Sarada ficou muito abalada, mas fez o possível para não demonstrar enquanto tentavam acalmar e consolar o marido desesperado. Os médicos levaram o bebê para fazer exames, mas, considerando o fato dela ainda estar ali, ele ficaria bem.

Depois de ajeitarem tudo, foram novamente chamados a Torre Hokage onde os lideres de todos os Clãs estavam reunidos e discutindo na sala de reuniões. O mais exaltado era o líder dos Hyuugas e por uma boa razão:

— Não preciso do meu Byakugan para saber que estão nos escondendo alguma coisa – disse, socando a mesa, fazendo todos pularem e o encararem em silêncio. – Exijo saber o que está acontecendo…

Subitamente, ele se calou e se voltou para a porta onde Sasuke estava parado. Ao olhar para o homem, um frio correu sua espinha e ele engoliu em seco, mas rapidamente se recompôs.

— Quem é você? – rosnou, mas o homem apenas ergueu uma sobrancelha.

— Agora percebo que Hiashi-sama tem bem a quem puxar – disse, sorrindo de canto, fazendo-o ficar ainda mais desconfiado. – Entendo sua preocupação, Hyuuga-sama, mas tenha ciência de que estamos trabalhando para descobrir quem é o culpado pelos recentes ataques a Aldeia e onde estão se escondendo. E quanto antes melhor.

— Poderia ser mais claro? – perguntou um dos homens da mesa, pela aparência com certeza era um Yamanaka.

— Vou resumir o problema: Essas pessoas estão atrás de três indivíduos. O problema é que essas pessoas ainda não nasceram, por isso estão atacando aqueles que darão origem a essas pessoas.

Ele começou a contar os fatos bem resumidamente, mas todos entenderam os pontos principais da questão.

— Quer dizer que um Uchiha, um Hyuuga e uma pessoa sem Clã serão a chave para a salvação do mundo? – perguntou o Hyuuga, extremamente surpreso.

— Eu não disse que ele era um Hyuuga, disse apenas que seu Clã é um dos Elos dessa corrente. Na verdade, ele é filho de uma Uzumaki com um shinobi sem Clã, mas ele unirá todos os países na Batalha Final. De onde viemos, por esses feitos e por muitos outros, ele é o atual Hokage e um líder extremamente respeitado.

— Isso sim é uma surpresa – ironizou um homem muito acima do peso, líder dos Akimichi, recebendo imediatamente um olhar mortal do Hyuuga, mas ele se distraiu ao ouvir uma risadinha.

Um garoto de cabelos loiros curtos piscou ao perceber que tinha sido inconveniente.

— Eu ainda não entendi o que minha família tem a ver com tudo isso…

— Dois de seus netos serão de grande importância assim como os netos de todos os que estão aqui, mas serão meus amigos e eu que realmente faremos a diferença. E sim, dois shinobis que, em sua visão atrasada, nem deveriam ser considerados.

Hyuuga se levantou de súbito, partindo para cima do homem, mas o rapaz loiro o interceptou, acertando-o com um golpe bem especifico. O homem foi empurrado de encontro a mesa, mas a pressão a destruiu e o fez bater na parede do outro lado do recinto.

Os outros líderes apenas observaram, espantados.

— Quem te ensinou esse golpe? – perguntou o homem quando conseguiu ar suficiente nos pulmões, levantando-se com dificuldade.

— Minha mãe…

— Sua mãe é uma Hyuuga? Será que meu Clã se perdeu tanto a esse ponto?

O menino rosnou, liberando apenas parte do chakra da Kurama, fazendo com que todos se afastassem, assustados.

— Foi justamente essa mentalidade que levou meu tio-avô a morte e meu tio a uma infância inteira de amargura. É essa a herança que você passará aos seus descendentes, pessoas que se acham objetos e odeiam você e seus comparsas por isso. Se o seu filho tivesse prosseguido nessa linha, eu talvez nem nasceria ou minha mãe, minha irmã e eu seriamos obrigados a carregar o Selo de Submissão… apesar de termos nascido na Casa principal. Felizmente, ele acordou ao quase perder o único sobrinho na guerra. Sobrinho esse que quase morreu, tal como seu pai, para proteger a casa principal.

Ele arrancou o tampão que protegia seu olho danificado, mas por baixo ele era totalmente branco em contraste com seu par de uma tonalidade clara de azul.

— Quando eu nasci, voltaram a cogitar na possibilidade da minha mãe ser afastada da linha de sucessão e a me rebaixar depois da minha irmã ter despertado o Byakugan com quatro anos… em uma situação parecida com o que acontece com os Uchihas. Mas, com catorze anos, qual não foi a surpresa quando, após ser atingido em uma missão, olha no que meu olho se transformou.

De súbito, o olho esbranquiçado, semelhante ao dos Hyuuga, assumiu um fundo negro.

— Ele faz a mesma coisa do Byakugan e algumas coisas a mais.

Sasuke apoiou a mão em um dos ombros de Boruto.

— Não vale a pena!

O rapaz trincou os dentes, mas desviou o olhar. Ter sido menosprezado pelo avô e pelos outros membros do tão respeitado Clã de sua mãe durante a maior parte de sua vida ainda o marcava. Ele havia treinado quase até a exaustão, se especializado no taijutsu característico deles, mas nada disso fora o suficiente.

Teoricamente, havia acabado a separação do Clã, bem como a utilização do Selo, mas certas coisas estavam tão enraizadas que levaria gerações para serem superadas… ou talvez nunca seriam.

— A grande questão aqui é nos organizarmos – salientou o Hokage que a tudo assistia em silêncio até então. – Como está a barreira?

Um outro homem suspirou, enquanto passava a mão pelo rosto.

— Para ser honesto, não sabemos como o inimigo conseguiu passar pela barreira sem chamar a atenção. O ataque a família Haruno foi totalmente inesperado e…

— Simplesmente vocês não estavam olhando – protestou a jovem, fazendo o homem corar como um pimentão.

— O QUE ESTÁ INSINUANDO? – gritou ele, usando seu tamanho para intimidá-la.

— Não estou insinuando, estou afirmando. Minha mãe quase foi morta pelo neto desse aí – disse, apontando para Kenji que corou ligeiramente – porque, na opinião dele, ela era uma ninguém. E depois eles ainda se sentiram no direito de expulsar do Clã um dos guerreiros mais respeitados de nosso tempo ao invés de aceitar que a “linhagem insignificante” dela fosse incluída entre eles.

O homem era inteligente o suficiente para entender a insinuação, então partiu para cima dela, mas uma mão segurou seu punho. Ele se voltou e começou a suar frio ao se deparar com o olhar assassino da jovem mulher a sua frente.

— Não ofende dizer a verdade. É impossível alguém entrar aqui e destruir uma casa sem ser notado, então a única conclusão logica é “vocês não estavam olhando”. Porque eles não eram importantes, não é?

— Aceita que dói menos – ironizou o jovem de cabelos azuis, de braços cruzados.

O homem se afastou, olhando ao redor, mas ninguém se manifestou. Não era nem preciso saber ler pensamentos para entender que concordavam com elas. O que o fez baixar a cabeça.

— Mas agora que perceberam que já entendemos o que está acontecendo eles procurarão um ataque mais direto – disse Jiraya, voltando-se para o Hokage.

Sarutobi assentiu, olhando para todos ao redor.

— Quero que auxiliem na evacuação de todos os civis, todos aqueles que não têm condições de lutar, para os abrigos. E se certifiquem de que não fique ninguém para trás. Os portões da Aldeia estarão fechados até segundo ordem; ninguém entra, ninguém sai.

Todos assentiram e foram se dispersando lentamente.

Tsunade acompanhava a movimentação ao lado de Jiraya com ar preocupado e nem sequer se voltou quando alguém se postou atrás dela.

— Por que defendeu aquela garota?

— Na verdade, ela salvou sua vida, mal-agradecido – resmungou Jiraya, sorrindo com escárnio. – Aquela menina é uma Uchiha e, se ela não tivesse se defendido, aquele homem de preto, que é o pai dela, parecia muito inclinado a cortar seu pescoço.

Ele se voltou para a bela loira que ainda tinha o olhar pousado na garota que conversava com os seus companheiros.

— Desculpe! Não percebi…

Tsunade não lhe deu atenção, se retirou da sala em silêncio.

— Acho que finalmente ela se tocou que você não é perfeito, não é, Kato?

O homem de cabelos azulados corou profundamente, sem perceber que o homem de preto o olhava a distância. Kato? Onde é que já tinha ouvido esse nome?