Destinados ▸ Jasper Hale escrita por Woodsday


Capítulo 30
• 2° — Capítulo IX


Notas iniciais do capítulo

Oi meninas? Como vocês estão?
Espero que gostem desse capítulo! ♥



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— Oh não, eu não! Eu vou sobreviver! Enquanto eu souber como amar, eu sei que permanecerei viva. Eu tenho minha vida toda para viver, eu tenho meu amor todo para dar e eu vou sobreviver! Eu vou sobreviver! Hey! Heeeey!

— Eu não aguento mais você cantando! — Bella surgiu na sala, indo até o meu aparelho de televisão e apertando o mute. Ela estava com um guardanapo sobre os ombros e os cabelos presos em rabo de cavalo, havia alguma cor em suas bochechas e apesar do lamento em sua frase, percebi que ela também estava se divertindo. Eu estava improvisando um aparelho de som pela televisão, então foi fácil dela retornar ao silêncio da casa. Papai havia saído cedo e Bells cedeu ao meu pedido de matar a aula de hoje para podermos colocar as coisas em dia e mais tarde irmos ao tal passeio com seus amigos.

— Bella! — Gemi frustrada, pulando do sofá e deixando de lado a minha vassoura e pegando novamente meu controle. A voz de Gloria Gaynor voltou a encher o ambiente e eu sorri satisfeita. Minha irmã me olhou bastante triste enquanto voltava desanimadamente para a cozinha. — Ei, o que vai ter de almoço?

— Veneno de rato para você! E tampões de ouvidos para mim! — Resmungou ela com a voz acima da música.

— Porque toda essa raiva, pequeno gafanhoto?

Bells me lançou um olhar mortal. — Você está me deixando surda, Cassie. Nunca vi alguém cantar tão mal. — Agora ela estava se culpando por ser sincera.

Tudo bem, eu sei que canto mal, mas eu canto com amor.

— Certo, eu vou desligar. — Resmunguei de volta, apertando o botão vermelho que imediatamente desligou a grande TV de Charlie. Bella deu um sorrisinho satisfeita e em seguida eu a ajudei a colocar os pratos sobre a mesa. 

Um pouco depois do almoço, Jacob surgiu em nossa porta contando animadamente para Bells sobre seu carro novo. Ele me saudou simpático como sempre e achei divertida a forma como ele e Bella pareciam se esquecer do mundo a sua volta. Deixei ambos entretidos em sua conversa e aproveitei para responder as mensagens e fuçar um pouco na internet. Li algumas matérias legais e quase não vi quando peguei no sono no sofá mesmo.

Estava exatamente no horário de sair quando eu acordei, ouvi algum sermão de Bells por ter perdido a hora e me arrumei rapidamente, tendo outra breve discussão com ela sobre como iríamos.

O cinema foi constrangedor. Paul não foi, e nem os amigos de Bella. Passei cerca de duas horas sentada ao lado do desprezível Mike Newton vendo-o tentando parecer másculo o suficiente. Ele desistiu quando o sangue ficou nojento demais e se levantou correndo para o banheiro. Jacob e Bells o seguiram preocupado e eu me recostei a poltrona tentando assistir o filme péssimo pelo qual Bella optou com tanto afinco.

Tudo bem, um romance me faria chorar e querer levar um tiro, mas precisava ser esse filme tão nojento e cheio de tripas falsas por toda a tela? Argh. Enquanto Bella foi com os amigos para casa, eu fiquei mais algum tempo em Port Angeles. A convenci que estaria em casa antes da meia-noite e sob muita relutância, Bella concordou. Eu dirige até um pub, meu velho conhecido, sentando-me em uma das cadeiras altas e batucando minhas unhas na mesa. O lugar estava cheio e o som da música era envolvente. 

— Um martine, por favor. — Fiz o pedido para o barman, pegando meu celular para conferir as mensagens. Nada de novo sob o sol. 

Havia algumas da operadora, outras de Dew e minha mãe, respondi-as lentamente e sem pressa. Estranhamente, não havia nada de Paul. Eu pensei por um momento, em dúvida, então disquei seu número mas a única resposta que tive foi a voz eletrônica da caixa postal. Isso era tão incomum para Paul. Desde quando ele me deixa ter um dia em paz? E desmarca um compromisso? Eu não queria, mas me senti levemente ofendida e preocupada por ter sido ignorada por longo de um dia inteiro. Quis questionar Jacob, mas ele parecia a ponto de vomitar sobre mim, não quis me arriscar em uma aproximação muito intensa, até onde vi, ele estava com bastante febre. Talvez fosse a tal virose da qual Bella me falou com pesar. 

Eu aproveitei o som da música sozinha mesmo, sentada ali no bar deprimente até ver alguém se sentar ao meu lado. Meus olhos se arregalaram e o sangue fugiu do meu rosto me deixando tonta. O os olhos marrons não pertenciam àquele rosto e ao fundo eu podia ver as iris vermelhas brilhando sadicamente. A pele morena brilhava mesmo ali na luz fraca do ambiente e os cabelos cheios de dreads me causaram o reconhecimento que eu precisava para saber que estava em perigo.

— Olá garotinha. — Ele disse apoiando os braços sobre o balcão como eu estivera a pouco. 

Engoli em seco, olhando ao redor. Pessoas demais. Será que ele se arriscaria? Me mataria aqui? Meu Deus, o que eu faria? Como eu iria embora agora? O bar uma hora teria que fechar, mesmo que eu ficasse aqui a noite toda. Comecei a suar e meu coração disparou pelo medo iminente da morte.

— Não precisa se preocupar. — Ele disse acenando ao garçom. — Outro martine. — Pediu e quando o copo chegou, ele o empurrou para mim com a ponta dos dedos. — Um gesto de gentileza. 

Eu o encarei incrédula. — O que você quer?

— Meu nome é Laurent. — Disse me ignorando. — E acho que você é a Cassie? Ou é a Bella?

— Não é da sua conta. — Respondi entredentes e os dedos dele correram até meu braço, gemi ao sentir ele apertar minha pele causando um estremecimento de dor em mim. — Não grite ou eu mato você e sua irmãzinha.

— O que..? — Arfei quando ele apertou mais meu braço e quis chorar, meus olhos se encheram de lágrimas e eu fiquei furiosa. Me sentia tão imponente, submetida a esse tipo de tratamento por um vampiro maldito.

— Vai para a merda do inferno. — Rosnei para ele. — SOCORRO! — Gritei chamando a atenção de todo o bar. — Socorro, me solte, socorro, por favor, alguém me ajude! 

Laurent me olhou irado, soltando meu braço enquanto um grupo de homens se aproximavam de nós, atraídos pela minha gritaria.

— Foi um mal entendido, senhores. Até mais tarde, loirinha. — Ele disse afastando-se e saindo. Algumas mulheres me perguntaram se eu estava bem e o barman me entregou um copo de água, já que eu estava visivelmente tremendo. 

Eu olhei para a porta mais uma vez, me questionando como faria para ir embora agora. Ele estava lá fora, estava me esperando. O que eu faria? Enterrei minha cabeça nas mãos, arfando entre soluços e chamando a atenção das pessoas ao redor. 

Meu celular tocou no exato momento em que eu me levantei para ir até o banheiro. Eu atendi rapidamente, sem olhar o visor e me surpreendi ao ouvir a voz urgente de Paul.

— Cassie, onde você está?

— Eu... — Minha voz quase não saiu e eu pigarreei. Eu não podia falar, mas eu estava atordoada demais para inventar uma mentira. Demorei para formular uma frase coerente. — Estou... Estou...

— Cassie, diga a verdade.

— Eu estou... Paul, eu...

— Cassie!

— Um pub. Em Port Angeles... — Eu passei o endereço do local, ainda confusa com sua urgência. — Paul, não pode vir aqui. Eu estou indo embora já.

— Não! — Ele praticamente gritou. — Não saia daí, Cassie. Por favor, fique ai. Eu estou indo.

— Paul, você não... — A ligação se encerrou e eu apertei o celular em meus dedos. Meu braço estava com um grande hematoma arroxeado e por sorte, eu estava usando o casaco ou não poderia escondê-lo de Paul. Me sentei em uma das mesas do fundo, de frente para a porta. Meus pés batiam ritmadamente no chão e a cada vez que a porta se abria eu prendia a respiração em expectativa. Será que ele mataria Paul se soubesse que ele está comigo? Eu não deveria tê-lo deixado vir, não adianta nada, morreríamos os dois. Eu mataria o filho de Mary. Eu novamente voltei a enfiar o rosto nas mãos, meus olhos já estavam vermelhos e ardendo pelo choro. Se ao menos um dos Cullens estivessem aqui, mas não, eu estava sozinha nessa enrascada.

Ele mataria a mim, Bells e possivelmente Charlie. Se divertiriam sob nossas custas.

Eu pulei e ofeguei quando mãos q tocaram minhas costas. — Cassie, sou eu! — Paul puxou-me para os braços dele e eu aspirei seu cheiro, apertando-o em meus braços. Ele me abraçou tão forte quanto eu, as mãos fazendo carinho em meus cabelos. — Estou aqui, tudo bem, você vai ficar bem. 

— Paul, não deveria ter vindo. — Eu solucei, olhando-o desesperada. — Tem que ir embora, vai, depois eu vou.

— Não, Cassie, vem, vamos.

Firmei meus pés no chão, tentando me desfazer do aperto das suas mãos. — Paul, me escuta, é perigoso, por favor, eu vou ficar. 

Paul me puxou de volta com muito mais força, eu me choquei contra seu peito. As mãos quentes foram para meu rosto, fazendo minhas bochechas suarem. — Não, Cassie. Escuta bem, vamos sair juntos. Juntos. Eu vou proteger você.

— Você não pode.

Ele sorriu sarcástico. — Eu posso sim. Venha. — Passou os braços por minha cintura. — Vou proteger você. — Prometeu depositando um beijo em minha bochecha. Eu cedi, porque ele parecia tão seguro disso e eu já estava esgotada emocionalmente há tanto tempo. Eu simplesmente cedi e o deixei me levar para casa, nós saímos e eu olhei para os lados, mas Paul parecia tranquilo e seguro andando comigo a tiracolo. 

— Nada vai tocar em você. — Ele prometeu com um rosnado feroz quando paramos ao lado do meu carro. Os olhos de Paul me encaram intensos, ele parecia saber sobre tudo e eu estremeci sob essa constatação. — Me ouviu, Cassie? — As mãos foram outra vez para meu rosto, estávamos tão perto outra vez que eu podia sentir sua respiração, seu cheiro e quase podia sentir o sabor do seus lábios sob os meus outra vez. Meus olhos alteraram entre os seus e a sua boca. 

Engoli em seco, assentindo bobamente. — Como... como sabia, Paul? — Saiu só como um sussurro fraco, mas ele o ouviu perfeitamente. 

Paul fechou os olhos, o corpo tremendo em espaços preocupantes. Coloquei minhas mãos sob a sua e lentamente os espasmos pararam. Ele abriu os olhos, me encarando tão sério e profundamente que o ar ficou preso por um momento. Parecia tão intenso, atordoante, parecia que eu estava presa. Eu só podia senti-lo, o seu calor, seu perfume, a força atordoante que ele exibia sobre mim.

— Vou proteger você, Cassandra. — Prometeu outra vez.

Cassandra. Paul nunca me chamou de Cassandra e eu assenti. — Obrigada. 

Ele assentiu, criando alguma distância sobre nós e eu engoli em seco, reunindo alguma coragem. — Paul?

— Sim? — A voz dele estava tão rouca quanto a minha e eu dei um passo para frente, apoiando-me sobre seus ombros nus para alcançar sua altura. As mãos de Paul foram rapidamente para minha cintura e me puxaram para ele. Nossos lábios se encaixaram perfeitamente, com desejo e paixão. O corpo quente me envolvia por completo e fazia com que ondas de calor percorressem a minha pele. Fazia algum desde a última vez que nos beijamos e eu me surpreendi com a intensidade do meu desejo.

Com a saudade.

Eu me apertei mais contra seu corpo e quando o ar faltou aos nossos pulmões e encerramos o beijo, Paul me manteve ali, contra sua pele, sentindo-o enquanto ele me sentia. Meu coração que parecia tão quebrado, parecia quase inteiro agora.

Eu o abracei, porque pareceu infinitamente certo estar ali com ele. Não havia como evitar as comparações mas eu não podia esconder as inconstáveis diferenças. No entanto, estava ali, claro para mim. Algo estava se formando.

Em meio as minhas sombras, uma raiz florescia. Paul estava me envolvendo e me alterando de formas que eu não sabia dizer.

— Vamos para a casa, linda. — Ele disse suavemente e com carinho. Eu suspirei e assenti, entrando no carro. Paul tomou a direção quando eu entreguei as chaves para ele e eu fechei os olhos encostando-me no banco.

Quando Paul pegou a rodovia que seguia para casa, meu medo voltou com força total. Meu coração disparou e meus olhos vagavam entre o retrovisor do carro e as mãos de Paul segurando com mais força que o necessário o meu volante. Paul pegou um caminho diferente e eu franzi o cenho confusa.

— Onde estamos indo?

— Para La Push. — Ele respondeu com a voz rude. 

Toquei seu braço, sentindo uma fisgada onde o vampiro havia apertado. — Não podemos, precisa me levar para casa. Eu preciso...

— O que, Cassie?

Salvar minha irmã de um vampiro? Me oferecer como sacrifício humano? Morrer junto deles? Não sei.

Fiquei em silêncio, porque eu não podia dizer nada a ele. Mas Paul me lançava olhares tão irritados que só pude fazer me encolher no banco do carro. Ele estava tremendo outra vez e o motivo do seu nervosismo parecia ser eu. E ainda que eu não estivesse entendendo nada, fiquei em silêncio. 

— Sua irmã e seu pai estão com Sue Clearwater. — Ele disse com a frase soando mais rude do que Paul normalmente era.

— O que? 

— Eles estão na reserva. — Explicou impaciente. — Não estão em casa. Eles estão bem. 

Alivio parecia escorrer para dentro de mim. Eu estava absolutamente aliviada. Momentaneamente, eu sei, mas o sentimento era reconfortante. Fiquei surpresa quando Paul freiou o carro bruscamente, quase jogando-me para a frente. Suas mãos me seguraram com firmeza e ele parecia definitivamente irritado com algo.

— Escute, eu não posso te dizer muita coisa, mas eu quero que você se acalme.

Franzi o cenho, realmente confusa.

— Paul, do que você está falando agora?

— Escuta, Cassie. — Praticamente rosnou para mim. Eu o observei e Paul suava, os lábios estavam rígidos e ele apertava os olhos como se estivesse com dor. — Você precisa prestar atenção.

— Você está bem? — Toquei seu rosto mas ele se desvencilhou do toque. — O que é? — Perguntei finalmente ignorando os seus sinais de loucura. Seja o que for, estava o deixando seriamente perturbado.

Ele suspirou. — Eu quero contar... — Paul fechou os olhos, as mãos em punho. Um uivo alto e perto demais cortou sua frase e eu estremeci, olhando para a escuridão ao redor do carro. 

— Paul, eu acho melhor nós irmos... Eu não sabia que tinha lobos aqui e eu realmente não quero correr o risco de sei lá...

— Cassie. — Ele me parou, ainda de olhos fechados. A expressão perturbada me causou agonia e eu toquei seu rosto fervente. Ele colocou as mãos sobre as minhas, parecia estar tão aflito que fiquei perdida sobre o que fazer para ajudá-lo.

— Sim? Fale comigo, Paul. — Minha voz saiu só como um sussurro e Paul abriu os olhos, encarando-me mais uma vez como se não fosse um rapaz, mas como se tivesse a maturidade de um homem muito mais velho.

Outro uivo soou na floresta e eu estremeci com o som. Parecia estranho, assustador e fazia um arrepio subir por minha espinha.

— Vou proteger você. — Paul sentenciou e eu fiquei assustada com sua intensidade. — Eu sei que você está com medo, sei que está apavorada. Mas escute quando eu digo, eu prometo para você, nada vai machucar você ou sua família.

— Paul... — Ele não poderia saber, poderia? E mesmo se soubesse, não poderia lutar contra isso. — Eu não entendo...

— Só saiba disso. Fique calma. — Ele me puxou para seu abraço quente e eu senti seu coração batendo forte em meus ouvidos. Era bom abraçá-lo e ouvir um coração que batia. — Vou proteger você de qualquer coisa.

A forma como ele disse a palavra coisa me fez pensar que Paul realmente sabia do que se tratava. Mas mais uma vez, isso seria impossível. Ouvimos outro uivo urgente e Paul me soltou rapidamente, um som gutural saindo dos seus lábios e bastante parecido com um rosnado. Eu me assustei, ficando em silêncio enquanto ele dava a partida e dirigia rapidamente em direção a La Push. 

Quando chegamos, Paul mal se despediu de mim. Entregou-me as chaves e somente me disse para ter cuidado na volta para casa. Bella estava olhando-me da varanda de Sue Clearwater, ela parecia cansada e tinha uma expressão frustrada no rosto. Paul não se demorou lá, ele correu em direção a floresta e mesmo quando eu tentei chamá-lo foi em vão.

— O que ele foi fazer? — Questionou Bells quando eu subi os pequenos três degraus que levavam a varanda de Sue. 

Dei de ombros, ainda confusa. — Eu não... Sei. — Balbuciei ainda olhando para a direção que Paul partiu. Emoções demais para essa pobre humana.

— O que houve com sua jaqueta? — Bella tocou o tecido e eu estremeci quando isso fez com ele roçasse em minha pele. 

Afastei o braço, pondo a mão em minha de onde provavelmente tinha um machucado. — Eu bati. — Menti com um dar de ombros. — Deve ter rasgado quando aconteceu.

Bella acreditou perfeitamente e suspirou, me dando às costas e dizendo que chamaria Charlie para irmos embora. Eu concordei e continuei ali, sentindo a brisa fria de La Push jogar o meu cabelo para trás.

Quando eu olhei para a floresta novamente, tive a impressão de ver um par de olhos me observando. Olhos grandes e negros. 

Olhos extremamente conscientes e intensos.


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