O grupo viajava em silêncio, querendo ganhar terreno. Amegakure era relativamente perto de Konoha se comparada as demais Aldeias shinobis, mas, se os boatos fossem verdadeiros e ali era o esconderijo da Akatsuki, qualquer cuidado era pouco. Então, tinham de planejar como iriam proceder.

A uma distância boa de Ame, o grupo decidiu acampar onde aproveitariam para repassar os planos. Enquanto jantavam, os três jounins buscavam orientar os quatro jovens que acompanhavam atentamente cada palavra. Naruto, Sasuke e Sakura pareciam agir com absolutamente tranquilidade, mas Hinata não parecia tão confiante assim.

Ela passava e repassava tudo o que fora dito, insone, olhando para o brilho das estrelas.

— Está com medo?

Ela se voltou, surpreendida.

— Está tão na cara assim?

A única outra mulher no grupo sorriu.

— É normal sentir medo, não é algo com o qual deva se envergonhar. Apenas não deixe que isso te impeça.

— Não é o que meu pai e meu primo dizem. Para eles, é um sinal de fraqueza.

— Fraqueza é não admitir que tem seus medos. Todos temos e o primeiro passo para superá-los é admitir que eles existem.

— É exatamente o oposto do que me foi ensinado.

Sakura voltou os olhos para ela ainda sorrindo.

— O seu problema não é o seu medo, mas o fato de não confiar em si mesma… em suas habilidades. Eu tenho te observado desde quando ainda estávamos na Academia, sempre educada, sempre respeitosa, mas odiava chamar a atenção. Características de quem tem baixa autoestima.

A outra nada disse.

— Deve ser difícil ser herdeira de um Clã como os Hyuugas…

— Não sabe o quanto! Sabe como é todos esperarem que você seja melhor em tudo, mas nada que faça parece satisfazê-los?

— Talvez… Mas esse outro alguém sou eu mesma.

Hinata finalmente a fitou, surpreendida.

— Muito se espera de nós, Hinata, e acredite quando digo que você e os outros podem se considerar com sorte por ainda serem capazes de tecer seu próprio caminho.

— Então é verdade o que dizem… Que o Naruto, o Sasuke e você…

Sakura a encarou por segundos e, de repente, a Hyuuga teve a impressão de seus olhos brilharem cinzentos.

— Se atenha ao agora, Hinata! O amanhã… é melhor não saber o que nos espera.

— Você é uma Guardiã?

Sakura piscou, mas um olhar calmo saudou a companheira.

— Você ainda tem um belo futuro pela frente, Hyuuga! Apenas confie em si mesma.

Os olhos voltaram a cor verde-esmeralda antes da companheira ajeitar-se na cama improvisada e buscar dormir.

Hinata, no entanto, não conseguiu dormir e apenas ficou esperando amanhecer.

O grupo se deteve a uma boa distância da Aldeia onde a chuva constante já começava a castigá-los. A um sinal de Jiraya, Hinata ativou seu Byakugan e Naruto o Modo Sanin analisando o campo ao redor.

— Estranho! Não parece haver ninguém na Aldeia – disse Hinata, surpresa.

— Está abandonada? – perguntou Jiraya, desconfiado.

— Não creio! – disse Naruto, voltando-se para os companheiros. – Acredito que apenas estejam escondidos em algum lugar.

— Parece até mesmo que já sabiam que viríamos – comentou Shisui, sério. – O que faremos então?

— Vamos nos separar em dois grupos. Procurem por qualquer coisa que nos leve a uma pista das atividades de nukenins. Nos encontramos aqui ao anoitecer.

Enquanto Shisui e Jiraya ficaram com Naruto, Kakashi, Sakura, Hinata e Sasuke seguiram pelo caminho oposto. O ninja mascarado invocou sua matilha e puseram-se em movimento, mas realmente parecia que a Aldeia estava inteiramente vazia.

— Isto não está me cheirando bem – resmungou Pakkun, sacudindo o pelo para se livrar das gotas de chuva. – Não há qualquer vestígio de pessoas. É como se tivessem desaparecido no ar.

— Ninguém desaparece no ar – alertou Hinata, o Byakugan ativado, mas não havia qualquer vestígio.

O grupo ainda debatia entre as suas opções quando um barulho abafado os fez se voltar e um golpe quase os atingiu. Estavam em um beco estreito e diante deles uma bela mulher com longos cabelos roxos com uma rosa de origami enfeitando-os. Ela estava suspensa pelo que parecia ser asas de papel.

— Tem péssima pontaria – ironizou Pakkun, mas a mulher apenas sorriu.

— Afastem-se – gritou Sakura segundos antes de tudo ao redor explodir derrubando as paredes ao redor deles.

Puderam ouvir apenas o farfalhar das asas enquanto a mulher se afastava, mas ela logo foi surpreendida por um soco que quase a acertou.

— Ora, ora… Vejo que não deveria tê-los subestimado – disse a mulher, muito séria, vendo a jovem de cabelos rosados a sua frente. – Clones? Um truque idiota muito útil, não é?

Ela sorriu antes de se desfazer em papel segundos antes de uma gigantesca bola de fogo acertá-la.

— O quê? Um clone de papel?

— É a minha habilidade especial – explicou, fazendo os dois ninjas se voltarem imediatamente vendo a mulher se materializar novamente. – Sempre fui muito habilidosa em manipulação de papel, o que me faz quase invulnerável.

Kakashi e Hinata se juntaram aos companheiros, encarando o inimigo. Hatake tentou acertá-la, mas novamente ela se desfez em papel, se materializando novamente mais adiante. Subitamente, os papeis se juntaram ao redor dela e se lançaram em uma velocidade enorme em direção aos oponentes.

A velocidade era tal que os papéis se tornaram lâminas retalhando os quatro e derrubando-os.

— Deve haver um espaço de tempo de estática – comentou Hatake, levantando-se com dificuldade. – Não é possível ela se desfazer e se refazer imediatamente.

— Nesse espaço o corpo dela é solido o suficiente para ser danificado – completou Sakura, encarando o inimigo que continuava a sua frente sem expressão. – Teremos de nos dividir então.

Os quatro assentiram então Kakashi e Hinata a atacaram usando suas técnicas e, como previsto, a mulher se desfez em papel, mas, enquanto ela se refazia, Sasuke e Sakura armavam o segundo ataque.

— Suiton: Técnica do Projétil do Dragão de Água…

Sasuke usou o Kirin e as técnicas atingiram a mulher antes que ela pudesse esboçar reação. Ela foi jogada a vários metros de distancia sobre um grande lago nos limites da Aldeia.

Surpreendentemente, ela se levantou quase sem ferimentos enquanto uma enorme barreira de papel a protegia.

— Realmente, eu os subestimei – riu a mulher, ainda coberta de cinzas, mas, subitamente, ela se ajoelhou, o corpo tremendo.

— Parece que a atingimos – disse Hinata, saltando e tentando novamente, mas a mulher era muito rápida, mesmo entorpecida demais para usar o Clone. De repente, os papeis assumiram a forma de adagas e investiram contra os inimigos. No entanto, os que acertaram explodiram como papeis bombas.

Apenas Sakura imediatamente se pôs de pé, enfrentando a mulher.

— Vejo que você não desiste fácil, menina! Mas, certamente, não sobreviverá a isso – disse a mulher, erguendo as mãos e, de súbito, as águas do lago se afastaram, deixando apenas um vazio. – Técnica do Papel da Pessoa de Deus.

Sakura se viu caindo no abismo enquanto inúmeros minúsculos papeis caiam sobre si.

Os companheiros só puderam ver, impotentes, as explosões intermináveis enquanto que a mulher de cabelos roxos voltava-se para junto dos demais.

— Uma já foi… Quem será o próximo? – ironizou, vendo o homem moreno se pôr de joelhos, desolado. – Não fique triste, logo se juntará a ela.

Mal acabou de falar, ela sentiu um chakra imensurável que a fez se voltar.

Lentamente, a mulher de cabelos rosados emergia do fundo do lago, envolta por enormes pilares de água que giravam ao seu redor, os cabelos jogados sobre o rosto e sem um único arranhão. Os pilares novamente caíram sobre o lago enquanto ela erguia o rosto e a fitava com os estranhos olhos prateados.

— Em geral, prefiro não lançar mão de minha entidade, mas ainda não chegou a minha hora – exclamou, colocando as mãos sobre as águas do lago. – Prepare-se… Suiton: Onda de Choque Aquática Explosiva…

A mulher mal teve tempo de reagir e se viu engolida por uma onda gigantesca.

Quando o jutsu se dissipou, sem forças, Sakura se ajoelhou e caiu inconsciente sobre as águas agitadas.

Sasuke e Hinata se apressaram a retirá-la do lago enquanto Kakashi ainda olhava desconfiado onde a inimiga jazia. De repente, ela se moveu, levantando-se, fazendo com que os três novamente se pusessem em posição de ataque. No entanto, ela cuspiu sangue e foi ao chão, aparentemente sem forças.

— Eu cuido disso… Chidori.

Mas, antes que Hatake pudesse realizar o golpe de misericórdia, foi jogado para trás caindo há vários metros de distância. Antes que ele pudesse reagir, viu um ninja de cabelos alaranjados diante do corpo caído da mulher e um outro ruivo ajoelhado ao seu lado.

— Quem são vocês?

Ao invés de responder, o homem de cabelos alaranjados armou um segundo golpe, mas foi interceptado enquanto outros três guerreiros se juntavam a eles. Foi só então que os dois homens pareceram em choque.