— Oi mamãe, oi pai, sou eu. Eu sei que você deve estão preocupados, mas eu preciso que não se preocupem. Preciso dizer que eu estou bem e que eu estou morrendo de saudades. Eu estou agora no alto de uma montanha e a vista é linda, você iria adorar mamãe. É um lugar maravilhoso para tirar fotos. Eu sei que vocês querem me matar e me deixar de castigo até o fim da vida. Mas eu pretendo dar notícias, eu prometo. Eu não sei ainda para onde vou, mas Forks não é mais um bom lugar para mim. Só saiba que eu amo vocês e que eu pretendo voltar, um dia. Vou agora conhecer novos lugares e viver novos caminhos. Desculpem como tudo aconteceu, eu gostaria de poder explicar, mas não posso. Só saibam disso: Eu estou bem e eu amo vocês. — Vi minha mãe chorar com o telefone ao ouvido, apoiada no ombro de Jason e de mãos dadas com Charlie. Vi Charlie praguejar com Bells e ela abraçá-lo para consola-lo e me senti egoísta.

Ninguém pensa no pai e na mãe quando vive um romance épico, ninguém pensa na dor que vão sentir e na saudade. O amor é tudo que importa.

Quem dera assim fosse. Quem dera eu não ainda estivesse lá.

Eu salto de uma árvore para outra até cair suavemente em frente a divisa de Forks à La Push, onde não posso mais entrar. Jacob Black está lá, olhando-me de forma terna apesar do asco que sei que sente por minha espécie.

— Oi, Jacob. — Eu sorrio. — Pode chamá-lo para mim? Eu gostaria de me despedir.

A grande cabeça do lobo balança e em seguida Jacob se vai para trás das árvores, volta segundos depois descalço, sem camisa e trajando somente a bermuda. Ele cruza os braços me encarando sério. — Eu... Sinto muito, você sabe pelo que aconteceu, com os sanguessugas. Ele morreu... Se te consola. — Titubeia. — Hum, bem, Paul teve um imprinting. Com a minha irmã. — Acho graça como ele parece contrariado com o fato.

— Eu também sinto. — Franzo o cenho para seu cheiro desagradável. A surpresa me toma, tento encontrar dentro de mim os sentimentos egoístas, mas não estão lá. Eu estou feliz, um sorriso nasce no meu rosto. Eu estou muito feliz por Paul. — Diga a ele que...

— Diga você mesma. — Jacob sorri minimamente, transformando-se no lobo novamente e partindo em direção à trilha da floresta que leva para La Push.

O cheiro de Paul chega a mim antes que eu possa vê-lo de fato, o cheiro não é agradável, mas também não é de todo repulsivo. Paul tem a expressão leve, suave, ele caminha com os braços ao lado do corpo, sem camisa. Sorrio ao vê-lo, apesar do medo da rejeição. O amor fez bem a ele, está todo com um brilho diferente. 

— Oi. — Digo me aproximando um passo lentamente. Ele não me impede, então me aproximo outros.

Paul estremece franzindo o nariz um pouco. — Oi, Cass. — Ele vem até mim abrindo os braços e puxando-me para um abraço sem jeito. — Você é bem mais gelada agora.

— E você mais quente ainda.

— Você fede.

— Você também.

Nós rimos e ele solta o ar, afastando-me. — Eu encontrei ela, Cassie. — Conta com orgulho e com um sorriso grande e aberto nos lábios.

— Jacob contou. — Sorrio, pousando minha mão em seu rosto. — Eu fico muito feliz por você... Eu vim me despedir.

— Não vai viver com os sanguessugas? — Ele questionou unindo as sobrancelhas grossas. — Achei que você e aquele sanguessuga loiro iam ficar...

Desvio o olhar, afastando-me. — É complicado, Paul.

— Você o ama Cassie, ama todos eles. Tem que deixar o passado para trás. Igual a doida da sua irmã.

Balanço a cabeça lentamente. — Não quero falar disso. Só quero que, se puder, cuide do Charlie para mim.

— É para sempre? — Ele questiona tomando minhas mãos entre as suas. — Vai partir para sempre?

— Talvez. — Dou de ombros. — O para sempre é relativo não é? O do Charlie pode durar cinquenta anos, o seu cem, o meu pode durar milênios, pelo que sei.

Paul bufa, balançando a cabeça. — Cassie...

— Só vim dizer adeus. — Tiro minhas mãos da sua. — E obrigada. Você me salvou, Paul. Me tirou do abismo e me mostrou outro caminho. Eu sempre serei grata à você, obrigada pelo que fez por mim, pelos risos e por todos os momentos. Rachel Black é uma garota de sorte. Cuide bem dela e que ela cuide bem de você, ou se verá comigo. — Sorri. — Eu te amo, Paul. Obrigada por ser meu amor e meu melhor amigo.

Ele sorriu duramente como eu já conhecia. — Eu também te amo, Cassie. Adeus.

— Até logo, quem sabe. — Sorri afastando-me lentamente até começar a correr. As opções eram infinitas. Caribe, Grécia, Tailândia. Algum lugar ensolarado e bonito, sem precisar de comida ou transporte, seria bem fácil sobreviver.

Eu corri até o penhasco onde tinha deixado uma bolsa com algumas coisinhas pequenas. Foi uma surpresa quando me deparo com o cheiro delicioso e a presença de Jasper. Minhas mãos tremeriam e eu estaria de pernas bambas se fosse humana. É incrível como mesmo como uma vampira Jasper consegue abalar minhas estruturas.

Ele está ali, vestido de jeans e camisa, carrega uma bolsa pequena nos ombros e papéis nas mãos. Ele não parece magoado, pelo contrário, ostenta um sorrisinho no rosto, posso sentir sua empolgação me contagiando. 

— O que está acontecendo? — Desconfio, aproximando-me dele em passos humanos. Jasper me imita até estar perto o suficiente para que eu sinta seu hálito bater contra meu nariz.

Então, de repente, seu amor explode para mim. Em ondas gigantescas, vermelhas, paixão e desejo, amor profundo, verdade e intenso. É tão forte que preciso apoiar minhas mãos em seus braços e ele me segura enquanto sinto a onda atordoante dos seus sentimentos.

— Jasper..? — Eu o olho, confusa e ele sorri mais uma vez.

— Ah Cassie, você me enlouquece! Achou mesmo que eu a deixaria partir? Achou que eu te perderia mais uma vez? Porque eu não vou! Não te dou permissão também para partir sem mim, Cassie. — Ele toma minha mão pousando sobre seu peito. — Acredite quando eu digo que eu amo você e sou louco por você. Eu sei que errei com você e sei que você realmente precisa superar tudo que aconteceu. Mas eu estou aqui, me deixa tentar, me deixe te ajudar, eu vou estar aqui em todos os momentos para o resto da eternidade. Porque meu coração morto é todo seu, meu amor é seu, desde que vim para esse mundo, você é a única mulher que já amei tão profundamente.

— Oh Jasper! — Se eu pudesse, com certeza, eu estaria chorando neste momento.

— Eu trouxe alguns papéis. Eu sei que as garotas tem uma coisa com casamento, mas eu estou aqui e você está aqui e tudo que eu quero é você.

Sorrio, pegando as folhas para ler. Eram papéis de casamento. — Jasper! Não é preciso alguma autoridade para isso? 

— Bem, Carlisle já assinou e ele tirou uma licença de casamento há algumas décadas. — Ele se remexeu envergonhado. — Quer casar comigo? Agora? Aqui neste penhasco, Cassie? Porque eu sei que você ama, sei que está confusa, mas eu sinto o seu amor e ele é parte do meu, meu amor. Por favor, me dê outra chance. Permita que eu passe a eternidade provando o quanto eu te amo?

— Está certo, eu te amo. É claro que eu amo! —  Eu dou uma risadinha. —  Eu realmente amo você mais do que qualquer coisa nesse mundo! Você é a luz da minha vida, Jasper e quando você partiu, só sobrou a escuridão para mim. Eu não sabia viver sem você e eu tentei de todas as formas, mas você é... Você é parte de mim. — Murmuro abraçando-o e unindo nossos lábios. — Eu te amo, Jasper. Eu sempre te amei e eu sempre vou te amar.

Jasper riu, abraçando-me contra seu corpo, agora quente e suave para mim. — Vamos superar o passado juntos, meu amor.

— Sim. Nós vamos. — Eu murmuro, pegando a caneta que está presa aos papéis e riscando meu nome neles. — Isso durará quantos anos?

Jasper sorriu abertamente olhando para assinatura. — Para nós durará a eternidade.