Me obriguei a tomar banho, vestir meu pijama e pentear meu cabelo antes de me arrastar para a minha cama, me cobrir e deitar em posição fetal enquanto abraçava meu travesseiro. Suspirei e coloquei meu grande travesseiro em forma de gato atrás de mim e fechei os olhos.

“Marinette, tem certeza que você está bem?” a voz de Tikki em minha frente era preocupada, então tentei sorrir para ela.

“Não se preocupe, ninguém nunca morreu por causa de uma pequena cólica.” Fecho novamente meus olhos.

Ser heroína não era fácil assim como ser mulher também não era, absolutamente. Isso passou pela minha cabeça quando tive que tomar de uma vez os últimos três comprimidos para cólicas que eu tinha na cartela para conseguir lutar contra mais um akuma horas antes. E claro que eu iria me esquecer de passar na farmácia e comprar mais, antes de finalmente voltar para casa. E claro que minha mãe também não teria comprimidos, já que ela geralmente não costuma ter cólicas. Esse tipo de coisa realmente pode acontecer – mas isso não a impedia de reclamar aos céus sua má sorte. Eu só esperava conseguir me aquecer o bastante para conseguir dormir até amanhã quando poderia ir na farmácia comprar mais remédios.

Ainda estava tentando me concentrar na minha própria dor quando ouço uma pequena batida em minha janela e abro meus olhos para ver Chat acenando para mim. Não posso deixar de sorrir, apesar da enorme força que tenho que fazer para me levantar para deixa-lo entrar, mas antes que conseguisse, Tikki me faz esse favor, então volto a me deitar.

Ele entrou e fechou a janela, antes de se sentar no pé da cama e me lançar um olhar travesso. “Ora My Lady, estou chocado. Achei que era o único gato com permissão de dormir agarradinho contigo.” Ele lançou um olhar magoado fingido para o travesseiro atrás de mim e não pude deixar de rir, antes de colocá-lo em seu lugar habitual na cabeceira da cama e olhar para meu Chaton a minha frente.

“Bem, tive que usar um substituto, já que você não estava aqui, mas aparentemente não preciso mais.” Lhe lancei um olhar sugestivo e ele sorriu antes de liberar a sua transformação e engatinhar na cama até meu lado embaixo das cobertas. Ele também estava de pijama e pelo cheiro suave, também tinha acabado de tomar seu banho. Quase esqueço completamente da minha dor quando ele me dá um beijo casto em meus lábios. “A que devo o prazer dessa visita?”

“Ora Buguinette, você não esperava realmente que eu te visse tão obviamente incomodada durante nossa luta e não viesse ver o que há de errado?” sorrio para ele. É claro que ele repararia. Ele parecia estar sempre tão atento a cada movimento meu, quase sem tirar seus olhos de mim, o que não me surpreendia que ele percebesse um desconforto meu – principalmente quando esse desconforto era tão grande quanto o ódio que meu próprio útero tinha decidido demonstrar durante todo o dia. Eu acaricio seu rosto e sorrio novamente.

“Não é nada Adrien, você não precisa se preocupar.” Ele balançou a cabeça levemente aborrecido com minha resposta e acariciou minha bochecha.

“Não diga que não é nada quando você está obviamente passando mal             ! Sei que você não quer que eu me preocupe, mas é impossível não me preocupar. Me diz o que há de errado para que eu possa te ajudar.” Adrien continua acariciando meu rosto que eu sinto corar fortemente. Apesar de amar sua preocupação e a forma que cuidava de mim, mas esse não era o tipo de problema que uma garota gostaria de dividir com seu amigo/parceiro/antigo crush/atual namorado há mais ou menos um mês. Suspiro. Ele não se acalmaria até que eu falasse.

“Não é nada demais Chaton... Só um pequeno problema feminino” sinto meu rosto queimar e ele me olha confuso por um momento, antes de seu próprio rosto queimar com a realização.

“Ah... Entendi. Tem algo que eu possa fazer para você se sentir melhor?” – eu adoro a preocupação doce em seus olhos. Adoro a forma que sua mão quente ainda acaricia meu rosto. Seguro sua bochecha e o beijo novamente.

“Sim, mas você já fez. Você estar aqui já me faz me sentir melhor. Mas... Você pode se deitar de lado assim...? Isso!” sorrio quando ele me obedece e me viro de costas, encaixando meu corpo no seu. Meu rosto está corado e tenho certeza que o dele está tão vermelho quanto o meu. Adrien se mexeu para me aconchegar melhor, colocando um de seus braços por baixo de minha cabeça. Ele começou a me abraçar com o outro braço, mas o impeço, segurando sua mão e a descansando em minha barriga, bem embaixo do meu umbigo, seus dedos tocando a barra de meu short de dormir. Ele soltou um pequeno barulho de surpresa com o súbito contato de sua mão com minha pele nua. Aos poucos o sinto relaxar e beijar o topo de minha cabeça.

“Está melhor assim princesa?” sorrio com os olhos fechados quando ele me pergunta com um sussurro em meu ouvido.

“Milhões de vezes melhor.”

“Então você realmente estava me trocando pelo outro gato? Isso machuca, sabia?” eu rio com sua falsa indignação e descanso minha mão sobre a sua, o encorajando a colocar um pouco de pressão.

“Eu tinha que me virar com o que tinha já que meu Chaton não estava aqui. Me sinto melhor aquecida. É claro que ele não se compara a você.” Ouço seu sorriso em meu ouvido.

“Eu sou muito mais quente, não sou Mari?” meu rosto cora ainda mais, mas eu sorrio.

“É claro que é.” Me aconchego melhor em nossa conchinha sentindo seu corpo quente colado no meu e sua grande mão em minha barriga. Era melhor do que qualquer remédio para dor. Suspiro antes de fazer a pergunta cuja resposta poderia me fazer chorar pelo resto da noite. “Você vai poder ficar? Até amanhã?” ouço seu sorriso e Adrien beija meu rosto antes de descansar seu rosto em minha nuca. Ele parece cansado quando responde, quase tanto quanto eu.

“Já coloquei meu celular para despertar para sair daqui antes de amanhecer. Desculpe por vir aqui com segundas intenções.” Sorrio com seu comentário.

“Suas segundas intenções são sempre bem vindas aqui Adrien.” Percebo o que falei quando era tarde demais e quase bato outro recorde de rosto vermelho. Ele ri baixinho.

“É ótimo saber disso, Mari. Pode ter certeza que não vou me esquecer.” Ele beija minha nuca. “Agora tenta dormir um pouco, você está exausta.”

“Okay!” fecho meus olhos me sentindo a pessoa mais sortuda e mais protegida e mais amada. “Adrien.”

“Sim Mari?”

“Obrigada por vir cuidar de mim.” Ele beija minha nuca novamente.

“Sempre que precisar, My Lady.” Caio então em um sono profundo e confortável em seus braços.