Destinados ▸ Jasper Hale escrita por Woodsday


Capítulo 20
Capítulo XX.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/732110/chapter/20

— James. — Eu sussurrei dando um passo para trás, ele me acompanhou, fechando a porta de forma muito humana. — Você...

Ele fez um som de estralo com os lábios, pulando pelos cacos como se eles pudessem de fato feri-lo. — Foi bem fácil tirar a idiotinha da sua irmã daqui.

— Você armou isso? — Eu estava incrédula.

Ele sorriu diabolicamente. — É claro. Todos foram lá salvá-la do vampiro mal. — Ele riu um pouco e apontei para si próprio. — Eu, é claro. — Mas eu só quero você, docinho. E agora aqui estamos nós. Finalmente a sós.

Um frio gelado passou por minha espinha e eu estremeci. 

— Porquê? — Me lembrei de uma matéria que li, para fazer um agressor falar para poder distrai-lo o suficiente para pedir ajuda. Ou receber ajuda.

Tempo. É o que eu preciso. Rosalie vai chegar em breve e vai poder me ajudar de alguma forma. Eu só preciso enrola-lo por algum tempo.

— Onde está a Bella? — Questionei encostando-me na parede, tentando afastar-me o suficiente dele, mesmo sabendo que ia ser em vão.

Eu estava suando, nervosa e meu estômago estava se revirando. Eu estava em um quarto de hotel com acústica à prova de som e com um vampiro sádico e sanguinário. 

— A Bella bobinha. — Ele cantarolou. — Ela bem que acreditou quando eu disse que ia matar a mamãezinha dela. Foi só colocar uma gravação e violá, ela foi correndo para o clube de futebol. — Ele parou com um sorriso breve. — À propósito, parabéns pelos troféus, sua mãe adora exibi-los, uma mulher muito gentil. Tem uns lá no clube também. — Ele estralou os lábios. — Lugar espetacular. 

O ar me faltou repentinamente. — Minha mãe... Você...?

— Queria. — Ele assentiu solene. — Mas ela estava em um lugar movimentado demais. — Disse decepcionado.

Alívio preencheu meu corpo. — Sorte a dela. — Ele piscou para mim. — Azar o seu.

— E Bella?

Ele se sentou sobre o sofá, cruzando as pernas. — Não sei. Talvez ela esteja lá no clube com Victória. Ela vai ficar feliz em se divertir com a humana burra e saborosa.

Meu coração falhou uma batida com a constatação. Estava torcendo para que eles tivessem chegado à tempo até Bella. — E porque está aqui? Eu não sou interessante. — Chamei a atenção dele outra vez.

Eu foquei-me em distrai-lo, o suficiente para Rosalie chegar. — Para mim você é, docinho. — Em uma fração de segundo ele estava em frente. Eu ofeguei e foi tão rápido que mal pude reagir. James tocou a pele exposta do meu pescoço e eu estremeci em asco.

— Uh, você não gosta de todos os vampiros? — Ele escorregou os dedos pelo vão da blusa e eu me torci de nojo. 

— Vá a merda. — Rosnei as palavras para ele, dando uma tapa em vão na sua mão.

James me olhou furiosamente, a mão direita voou diretamente para meu corpo e fiquei agradecida que não foi o meu rosto. Tão rápido como vento, eu estava sendo jogada contra a parede. Meu corpo doeu, a barriga e as costas, a lateral do braço onde senti a batida. Senti o sangue escorrer da minha cabeça e gemi.

— Eu não queria ter feito isso. Viu o que me fez fazer? — James se abaixou em minha frente, tocando em meu rosto. Eu já sabia que era em vão tentar lutar com ele.

— Vá a merda. — Eu disse outra vez, fracamente. 

James apertou o meu pescoço, cravando as minhas em minha pele e eu gritei com o pouco de ar que me era permitido.

— Não é assim! — Ele gritou furioso em meu rosto. — Não fale assim comigo!

Eu fiquei ofegante quando ele me soltou. — Você é louco... — Não tive tempo de falar mais coisa alguma, pois ele me pegou como uma boneca, jogando-me na direção oposta. Eu gritei e gemi quando caí sobre a mesa de vidro — que se espatifou inteira em meu corpo. Não era muito inteligente discutir com um vampiro. Não seja burra, ordenei a mim mesma, então eu esperei em silêncio dessa vez.

— Quando Victória não conseguiu pegar seu pai, eu tive que saber um pouco mais sobre você. Não havia nenhum sentido em correr o planeta inteiro a sua procura quando eu podia confortavelmente esperar por você no lugar de minha escolha. Então, depois que eu falei com Victória, eu decidi vir a Califórnia, pra fazer uma visita a sua mãe. Eu ouvi você dizendo que estava indo pra casa. Fiquei um pouco indeciso entre você e o sangue da sua irmãzinha, mas então você olhou para fora e eu pude ver os seus olhos. Eu sabia que era você. Primeiro eu nem sonhei que você estivesse falando sério. Mas depois eu imaginei. Os humanos podem ser muito previsíveis; eles gostam de estar em algum lugar familiar, algum lugar seguro. E seria a estratégia perfeita ir para o único lugar onde você não deveria estar se escondendo, o lugar pra onde você disse que iria. Mas é claro que eu não tinha certeza, foi só um chute. Eu geralmente tenho um pressentimento em relação á minha presa, um sexto sentido, se você preferir. Foi muito útil ter o seu telefone, mas pelo que eu sabia você podia estar até na Antártida, e o jogo não ia funcionar a não ser que você estivesse por perto. Então o namorado da sua irmãzinha pegou um avião pra Los Angeles. Victória estava monitorando eles pra mim, naturalmente; num jogo com tantos jogadores, não se pode estar sozinho. E então eles me disseram o que eu esperava saber, que você estava aqui afinal. Eu estava preparado; eu já tinha assistido os charmosos videos caseiros. E aí foi só uma questão de blefe. Fácil demais, você vê, realmente não se aplica aos meus padrões. Então eu só precisava tirar a idiota daqui, parece que todos foram lá para salvá-la. Você vale pouco para eles, se quer saber. — Ele balançou a cabeça com falsa tristeza. — O seu namorado, que você tanto diz amar. Até ele te deixou, docinho. Vê como eu sou melhor para você?

Cansada, eu não abri a minha boca para dizer nada. Tudo em mim estava doendo, eu estava sangrando por tantos espaços que eu já não tinha mais certeza de quantos eram. Podia sentir a fraqueza me tomando.

— Se você me pedir. — Ele disse se abaixando sobre mim. — Posso transformar você.

Eu me desesperei, debatendo-me no vidro cortante e chorando pela intensa dor que tudo me causava. — Não. Não. Não.

— Oh! Não quer a vida eterna, Cassie?

Eu soltei o ar, sem forças para ir mais longe. 

— Vai desistir? — Ele bateu palmas, animado. — Hum, que sem graça. — Fez um gesto de descaso com as mãos. — Tudo bem, vamos acabar com isso. Não sei o que eles veem em você mesmo.

Ele deu um passo em minha direção, sorrindo. — Antes de começarmos...

Eu senti uma pontada de dor no meu  abdômen enquanto ele falava. Isso era algo que eu não estava esperando. Levei as mãos a barriga, gemendo com a dor que se aprofundava ali.

— Eu só gostaria de esfregar isso, só um pouco. A resposta estava lá o tempo inteiro, e eu estava com medo que Edward a visse e estragasse toda a minha diversão. Isso aconteceu, oh, há muitos anos atrás. A única vez que uma presa me escapou. Veja, esse vampiro que estava tão apaixonado pela vítima, fez a escolha que seu vampiro foi fraco demais pra fazer. Quando o velho que eu conhecia estava atrás da amiguinha dele, ele roubou ela do asilo onde trabalhava, eu nunca vou entender essa obsessão que alguns vampiros têm por vocês humanos, e assim que ele a libertou ele a deixou em segurança. Ela nem pareceu notar a dor, a pobre criaturinha. Ela esteve presa naquele buraco negro da cela durante tanto tempo. Cem anos antes ela teria sido queimada numa estaca pelas visões dela. Na década de 1920 ela foi jogada num asilo com tratamentos de choque. Quando ela abriu os olhos, forte com a fresca juventude, foi como se ela nunca tivesse visto o sol antes. O vampiro velho transformou ela numa nova forte vampira, então não havia mais motivo pra eu tocar nela. — Ele suspirou. — Eu destruí o outro velho em vingança.

— Alice — eu respirei, aturdida.

— Sim, sua amiguinha. Eu fiquei surpreso por vê-la naquela clareira. Então eu acho que o seu grupo vai tirar algum conforto disso tudo. Eu peguei você, mas eles têm ela. A única vítima que me escapou, uma honra, na verdade. E ela cheirava tão bem. Eu ainda lamento não ter podido prová-la. Ela cheirava melhor que você. Desculpe, eu não pretendia te ofender. Você tem um cheiro bom até. Não melhor do que a sua irmãzinha, mas bom...

Ele deu outro passo na minha direção, até ficar a apenas alguns centímetros de distância. Ele levantou uma mecha do meu cabelo e cheirou ela deliciado. Então ele gentilmente colocou a mecha de volta no lugar, e eu senti os dedos gelados dele na minha garganta. Ela alisou rapidamente a minha bochecha com o polegar, seu rosto estava curioso. Eu queria tanto correr, mas estava congelada. Eu não conseguia nem balançar.

— Não — ele murmurou pra si mesmo enquanto abaixava a mão — eu não entendo. Ele suspirou. — Bem, eu acho que devemos começar logo. 

Quando ele veio para mim, vergonhosamente, eu apaguei. 

Eu estava em um lugar com muito calor nem parecia que estava desfalecendo em sangue segundos atrás. Havia sol e areia, ah! Eu estava na praia. Me sentei sobre a areia, sentindo o tecido do vestido roçar em minha pele. Tinha uma brisa quente e suave passando por mim. E eu me deitei ali na areia. A praia estava deserta dessa vez. Não havia som algum além do mar e dos pássaros.

Acho que eu morri. Constatei comigo mesma observando o céu azul e sem nuvens.

— Olá. — A voz infantil e fina aproximou-se de mim. Um garotinho estava sentado ao meu lado, usava uma bermudinha e a barriguinha rosada estava de fora. Os cabelos eram como de anjinhos, cachinhos dourados caindo ao redor do rosto. Olhos verdes muito bonitos e um sorriso apaixonante.

— Oi. — Eu sorri também. Sempre gostei de crianças. 

Ele se deitou ao meu lado, sem se importar com a areia na pele nua.

— Você precisa voltar para lá. — Ele disse.

— Mas eu não quero.

— Mas você precisa. — Disse outra voz suave e infantil. Uma garotinha, dessa vez. Igualmente linda. Os cabelos eram longos e ela usava um vestido como eu, mas em miniatura. Eu sorri. Poderiam ser meus filhos, se eu não estivesse morta.

— Aqui está bom. — Eu disse olhando para o céu mais uma vez.

Eles suspiraram, como se fossem um só.

— Não seja tão teimosa. Você tem que ir. 

— Vocês não entendem. — Eu murmurei em voz baixa. — Eu gosto daqui. Lá dói demais. 

— Vai passar. — Disse o garotinho. Ele me olhou por um momento. — Nós temos que ir.

— Onde? — Eu questionei me levantando surpresa. Eles caminharam para longe de mim mais rápido do que eu podia alcançá-los. — Por favor, não vão. — Eu chorei mesmo sem saber o porquê.

A garotinha olhou para mim e sorriu sem dentinhos. — Nós voltaremos, não se preocupe.

E eles sumiram no meio da água, simplesmente me deixaram.

— Por favor, Cassie. Volte para mim. 

Eu resfoleguei, a dor me fazendo soltar um grito alto. — Cassie! — A voz de Jasper me trouxe a realidade e eu gemi com a dor. 

— Ah, não, Cassie, não! — a voz de Jasper chorava horrorizada.

Por trás daquele som desejado havia outro barulho, um horrível ruído de tumulto do qual minha mente se afastava. Um violento rugido baixo, um chocante barulho de estalo, e um som alto e agudo, de repente apareceram...

Em vez disso eu tentei me concentrar na voz suave do meu amor.

— Cassie, por favor! Querida, me ouça, por favor, por favor, Cassie, por favor! — ele implorou.

Sim, eu queria dizer. Qualquer coisa. Mas eu não conseguia encontrar meus lábios. Eu estava sentindo tanta dor! Queria voltar para a praia. Para junto dos anjinhos. Por favor, pensei, me deixe ir. 

— Ela está com muita dor. — Outra voz disse ao meu lado. — Carlisle, ela está cedendo pela dor!

— Carlisle! — pude ouvir a voz de Jasper, agonia na sua voz perfeita. — Cassie, Cassie, ah, não, por favor, não, não! — E o anjo chorava sem lágrimas, soluços despedaçados. Ele não deveria chorar, era errado. Eu tentei encontrá-lo, dizê-lo que estava tudo bem, mas meus lábios não se abriam, a voz não saia, estava me pressionando, e eu não podia respirar. Eu estava consciente, mas presa nesta dor maldita. Ouve um ponto pressionado na minha cabeça. Doeu. Então, quando a dor quebrou a escuridão chegando até mim, outras dores vieram, dores mais fortes. Eu chorei, ofegante.

— Cassie! — o anjo chamou.

— Ela perdeu algum sangue, mas o corte na cabeça não é fundo — uma voz calma informou. — Cuidado com a perna dela, está quebrada. Cuidado com as costelas também, parecem feridas. Há muito sangue, ainda não consigo ver de onde vem.

Me tirem daqui, quis dizer, me levem para lá. Quis sair desse corpo e voltar para o céu azul, mas não podia, não tinha controle. Quando me levantaram, doeu, queimou e ardeu.

— Me deixe. — Eu sussurrei, sem forças para afastar quem quer que fazia a dor piorar.

— Me perdoe, amor. — Jasper chorou sobre mim. — Me desculpe, preciso te levar, já vai passar, amor.

— Jasper. — Eu sussurrei desejando ver os seus olhos, mas em vão, eu estava sem forças. — Eu... Quero dormir.

— Não durma. — Ele disse. — Fique comigo, Cassie. Por favor.

— Eu... — Quis dizer que eu o amava. Que iria ficar, que iria me esforçar. Mas não pude. Eu apaguei antes de completar qualquer pensamento.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Que acham gatas????
AI NERVOSO. AI MEUS GÊMEOS. AI MEU CORAÇÃO. KKKKKKKKKKKKKKK



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Destinados ▸ Jasper Hale" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.