"A solidão cega os corações puros, contorcendo suas mentes e os arrastando à beira de um abismo sem fundo. Invencível é aquele que busca saída de seu poço ao pedir ajuda, pois reconhece seus erros e seus limites."

— Hey, acorde!

A luz ofuscante impedia a ela de saber quem a chamava aos gritos abafados de algo que parecia cobrir seu rosto. Tudo ainda lhe era confuso ainda, podia sentir o tempo parado e a pressão em sua cabeça cada vez mais forte. Mas alguém a chamava, querendo a trazer de volta a si naquele momento inóspito.

— Consegue me ouvir?

O som ainda era baixo e abafado, pois sua audição afetada a pouco pelos rugidos infernais ainda era restabelecida aos poucos, mas algo atingiu seu instinto e seu reflexo foi sem qualquer hesito erguer sua mão, mirando em algo no céu que novamente se formava a engolir a energia do planeta. Com todas as suas forças seu corpo pulsou e em um único movimento, uma rajada intensa de luz cortou como uma lâmina a escuridão, fazendo tudo a sua volta ter um forte impacto que fez a pressão do ar afundar a terra se erradicando por quilômetros dali.
Sem forças, tudo parou novamente.

"Nunca mais..."

— Que lugarzinho é este...

O tom de sua voz masculina foi a despertando lentamente, não era dirigida a mesma, mas sim a quem próprio falava. O ambiente era extremamente branco e luminoso, mesmo que sua visão não fosse excelente isso ainda a incomodava.

— Rochas e mais rochas...este lado do planeta parece totalmente destruído. O quê? Um nome? Talvez, XH2K7?

— Akhalen.

O homem em um traje incomum olhou rapidamente para a maca na qual daitava a garota após "resgatá-la". Não esboçou medo ou hesito. Mas sim um ar de surpresa, logo levantando-se com um sorriso bobo no rosto, o qual a jovem não conseguira definir. O mesmo com ele que não poderia ver seu rosto direito.

— Akha-o quê?

Ela virou seu rosto para de onde vinha o som. Assim em direção a ele.

— Você esta em Akhalen, como pode não reconhecer este planeta mas falar tão bem o idioma desta terra?

— Mas...eu não falo seu idioma...

Ela pareceu confusa, cobriu sua cabeça novamente com o capuz e se levantou bruscamente, cambaleando um pouco. 

— Ei, ei, cuidado...deixe-me...

Tentou um paso ao menos a frente afim de ajuda-la, mas foi surpreendido pela movimento brusco da mesma.

— Não ouse! 

Gritou como uma ameaça de um animal selvagem pronto para atacar, arisco e sem medo mesmo que seu tamanho fosse duas vezes menor que seu oponente.

— O que você é?

— Um Astronauta. E você, o que é?

Nada lhe foi respondido.

— O que era aquilo lá fora?

Outra vez não fora respondido.

Um silêncio longo pairou sobre os dois que nada falaram ou fizeram. No entanto, percebendo a fera indomável que tinha em sua frente, ele se afastou em passos lentos tentando não fazer nenhum ruído indo próximo a um interruptor no canto esquerdo o qual tinha diversos botões e medidores. Antes de qualquer coisa, recolocou seu capacete, de seu traje nunca visto antes naquela galáxia e então apertando um daqueles pequenos botões, a comporta direita foi aberta expelindo ar pela mesma, o som deu a ela uma reação de susto, o que o fez rir.

— Pode ir, volte para sua escuridão se quiser.

Ela nem mesmo seguiu o som de sua voz, mas foi em passos largos em direção a onde o mesmo estava.

— Não ria do que desconhece, Homem do Espaço.

Por um movimento rápido, a mesma correu para a saída e de lá não foi mais vista. A comporta se fechou logo após sua saída. O homem virou-se para o monitor, como se tudo aquilo fosse completamente normal de se acontecer.

— Me diga, Six, por que me trouxe para estes fim de mundo?

Nem mesmo o monitor não ousou responder. Com uma pergunta não respondida em sua mente, o homem olhou para a escuridão diante dos seus olhos pelos vidros de sua nave, um gosto amargo subiu por sua garganta quando ele pensou sobre isso.