o que estava acontecendo.

— Mulheres do meu Clã não podem viajar com homens que não sejam seus familiares… pelo menos, não nesse tempo.

O chefe simplesmente ergueu as sobrancelhas ao ouvir sua justificativa, mas não se convenceu totalmente. Sabia que os Hyuugas tinham costumes extremamente rígidos, alguns em sua opinião que beiravam a crueldade, mas não importava. Certas horas, eles eram piores do que os Uchihas.

— Mandei alguns de nossos estudiosos dar uma olhada em alguns pergaminhos para ver se encontram algo sobre portais do tempo. Mas não vou mentir, será mais fácil encontrar aqueles que o abriram originalmente.

Naruto coçou a nuca, impaciente. Embora tivesse melhorado bastante desde quando eram crianças, ainda tinha comportamentos como aquele, principalmente em momentos estressantes.

— Temos dois amigos perdidos por aí – comentou a jovem, calma.

— Não há vestígios de outros no local onde os encontramos. Provavelmente, foram transportados para outro local ou outra época.

— Então vamos torcer para que tenha sido outro local.

Os dois jovens foram submetidos a uma série de exames, mas nada foi identificado de errado com nenhum dos dois. Foram liberados, mas acharam melhor permanecer na Aldeia enquanto não houvesse um parecer sobre os pergaminhos.

Dois dias depois, ainda se debatiam sobre suas opções quando Ashina os convocou ao seu escritório.

— Recebemos uma mensagem que talvez interesse a vocês. Os Senjus nos enviaram uma mensagem perguntando se tínhamos pergaminhos sobre portais do tempo.

— Sakura… Eles a encontraram – exclamou Hinata, surpresa.

— Sakura?

— É nossa companheira que é membro do Clã Senju – esclareceu a menina, voltando-se para Naruto. – Será que eles encontraram o Sasuke também?

— Se encontraram, ele deve estar morto – disse o rapaz, nervoso. – Uchiha em terra dos Senjus, nessa época, é morte na certa. Temos de encontra-la o quanto antes.

O senhor mais velho suspirou. Sinceramente, não achava seguro enviá-los naqueles tempos através de campos infestados de bandidos e Clãs hostis. Isso sem saber se eles tinham treinamento mínimo para ao menos se defenderem.

— Quais foram nossos avanços com os pergaminhos? – perguntou a alguém fora do campo de visão deles.

— Encontramos apenas um com descrições de como um portal desses poderia ser aberto, mas nada de como posicioná-lo no continuum espaço-tempo – disse o outro homem, suspirando de cansaço.

— O único jeito então seria encontrar quem nos trouxe para cá – disse Naruto.

— Ou talvez não – comentou Hinata, chamando a atenção deles. – E se esse for o plano deles? Nos tirar de nosso tempo para alterar tudo?

— Explique-se…

— Quase quarenta anos atrás, tomando por noção nosso tempo, houve a abertura de um outro portal temporal levando ao nosso tempo a versão mais velha de nosso companheiro Uchiha. Pelo menos foi o que nos foi dito. O pouco que aqueles de nós que o conheceram nos passaram é que é a nossa presença e influencia que construiria o futuro como ele conhecia – disse a menina, fazendo os dois mais velhos franzirem a testa em duvida.

— Retirando vocês desse continuum assim afetaria o futuro tal como eles o conheciam. O que nos leva a crer que eles os trouxeram para cá e foram embora.

— Droga – disse Naruto, esfregando a cabeça. – Se esse for o caso estamos perdidos aqui.

— É apenas uma hipótese…

— E se não for apenas isso? – disse Ashina, chamando a atenção deles. – Vocês me disseram que as bases para a formação de sua Aldeia foram construídas através da amizade improvável entre os líderes dos Senjus e dos Uchihas, certo? E se eles vieram para cá justamente para destruir isso?

— E nossa presença foi apenas um acidente? – perguntou Naruto, espantado.

— Talvez eles não esperassem que desse tempo para que os seguíssemos – disse Hinata, olhando um ponto distante.

Ashina suspirou, sem saber o que pensar.

— Vou enviar o pergaminho e vocês ao encontro dos Senjus, mas enviarei alguns guerreiros junto. Não sei se perceberam, mas não estão exatamente em seu ambiente aqui.

Os dois jovens suspiraram.

Na manhã seguinte o grupo seguiu viagem rumo a Vila Senju onde esperavam encontrar sua amiga. E algumas respostas.