Outra Dimensão escrita por ACLFerreira


Capítulo 4
Sequestro


Notas iniciais do capítulo

Desculpinhaaaaaaa... Sei que costumo postar a cada dois dias, mas minha internet tava horrível, totalmente instável ontem. Agora sim, vai a continuação.



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A tensão subitamente subiu vários níveis, os dois se encarando enquanto que várias figuras surgiram na arena. Só foi assim que ela se acalmou, não querendo arriscar a segurança de pessoas que, por tantos anos, foram seus valiosos amigos, e o brilho em suas mãos desapareceu.

— Se as regras não mudaram, minha filha deve ser declarada a vencedora por terem interferido em favor do Uchiha.

— Eu protesto! – gritou o primeiro a acusa-la, revoltado. – Não posso admitir que uma trapaceira seja vencedora. Se é uma Uchiha como a mãe tão claramente declarou, deve provar.

— E como pensa em obrigá-la a fazer isso?

— Ela não precisa provar nada – declarou Sasuke, fazendo todos voltarem-se em sua direção. – Eu confirmo a declaração de Sakura. A menina é minha filha.

— Desde quando sabe disso?

— Há tanto tempo quanto vocês, mas… devo admitir que a possibilidade é bem grande.

Os olhos da menina haviam voltado a cor normal, mas agora a semelhança física com seu pai era mais do que evidente. Na verdade, não havia semelhança física alguma com a mãe, somente a personalidade explosiva.

— Algum protesto a mais? – perguntou o Hokage, mas o suposto tio da criança, totalmente desarmado pela declaração do irmão, nada falou. Então, ele se voltou para o juiz e ordenou: – Declare a jovem Haruno-Uchiha a vencedora. Vocês assumiram o risco ao interferirem quando sabiam ser contra as regras.

O juiz que acompanhava a tudo espantado finalmente se manifestou erguendo uma das mãos e apontando em direção a jovem menina:

— Sarada Haruno é a vencedora.

Mas a mãe continuava a olhar desconfiada para o antigo companheiro quando algo literalmente explodiu bem no meio da arena, jogando todos para trás. A mulher empurrou a filha para trás de si quando uma figura sombria surgiu em meio a névoa de escombros, mas ele atacou primeiro, jogando-a contra o muro.

Quando ela se recuperou o bastante para se sentar, a figura já tinha tomado a jovem garota em seus braços e desaparecia em uma nuvem de fumaça. Ela tentou se erguer para segui-lo, mas a dor a levou ao chão novamente e ela desmaiou.

Sasuke se ajoelhou ao seu lado, quase ao mesmo tempo em que Naruto e os outros amigos mais próximos a ela nos tempos antigos se acercavam. Todos pareciam em estágios variados de raiva e descrença.

— Um médico, por favor – gritou, vendo o rombo feito em seu peito. O chakra dela já começava a fazer seu trabalho fechando o ferimento, mas nunca era demais uma ajudinha extra. A idade e o efeito colateral desse jutsu de provocar o envelhecimento precoce de suas células eram fatores a serem considerados.

Um grupo de paramédicos se aproximou pelo terreno acidentado e começaram os primeiros socorros de emergência enquanto ele se afastava para dar espaço aos médicos.

Quando viu que ela estava em boas mãos, fez menção de ir, mas Naruto segurou seu braço bom.

— Onde pensa que vai?

— O que acha? Atrás da minha filha…

— Não precisa ter pressa – disse Gaara, chamando sua atenção. – Quando Sarada manifestou o Sharingan pela primeira vez, Sakura pediu a um de nossos anciões que fizesse um jutsu de selamento, semelhante ao dos Hyuuga, para selar seus olhos. Se o que querem forem seus olhos, vão ter um bocado de trabalho para retirá-los sem danificar o material.

— Enquanto isso, podemos planejar um ataque mais preciso – salientou o Hokage, voltando para os demais. – Convoque os Jounins e os Anbu. Precisamos saber como ele conseguiu entrar em nossas defesas. E vamos precisar de todos os ninjas disponíveis para rastrear o sequestrador.

Os outros rapidamente assentiram. Afinal, a garota, embora tivesse nascido em outra aldeia, era filha de uma velha amiga, o que a fazia por associação um deles.

Todos foram rapidamente cumprir as ordens, ficaram apenas a esposa do Hokage, Hinata, e a melhor amiga de Sakura, Ino.

— Sasuke – chamou a loira, e quando ele se voltou, ela lhe deu um tapa tão forte que o jogou ao chão. – Espero que a vida o tenha ensinado a dar valor ao que tem porque ela te deu tudo… e você jogou fora. Pisou em cima do coração dela sem dó nem piedade… e ainda queria nos convencer de que estava tão preocupado como todos nós? Você não tem valor ou honra.

Dizendo isso, Ino se foi enquanto que ele se erguia sem nada dizer. Hinata também se foi, deixando os dois sozinhos.

— Sasuke…

— Não precisa dizer nada! Sei que mereço isso e muito mais. Tenho dois filhos com a mesma idade, sendo que um eu nem sequer conheço. Mereço o desprezo de todos, não precisa me dizer.

Naruto suspirou, vendo a expressão sombria do amigo.

— Não sou eu que tenho de criticá-lo, mas a sua consciência.

— Consciência? A mesma consciência que me atormenta desde do dia em que a mãe dessa menina me socou quando lhe disse que teria de me casar com outra mulher porque era o desejo do meu Clã? Eu menti para ela porque fui covarde demais para admitir que eu era obrigado a me casar porque ela estava grávida de mim. Que por esse mesmo motivo ela nunca me contou que também estava grávida.

— Ela foi embora por causa de um coração partido? – perguntou uma voz sombria, perto deles fazendo-os se voltarem. – Não foi isso que ela me disse.

— Você também sabia?

— Ela me pediu para não contar – comentou a mulher loira, quase sem graça. – Ela me disse e ao Gaara que foi embora porque não queria arrastar seus amigos para uma nova guerra.

— Essa não…

Naruto saiu em disparada da arena, seguido de perto pelo companheiro.

— Naruto, o que houve?

— Sasuke, quem era o mais interessado em não permitir o seu casamento com a Sakura treze anos atrás?

— Você não acha…

— Sakura disse a Gaara e Temari que fugiu de Konoha para não nos arrastar para uma nova guerra. O que aconteceria se o Itachi a matasse para impedir que você passasse por cima das ordens dele e se casasse com ela?

Nada de bom!, pensou Sasuke, baixando a cabeça. Seus amigos com certeza quereriam sangue e esse seria o fim da paz que tão arduamente haviam buscado. Fugir era a única opção viável e certamente seria uma atitude que ela tomaria para proteger aqueles que tanto amava. E para proteger também o bebê que crescia dentro dela.

— Você acha que Itachi sabia sobre a Sarada?

— Espero que não! Sua surpresa parecia tão autêntica quanto a nossa.

 

Os médicos deixaram a enfermaria em silêncio. Com dificuldade haviam convencido os outros jovens a esperarem no saguão por noticias da mulher, mas pelo menos lhes dariam boas noticias. Os dois cruzaram o corredor rumo ao saguão, mas não perceberam que uma sombra entrou na enfermaria que haviam acabado de deixar.

A mulher de cabelos cor de rosa parecia estar dormindo placidamente, seu peito enfaixado, mas subia e descia no ritmo da respiração tranquila. Foi assim que ela não percebeu a adaga que se preparava para atingi-la, mas foi acordada subitamente pelo respingo de sangue que sujou seu rosto.

Sua visão ainda estava nublada por causa dos narcóticos, mas deu para perceber que duas pessoas disputavam a adaga e que um jovem garoto pulava para trás fugindo do flagrante.

— Shisui, o que pensa que está fazendo? – perguntou a mulher, somente alguns anos mais velha do que ela, se posicionando entre a maca e o menino.

— Ela é uma afronta ao nosso Clã, alguém indigno de fazer parte de nós. E ainda nos trouxe alguém ainda mais indigno.

— Do que está falando? Quem foi que colocou essas coisas absurdas em sua cabeça, filho?

— Filho? – perguntou a mulher de cabelos rosa, encarando os dois ainda tonta por causa das drogas. – Ele é seu filho?

— Sai da frente, mãe! Não vou permitir que meu pai se comprometa tendo de resolver pessoalmente essa situação.

A outra mulher se levantou pesadamente da cama, segurando o ferimento ainda dolorido.

— Você é filho do Itachi? Por que isso não me surpreende?

O menino deu a volta para trás de sua mãe e tentou acertá-la, mas a mulher bloqueou o golpe apenas com os braços. O corte em seu braço não foi suficiente para ela baixar a guarda, então ela o empurrou fazendo-o bater na parede.

A mulher baixou os braços enquanto que a mãe se ajoelhava ao lado do filho e a enfermaria de súbito se enchia de pessoas atraídas pelo barulho.

— Você tem sorte, moleque! Devo uma a sua mãe e não serei eu a fazê-la enterrar o filho.

— Como você…

Ela se agachou ao lado dele e algo começou a brilhar de suas mãos.

— Não há dano algum, é só uma contusão.

Ela pegou suas roupas guardadas no armário e saiu pela porta onde as pessoas se afastaram com respeito. Ela já estava quase dobrando o corredor quando Sasuke e Naruto chegaram ao hospital e espiaram para dentro da enfermaria o verdadeiro caos que se instalara.

— Mas o que diabos aconteceu aqui?

— Sakura…

Ela estava quase abrindo a porta do hospital quando alguém a deteve.

— Acho que me deve algumas explicações… por mais que insista em dizer que não tenho direito a nenhuma.

Ela ficou parada por segundos, olhando para o vazio, até de súbito dá um tapa no braço pousado sobre seu ombro.

— O que quer que eu diga? Que esperei até o último segundo para lhe contar que iriamos ter um bebê, não querendo pressioná-lo a romper com sua família, para então ouvir que durante todo o tempo esteve brincando comigo? Que mesmo assim fui procura-lo, pensando ser um direito seu saber que iria ser pai mesmo que não quisesse essa criança? E que acabei quase morta pelo seu irmão? Não fosse pela Izumi, não existiria a mim, nem a Sarada, e o ódio tornaria a tomar nosso mundo. É isso que quer ouvir?

Ele baixou os olhos, sabendo que merecia as palavras duras.

— Assim que encontrar minha filha, vamos voltar a Aldeia da Areia, então não precisa se preocupar que ela venha a envergonhá-lo ou ao seu “honorável” Clã algum dia. Se esqueça que eu ou ela existimos. Você já tem um filho para levar seu nome, não precisa de outro.

Ela escancarou a porta de entrada, deixando-o plantado.

— Sakura, espera…

Ele mal percebeu as pessoas que foram atrás dela, apenas sumiu, querendo fazer algo para pelo menos espiar parte de seus erros.

— Sua irmã é realmente dura na queda, hein, Daisuke? – disse Mitsuki, como sempre sem papas na língua. – Provocar tamanho alvoroço.

— Cale a boca, Mitsuki – repreendeu-o Boruto, enquanto os três permaneciam próximos ao hospital esperando o desenrolar dos acontecimentos. – Você está bem?

O menino nada respondeu, apenas ficou olhando o pai desaparecer.

— Pode parecer estranho, mas isso não foi de tudo uma surpresa – disse ele, suspirando, após um silencio prolongado. – Desde que me recordo, eu nunca vi meu pai sorrir de verdade. Raríssimas vezes para mim, nunca para minha mãe. Comigo ele era exigente, mas era um bom pai; com a minha mãe, ele era frio e quase nunca falava com ela. Nunca foi violento ou brusco, nunca o ouvi levantar a voz, mas era como se simplesmente tentasse ignorar o fato dela estar ali. Só não imaginava que o problema era o fato dela não ser a pessoa que gostaria que fosse.

Daisuke levantou-se, sério.

— E eu nunca o vi olhar para mim com tanto orgulho como quando ele a olhou naquela fração de segundo depois de descobrir quem ela era.

Seus dois amigos nada disseram, apenas o olharam. Dizer que os pais de Daisuke tinham uma relação fria era eufemismo. De todos os amigos, era o que tinha a família mais disfuncional, literalmente formada apenas pelo pai. Sua mãe basicamente o ignorava, dedicando-se quase que exclusivamente a sua posição no Clã.

O garoto ficou fitando o horizonte, sério.


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Notas finais do capítulo

E agora, o que vai acontecer com Sarada e seus pais? E como Daisuke lidará com o fato de ter uma irmã?



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