Daily Pat escrita por tata-chan


Capítulo 1
Capítulo Um - Dia Ruim


Notas iniciais do capítulo

Obrigada como sempre a minha Beta do coração Lecka-chan. Obrigada pela betagem, pelo título e por me viciar em mais uma coisa ò.ó



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Suspirei e revirei os olhos, mesmo que sem ver nada, enquanto tentava me forçar a entender como havia me metido nessa situação. Continuava deitado no banco da praça com a cabeça apoiada no colo da garota, suas pernas não mais cobertas pelo uniforme vermelho e preto e sim parcialmente nuas vestidas com o que parecia ser uma saia – não que eu pudesse saber realmente, não sem ver. Com o canto do olho, pude ver que ela usava all stars vermelhos e junto ao cardigan de malha vermelha que cobria minha cabeça, era a única pista da aparência da garota. Suspiro novamente.

“Você sabe que eventualmente teremos que nos levantar e ir embora, não my lady?” – tento incluir o tom leve que me é comum ao meu alter ego, mas ele não parece certo por algum motivo. Talvez hoje fosse apenas um dia de humor horrível.

“A gente pensa nisso quando chegar a hora. Por enquanto... Você não acha que está fugindo do assunto Chaton?” – sinto um arrepio na espinha quando ela toca as pontas de meu cabelo por baixo do cardigan.

É claro que ela seria sensível o bastante para reparar que eu não estava bem – na verdade qualquer pessoa repararia, não tinha sido capaz de esconder nada bem. Deveria ter feito uma piada, ou um trocadilho, ou uma cantada – qualquer coisa – mas no fim, me mantive calado, como havia estado durante todo o dia e quando derrotamos aquele akuma, - que eu tinha ajudado a derrotar basicamente em silêncio – Ladybug havia me jogado contra a parede para saber o que havia de errado. Quando me recusei a dizer, uma coisa levou a outra e quando percebi, estava deitado no colo de my lady no exato momento em que o Miraculous dela apitava pela última vez e sua transformação começava.

“Fecha os olhos!” – ela havia ordenado no mesmo momento em que colocava ambas as mãos na frente dos meus olhos. Eu não pude deixar de sorrir levemente triste enquanto ouvia meu próprio Miraculous avisar que também não me restava muito tempo.

“Não se preocupe Buguinette, não vou espiar” – foi nesse momento em que senti suas mãos fora de meu rosto e em seguida o tecido suave em cima de minha cabeça, bem no momento em que eu me transformava de volta. Suspirei não pela primeira vez naquele dia quando Plagg roubava um pedaço de queijo em meu bolso e aparentemente sentindo o clima pela primeira vez em sua vida, se mantinha em silêncio perto de mim no banco.

Suspirei novamente, voltando ao presente. Apesar de confiar nela, simplesmente não me sentia confortável de me abrir sobre o que eu sentia com ninguém. Na verdade, não saberia explicar o motivo de eu estar para baixo – os problemas com meu pai, a falta de minha mãe, a solidão, a sensação de descaso – nada que não estivesse sempre presente nos meus dias, mas hoje em particular, parecia estar incomodando mais que o normal. Suspiro novamente e fecho os olhos, tentando sorrir novamente.

Ladybug havia se preocupado o suficiente comigo para arriscar sua identidade, algo que presava tanto. Ela sabia que havia pouco tempo e mesmo assim ficou comigo, mesmo depois de voltar a sua forma civil. O gesto dela aqueceu meu coração e senti como se devesse uma explicação – mesmo que eu mesmo não soubesse realmente o motivo para estar mal. Seguro a mão que estava em meu cabelo, ainda por baixo do tecido e não posso deixar de sentir a leve eletricidade por tocar em suas mãos nuas com a minha. Sua pele era ao mesmo tempo suave, mas levemente calejada por algum movimento repetitivo, acho. Não pela primeira vez, sinto vontade de saber quem ela era e o que ela fazia quando não estava lutando contra akumas junto a mim.

“É realmente gentil da sua parte se preocupar my lady, significa muito para mim. Mas nada aconteceu, nada diferente... Eu apenas... Quer dizer... Eu só...” me sinto frustrado por não conseguir concluir a frase. Para a minha surpresa, ela parece entender e a sua mão que estava na minha a aperta levemente e ela leva sua outra mão aos meus cabelos, acariciando delicadamente. Eu quase posso vê-la balançando a cabeça.     

“Ninguém é feliz o tempo todo Chat. Todos nós temos aqueles dias que estamos para baixo. Você só não pode deixar que eles tomem conta de você. Você também não precisa passar por eles sozinho.” – pisco algumas vezes com as suas palavras e sinto algumas lágrimas caírem. Pela primeira vez, me sinto agradecido pelo tecido que me impedia de vê-la – e que a impedia de me ver. Ladybug apertou minha mão e continuou passando seus dedos pelo meu couro cabeludo com delicadeza, com carinho.

Como era possível que eu amasse tanto essa garota sem nem mesmo saber seu nome? – essa pergunta às vezes me assombrava – mas nesses momentos, em toda vez que ela confiava em mim sem questionar, toda vez que ela me salvava, toda a vez que ela era tão gentil assim comigo, ficava bem claro o porquê.

O final da tarde estava quente e por algum milagre, aquela parte do parque estava basicamente deserta, então eu apenas continuei deitado em seu colo, segurando sua mão enquanto sentia seu acalento delicado em meus cabelos e algumas lágrimas teimavam em cair de meus olhos. Ladybug se manteve em silêncio, mas esse era basicamente o maior consolo que ela podia fazer por mim nesse momento. Eu queria que ela soubesse o quanto significava pra mim. O quanto significava o que arriscou para estar aqui me consolando. O quanto significava ela não ter ido embora, nem parecer cogitar em nenhum momento ir embora. O quanto significava ela continuar me acalentando com tanta delicadeza que senti um leve ronronar em minha garganta e ouvi uma risada abafada vir dela quando percebeu. Ri levemente com ela, finalmente começando a me sentir mais animado.

Não sabia exatamente quantos minutos estávamos daquela forma quando me preocupei com ela. Alguém poderia passar e reconhece-la. Ela poderia ter algo importante para fazer depois dali... Eram tantas coisas, mas mesmo assim não pude me obrigar a me levantar de seu colo, ou soltar a sua mão, ou fazê-la parar seu acalento. Apertei sua mão um pouco mais forte.

“Vou acabar te trazendo problemas.” – ela devolveu meu aperto e continuou seu cafuné. Eu poderia dormir dessa forma, poderia viver uma vida assim, apenas recebendo carinho dessa garota.

“Não se preocupe com isso Chaton. Como disse, quando chegar a hora, pensamos em uma forma de sairmos sem nos ver. Enquanto isso, temos que torcer para que ninguém...”

“Mari! Marinette, finalmente te encontrei! Estamos te procurando há horas! O que houve?” – senti suas mãos paralisarem e começar a suar. Eu comecei a suar frio. Marinette, ela disse. Não... Não era possível. Mas eu havia de alguma forma reconhecido a voz da garota de óculos que se sentava atrás de mim na escola. E a voz que veio a seguir também era conhecida e aparentemente pertencia a alguém bom em memorizar a roupa dos outros.

“O que exatamente aconteceu com vocês dois?” – você nem imagina o que Nino, com certeza nem imagina. A mão que segurava a minha começou a tremer.

“É... Sabe como é... O calor... A pre... Pressão dele b-baixou um pouco e e-ele se deitou para descasar... A-achei que seria melhor a-alguma s-sombra, por isso...” – não... Não era possível...

Mas aquela voz trêmula era velha conhecida minha – eu a ouvia há pelo menos 1 ano, toda vez que a minha tímida colega de classe tentava falar comigo. E então pela culpa totalmente minha, a identidade de my lady havia sido totalmente revelada para mim. Ela nunca me perdoaria. Ainda estava começando a entrar em pânico, quando minha própria identidade foi revelada de forma idiota pelo meu melhor amigo.

“É mesmo Adrien? Que droga! Já está melhor agora?” – eu poderia bater nele, ou em mim. De súbito, sinto o ar da tarde em meu rosto quando o cardigan é tirado dele.

Olho para cima para ver my lady... Aquela garota incrível por quem eu era apaixonado desde a primeira vez e vejo a minha incrível e tímida colega, vermelha até a raiz de seus cabelos. Pude ver que ela usava uma saia rodada preta que ia um pouco além do que o meio de sua coxa e uma regata branca simples – um pouco diferente da forma que se vestia na escola, mas afinal de contas, estávamos de férias. Lembro-me do convite para ir ao cinema com eles que eu havia recusado e me arrependo. Os seus olhos estavam arregalados e ela tentava falar alguma coisa de qualquer forma.

“A-a-dr-ien...?” – ela mal consegue falar meu nome e percebo que chegou a hora de me levantar de seu colo – totalmente contra minha vontade, é claro. Coço atrás de mina cabeça antes de responder Nino.

“Já estou bem melhor, na verdade. Mari fez a gentileza de me ajudar. Mas ainda estou um pouco tonto, acho. Acho que vou pegar uma água...” – faço que vou me levantar, mas simulo uma tontura e sento de novo. Alya e Nino me olham com preocupação.

“Relaxa Adrien, nós vamos buscar a água e você continua deitado no colo da Mari. Já voltamos.” – Alya pisca para mim antes de sair puxando Nino. Espero eles estarem um pouco longe antes de falar com my lady – ou melhor, Marinette – que permanecia me olhando espantada. Eu novamente coço minha cabeça e tento pensar em algo para falar.

“Você parece decepcionada.”

“Pareço?” – seu espanto é tanto que ela se esquece de gaguejar. Sorrio novamente.

“Não sei, só estava jogando verde para tentar ter uma resposta.” – ela ergueu a sobrancelha e balança a cabeça, olhando para cima.

“Surpresa, eu acho. Talvez pasma ou incrédula. Eu não teria imaginado nem em um milhão de anos.” – seu rosto continua extremamente vermelho, mas ela aparentemente está mais confortável em me dirigir a palavra. Ela se vira para mim no banco e apoia seu cotovelo no encosto, apoiando seu rosto em sua mão. Sorrio para ela.

“Sei o que você quer dizer, eu também não. A gente vai ter que conversar muito sobre isso.” – ela concorda com a cabeça, depois olha para onde Alya e Nino haviam ido.

“Mas nós provavelmente não vamos ter tempo agora. Talvez a gente possa combinar de se encontrar mais tarde para isso...”

“Eu vou adorar um encontro contigo à noite my lady” – ela sorri e da um pequeno soco em meu braço, como de brincadeira. Depois ficou novamente séria e segurou minha mão por um momento. Foi minha vez de corar. Ela olha em meus olhos.

“Mas antes de tudo Chaton, está se sentindo um pouco menos down agora?”

Ela estava preocupada comigo. A garota por quem eu era apaixonado era uma das garotas mais legais e gentis e talentosas de minha turma, além de ser bonita e ela estava preocupada comigo. Eu consigo sorrir para ela de forma verdadeira.

“Você sabe que até que sim, my lady? Tenho certeza que foi o seu cafuné.” – o sorriso que lanço para ela tem bem menos de Adrien do que de Chat, mas ela não parece se importar e o corresponde após revirar os olhos.

“Isso é ótimo, tenho certeza de que Alya e Nino vão ficar felizes quando souberem que você não vai dar bolo na gente amanhã na piscina. Isso se o gatinho não tiver medo de água.” – ela sorri para mim.

“É claro que faço esse sacrifício. Tenho certeza de que será divertido.” – meu sorriso é novamente de gato e ela me da mais um empurrão carinhoso. Nesse momento vimos nosso casal de amigos se aproximando com uma garrafa de água.

“Esse é o espírito.” – ela sorri e continua sorrindo enquanto conta a nossos amigos que eu não faltaria dessa vez. Quando olho em seus olhos ela pisca para mim e de alguma forma eu sinto como se fosse a prova de que nós dois ficaríamos bem. Então aproveito o resto daquela tarde com meus amigos.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do primeiro capítulo.

Se gostaram, me contem ♥
Se não, me contem também ;)

Reviews são rápidos, indolores e sempre bem vindos.

Postarei os próximos capítulos em breve, então fiquem por aí



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