Onde os lobos temem caçar escrita por Leãozinho


Capítulo 2
1. Parceiras


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu demorei pra postar, mas a culpa é da faculdade que comeu minha vida e minha capacidade criativa. Nem nas férias tive paz, mas início de semestre é sempre mais suave que o final.



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Um baque assustou todos os residentes d’A Toca naquela manhã, pensaram ser um comensal ou na melhor das hipóteses, um membro da Ordem recém-chegado ao seu terreno.

 

Sentia o mundo girar ao redor de si, mesmo com a visão turva e a dor insuportável parecer anular qualquer pensamento são, sabia que estava perto d’A Toca. Pode escutar os gritos de George duplicados, atestou-se como louca quando viu dois rostos, jurou serem os gêmeos, mas era impossível. A queda afetara sua visão, além de turva, estava duplicando tudo ao seu redor. Ouviu um Weasley gritar “TEM UMA GAROTA NO NOSSO QUINTAL”, julgando pelo grito estridente, era Rony. A dor de cabeça tornara-se insuportável e tornou-se difícil lutar contra as pálpebras pesadas, desistiu e deixou-se levar.

 

Estirada no chão, os cabelos cor de areia a adornavam como uma auréola, os braços indicavam outro lado de sua personalidade: apresentavam diversas tatuagens dos mais variados tipos. As calças jeans escuras intactas combinavam com o colete verde militar com patches feministas  e de bandas de rock pesado. Quando os gêmeos se aproximaram para carregá-la, Fred tinha dúvidas se “bonita” era o primeiro adjetivo que escolheria para descrevê-la, impactante era o termo adequado.

 

Acordou desnorteada. Ainda zonza, ficou feliz em ver o rosto preocupado de Molly a examinando e soltou um suspiro longo ao ouvir sua voz. Reconhecia o lugar ao redor de si, o cheiro de jardim misturado a madeira era familiar. Cheiro de Toca.

“Você está bem, querida?”

“Uou, estou, tive um sonho bem louco, Molly, jurei ter visto Fred e George. JUNTOS.” Ela dava sorrisos confusos, um tanto travessos, mostrando os caninos.

O rosto de Molly se torceu em confusão e a desconhecida pareceu entrar em desespero

“Me perdoe, Molly, me perdoe. Não deveria tê-lo citado. Sinto muito.” Choramingou, parecia suplicar. Sabia como o humor da Sra. Weasley era instável sobre essas questões. Os traumas ainda a assombravam.

Não havia nenhum sinal da doce quase-avó que conhecia em seu rosto, mas um sinal de alerta ao puxar sua varinha e apontar em direção a provável-intrusa

“ME DIGA SEU NOME, QUEM VOCÊ É? VOCÊ TRABALHA PARA VOCÊ-SABE-QUEM? O QUE QUER COM A MINHA FAMILIA, GAROTA?” Seus olhos marejaram, ela se reprimiu, buscou refúgio no canto do sofá, demorou um tempo para conseguir tomar coragem para falar qualquer coisa

“Molly, sou eu, Diana, quer perguntas são essas AAAAAAAAA” O grito ensurdecedor de Diana tinha uma causa, o velho homem parado atrás da Sra. Weasley, sua barba e cabelos brancos reluzentes eram inconfundíveis. Jamais o tinha visto assim, em carne e osso, coisa que seria impossível, mas o reconhecia dos cartões vindos nos sapos de chocolate. Era impossível, havia morrido antes de Diana nascer. Concentrou-se na imagem dele e depois na da Weasley, pode encontrar menos rugas e menos cabelos brancos do que se lembrava.

“Acalme-se, Molly, deixe-me conversar com ela” Ela parecia irredutível, absolutamente transtornada com a figura juvenil que estendia as mãos para cima em sinal de rendição. Só quando Dumbledore tocou seus ombros e a dirigiu para fora da sala é que ela saiu de sua posição e pareceu relaxar, saiu da sala e permitiu que a porta fosse fechada, não sem antes encarar a menina.

 

“Uma entrada triunfal, devo dizer, senhorita…”

“Diana, senhor... Dumbledore presumo eu” O sol tocou seus cabelos cor de areia, tinha profundos olhos cinzas, uma herança Black como sua mãe costumava dizer. O rosto jovem era um tanto familiar a Dumbledore, ele tentava analisá-la tentando manter a imagem de uma mulher que vira há muito tempo. O longo olhar que ambos trocavam, analisando as feições um do outro, como se estivessem fazendo notas mentais para um estudo científico.

“O que lhe traz aqui, Diana? Presumo que tenha um sobrenome, não?”

“Em que ano estamos?” A intriga nos olhos do velho aumentou, ela não responderia a última pergunta. Diana não era nem de longe burra, puxara a inteligência de seu pai e o olhar analítico dele. A decoração na casa da Senhora Weasley, a falta da enorme foto de Fred que ficava naquela parede, a quantidade de rugas em seu rosto, os cabelos nem tão brancos… O estado d’A Toca em geral, mostrava uma pobreza que já não era tão presente nos Weasley que conhecia e convivia. Não existiam fotos dos netos nas paredes, nem foto da própria Diana e seus irmãos. O mais importante, e previsível,  detalhe que a levara a aquela conclusão, a presença de Dumbledore. Em seu tempo, Molly Weasley estaria no St. Mungus se avistasse uma presença tão viva de Albus Dumbledore em sua sala.

“Desculpe-me, mas…”

“Em que ano estamos, Dumbledore?” Fora mais decisiva desta vez. Seus olhos revelaram uma faísca de um tom de âmbar, para numa piscadela, voltarem a ser um acinzentado. Ela não pedia, exigia.

“1996” Um sorriso travesso apareceu entre o branco de sua barba, marcando ainda mais as rugas da idade e tornando a fina ponta de seu nariz uma flecha empinada para o alto. Ele entendera toda a confusão. O cérebro de Diana funcionou rápido, os dois entendiam o que acontecera, mas ela tentava achar uma explicação plausível. Sabia tanto sobre sua chegada a 1996 quanto todos os outros na casa.

“Como está sua mão?” Aquelas palavras eram como dar doce na mão de uma criança, os olhos juvenis do diretor brilharam com a engenhosidade da menina.

“Uma viajante. Engraçado, creio que tenha segredos muito profundos que ache que este pobre velho não levaria a sério. Uma pena que duvide da minha profunda paixão pela excentricidade do mundo. Já respondi sua pergunta, creio que possa retribuir o favor respondendo a minha: O que lhe traz aqui?”

“Me faço a mesma pergunta, Dumbledore”

 

George riu novamente e colocou dois sicles sobre a mesa “Aposto que ela não é uma comensal da morte disfarçada que vai matar todos nós durante a noite, Rony”

Rony era o único que não rira do irmão, estava tenso sentado em uma das cadeiras com a mão de Harry em um dos ombros e a de Hermione em outro, que tentavam inutilmente, consolá-lo.

“Se ela matar você durante a noite, George, eu juro que não vou ao seu enterro”

A cor de seu rosto era a mesma de seus cabelos, vermelho vivo, só que de raiva. Detestava ser alvo de piadas dos irmãos. Os membros da Ordem ignoravam a briga e pareciam estar focados demais em suas próprias conversas sobre planos, teorias sobre a garota ou missões. A única que se interessava era Tonks, mesmo com o sorriso apagado, dava risinhos breves.

Quando o alvo da agitação apareceu, seguida de perto por Dumbledore, o silêncio dominou a sala. Sendo quebrado pelo som de algo cair no chão

“Droga. Desculpa, Molly” era quase impossível reconhecer Tonks, Diana passou tempo demais a analisando, como se procurasse algo. Sra. Weasley estava prestes a reconstruir a xícara, era a quinta vez que o fazia, mas a recém-chegada tomou as rédeas e com um aceno, a xícara estava inteira, nova e flutuando em frente da atrapalhada Nymphadora. Seu rosto estava abatido, olheiras profundas, nenhum sentimento positivo parecia durar, roupas sóbrias, nenhuma cor vibrante ou camisa de banda, mais importante, o cabelo com um tom de loiro apagado, não sedoso e brilhante como os areia de Diana, mas com um aspecto de palha. Sob aquelas olheiras profundas, guardavam-se olhares de confusão e curiosidade. Analisava a menina que oferecia a xícara como aprendera com Moody e quase como se tivesse um olho mágico.

“Diana, presumo que você seja Tonks, não?” estendeu a mão e foi recebida com um sorriso desconfiado, seguida por um aperto de mão firme. Tonks deu um risinho baixo e curto quando a frase fora completada “Você é fácil de reconhecer”. Algo dentro das duas se mexia de maneira engraçada, como um magnetismo, fora uma simpatia instantânea. O bater de madeira contra madeira e uma coçada na garganta alta acabará com a análise que uma fazia da aparência da outra. Fora naquele momento que notou os olhares de desconfiança e curiosidade que recaiam sobre si.

“Dumbledore, espero que ainda reste alguns parafusos e você designe um de nós para vigilância constante da menina” Nem em um milhão de anos ela imaginaria estar cara a cara com Alastor Moody, ele era uma figura quase que fantástica para ela, não poupava os olhares de curiosidade, mesmo que seu corpo estivesse tomado pela ansiedade dos olhares que a reprovavam.

“Não creio que seja necessário” Houve uma negativa geral de todos os membros da Ordem, burburinhos e cochichos, antes que qualquer um pudesse fazer outro comentário em voz alta.

“Mas devido a clara insistência, creio que Tonks seja a escolha ideal para o cargo e Molly ficará feliz em tê-la por perto por mais tempo, creio eu. Peço que a recebam bem, será de grande ajuda para a Ordem. Agora, se me dão licença uma palavrinha com Tonks e vocês, senhores”  Fez um gesto indicando Moody e Kingsley.

Tentando evitar todos os olhares, Diana avançou a procura de um lugar para sentar. Pelo tempo que a encaravam e o como o faziam, parecia que esperavam que ela fosse a qualquer momento retirar uma máscara e revelar que era o próprio Voldemort disfarçado, a única exceção clara a essa expectativa eram os gêmeos, fazendo sensata a escolha de se sentar a frente deles. Os gêmeos riam, enquanto contavam moedas. Rony focava-se em suas asinhas. Harry e Hermione pareciam mais interessados em conversar com membros da Ordem do que pensar naquilo. Ginny parecia não tirar seus olhos dela. Todos os olhares a deixavam profundamente estressada.

“Eles apostaram que você era uma comensal.” A voz conhecida, que agora sentava-se ao seu lado informou o motivo dos olhares tão focados dos adolescente

“Como?”

“Fred e George apostaram que você não era. Rony acredita fortemente que você é uma comensal e vai matar a todos nós. Apostou alguns sicles nisso.” Ela soltou uma risada fria

“Ei, Rony, aposto um galeão que eu sou uma comensal da morte que vai puxar seu pé a noite” Os olhos de toda Ordem se viraram para uma Diana de rosto divertido e uma Tonks que finalmente ria verdadeiramente. O pobre garoto parecia ter ainda mais medo e ouviu um reclame da Sra. Weasley nas suas costas.

“Gostei de você, Diana” A metamorfomaga levantou o copo pra ela como se brindasse com seu imaginário, mas o deixou cair sob sua outra mão, causando um ferimento e soltando um guincho de dor. Diana fora rápida para consertar o copo, limpar a sujeira e o machucado, realizando um feitiço de cicatrização e enfaixando a mão. Fez aquilo numa velocidade tão fora do comum, que toda mesa ficou boquiaberta

“Como você?” A própria Tonks não conseguia esconder sua admiração pela rapidez. A garota dera os ombros e abrira a boca algumas vezes para tentar responder, ainda sem jeito.

“Minha mãe me ensinou, quer dizer, ela vivia derrubando tudo na casa e meus irmãos também, acabei aprendendo vendo papai consertar tudo” Trocaram um sorriso sincero. Finalmente alguém a entendia.

“Seremos uma boa dupla, parceira”

“Seremos, parceira” Bateram as mãos no ar. Ninguém conseguiria explicar a conexão que havia acontecido entre elas.


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