Outra Dimensão escrita por ACLFerreira
Notas iniciais do capítulo
Nossos heróis não fazem ideia do que os aguardam.
Kenji estava conversando com Hiruzen há um bom tempo quando Sasuke apareceu acompanhado pelos três jovens chunins. Os dois homens se detiveram quando a bateram na porta e o Hokage ordenou que entrassem.
O líder dos Uchihas examinou os três jovens um a um e se deteve por fim na única menina do grupo. Embora ainda sentisse dores, Sarada se recusara a permanecer no hospital.
— Poderia nos apresentar aos seus amigos?
Sasuke apresentou um a um, mas se absteve a pronunciar seus sobrenomes. Quanto menos soubessem, melhor.
— A garota é sua filha, não é? Possui uma enorme semelhança com você.
O mais velho apertou o cabo de sua katana em um movimento involuntário, o que não passou despercebido pelo avô.
— Não se preocupe, nunca faria mal a um membro do meu Clã… a menos que me dê um bom motivo.
— Como o fato de não sermos Uchihas apesar de nossa aparência? – perguntou a menina, rangendo os dentes. Ainda não superara a raiva causada pela injustiça que seu pai e seu irmão sofreram e ver um membro proeminente do Clã já a irritava, mas, quase imediatamente, seu pai a repreendeu:
— Sarada… não é o momento para isso.
A menina fez uma careta e desviou o olhar.
— Acabei de receber informações sobre nossas defesas – anunciou o Hokage, chamando a atenção deles. – Temos movimentação incomum a Leste. Isso não seria considerado incomum em nossa atual conjuntura, mas nossos guardas não conseguiram identificá-las de forma convencional. Creio que seja quem vocês procuram.
— Tão rápido? – ironizou Mitsuki, o olhar entediado.
— Eles devem estar tão desgastados quanto nós, achávamos que ainda levariam algum tempo para voltarem a atacar – disse Sasuke, franzindo a testa.
— Essa é a parte estranha – disse o Hokage, apoiando os cotovelos na mesa e apoiando o queixo neles. – Parece que eles não estão fazendo qualquer movimento, estão apenas aguardando.
De repente, em uma explosão de fumaça, um ninja vestido com roupas típicas de um Anbu surgiu.
— Hokage, há alguém no portão solicitando uma audiência.
— E por que vieram me notificar isso? Não ordenei que os portões fossem fechados até segunda ordem?
— O homem está desarmado, ferido e… disse que trás informações vitais para eles.
— Para nós? – perguntou Sarada, surpresa. – Pode ser uma armadilha.
— Ele disse que seu nome é Daisuke…
Os quatro subitamente ficaram tensos.
— Descreva-o para nós? – ordenou Sasuke, sem perceber que soava ameaçador.
— 1,79m, uns vinte e cinco anos, cabelos negros e olhos verdes. E tem um par Mangekiou Sharingan…
Os quatro se entreolharam. De repente, Sasuke saltou da janela e sumiu em direção aos portões. Sarada o seguiu, mas o Hokage impediu os outros dois de fazerem os mesmo.
— Vá atrás deles – ordenou o Hokage ao Anbu que desapareceu em outra explosão de fumaça. – Vocês terão de explicar isso.
— Daisuke é o nome do irmão gêmeo da Sarada – disse Boruto, nervoso.
— Irmão gêmeo? Essa menina não parece ter vinte e cinco anos – disse Kenji, surpreso.
— Não, ela tem quinze – disse o menino loiro, coçando a cabeça, confuso.
— Se ele for mesmo o Daisuke, ele veio de um futuro ainda mais distante do que nós – completou Mitsuki, cruzando os braços.
— A questão é… o que ele faz aqui?
No portão principal, um grupo de ninjas-médicos estava junto a alguém recostado a muralha enquanto os guardas vigiavam extremamente tensos.
O homem estava com seus olhos fechados, respirando pesadamente, mas Sasuke e Sarada imediatamente reconheceram a versão mais velha de Daisuke Uchiha.
— Saizo?
O jovem abriu os olhos com dificuldade e fitou a irmã. Imediatamente, seus olhos se encheram de lágrimas, mas sua expressão se tornou séria ao se deparar com o homem que vinha atrás dela.
Ele tentou se levantar, mas a dor o levou ao chão novamente segurando o peito.
— Saizo – gritou a irmã, amparando-o.
O rosto estava marcado pela dor que certamente estava sentindo, mas, quando ele abriu os olhos, mostrava o padrão de um Mangekiou muito semelhante ao da irmã. No entanto, a estrela tinha apenas seis pontas.
— Desde quando você tem o Mangekiou Sharingan? – perguntou o pai, franzindo o rosto.
— Desde que a mamãe morreu tentando nos proteger – revelou o rapaz, voltando a se sentar pesadamente.
— Você não vem de nossa realidade, não é? – supôs o pai, em duvida.
O rapaz negou com um movimento de cabeça.
— Venho de uma realidade alternativa – disse ele, englobando ao redor e só então os dois perceberam que as pessoas ao redor estavam estáticas, como que congeladas no tempo.
— Como fez isso?
— É a habilidade especial do meu Mangekiou. Não é bom que eles nos ouçam.
Os dois assentiram.
— Você diz que vem de outra realidade… – disse a irmã, fazendo-o voltar a assentir.
— E Konoha foi completamente destruída… Ela já não existe mais. Fomos criados em Suna pela nossa mãe.
— Como foi que isso aconteceu? – perguntou o pai, tenso.
— Como foi? Você deveria saber… foi você quem a destruiu.
O homem estancou, surpreso.
— Quando os Uchihas planejaram o Golpe, seu irmão e seu melhor amigo, Shisui, negociaram com o Conselho da Vila uma saída pacifica para a crise, mas Danzou Shimura os traiu, roubando um dos olhos de Shisui. O Conselho fez um acordo com nosso tio: ele mataria todos os membros do Clã e Sarutobi se comprometeria a proteger você. E assim foi feito. Por anos, Itachi foi tido como um homicida cruel e sanguinário quando ele apenas tentou proteger a Vila que amava – disse ele, gemendo de dor, sem coragem de encarar o pai. – Quando você tomou conhecimento da verdade, infelizmente apenas depois que matou seu irmão, a escuridão tomou conta de seu coração, destruindo tudo o que havia de bom. Você tomou a forma de um Anjo da Morte sobre a Aldeia e nada foi capaz de pará-lo. O senhor poupou nossa mãe porque sabia que ela estava grávida e Naruto porque simplesmente não foi capaz de matar o único amigo de verdade que tinha.
O homem baixou a cabeça, abalado.
— Naruto, Hinata que também estava grávida e nossa mãe fugiram e o Kazekage lhes ofereceu abrigo. Nós três crescemos juntos tendo apenas um plano em mente: vingar os nossos. Quando alcançamos a maioridade, saímos a sua procura e foi quando tudo desandou. Fomos atacados e quase não saímos vivos. Para escapar, usamos um jutsu que havíamos encontrado em um dos pergaminhos que nossos pais trouxeram de Konoha. Infelizmente, não fazíamos a mínima ideia de que era um jutsu de espaço-tempo.
— Não foi a primeira vez que vocês viajaram?
— Nós fomos parar bem no momento em que nosso pai e nosso tio batalhavam e acabamos salvando-o. Foi quando soubemos o que realmente aconteceu, mas ele já estava muito doente e acabou morrendo pouco depois. No entanto, o pouco tempo que passaram juntos ajudou a dissipar a raiva que nosso pai sentia, então decidimos voltar para casa onde Sasuke Uchiha tinha se tornado um dos heróis da guerra e havia se casado com nossa mãe. Nós três juramos então que não tentaríamos viajar novamente e nem revelaríamos a verdade.
— Que vocês haviam alterado a realidade acidentalmente – supôs Sarada, séria.
— Vivemos lá por alguns anos, nos casamos e quase não nos lembrávamos mais de nossa verdadeira história. Foi quando Konoha foi novamente atacada… pela sua versão da nossa realidade.
— Mas essa versão não deveria ter desaparecido quando vocês alteraram a realidade? – perguntou Sasuke, olhando-o sem saber o que pensar.
— Era o que pensávamos… Na verdade, ele tinha roubado os olhos que pertenciam a Óbito Uchiha e Kakashi Hatake e se escondeu na dimensão do Kamui quando suas lembranças começaram a embaralhar. Quando ele finalmente saiu, percebeu que de alguma forma as coisas estavam diferentes. Tomado pela fúria, ele voltou a atacar e se assegurou de não deixar ninguém vivo. No entanto, quando ele se pôs frente a frente a versão do nosso pai dessa nova realidade eles se autoanularam e desapareceram.
— E o que fizeram então?
— Nós decidimos vir para cá, para muito antes de tudo isso acontecer, na esperança de que pudéssemos salvar nossos entes queridos. No entanto, fomos seguidos.
— Aqueles ninjas?
— Eles roubaram o pergaminho…
— Querem alterar o futuro ao seu bel-prazer – disse, os olhos verdes piscando e lentamente o efeito do Mangekiou ia se perdendo. – Minha irmã e Boruto se sacrificaram tentando impedi-los e acabou que apenas eu consegui.
Os dois baixaram a cabeça, surpresos.
— Vocês aqui, vindos de uma realidade totalmente diversa, são a minha esperança de que tudo isso não foi em vão. Que, no final, nós vencemos.
A cabeça de Daisuke caiu sobre seu peito e seu chakra começou a oscilar. De repente, seu corpo começou a brilhar bem quando as pessoas foram descongeladas e por fim seu corpo explodiu em luz e desapareceu.
Era como se nunca tivesse estado lá.
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