Destinados ▸ Jasper Hale escrita por Woodsday


Capítulo 24
• 2° — Capítulo III


Notas iniciais do capítulo

Oi meninas, voltei cedo hein? O que vocês acham?



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| Paul Lahote|

 • Capítulo 3 • 

Passo meus dias trancada numa neblina
Tentando esquecer você, querido
Eu volto para o mesmo lugar. 
(...)

 

Paul Lahote não tirava os olhos de mim conforme eu me movimentava seguindo as instruções do doutor Hartmann. Em certo momento, com um sorrisinho divertido, Matt convidou Paul a esperar por mim na recepção, pelo fato de que eu não conseguia me concentrar sob seu olhar intenso.

— Então, quem é o rapaz lá fora? — Ele perguntou ajudando-me a levantar a perna direita. As mãos dando-me o apoio necessário para não cair.

— Você vai sair contando para as enfermeiras depois. — Eu acusei emburrada, tentando me levantar para fazer os movimentos.

Matt riu. — Ah, Cassie! Você sabe que elas escutam as coisas. — Deu de ombros, inocente. — Não faço ideia de como. 

— Porque você é pior que uma velhinha fofoqueira. — Resmunguei deitando-me sobre a bola gigantesca. 

— Eu o achei bonitão. — Comentou com um sorriso divertido.

Eu ri, vendo-o de cabeça para baixo por causa de minha posição. — Vou contar isso para a sua esposa, doutor.

Matthew fez uma expressão ofendida. — Então você não vai me contar? — Estende a mão para me ajudar a levantar quando terminamos os movimentos. Conversamos entre pausas, porque se não me concentrar, é capaz que eu caia e a situação fique bem pior. Além do meu fôlego, que não tem sido dos melhores desde que parei de correr. 

Dou de ombros quando terminamos e eu me sento sobre a maca. — Não tem nada demais. Minha irmã pediu para ele ir me buscar em uma festa ontem, ai ele ficou com a chave do meu carro, então teve que me trazer aqui.

— Mas ele parece atencioso. — Matt recostou—se sobre a própria cadeira. — E faz tempo que eu não vejo você com ninguém.

Revirei os olhos. — A consulta psicológica é de graça?

— É pela amizade. — Ele riu e o cabelo dourado balançou. Eu bufei, me levantando e pulando no chão. — Só não se prenda, está bem?

— Eu não me prendi. — Respondi como uma criança mimada que foi pega na arte.

Matt balança a cabeça. — Você foi muito bem. — Ele se levantou, abraçando-me suavemente. 

— Não posso dizer que vou sentir saudades, Hartmann. — Certo, eu ia sentir alguma saudade dele. 

Matthew fingiu fungar. — Pois eu vou sentir, Swan. 

— É porque eu sou maravilhosa demais. Sei que fui a melhor paciente que você já teve. — Eu o abraço mais forte e suspiro. — Obrigada por não desistir Matt. 

— Ei! — Matt me afasta pelos ombros. — O mérito é todo seu garota. Deu muito duro por isso. Agora tenho orgulho em dizer que está liberada.

— Futebol? — Meus olhos devem estar brilhando, Matthew ri, assentindo, quando abre a boca eu suspiro. — Eu sei. Com cuidado e sem exageros. — Completo a frase que venho ouvindo há semanas, desde quando estávamos chegando ao fim das sessões. 

Me causa uma raiva absurda saber que James, de alguma forma, deixou sequelas que jamais irão se curar completamente. Sequelas visíveis. Uma cicatriz horrível na minha perna direita e uma pior ainda em minha coxa. Já que aparentemente quando eu desmaiei, ele resolveu brincar com minha pele. Como um sádico. 

Bella me contou que Rosalie chegou antes que algo pior acontecesse e estremeço só de pensar nessa hipótese, o frio me envolve e eu quero me abraçar. Evito tomar esse rumo, mas Bells me contou que Rose lutou algum tempo sozinha com James e também sofreu algumas consequências, mas aparentemente, ela ficou bem. Quando todos os Cullens chegaram junto com Bells, eles estavam focados em me salvar e por isso James sumiu.

Quase sempre ando olhando para os lados, à procura da sua presença. Evito sair à noite sozinha e ir há lugares desertos e tenho evitado Forks. Deliberadamente.

— Pronto? — Paul está em pé quando eu saiu para fora. Já esta praticamente na porta e até parece que sabia que eu já estava de saída.

Balanço a cabeça, achando a ideia ridícula, porque Paul não tem nada haver com um vampiro. Eu sorrio para ele e ele me retribuí de um jeito estranho, Paul parece que não sorri com frequência, está sempre com essa carranca mau humorada no rosto, eu acho. 

— É claro. — Eu passo por ele e nós seguimos para o estacionamento. Ele é estranhamente silencioso. Mal abre a boca quando entramos no carro e eu pego a via principal que vai para Forks. 

— Então... — Eu o olho surpresa, por ele estar falando alguma coisa. — Foi sua última sessão?

Eu aceno, com um sorriso. — Sim. Eu fiz a fisio por seis meses e finalmente chegou ao fim. Já estava sentindo falta de correr.

— Hum. — Paul cruza os braços, deixando os músculos em evidência. Parece um pouco de exibicionismo, mas depois do acidente eu fiquei mais mau humorada que o normal, nem mesmo Bells me aguenta às vezes. Posso estar sendo especialmente arrogante, talvez. — Fiquei sabendo do acidente. Seu pai ficou bem preocupado. 

Eu estreço.

— É, foi horrível. — Minha voz soa mais mórbida do que eu gostaria. — E você, qual sua idade?

Paul me olha como se eu fosse louca pela mudança de assunto tão brusca, mas não questiona, ele me dá um sorriso breve.

— Que idade acha que tenho?

— Vinte e  oito? — Arrisco e ele solta um riso totalmente espontâneo. Balança a cabeça, negando. — Vinte e cinco? — Ele nega.

— Minha nossa! Que tipo de papinha dão para esses caras da reserva? 

Paul dá de ombros. — Não vai querer saber, gata.

Eu rio e o encaro de volta. — Qual a sua idade, então?

— Vinte e três.

— Ual. — Eu fico realmente surpresa. — Achei que já estava quase na casa dos trinta.

— E você, senhorita juventude?

— Que idade acha que eu tenho? — Questiono até um pouco animada.

Todo mundo sempre disse que eu tenho carinha de criança, mas às vezes quando me arrumo, gosto de pensar que estou um baita mulherão. Me dá orgulho, afinal.

— Vinte?

— É tão óbvio assim? — Minha voz sooa desanimada e ele ri.

— Na verdade, o chefe me contou que você é dois anos mais velha que a outra filha dele.

— E você sabe a idade de Bella, porque..?

Paul me olhou de forma maliciosa. — Porque o chefe Swan não sai da casa de Harry. 

— Harry Clearwater?

Ele deu de ombros, sem prolongar o assunto. — É, esse mesmo.

— Hum. E você mora com seus pais?

Paul me olhou parecendo impaciente. — Isso é um interrogatório?

Eu o encaro completamente petulante. Meu prazer tem sido irritar as pessoas, mesmo. — E se for? Você está no meu carro.

— Eu posso descer agora mesmo. — Olhos castanhos me encaravam repentinamente irritadiços e eu franzi as sobrancelhas. 

Suspirei teatralmente, levando até meu aparelho de som e aumentando o volume da música.

— Está de tpm? — Questionei quando vi que ele ainda me encarava incrédulo. — Li um artigo sobre a possibilidade de jovens moças sofrerem com isso na adaptação à vida adulta.

Paul Lahote bufou e eu continuei séria.

— Você é irritante. Já te disseram isso?

Eu sorri, mexendo-me no ritmo do som.

— Algumas vezes, baby.

Ele recostou-se no banco e eu cantarolei a música, aproveitando a brisa fresca que entrava pela janela. 

Você foi embora e eu preciso ficar chapada o tempo todo para parar de pensar em você... — Cantarolei batucando meus dedos no volante observando a estrada vazia à minha frente.

— E então, o que houve com o seu namorado? — Questionou Paul indicando a aliança de compromisso que eu ainda carregava no dedo.

Eu me silenciei, ficando surpresa de repente. Encarei o pedaço de metal em meus dedos por algum tempo, sem saber o que dizer exatamente. Ele se foi? Ele morreu? Partiu? Me abandonou? Não sei.

Melhor seria se tivesse morrido. Doeria menos? Acho que não. Acho que prefiro pensar que Jasper está bem, feliz em algum lugar, quem sabe voltou com Alice? O pensamento me causa um gosto amargo que não tento repreender, sou humana afinal. Quero-o feliz, definitivamente, mas amaria muito mais se essa felicidade fosse ao meu lado. Me machuca de forma brutal saber que Jasper não me dedicou um minuto para explicações ou despedidas.

— Ele morreu. — Eu menti com naturalidade engolindo para o fundo qualquer pensamento.

Paul arqueou a sobrancelha em descrença. — Morreu?

— É agora que você me dá os pêsames. — Eu revirei meus olhos. — Sua mãe não te educou?

Ele deu de ombros. — Você está melhor sem ele, gata.

— O que quer dizer com isso?

— Que você está melhor sem ele.

— Não pode saber disso. — Eu teimei, apertando meus dedos no volante.

Paul bufou, impaciente.

— Acredite, eu posso. 

Eu o encarei incrédula. — Você nem o conhecia! Como pode saber disso?

— Porque está o defendendo? Ele te chutou!

— Ele não me chutou. — Rosnei irritada. 

Já estávamos nos limites de Forks e até minha música já tinha perdido a graça.

— Ele morreu. — Eu rosnei irritada. Retirei a aliança do meu dedo, enfiando-a em um compartimento do carro onde seria talvez esquecida, um dia. — Ele morreu. — Eu disse outra vez. — Pronto. Respeite-o.

Paul Lahote me encarou por um tempo em silêncio, as sobrancelhas unidas demonstravam que ele estava tão irritado quanto eu. Seu corpo tremia levemente e acho que ele estava tendo um ataque nervoso.

— Você é uma idiota mesmo. — Resmungou parecendo estar com nojo ou coisa assim. — Não acredito nisso. — Balançou a cabeça.

— Argh! — Eu grunhi pisando no freio. Meu corpo foi para a frente, assim como o de Paul. — Desça do carro, seu otário!

— Me chamou de otário? — Ele se aproximou de mim e por um momento achei que fosse me bater ou algo do tipo. 

— É, você além de otário é surdo, Lahote?

Paul pareceu rosnar, um som que veio do fundo da sua garganta e me assustou. Eu ainda estava com as mãos no volante, mas meu corpo estava virado para Paul. Estávamos à centímetros um do outro, nos encarando irritados e furiosos. Meu coração estava quase saindo pela garganta, mas eu me recusava a recuar. Ah, se Paul ousasse encostar em mim, eu iria até o inferno para vê-lo pagar por isso.

— Você não sabe com o que está mexendo, garota?

Eu dei um sorrisinho debochado. — Saia do meu carro, Lahote. Ou eu vou chutar a sua bunda para fora dele.

— Quero ver você tentar. 

— Não queira. — Eu grunhi para ele. — Saia do meu carro, use suas pernas e vá a pé.

Paul me encarou em silêncio e rosnou. — Louca. — Bufou, abrindo a porta e pulando para fora, o vi correr e atravessar a pista para dentro da floresta.

Suspirei, encarando o dedo onde costumava estar minha aliança. A marca do bronzeado se fazia presente ali, um soluço escapou de mim e eu o prendi com as mãos, apoiando a cabeça no volante enquanto uma crise de choro tomava conta de mim.

— Droga! — Soquei o volante, irritada. — Droga, Jasper! — Murmurei para mim mesma. Porque você se foi? Porquê?

Recostei-me no banco, recuperando o controle de mim mesma.

— Você consegue, Cassie. Tudo bem. Tudo bem. — Eu fiz o exercício que a doutora Herm havia passado. A psicologa da ala do pós traumático do hospital. — Respira, inspira. Respira, inspira. — Eu fiz os exercício de respiração e meu coração se acalmou, a crise foi embora e eu limpei os olhos, soltando o ar. Voltei a dar partida no carro, pegando o rumo da delegacia, para dar um oi à papai.

Quando cheguei, saudei alguns dos policiais que estavam por lá e finalmente me joguei sobre a mesa do xerife, esperando-o voltar.

— Seu pai já volta, Cassie. — O policial Harris disse passando pela sala. — Foi só cuidar de uns garotos ali.

Fiz um joinha com os dedos e esperei até Charlie surgir na porta com uma expressão cansada que se alarmou quando me viu.

— Tudo bem, filha?

— Só passei para dar um olá. — Eu disse a ele, me levantando para abraço-lo rapidamente. — Tudo bem, paizinho?

— Estou preocupado com a Bells. — Charlie caiu sobre a cadeira, parecia de fato cansado. — Tenho tentado diminuir meus turnos na delegacia para deixá-la menos sozinha, mas tem sido difícil. 

— Ela ainda..?

Charlie balançou a cabeça. — Não sai de casa, não se alimenta e quase não a vejo sorrir. — Papai coloca a cabeça entre as mãos. — Perdi duas filhas e não sei o que faço para ajudá-las.

— Pai, eu estou bem aqui e estou bem. 

Charlie pega minhas mãos em uma demonstração de afeto que me surpreende. — Você acha que não vejo, mas em oito meses quantas vezes esteve em casa, Cassie?

Dou de ombros, constrangida porque sabia que ele tinha razão — É corrido na faculdade.

— É assustador, eu entendo.

— Pai...

— Tudo bem, querida. Tudo bem não estar tão bem assim, foi difícil pra vocês. 

— Talvez eu possa fazer companhia a Bells. — Digo testando a ideia, esperando realmente não me arrepender dela depois. — Posso pegar um tempo na faculdade.

Charlie balançou a cabeça e abriu a boca, o cansaço em seus olhos é evidente e eu suspiro.

— Está decidido, pai. Vou até o Campus e volto ainda hoje. Bella está em casa? Vou leva-la comigo, vamos ficar bem.

Beijo seu rosto e caminho para fora da delegacia. Um chuvisco cai em meu rosto e eu entro no carro, sentindo-me cansada. Tão cansada e exausta que se dormisse cem anos talvez não teria sido suficiente. Minhas mãos vão até a pele lisa da minha barriga e mais uma vez quero chorar. Toco minha pele, imaginando como seria que tudo tivesse sido diferente.

Jasper e eu teríamos dois pequenos bebês, como será que seriam seus nomes? Eles seriam lindas crianças loirinhas. Nós podíamos ter uma casa em algum lugar perto de todos os Cullens e eles iam crescer rodeados da família. Papai ia amar ser avô e acho que mamãe também, nós faríamos reuniões e íamos comemorar o natal como se fossemos normais.

E mesmo sem saber quem eles eram ou quem se tornariam, ou o que seriam. Eu sentia a falta desse futuro utópico que criei em minha mente. Às vezes, quando dormia, sonhava com pequenos gêmeos correndo por uma clareira, eles eram mais rápidos que o normal e a pele tinha um brilho comum e ainda diferente. Mas se jogavam nos braços de Jasper cheios de amor e de saudade.

O telefone tocando me tirou do meu momento de autopiedade e eu engoli as lágrimas, pegando o aparelho para ver a foto de Dew no visor.

— Você não me ligou! — Ele acusou quando eu atendi.

Eu sorri pela familiaridade. — Oi Dew, eu estou bem e você?

— Garota, é bom ter uma explicação. O champanhe já esquentou, sabia?

— Dew, precisamos conversar.

— Ah, você vai terminar comigo agora? — Questionou dramaticamente e eu ri pelo nariz.

— Conversamos em casa, baby. — Eu disse antes de encerrar a ligação e dar partida para fora de Forks. Em duas horas estaria chegando a faculdade, trancaria minha matrícula e voltaria mais uma vez para Forks.

Como um loop que se repete, eu voltaria para a cidade. Mas dessa vez eu estava diferente e era estranho pensar que minha loucura já não me acompanhava mais. Ela havia trocado de lugar com coisa muito pior.

A minha dor.


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