Destinados ▸ Jasper Hale escrita por Woodsday


Capítulo 23
• 2° — Capítulo II


Notas iniciais do capítulo

Oi meninas lindas do meu coração. ♥ Voltei cedo hein? Até dia 6 tem capítulo, depois disso vou realmente precisar estudar. Então os capítulos serão talvez um por semana. Vou tentar dar o meu melhor pra vocês.
Eu realmente não esperava que essa história fosse tão longe e isso me faz muito feliz, séri. Eu fico encantada de ler cada comentário, cada opinião, o amor de vocês por esse enredo me enche de alegria, fico feliz demais e enquanto vocês quiserem ler, eu estarei escrevendo!
Quero agradecer muito a recomendação que recebemos da Lina Salvatore. Obrigada Lina, eu achei linda, você fez direitinho, me emocionou! Espero que você e todas as meninas gostem desse capítulo.
Vi muitas leitoras novas também, mocinhas sem vergonhas que não apareciam hein? Haha Sejam bem vindas, suas lindas! Espero vê-las mais vezes nos comentários. Vou tirar o fim de semana para responder todas vocês, então é provável que amanhã seja o último capítulo da segunda temporada. E então, só no próximo sábado. Mas hein, estou lendo todos e amo vocês demais!
Sem delongas, fiquem com o capítulo.

Ps: Prestem atenção no gif, esse é o Dew como imagino. Um gato hein meninas? Haha



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| Dewlare Wols|

 • Capítulo 2 • 

Eu sou apenas humana,
Eu faço o que posso. (...)

 

Eu gemi, sentindo minha cabeça latejar conforme a consciência ia me atingindo. Abri os olhos e suspirei, sentindo o cheiro atraente do travesseiro em que estava deitada. Olhei ao redor do quarto simples, um confusa quando me dei conta de que estava só de calcinha e sutiã. 

Gemi outra vez, deixando minha cabeça cair no colchão. Eu esperava realmente não ter ido para a cama com alguém muito estranho na noite passada. 

— Bom dia, bela adormecida. — a voz rouca soou da porta e eu me ergui nos cotovelos, observando o corpo malhado e moreno apoiado no batente. — Que bom que acordou. — ele sorriu esticando-me um copo e um pequeno comprimido. Observei desconfiada e ele sorriu ainda mais. — É para a dor de cabeça que imagino que esteja.

— Bom dia. — franzi o cenho, pegando o comprimido e o copo de água da sua mão. — Nós transamos?

Ele riu soando bem cafajeste. — Não faltou tentativas da sua parte, mas não. 

— Eu tentei..? — arqueei a sobrancelha, deixando-me cair na cama. — Merda. 

— Tudo bem. — ele disse. — eu não conto para ninguém. 

Eu o olhei seriamente. Sorriso bonito, pele morena. Ele era realmente atraente. 

— Como vim parar aqui... Quase nua? 

Ele me esticou as peças de roupa dobradas. — Você vomitou na própria roupa. Sua irmã ligou para Sam Uley pedindo ajuda e Sam me mandou para ser a sua babá da noite.

Eu cheguei a corar. — Oh! — me levantei vestindo as peças de roupas e o encarei, realmente envergonhada. — Obrigada por isso. Eu estou..? 

— Na minha casa. Você pode descer, minha mãe já saiu. Eu te deixo em casa. 

Apertei os lábios em uma careta. — Não quero abusar ainda mais de você. — digo a ele enfiando minhas sandálias nos pés. — Eu ligo para um amigo. Pode deixar.

Dew vai me matar. Ele realmente, realmente vai me matar.

— Aguentei você roncando no meu ouvido a noite toda. — ele abriu um sorriso travesso e eu revirei os olhos, fechando a cara. — não faz mal te deixar em casa. 

— Hum. Eu não ronco. — Eu acho. Passei os dedos pelos cabelos. Havia os pintado de preto há dois dias e ainda era estranho ver o tom escuro das mechas, mas estranhamente, me caiu muito bem. — Obrigada Paul. — me lembrei do seu nome repentinamente. — E me desculpe por roncar, se, eu eu ronquei mesmo.

Ele soltou uma gargalhada e não pude deixar de admirar sua leveza. Um sorriso me escapou enquanto eu o observava.

— Nem parece a mesma garota de ontem. 

Dei de ombros. — A bebida faz coisas. 

— Sua irmã estava preocupada. — ele se sentou ao meu lado na cama e eu o olhei de esguio, não querendo exatamente me aprofundar no assunto. 

— Ela se sente culpada. — eu não quis diminuir a preocupação de Bella, mas eu e ela vínhamos tendo problemas desde o acidente. Isso era inegável, sempre que eu olhava pra Bella, via a culpa rondando-a.

— Por? 

Balanço a cabeça. — Por nada. Podemos ir? 

— É claro. — Paul se levanta e vai na frente, guiando-me pela casa pequena. Passamos por outros dois quartos e um banheiro, no andar debaixo há uma sala aconchegante e uma cozinha pequena e bonita. Paul não faz apresentações da casa, somente caminha até a garagem e abre a porta do mesmo carro da noite passada. 

Que vexame. Digo a mim mesma que nada disso foi por Jasper, mas sei que foi. Continuo fazendo as mesmas burradas e acho que isso deve terminar. Eu entro em silêncio e Paul dirige por La Push também em silêncio. 

Percebo que é fácil estar ao lado dele. Tem um calor suave e gostoso, além de uma presença que me envolve de alguma forma. 

Nós passamos pelas casas do centro e pude ver Jacob escorado sobre uma moto pequena e velha, realmente velha. Os cabelos grandes estavam voando no vento e ele me encarou com as sobrancelhas grossas unidas em confusão quando avistou quem era o motorista. Eu acenei levemente, sem saber exatamente como agir. 

— Conhece o Black? 

Dou de ombros. — Ele tem uma certa queda pela minha irmã, eu acho. 

— O que há com vocês? — Ele questiona, talvez percebendo algo em meu tom de voz, não sei.

— Família. É difícil lidar. 

Ele me olha confuso mas não diz mais nada. Quando chegamos em frente a casa de Charlie, ele estaciona em frente a porta e a caminhonete de Bella está na garagem. 

Suspiro desanimada. Talvez fosse uma boa ideia aceitar a proposta da minha mãe e estudar na NYU e não em SU. 

— Escute. — Paul chama minha atenção quando não faço menção de sair do carro. — Pode ir a La Push quando quiser. Para distrair, eu digo.

— Muito gentil. — sorrio para ele. — Obrigada para carona e por cuidar de mim. E... Desculpe pela noite passada. 

Eu pulo para fora do carro e estou quase na porta quando ele me chama. Paul está encostado sobre o vidro do passageiro, tem um sorriso tão bonito que sinto pela primeira vez em meses algum agito dentro de mim. 

— Não acho você louca. — ele disse. — achei bem exótica. 

Eu rio.— me chamou de esquisita? 

— Melhor que louca. — ele da outro sorriso e arranca com o carro. Eu balanço a cabeça ao entrar em casa, Charlie ainda não chegou, percebo pela falta do casaco no cabide.

Papai parou de deixar a arma pendurada na porta, acho que no fundo ele tem medo que eu ou Bella tentemos nos matar. Isso é bem constrangedor. Ele não ficou nada contente com a história da gravidez, tampouco com a partida dos Cullens, ele ficou furioso e eu só não fiquei de castigo porque ele pensou que isso poderia piorar a situação. Eu tentei nessa época descobrir como foi possível a gravidez, mas não havia para quem perguntar e quando não houveram aparentes sequelas, eu deixei a dúvida em um canto escondido da minha mente onde eu raramente mexo.

— Bella? — eu grito indo para a cozinha onde encho um copo de leite. 

Bella surge na porta, as bochechas estão vermelhas e tem cor pela primeira vez em meses. Ela tem olheiras enormes e os olhos estão inchados e vermelhos. Sei que estava chorando outra vez. Ela está bem mais magra e o cabelo está sem vida. Não entendo como pode sofrer tudo isso por Edward. Mas não a julgo. 

Não em voz alta, ao menos. Não sou nem um pouco melhor que Bells. É a verdade, estou tão na fossa quanto ela.

— Você não pode fazer isso! — ela praticamente rosnou para mim, avançando em minha direção à passos furiosos.— eu fiquei tão preocupada que quase avisei Charlie. 

Suspiro. — Eu estava na faculdade, Bella. 

— Em uma festa, Cassie! Acha que assim vai superar Jasper? 

Respirei fundo.— melhor que enfiada em um quarto escuro, Bella.

— Seu jeito de superar não é melhor que o meu! — disse indignada. — ao contrário, tenho que ir buscá-la sempre! 

— Nunca pedi que fosse, Bella. — Minha voz soa cortante para ela. A testa de Bells de franzi em irritação e as bochechas ficam ainda mais vermelhas.

— Porque é claro que eu vou te deixar passar a noite em qualquer lugar, não é Cassie?! Como acha que eu faria isso? 

Jogo as mãos para o alto, irritada.

— Se você se sente culpada, sinto muito Bella, mas eu estou bem., vê? — Aponto para mim mesma. — Você também precisa ficar. Saia dessa bolha e ao seu redor. Eu não sou sua obrigação e você não é uma coitada. Edward e só um cara, siga a sua vida, pelo amor de Deus!

Ela levou a mão ao coração, chocada e eu fechei os olhos, arrependendo me imediatamente das palavras

— Bella...

—  Tem razão, Cassie. Você não é minha obrigação.

Ela me deu as costas e eu caí sobre a cadeira, colocando as mãos sobre a cabeça.

— Droga. — Lamentei comigo mesma encostando a cabeça na parede. 

Como é que faz pra se recuperar de uma perda tão grande que um buraco é deixado em seu coração? Como faz pra lidar com uma dor tão profunda? Bella e eu temos tentado descobrir de formas diferentes e isso tem sido cruel. Para nós duas. Agora finalmente eu fiz a única coisa que faltava: Magoá-la de verdade.

Enquanto Bella lidou com a dor enfiada em um quarto em depressão.

Eu lidei com a minha usando a bebida. Sai para festas e bebi tudo o que podia, me matriculei na universidade e conheci Dew, nós nos tornamos amigos imediatamente, compartilhando nossa dor, porque Dew havia perdido a irmã mais nove há menos de cinco semanas quando nos conhecemos

A despeito da minha vida de ordem perfeita, eu estava quebrada. Papai não desconfiava, ou mamãe. Só Dew e Bella.

A última porque insistia em fazer se presente, em me arrancar das festas e me por em casa. Bella estava lutando por mim, mas eu era uma idiota.

Suspirei frustrada 

Estive tão envolvida em minha dor que não respeitei a da minha irmã. Resolvi tomar um banho e depois conversar com Bella, íamos colocar as coisas ordem. Uma de cada vez. Eu levei cerca de meia hora no banheiro, tentando encontrar as palavras certas para dizer, mas não tive sucesso. Após vestir uma roupa quentinha, eu entrei no quarto. 

Bella estava sentada na cama, folheando um livro que eu já sabia que ela leu centenas de vezes. O morro dos ventos uivantes. Puxei o ar, sentando-me ao seu lado.

— Bells... — Eu soltei o ar sem saber como começar. — Me desculpe, eu... 

— Não! — Bells me interrompeu, levantando-se em um rompante e indo para o outro lado do quarto. — Você é tão egoísta! — Praticamente gritou apontando para mim.

— Egoísta? 

— Você só percebe a sua dor! Só você pode sofrer? Eu não tinha um bebe mas eu tinha o amor da minha vida, Cassie! E eu o perdi, assim como você! Você não entende? 

— Entendo. — Eu disse, bastante envergonhada. — Você está certa, tenho sido horrível. 

— Você realmente tem sido. — ela balança a cabeça, os olhos cheio de lágrimas. — Pra você Jasper só partiu há cinco meses, para mim fazem oito Cassie. 

— Bells. — me levanto levando em suas mãos. — não vou mais fazer isso, está bem? 

— Não vai..? 

Suspiro. — Chega de festas e de bebedeiras, eu prometo. Vou me comportar. 

— Você nunca foi comportada. — ela dá um breve sorriso e sei que a tempestade já passou.

— Eu sei querida. Mas agora vou cuidar de você, está bem? 

— Eu não preciso que... 

Eu a calo, puxando-a para um abraço. — Você precisa Bella. Tenho visto você definhar e tenho tampado os olhos para isso. Estava me afundando em auto piedade e não notei você. Não tenho sido a irmã que você merece, me desculpe. 

— Cassie... 

— É sério. — me sento sobre a cama. — tenho saído a noite para não te ver chorar, porque não quero chorar também. E quanto mais eu choro, mais dói. Porque eu ainda o sinto. 

O queixo de Bella caiu. Ela me olhou incrédula. — Você..? 

Assinto em silêncio. 

— Como? 

— Não sei. — dou de ombros. — Mas sinto. Suas emoções variam de raiva para ira, às vezes ele fica tão furioso que isso me afeta e eu me torno uma louca. E às vezes ele se deprime, não sei onde começa a tristeza dele e onde termina a minha, Bella...

— Cassie, porque não me contou? 

— Porque é loucura! — olhei para ela chateada — eu sinto a saudade,  a raiva, a tristeza e sei que ele sente a minha também. Então porque ele não volta? Porque não liga? Não responde?

— Ah, Cassie! — Bella pega minhas mãos e eu suspiro. — Vamos ficar bem. Eu tenho certeza. — Ela promete e mais uma vez estamos ali, juntas.

— Claro. Eu também tenho. — me levanto puxando-a para cima. — Venha, vamos tomar um cafe, eu estou faminta e Paul Lahote não me ofereceu nem um pãozinho duro. 

Bella riu baixinho. — Dormiu mesmo com ele? 

— Não! — eu disse horrorizada. — Mas acho que eu dormi na cama dele. 

— Você é impossível, Cassie! 

— Eu estava mesmo oferecendo sexo para ele né? — questionei a Bells quando ela se sentou na mesa. 

— Uhum. — ela respondeu prendendo o riso e eu suspirei, separando da geladeira coisas o suficientes para um sanduíche bem gordo e nada saudável para a amanhã. — Cassie, eu não estou com fome... 

— Bella, já fazem sete meses e meio, eu sei que não está com fome, mas já se viu no espelho? 

— São só uns quilos. — Ela deu de ombros e eu suspirei.

— Amo você irmãzinha, posso ser uma péssima irmã, mas te amo. É por isso que ouvi suas verdades e agora você vai ouvir as minhas. 

— Cassie...

— Edward se foi, eu sei que isso foi muito horrível e sei que dói muito. Mas mesmo que ele tenha ido, você não precisa ir. É jovem, linda e cheia de vida. Não pode e não vou deixar desperdiçar isso por causa do Edward. 

— Ele não tem culpa. — ela disse chateada. 

Dou de ombros. — Acho que não, mas não vou ver mais você definhando, Bella. Você nem conversa mais com a linguaruda da Jéssica. 

— Você nem gosta dela, Cassie. 

— Mas você gosta, Bella. Porque se afastou das pessoas que gosta? 

Ela suspirou. — Você quer esquecer, Cassie. Mas eu não. Eu percebo, você fica com garotos e nenhum deles é loiro, você os encanta mas no dia seguinte desaparece e se um deles a chama de querida, você surta. Eu percebo que você quer esquecer. Mas eu não quero. Quero saber que foi real um dia. 

Será que foi? Será que nós duas não tivemos um surto psicótico conjunto? Me pergunto mas balanço a cabeça, focando-me em Bella. — Não percebi que agia assim. Mas isso parou e você tem que parar também.

— Você age. — Ela sussurra e percebo que é Bella quem me conforta de novo. — Mas tudo bem, cada um lida com a dor a sua maneira. Esta é a minha. 

— Está ferindo a sua saúde, Bells. Não vou deixar mais. Vou lutar e você também vai. 

Ela assente e eu empurro o lanche para ela. Bella faz sacrifício para comer, mas come tudo e depois me ajuda lavar os pratos enquanto conversamos. Eu a atualizo sobre os estudos e ela me conta que tem deixado muita coisa para trás, mas está decidida a voltar e tentar se reaproximar dos amigos.

Eu tenho um quarto no campus da Seattle University onde comecei a estudar relações internacionais mas jamais me desfiz do meu aqui em Forks. Bella ainda está no segundo ano do ensino médio e fico triste de deixá-la sozinha, mas ainda é terça feira, então tenho que voltar para o Campus. 

— Você vai se cuidar? — eu pergunto a ela na porta, vestida finalmente uma peça de roupa descente e quente o bastante. 

— Eu me cuido. — Ela respondeu ofendida. Bella suspirou e me abraçou com força. 

— Porque não vem comigo? 

— Para a universidade? Claro que não! Eu tenho aula! Vai ficar tudo bem, Cassie. — ela me empurrou para o táxi. — É sério. 

Suspirei finalmente concordando e entrando no táxi. Disse ao motorista para onde queria ir e me recostei no banco, deixando minha mente vagar. 

Duas semanas atrás, parei de sentir Jasper. Não sei como isso aconteceu, mas sei que foi porque eu pedi. A dor dele e minha dor eram uma loucura, estava me deixando doente e insana. Eu andava por todo lugar procurando-o. Talvez ele estivesse por perto e por isso eu o sentisse, mas eu nunca o achei. Quando me mudei para Seattle, e ao pleno sol de meio dia senti a avalanche de dor tão grande que minhas pernas fraquejaram eu soube que ele não estava por perto, mas ainda estávamos ligados. 

Um dia, no alto do Space Needle, eu simplesmente joguei ao vento, pedi, implorei. Eu disse as palavras. Me deixe ir. E ele deixou. Nunca mais o senti. E acho que ele não me sente mais. Foram três semanas de abstinência pura. Liguei para seu celular e deixei inúmeras mensagens, em algumas eu não dizia nada, somente ficava lá, com o telefone ao ouvido sem saber o que falar. 

Patético, eu acho. Mas é a minha vida desde o acidente. 

Cada segundo tem sido dolorido para mim, luto constantemente para não lembrar, não pensar. Foque em outra coisa. Foque nos estudos. Foque no trabalho. Foque nos amigos, da dança, na bebida. Qualquer coisa.

Qualquer uma.

Quando chego na universidade, encontro Dew logo na frente, ele está flertando com um carinha jogador de futebol e quase não me nota.

— Gata! — Ele grita quando tento escorregar para longe da sua visão. Dew passa por debaixo do braço do carinha e corre até mim, puxando-me para um abraço. — Como foi a noite? 

— Você é um péssimo amigo! Como me deixa sair com um estranho? — Ralho com ele e Delawre sorri malicioso. 

— Um estranho bem gostoso. Aquela sua cidadezinha tá bem criada, amiga! 

— Bem criada 'tá você, cobra peçonhenta. 

Dew ri como se eu não tivesse falado nada. E eu o acompanho, porque isso é comum entre nós.

— Calma lá amorzinho. Me conta da noite, e já que você não recicla, passa pra frente. 

Meu queixo caiu em horror. — Isso me faz parecer fácil!

Dew faz um gesto de mãos. — Devoradora de homens, amorzinho. Agora passa que eu também quero. 

— Não tenho o número dele. — Digo apertando a alça da mochila enquanto sigo para o dormitório. 

— E o nome? — Especula com atenção. 

— Hum, também não. 

— Está escondendo-o? — sonda Dew com um suspiro. — Se interessou por ele, Cassie?

— Nem o conheço. — Dou de ombros achando a hipótese absurda.

Dew passa os braços fortes por meus ombros e nos caminhamos juntos. Quem vê, não diz que ele é gay porque Dew não dá nenhuma pinta longe de mim. Só quem o vê falando com os seus ficantes ou comigo é que percebe. Dew é filho de um advogado super machista que não aceita um filho gay. Quando Dew entrou para a faculdade de direito isso aumentou seus créditos com o pai, mas quando disse que iria montar a própria firma e não assumir a Wols Advocacia, isso o chocou. Particularmente, não gosto da família de Dew, mas ele gosta muito da minha. 

Principalmente da mamãe. 

Ela vem pelo menos, uma vez por mês, pra saber se eu ainda não me matei, enlouqueci e se ainda estou fazendo a fisioterapia como foi ordenado pelo doutor Matthew Hartmann, o médico simpático e bonito que me foi indicado aqui em Seattle. 

Gosto especialmente dele. Tem uma certa a gentileza, mas não me trata pisando em ovos como o resto do hospital faz. Todos souberam do meu caso no hospital, porque aparentemente, não se pode ir sempre a um hospital sem ser alvo de enfermeiras fofoqueiras. 

Todos sabiam da pobre Cassie Kepner que perdeu o bebê tão jovem, foi abandonada pelo namorado e ainda sofreu um acidente de carro que a deixou com dificuldades para andar por meses. 

Lamentável. 

— Quer companhia para a fisio hoje amiga? — Questiona Dew quando paramos em frente ao prédio do meu dormitório. 

Eu nego com a cabeça. — Pode ir, Dew. Eu dou um jeitinho. 

— Mas...

Eu paro, olhando-a atentamente. — Dew, você esperou muito por essa audição, vai lá. 

Dew também gosta de atuar. Mamãe voltou a trabalhar depois que eu me mudei para cá de volta e mexeu seus pauzinhos para conseguir uma audição para Dew. É um papel temporário de uma série de TV não muito famosa, mas já é grande coisa para ele.

— Não vale a pena se eu deixar você, gatinha. 

— É a última sessão. — Eu conto vitoriosa. — Tudo bem. 

Dew suspira. — Eu tinha que estar lá para comemorar e estourar o champanhe. 

Rio porque Dew faria exatamente isso. Quando eu comecei a estudar, o conheci quando voltava de uma sessão, eu estava além de cansada e dolorida, e quase me quebrei no chão, mas Dew me socorreu, como um cavalheiro de armadura brilhante. Ele era todo sexy e bonito, mas eu não via grande coisa nele. 

Naquele dia Dew me fez falar e era impressionantemente fácil falar com ele. Então eu contei quase tudo sobre meus fatídicos recentes acontecimentos. Dew disse que não poderia socar a cara do desaparecido, mas certamente podia me ajudar com as sessões.

Desde então ele não faltou em uma única sessão ao meu lado. Mesmo que Bella fosse ou Charlie ou mamãe, Dew estava lá. 

— Fazemos isso quando eu chegar. — Abraço ele, ficando na ponta da pés para te dar um selinho. 

— Se cuida amorzinho. — Ele balança o celular. — Vou esperar quando sair. 

— Pode deixar. 

Dew muda de direção e eu entro em meu prédio, acenando para algumas meninas e finalmente entrando no quarto que eu dividia com uma garota indiana super silenciosa e organizada.

— Oi Amysha. — Aceno para ela que somente sorri. 

— Está indo para a clínica, Cassie? 

Eu aceno positivamente e ela me deseja boa sorte. Quando saiu com a minha bolsa, procuro as chaves e não encontro. É só então que percebo que estavam grudadas na minha saia, mas eu não me lembro de tê-las trazido de volta. 

Percebo que vou ter que gastar com táxis, mais uma vez. Ou ir de ônibus, o que não era muito animador.

Estou parada na calçada esperando um táxi quando avisto a grande parede de músculos do lado oposto do campus. 

— Ei, Lahote! — Eu grito chamando sua atenção mas ele não parece me ouvir. — Ah merda! Vamos lá perna de pau. — digo a mim mesma antes de começar um corridinha até ele. — Paul! Ei! Paul!

Finalmente chamo sua atenção e ele corta o espaço que existe entre nós, eu ofego, praticamente caindo em seus braços quando me desampara em um desequilíbrio. 

— Minhas... Você... Esta... com...

Não é que eu sou bem sedentária? Paul entende rapidamente e balança as chaves para mim.

— Veio até aqui traze-las? — pergunto surpresa e ele sorri.

Está bem bonito com um jeans preto e uma camisa regata. Me lembra um lutador dos clubes clandestinos da faculdade. E não parece sentir frio nenhum, apesar do tempo nublado e chuvoso.

— Achei que fosse precisar. — Ele diz sincero.

— Obrigada! — É minha resposta aliviada, soltando-me dele quando vejo que ainda estava com as mãos em seus bíceps. — Tem como voltar?

Paul coça a cabeça, sem jeito. — Eu dou um jeito, não se preocupe. 

— De jeito nenhum. Eu tenho que ir a um lugarzinho mas depois te deixo em cada. O que acha? 

— Vai voltar a Forks? São duas horas... 

Dou de ombros, sorrindo e ele me acompanha. — Não tenho aula hoje. Vamos lá, bonitão.

Ele solta uma gargalhada divertida e eu o olho confusa. 

— Você me chamou disso noite passada.

Eu até coro. — Vamos esquecer a noite passada. 

Paul Lahote anda ao meu lado e em seguida passa o braço por meu ombro. Eu realmente não queria, mas gosto da sensação. É involuntário quando me aproximo mais para aproveitar do calor do seu corpo. 

— Foi a noite mais divertida que já tive.

Eu sorrio e reviro os olhos para parecer um pouco brava. 

— E a melhor parte, foi você. 

Opa. Olha uma pedra. Eu tropeço e quase caiu, mas Lahote me segura como boneca. É claro que só podia ser eu. 


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