Outra Dimensão escrita por ACLFerreira


Capítulo 2
Eu sou Sarada Haruno


Notas iniciais do capítulo

Qual será o segredo guardado por Sakura? Qual é a identidade dessa misteriosa menina?



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A menina de olhar inexpressivo apenas observava a movimentação sem nada dizer. Seus companheiros, acostumados a seu comportamento estranho, apenas aguardavam, vendo-a analisar ao redor.

— Hei, não devíamos trabalhar juntos? – perguntou um dos rapazes, sorrindo.

— Que coisa é essa de ficar espionando os outros? – perguntou o outro, irônico.

— Dá para calar a boca um segundo? – sussurrou a jovem, fazendo-os se calar instantaneamente.

Sabiam bem que não era nada bom provocar. Todos sabiam e os poucos que tentaram nunca mais sequer pensaram em repetir a experiência.

Lá embaixo, logo abaixo da enorme árvore sobre a qual estavam, três rapazes estavam conversando, sem saber que estavam sendo observados. No entanto, bem armados como estavam, não era adequado atacá-los sem um planejamento prévio. E nem valia a pena já que seu pergaminho era exatamente igual a deles.

— Vamos deixar passar. Seria inútil.

Os dois se entreolharam e olharam para baixo. Havia três rapazes, supostamente com a mesma idade deles, agachados, sendo um loiro, outro moreno e um com estranhos cabelos azuis. O moreno, no entanto, era o que parecia guardar a atenção da jovem. Desde o início da prova, o rapaz lhe chamara a atenção, embora não pudessem entender porquê. Chegaram a perguntar o motivo de tanto interesse, mas ela não respondia. Como ela era a chefe incontestável da equipe, não tinham alternativa.

— Vamos…

O farfalhar causado pela partida não passou despercebido pelo jovem moreno, mas ele se levantou.

— Temos de continuar.

O loiro levantou-se, sem discutir, mas se espreguiçou ruidosamente.

— Para onde vamos? Não temos a mínima ideia de para onde foram as outras equipes.

— Eu sugiro ir em direção ao ponto de encontro. Pelo caminho, com certeza encontraremos outras equipes – disse o de cabelos azuis, sério.

— É uma boa ideia, mas também há o risco de ficarmos expostos por não conhecer o terreno – comentou o moreno, analisando ao redor. – Mas temos de nos arriscar. Se não encontrarmos nenhuma, podemos esperar e ficar de tocaia.

— Tocaia? Essa nunca foi a minha especialidade – comentou o loiro, passando a mão pelo cabelo.

— Me conta uma novidade – ironizou o de cabelos azuis, sorrindo. – Perderemos muito tempo procurando a cada centímetro daqui. Tempo que não temos.

O loiro suspirou de forma engraçada.

— Fazer o quê, não é? Vamos…

Os três se apressaram a seguir viagem, atentos a qualquer movimento estranho, mas a floresta parecia estranhamente vazia e silenciosa. Qualquer ninja com um mínimo de treinamento conseguiria se manter bem camuflado, mas, mesmo assim, era estranho aquele silencio.

De repente um clarão ao longe os fez parar. O moreno pareceu o mais surpreso, não podendo acreditar no que via.

— Mas isso é… – exclamou o loiro, arregalando os enormes olhos azuis.

— Vamos – disse o moreno, arrastando os dois outros atrás de si.

No meio de uma clareira na mata, não muito longe de onde estavam, três corpos estavam caídos, um ao lado do outro, seriamente chamuscados, mas não pareciam mortalmente feridos. Logo ao lado deles, três outros estavam agachados revirando seus corpos. Por fim, puxaram algo e guardaram.

— Hei vocês aí – gritou o moreno, chamando a atenção deles.

A única mulher olhou por sobre o ombro, seus olhos assumindo um brilho estranho, antes de esconder o pergaminho dentro do agasalho e pular, sumindo por entre as árvores.

— Desgraçados! Não estamos em um campo de batalha para usar um jutsu desses – exclamou o loiro, agachando junto aos três inconscientes.

— Na verdade, aqui não é muito diferente de um campo de batalha – salientou o de cabelos azuis, sério.

O moreno, no entanto, não parecia prestar atenção, analisando os ferimentos dos três. Pelas suas bandanas, pareciam ser da aldeia da névoa, então era incrível que a jovem os tivesse nocauteado com apenas um ataque. Ao que parecia tinha pegado eles de surpresa.

— Vamos, temos de continuar – disse o moreno, levantando-se.

O loiro lançou uma adaga explosiva para o ar antes de seguir seus companheiros, não conseguindo parar de pensar naquela menina. Quem diabos ela era?

Já estava escuro quando eles decidiram descansar um pouco. Era inútil prosseguir na quase absoluta escuridão, então se sentaram, pensando nos acontecimentos do dia.

— Que dia! – exclamou o loiro, sentando-se ruidosamente.

— É, nem me fale – completou o de cabelos azuis, sorrindo. – E ainda temos alguns dias a mais de prova.

Os três não haviam tido sequer um minuto de descanso desde do início da prova de graduação, no dia anterior.

— Digam-me algo… eu estou errado ou aquela menina da aldeia da areia soltou mesmo uma bola de fogo? – perguntou o garoto loiro, sério.

— Você não está errado – respondeu o rapaz moreno, de cabeça baixa. – Por mais incrível que possa parecer aquilo que vimos foi mesmo uma bola de fogo.

— A pergunta correta seria: Como foi que aquela menina da Aldeia da Areia pode controlar um jutsu tão complexo como a Bola de Fogo? – perguntou o de cabelos azuis, sério como sempre. – Um jutsu totalmente fora de seu elemento base?

— Talvez a resposta seja mais simples do que parece – respondeu o moreno, ainda fitando absorto a fogueira. – Depois da Guerra, o trânsito entre as aldeias ficou bem mais fácil. Será que os pais dela não se mudaram do país do fogo para o país do vento e levaram consigo esse conhecimento?

— É uma possibilidade bem plausível – disse o loiro, olhando de um para o outro.

— Então teremos de ter muito cuidado com ela, é muito mais perigosa do que todos os competidores juntos.

Os outros dois e passaram a também fitar o fogo absortos.

Não foi surpresa quando, dois dias depois, ao chegarem ao ponto de chegada da segunda etapa da prova, encontrarem o grupo da jovem já reunidos a um canto aguardando que os outros competidores chegassem.

Quando os dois grupos cruzaram olhares, ela franziu os olhos, olhando com desconfiança o moreno.

No final, treze equipes completaram o percurso, a maior quantidade de competidores da história. Ofereceram a alternativa de desistirem da disputa, mas apenas sete, vencidos pelo cansaço físico e mental, resolveram desistir.

Foi quando as disputas um a um começaram.

Os três amigos observaram os companheiros enfrentarem dificuldade, mas a maior parte venceu a primeira rodada, mas o loiro, filho do líder da Aldeia, ainda olhava desconfiado para a jovem da Aldeia da Areia que parecia impassível, apenas esperando pela sua vez.

— Oh, Shikadai, você a conhece? – perguntou a um dos amigos cuja mãe havia nascido na Aldeia da Areia e, por ser irmã do atual líder, ainda a frequentava periodicamente.

O rapaz, com seu olhar entediado costumeiro, seguiu seu olhar e imediatamente pareceu ficar sério.

— Se eu fosse você, torcia para não pegá-la. Minha mãe diz que, com essa aí, não se pode facilitar.

Mas o que o amigo conseguiu foi dobrar sua curiosidade. Estava louco para vê-la em ação.

Finalmente, após três lutas, o nome da jovem foi chamado.

— Sarada Haruno…

Assim que foi anunciado, seu jovem amigo franziu os olhos, olhando para ela que, num salto, desceu para a arena.

— Haruno?

— Você a conhece?

— Não, mas esse nome me soa muito familiar.

— Claro que soa! – salientou o jovem de cabelos azuis, sorrindo. – Seu pai e o seu – disse, apontando para o outro companheiro – lutaram ao lado de uma Haruno durante a Quarta Guerra. Era o terceiro membro do chamado Trio Impasse.

Trio Impasse, ou os Três Lendários Senins, era como era chamado o grupo de guerreiros de extrema habilidade que, durante a Terceira Guerra, havia defendido a Aldeia da Folha contra os inimigos. Na Quarta Guerra, no entanto, como um deles havia morrido pouco antes e o outro havia mudado de lado, coubera aos seus pupilos mais capazes e habilidosos assumir sua posição na defesa do mundo.

— Mas ela não desapareceu poucos anos após a guerra? – perguntou o loiro, olhando para o companheiro.

— É o que dizem, mas acho que enfim a encontraram.

— Shisui Uchiha…

Ao ouvir o nome do primo, Daisuke Uchiha o encarou enquanto ele se preparava para descer a arena, a postura confiante característica do Clã.

— Cuidado com ela…

O rapaz o encarou apenas de relance antes de se juntar a jovem desafiante.

A garota parecia perfeitamente confiante, o rosto fechado sem demonstrar nenhuma emoção. Shisui foi o primeiro a atacar, mal esperando pela autorização do juiz, usando a bola de fogo.

— A acertou – gritou o garoto loiro, empolgado, mas nem chegou perto.

Quando a poeira abaixou, viram um muro de terra que havia contido o ataque. Quando ele desfez, ela apareceu por trás dele sem lesão.

— Essa não… Shisui…

Quase imediatamente, a areia se uniu e formou uma esfera gigante que começou a soltar espinhos na direção do oponente. Uchiha mal teve tempo de pensar, quanto mais de desviar. Quando um espinho atingiu seu peito, ele desabou, desacordado.

Os espectadores assistiam, espantados, enquanto a jovem se afastava ao mesmo tempo em que os paramédicos corriam a socorrê-lo. Ela voltou para junto de seus companheiros e mal percebeu os cumprimentos, apenas encarava o outro jovem Uchiha em desafio.

— Olha aqui, isso não é uma batalha! Você poderia tê-lo matado.

— Se eu o quisesse morto, ele não sairia daqui em uma maca – provocou, fazendo-o rosnar. – Minha mãe é uma Ninja Médica de renome, sei muito bem onde posso acertar sem causar quase nenhum dano. Mas não se preocupe; é você que eu quero enfrentar.

Ela o encarou pelo canto do olho, mas o loiro o segurou.

— Não vale a pena!

A mulher entrou lentamente no quarto e recolheu calmamente a caixa e seu conteúdo. Depois que terminou, sentou-se sobre a cama e encarou com uma expressão estranha a bandana nas mãos da filha.

— Você não nasceu na Vila da Areia?

— Não! Vim para cá quando estava grávida de você. Eu nasci no País do Fogo, na Vila Oculta da Folha.

— Quer dizer que você veio depois da…

— Da guerra? Sim, foi depois. Eu lutei ao lado de Konoha na Guerra, embora isso pouco importasse diante das circunstancias. Todas as Vilas lutaram juntas pela primeira vez na história. Então, tanto fazia se você fosse de uma ou da outra.

— Por que você abandonou sua Vila natal?

A mulher suspirou, deixando a caixa sobre a cama.

— Por muito tempo, eu fui uma ninja de nível baixo em uma equipe de ninjas acima da média. O que no inicio não pareceu ser uma coisa ruim foi se tornando um fardo pesado demais para mim conforme os desafios foram se tornando cada vez mais difíceis. Eu me sentia um peso para os meus amigos, conforme eles iam se tornando cada vez mais fortes e eu não encontrava meu caminho. Então me dediquei aquilo que eu era mais talentosa e finalmente consegui chegar perto do nível deles. Na Guerra, lutei lado a lado com os meus amigos e sobrevivi para contar a história e me tornar alguém que as pessoas olhavam com respeito e admiração. Eles não me viam mais como alguém que precisava de proteção e essa foi minha maior vitória.

— Mas?

O olhar dela de súbito tornou-se sombrio e triste.

— Eu não podia mais ficar em Konoha e não podia arrastar meus amigos para mais uma Guerra para me proteger. Todos perderam amigos, familiares ou ficaram severamente feridos. Foi melhor para todos eu ter partido.

A menina fitou a foto e a menina alegre e despreocupada, tão diferente da mulher sombria agora de pé no quarto. O que havia acontecido entre a Guerra e a sua chegada a Vila da Areia?

Sua mãe pegou a bandana em suas mãos e a dobrou cuidadosamente. Colocou-a novamente na caixa junto ao porta-retrato e a fechou.

— Certas coisas devem permanecer no passado, querida!


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