Destinados ▸ Jasper Hale escrita por Woodsday


Capítulo 35
• 2° - Capítulo XIV


Notas iniciais do capítulo

Oi meninaas, voltei bem rápido hein ♥



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— Querida, não corra! — Mamãe está atrás de mim, mas ela não consegue me alcançar rápido o suficiente. — Cassandra, eu disse para não correr! — De repente, suas mãos estão em torno dos meus pulsos e ela me ergue, puxando-me para seu colo. Eu me aconchego ao seu peito, porque estar em seu colo é uma das melhores sensações que conheço. Só tenho quatro anos afinal. Ensaio um choro, porque mamãe foi muito rude e ela suspira, beijando-me infinitas vezes até que o riso escapa de mim. — Eu só quero o seu bem, minha querida. — Mamãe chama minha atenção para si. — Prometa para mim que sempre vai tomar cuidado.

— Eu prometo, mamãe. — Sorrio para ela, confiante, porque é fácil. A minha única preocupação é olhar para os dois lados da rua sempre, não falar com pessoas estranhas e não subir em cima do aparador de vidro.

Eu posso tomar cuidado. Vou conseguir, eu penso. Nunca vou decepcionar a mamãe. 

Mas eu acabo decepcionando, porque naquela tarde sou atropelada por uma van. Eu fico com uma cicatriz de quatro centímetros na mão direita. 

Eu sinto o cheiro da terra e da floresta, posso ouvir o farfalhar de passos distantes, posso ouvir um ruido de um mosquito que tenho certeza, está no telhado da casa. Posso ouvir pássaros batendo asas perto demais dos meus ouvidos e me questiono onde estou. Victoria me deixou para morrer na floresta? É estranho, porque não sinto mais dor. 

Estremeço ao me lembrar da sensação horrível do fogo me queimando. Será que fui para o inferno e agora estou no purgatório? Não me lembro de ter sido uma pessoa tão ruim, mas é verdade que também não fui especialmente boa.

Eu puxo o ar para ver que se estou viva. Mortos não respiram afinal.

A sensação é horrível, é como se água estivesse entrando em meus pulmões. O ar frio é incomodo e desnecessário, percebo. Não preciso puxá-lo, porque não necessito dele realmente.

— Cassie? — Uma voz soa aos meus ouvidos e eu abro os olhos, encarando a pessoa a minha frente. Minha reação é muito espontânea, em segundos ou milésimos deles eu estou do lado oposto do quarto. Em posição defensiva, agachada e rosnando como um animal. Me assusto com minha própria reação e finalmente olho ao meu redor. Eu posso ver com clareza tudo que não via antes. A poeira sobre o teto branco, algumas teias no canto da parede. Posso ver por entre os fios do tecido que cobre a maca onde eu estava deitada. Meus olhos finalmente focam na pessoa a minha frente.

Posso vê-lo e sentimentos explodem dentro de mim. Jasper arfa, apoiando-se contra a maca como se eu tivesse o socado. Ele ofega outra vez e ergue a mão para mim, como se pedisse ajuda. No entanto, não consigo me mover.

Há alguma clareza em mim, sobre o que me tornei. O que sou.

Os sentimentos que brigam dentro de mim variam entre a revolta e a saudade, o amor que sinto por ele e a mágoa que se enraizou neste amor como uma erva daninha. Sinto desejo de abraçá-lo e de arrancar seus braços. É uma confusão gigantesca e eu gemo, sentindo a minha garganta queimar.

— Cassie, precisa parar.

— Não consigo! — Grito as palavras para ele. — Eu olho para você e não consigo!

Ele me fita, magoado e triste. Eu balanço a cabeça. Não posso fazer nada quanto a isso. Mesmo que agora ele esteja aqui, tudo em mim dói, tudo está intensificado. Não posso acreditar que me tornei isso, observo seu rosto, ele é ainda mais bonito com estes olhos do que era quando os meus olhos humanos. Ele é lindo, é charmoso e é sexy, mesmo sem querer. Eu o amo, mas também não o quero por perto. Há cicatrizes por seus braços e pescoço, o que faz com que uma angustia cresça em mim, a vontade de abraça-lo é absurda, mas não consigo me mover.

O que eu sou agora? O que vai ser de mim com esses sentimentos malucos e absurdos? Eu me viro de costas, porque simplesmente não consigo olhar para ele. E minha garganta queima tanto que chega a doer, eu levo a mão ao pescoço, tentando sufocar a sensação, mas nada aplaca a dor. 

É quando um novo cheiro surge e lentamente o rosto de Rosalie surge na porta. Ela me olha receosa, caminha lentamente para mim e só então eu percebo que minha postura está ereta, tensa e ameaçadora.

Eu poderia gostar disso, se não os amasse tanto, se não sentisse o conflito dentro de mim.

— Cassie, você sabe o que aconteceu?

Olho para minhas palmas brancas como giz. Meu bronzeado se foi e eu puxo o ar, mesmo sabendo que não há necessidade. São pensamentos que se chocam sobre mim com uma velocidade atordoante.

— Sou como vocês agora, certo? — Eu levo as mãos ao meu pescoço outra vez, gemendo com a queimação absurda. — É por isso que está doendo tanto.

— Eu posso acompanhar você. — Jasper se aproxima, mas o som da sua voz causa uma onda de rancor que oscila até ele. Vejo-o fechar os olhos e me arrependo imediatamente, a culpa me golpeando com força. — Tudo bem, eu entendo. — Jasper assente e olha para a irmã, ela nos olha entristecida. — Rosalie pode te acompanhar e te ajudar... Eu vou... — Ele se silencia, me olhando com os olhos dourados expressivos, apaixonados e cheios de pesar. — Estarei esperando por você. 

Eu entendo o que ele quer dizer. Ele está me dando espaço, eu abro a boca para chamá-lo de volta, mas nada sai. Não há som em meus lábios e não há lagrimas em mim. Eu olho para a loira na porta e ela sorri tristemente, atravessa a sala em uma velocidade que não me é mais anormal. Os braços gelados me rodeiam e eu retribuo seu abraço.

— Uh, Cassie, muito forte. — Ela geme se afastando.

— Ah! Desculpe. — Balanço os braços, soltando-a e me afastando um pouco. — Então, isso é sede? Vou ter que tomar sangue?

Ela me olha em lamento. — Sim, eu sinto muito querida. — Balança a cabeça. — Sei como é horrível e desesperador, eu realmente entendo como é ter sua vida tirada de você. Mas Jasper fez o que pôde.

— Ele me abandonou. — Eu retruco afiada e irritada com sua ousaria. — Não venha defendê-lo. — Me viro para a janela do quarto de Jasper. A mansão cheira a poeira e sei que é porque ficou por muito tempo deserta. — Você me abandonou e dizia ser a minha melhor amiga.

— Eu sou! — Rosalie grita sem delicadeza. — Você não sabe o que nós sofremos para matar James, o que nós tivemos que sacrificar.

— Eu não poderia, porque eu estava sozinha! Eu perdi dois bebês e agora não poderei nunca ter bebê algum! Eu odeio vocês. Odeio terem tirado a minha vida. Odeio ter nascido sem escolhas. Odeio ter sido destinada a esta vida antes mesmo de nascer.

Rosalie se afasta em choque pelas minhas palavras. 

— Não quero ver nenhum de vocês agora. — Eu digo antes de pular a janela. Rosalie logo está atrás de mim, me dizendo para parar e não fazer nenhuma besteira, mas eu ganho velocidade, afastando-me dela com maestria. Meus pensamentos variam entre o arrependimento pelas palavras e pelo prazer de finalmente externar aquilo que sempre senti, há uma parte de mim que deseja o sangue e outra que deseja a morte. 

Mas tudo que eu faço é correr, eu corro e minhas pernas nunca se cansam. Corro tanto que chego ao limite do Canadá. É lá que encontro a minha primeira presa. É só um leão da montanha, mas o batimento do seu coração e o pulsar da veia faz o monstro sair de dentro de mim e eu o ataco sem piedade. Meus dentes afundam sobre sua carne dura como se fossem água e o sangue corre para dentro de mim.

Acabo vencendo a luta com o animal, apesar do estado deprimente das minhas roupas. Há sangue em meus jeans e metade da minha blusa se foi. 

Eu me alimento de três deles e impressionantemente, ainda me sinto com fome. Não quero correr o risco de matar uma pessoa de verdade, então me sento na floresta. Meu corpo convulsiona em soluços desesperados. Eu ainda estou olhando para minhas mãos pálidas. Estou procurando as cicatrizes do atropelamento que sofri quando tinha quatro anos, mas não há nada.

Eu sou perfeita, eu acho. Sou como eles. E isso é uma tortura.

O sol se vai e durante a noite, os animais não se aproximam de mim. Posso vê-lo com meus olhos como se estivessem a um palmo de distância, mas sei que estão há metros de mim. Eu sou a predadora agora, é provável que nessa floresta não tenha nada mais perigoso que eu. 

Por isso me recosto sobre o tronco da árvore e fecho meus olhos. Mesmo assim, neste estado de meditação consigo ouvir cada passo dos animais, cada farfalhar das árvores. Mesmo assim, eu me concentro e penso em Bells. Queria muito saber sobre ela, se ela está bem ou não. Torço para que Victoria não tenha se aproximado dela, ou que Bells tenha tido o mesmo azar — pra ela sorte — que eu. Pelo menos esse era o desejo dela.

Levo um susto quando percebo que não estou mais na floresta. Eu olho ao redor e há em mim a surpresa de me ver em um quarto. Ele é escuro e antigo, há móveis vitorianos por todos os lados, e as paredes são de madeira.

Eu me viro, percebendo então minha irmã sentada em uma das camas, seu corpo balança em um choro compulsivo e eu me aproximo lentamente. Puxo o ar não sentindo cheiro algum. É uma precaução válida, considerando a forma como todos falam do perfume de Bells.

— Bells? — Me agacho ao seu lado e ela ergue os olhos. Da mesma forma que Jasper fez no sonho da noite passada. Ela olha ao redor e se levanta, passando através de mim. Entendo perfeitamente que pode me ouvir, mas não pode me ver ou tocar. — Tudo bem, querida. Vai ficar tudo bem. Não chore. — Sussurro as suas costas e Bella suspira.

A porta do quarto se abre e Edward e Alice passam por ela. Alice olha diretamente para mim e arqueja, em seguida Edward olha para a irmã e imita o seu gesto.

— O que foi? — Questiona Bella e eu balanço a cabeça negativamente. Felizmente, Alice entende e engole em seco e pega o celular em seu bolso. — Oi, sim, nós estamos em Volterra. Edward já está a salvo, ele ia se matar.

Eu olho para o vampiro de aparência horrível agarrado a minha irmã como um carrapato.

— Ela só estava saltando do penhasco, não iria se matar, mas eu vi e Rosalie pensou que ela ia se matar. — Eu abro a boca, surpresa. — Eu sei. Então peguei Bella e vim salvar Edward. Todos estamos vivos, não se preocupe. Tudo está bem, vamos voltar para casa em breve. 

Nego com a cabeça, olhando para o vampiro ao lado de Alice com certo desprezo. Como Alice pôde arrastar minha irmã até um ninho de vampiros?!

A pequena vampira me olha magoada e eu balanço a cabeça, sentindo que estou perdendo a força da visão.

Ela me olha irritada e ultrajada quando lanço outro olhar de decepção para ela e para Edward.

— Bella é como uma irmã para mim.

Bem, ela é a minha irmã. É a ultima coisa que consigo pensar antes de estar novamente na floresta. Minha garganta queima mais uma vez e eu me levanto, correndo para o interior das fronteiras do Canadá. Acabo passando despercebida e entro em um bairro pequeno, próximo a floresta. É um lugar deserto e solitário. Caminho pelas ruas, sentindo a lua brilhar em minha pele translucida. 

Eu paro em frente a um carro estacionado e é só então que vejo meu próprio reflexo. Fico surpresa ao olhar-me, porque até então, não me sentia como outra pessoa. Mas agora sinto.

A mulher do reflexo é linda, tem cabelos loiros e brilhantes como ouro. Eles caem sedosos até a altura dos meus ombros, os cachos são perfeitos. Meu rosto se tornou simétrico, os lábios são cheios e avermelhados, meu nariz poderia ter sido feito pelo melhor cirurgião.

Eu poderia ser uma modelo.

Toco minhas bochechas e em seguida meus cabelos. É tudo real. Essa sou eu agora. O sentimento de tristeza explode dentro de mim. 

E os olhos! Estremeço quando fito a mim mesma através do reflexo, mesmo no escuro posso ver a cor assustadora deles. São vermelhos gritante. 

— A cor vai desaparecer. — A voz suave e masculina me sobressalta e eu me assusto, ficando em posição de ataque por instinto. — Calma garota. — Ele ergue as mãos em rendição, um sorriso malicioso brincando em seus lábios. — Pode se ver que é uma recém criada.

— Posso chutar sua bunda daqui até a China. — Respondo erguendo o meu tronco e fitando-o de queixo erguido.

Ele ri, aproximando-se de mim em um piscar de olhos. — De onde você é, gracinha?

— Não é da sua conta. 

Sua mão se levanta para tocar meu rosto e eu a afasto com um tapa brusco.

— Ai. — Ele me fita com diversão. — E para onde vai?

Eu reviro os olhos, observando-o. — Isso também não é da sua conta. — Ele ri outra vez. Tem um riso bonito e sensual. Usa um colete de couro por baixo da blusa de malha branca, está bem arrumado para um vampiro nômade, apesar dos pés descalços. O jeans também está limpo, mas os cabelos estão despenteados. Ele é um contraste ambulante.

— Sou Garrett. — Ele cantarola esticando a mão, parando a minha frente outra vez. Os cabelos castanhos claros caem em seus olhos e ele os afasta com um gesto de cabeça que deve encantar humanas. Faço uma expressão de tédio e ele abaixa a mão. — Como você é difícil. 

— Cassandra.

— Sem sobrenome? — Arqueia a sobrancelha.

— Não é da sua conta.

O sorriso dele é até bonito. — Muito bem, senhorita Cassandra Não é da sua conta. Precisa de alguma ajuda?

Faço um som de impaciência e ele ri, mais uma vez. — Pareço precisar de ajuda?

— Na verdade, sim. — Assente inclinando a cabeça de um jeito inocente. — E eis aqui um cavalheiro para te ajudar. 

Eu abro a boca pronta para respondê-lo, mas um cheiro horrível toma o meu nariz. Garrett solta uma exclamação de espanto e me olha em arrependimento.

— Desculpe, Cassandra. — Ele beija a minha bochecha e deposita um papel entre meu decote. — Me ligue. — Diz antes que eu possa arrancar seus dedos ou dizer alguma coisa. Eu bufo, irritada e olho para o final da rua, onde está o que quer que tenha feito o vampiro partir tão rapidamente.

É com surpresa que percebo o lobo caminhar até estar frente a frente comigo. 

Grande, assustador e acinzentado. É Paul. 


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