Betrayed Friendship - Jily escrita por Vitória Serafim


Capítulo 5
Capítulo IV - Pega em flagrante


Notas iniciais do capítulo

Olá gente! Cá estou eu, finalmente, com mais um capítulo dessa fic que tanto amo escrever. Os capítulos sempre pequenos (costumeira da fic), mas estou pensando em torná-la uma longfic, sendo eu uma pessoa que não sabe escrever histórias pequenas KKKKK
Mas enfim... Sem mais delongas. Apreciem o capítulo! :D
[Betado por Alie Costa ♥]



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— O que você disse? — perguntou o rapaz, incrédulo.

            Respirei fundo.

— Eu juro que não queria fazer aquilo... Só... Foi mais forte que eu — senti minhas bochechas queimarem de vergonha.

Snape olhou, brevemente, em direção ao balcão, à procura do garçom que não chegava nunca com o pedido.

— Fala alguma coisa...

— O que quer que eu diga? — perguntou ele, evidentemente irritado.

— Por favor... Só não fique zangado comigo. Eu decidi te contar isso porque é meu melhor amigo e acho que você teria reclamado se tivesse descoberto isso por outra pessoa além de mim. Eu já não tenho mais a Dorcas... Não posso perder você também.

Severo me fitou. Os olhos imersos em uma decepção tremenda. Até porque sabemos que Potter sempre foi seu inimigo mortal, não só por minha causa, mas pela zoação que ele e seus comparsas faziam com meu amigo. Era perturbadora a situação.

— Você ainda tem a mim — disse ele com amargura e então os pedidos chegaram.

Só um suco de laranja sem açúcar para neutralizar o azedume do rapaz em minha frente.

— Obrigada — disse sem encará-lo enquanto mexia nos cabelos.

Snape demorou-se em mastigar seu croissant e só então perguntou:

— Mas esse foi o motivo por você e Dorcas terem brigado? — ainda questionou-se.

— Ah... Mais ou menos...

Era exatamente por causa disso.

Senti meu celular vibrar dentro da calça. James Potter mais uma vez. Revirei os olhos e desliguei o aparelho, retornando-o para onde estava.

Tomei um gole da bebida que fumaçava em minha frente e encarei Snape uma última vez.

— Acho que preciso conversar com ela primeiro. Ainda estou um pouco chateada com o que aconteceu. Não quero que minha opinião seja influenciada por causa disso — Severo, apesar de aflito pela confusão, assentiu e nada disse sobre o assunto depois disso.

Ela era uma ótima pessoa e sabia respeitar o tempo que eu precisava. Sempre soube. E foi aí que eu percebi que ele realmente era meu amigo de verdade. Não poderia perdê-lo em hipótese alguma.

Jogamos conversa fora por mais uns quarenta minutos, quando finalmente nos despedimos. Tanto ele, quanto eu tínhamos coisas para fazer antes da semana começar mais uma vez. A diferença era que meu amigo não teria de entregar um quadro para o garoto mais popular da escola depois de tê-lo beijado na noite passada.

E era isso que eu teria de fazer nesse exato momento.

Assim que deixei o 3Broomsticks’, caminhei de volta para casa junto às minhas mil e uma paranoias sobre como agir ao tocar a campainha da casa dos Potter. Típico de Lily Evans.

Ao cruzar a faixa de pedestres, virei a esquina e contemplei um taxi parar em frente à porta de casa. Franzi o cenho com o que vi.

— Pode deixar comigo, papai. Vai ficar tudo bem... É só até as coisas se acertarem, não é? — disse a garota loira de pescoço longo e rosto ossudo que saía do veículo carregando uma mala (grande o bastante para passar um mês no Havaí, por sinal).

— É. Não vai demorar muito. Você vai ficar bem? — perguntou o homem.

— Vou. Afinal, estou com muitas saudades da Lily e da mamãe.

Ah, como pude esquecer? Petúnia Evans, a queridinha do papai. Muitos dizem que o filho caçula que é o mais querido e que o mais velho fica naquela situação do famoso borralho. Mas, aparentemente, não era o que acontecia na minha família.

Papai e mamãe se separaram logo depois que completei dez anos e como havia duas filhas, cada um ficou com a guarda de uma. Minha irmã vinha uma vez por mês para visitar seu antigo lar. Nunca tive uma relação muito íntima com ela, até porque éramos muito novas quando ela se mudou para Frankfurt, na Alemanha, para a casa da madrasta: Mariele.

Uma vez, procurei o significado do nome de origem alemã na internet e encontrei alguma coisa parecida com "a pura". Já começando errado que de pura a descarada não tinha nada, já que teve a deselegância de roubar o marido alheio. Apesar de papai já tê-la apresentado para mim uma vez, não me lembro bem das feições de seu rosto (graças aos céus), já que faz um bom tempo. Conclusão: a desgraça da mulher não era pouca.

Depois de ver Petúnia ser beijada na testa, aproximei-me do recinto.

— Oi — disse com as mãos nos bolsos da calça, um pouco mais folgada que de costume.

Meu pai me olhou com uma expressão perdida.

— Olá, Lily! — Tuney me abraçou, empolgada. — Estava com saudade de você.

— Eu também, mas... Pra onde você vai com toda essa bagagem? — perguntei com inocência.

— Ah... Papai não te contou? — ela lançou um olhar intercalado de mim para o homem ao seu lado.

Mark me lançou um olhar de "eu-tentei-te-avisar-mas-você-não-atendia-o-celular".

— Na verdade, aconteceram umas coisas essa semana que eu não fiquei muito com o meu celular. Não vejo mamãe desde ontem, então não fiquei sabendo de nada — comentei.

— Bem, papai vai acertar algumas coisas lá em casa e... Já como eu não queria atrapalhar, decidi que seria uma boa ideia passar algumas semanas aqui só até as coisas se acertarem. O que você acha?

"Acho uma falta de vergonha na cara. Você prefere morar com o nosso pai, que largou tudo pra viver com outra mulher, do que a nossa mãe que foi deixada pra trás e sustentaria uma cafeteria sozinha se não fosse por mim.", pensei.

— Tudo bem... — disse após um suspiro. Minha irmã abriu um sorriso de orelha a orelha.

— Ah! Vai ser incrível, cenourinha — ela me tomou num abraço apertado. Não sabia de onde tinha saído tamanha falsidade.

— Não me chame de cenourinha — resmunguei em voz baixa ainda no abraço.

Ela riu.

— Bem, meninas. Eu já vou indo. Qualquer coisa é só me ligar — ele sorriu e fez menção de se aproximar com delicadeza. Era arriscado chegar perto de mim sem permissão, o mínimo que eu poderia fazer era começar a gritar. — Tchau, Lily. Foi bom te ver — ele me abraçou, apesar de meus braços continuarem inertes ao lado do corpo.

— Tchau, Mark — respondi um pouco mais seca do que eu planejava. Mas o que ele queria? Era tudo o que ele merecia ouvir, não era?

Respirei fundo e quando caí na real, o táxi já virava a esquina e Petúnia já havia passado para o lado de dentro. Meneei a cabeça e observei o sol escaldante direcionar-se a oeste, juntamente com os pássaros ao entardecer.

Subi as escadas e suspirei. Mamãe estava lá. Acho que ela tinha deixado o Evans' com algum dos outros funcionários só para receber Petúnia.

— Oi mamãe! — minha irmã exclamou largando sua bagagem no tapete da sala, correndo para abraçá-la.

— Oh, Tuney! Que saudade de você, querida! — mamãe retribuiu ao abraço.

— Eu também estava com saudades... Inclusive de Lily — ela lançou um sorriso doentio, de tanta animação, para mim.

— Aposto que ela também sentiu sua falta. Não é, Lily?

Olhei em volta e forcei um sorriso.

— Claro...

— Bem, de qualquer forma. Vem aqui que eu vou te ajudar a guardar suas coisas... — mamãe disse, empolgada, indo na frente.

Mamãe pega a mala da filha mais velha e sobe as escadas rumo ao piso superior.

Lembrei-me de última hora que hoje era o prazo final para a entrega do quadro encomendado por James. Mal poderia imaginar o tamanho da minha vergonha quando der de cara com ele, com certeza seria demais pra mim.

Assim que subi as escadas e entrei no meu quarto contemplei a visão mais linda de todas.

— Coloque ali naquele canto, querida — mamãe dizia em relação ao meu pincel achatado.

Estava vendo uma mobilização de quadros. As pinturas, que antes estavam espalhadas por todo o quarto encontravam-se acolhidas aos montes numa das paredes do quarto, juntamente com uma penca de pincéis no chão.

— Mas o que é que está havendo aqui?! — perguntei alarmada.

As duas se viraram.

— Ah... Estamos afastando os seus quadros para que eu coloque meu colchão aqui à noite. Pensei que não haveria problema...

— Problema nenhum. Mãe... Será que podemos conversar? — chamei por minha mãe enquanto fuzilava Petúnia com o olhar.

— Claro... Ah, Tuney, querida... Pode usar a última gaveta do guarda-roupa de Lily para guardar as suas roupas, ok? Volto em um minuto — ela largou duas fronhas sobre a minha cama e deixou o quarto fechando a porta.

            Cruzei os braços e encarei-a, esperando que se pronunciasse.

            — Filha... Desculpe-me, eu tentei te avisar sobre a chegada da sua irmã, mas você sempre estava ocupada com as pinturas e eu com o café. Seu pai precisa resolver algumas coisas e é só por um tempo.

            — É... Por um tempo, mas durante todo esse tempo o espaço para as minhas pinturas vão pro saco? Eu preciso continuar com o meu trabalho, mãe! As minhas encomendas não vão esperar por mim.

            A porta se abre.

            — Mãe... Você tem alguma toalha? Esqueci a minha e preciso de um banho...

            Travei meu maxilar e passei pelo arco da porta trombando em Petúnia, pegando minha bolsa e o quadro e saindo dali sem dar nenhuma satisfação.

            Saí de casa e comecei a caminhar sendo o alvo de todas as pessoas que passavam pela rua, afinal, quem não reteria atenção com um quadro literalmente estampado na cara?

            Ainda não conseguia acreditar que teria que dividir meu quarto com aquela enxerida da minha irmã. Ela nunca fez muita questão de se aproximar de mim e agora, que mamãe e eu estávamos bem, ela pensou que passar um mês morando no meu quarto seria uma boa maneira de recompensar todos os anos em que não fomos irmãs o suficiente.

            Andei as duas quadras costumeiras até a rua do Evans’  e só percebi que havia chegado onde queria quando avistei a caixa de correio vermelha ,fincada no gramado do quintal, onde se lia: Potter.

            Senti meu coração acelerar a medida que me aproximava da porta.

            — Pois não? — era a voz de Fleamont.

            Respirei fundo e apoiei o quadro, que antes cobria o meu rosto, na madeira do deck da entrada.

            — Ah, Lily! — ele riu-se. — Não sabia que era você. Como você está? Entre! James estava esperando por você...

            — Com licença, senhor Potter — disse e limpei meus pés no tapete da soleira antes de entrar.

            — Ele falou sobre você o dia todo... Disse que você estava com o quadro — ele fitou a moldura coberta por um tecido branco.

            — É... Esse foi um dos mais trabalhosos que já pintei, já que era um rosto... E também queria fazê-lo no capricho, até porque é pra dar de presente — sorri um pouco sem graça. Talvez eu tivesse demorado um tempo absurdo e nem estivesse tão espetacular assim...

            — Tenho certeza de que ele ficou muito bom — disse por fim e chegamos à sala. — Vou pegar alguma coisa para beber, você aceita?

            — Não, obrigada. Só estou de passagem — sorri sentindo meu rosto ruborizar.

            O homem assentiu e saiu.

            Olhei em volta. Fazia um bom tempo que ali não pisava. Não pisara na casa de James nenhuma vez no ensino médio inteiro. Ele e eu havíamos nos afastado um pouco.

            — Mas o que diremos a ela? — ouvi uma voz mais que familiar descendo as escadas e meu olhar encontrou a cena.

            Eu juro que preferia não tê-lo feito. Se continuasse inerte olhando para o carpete da sala nenhum desses sentimentos idiotas estariam tomando conta de mim agora.

            Era Dorcas, estava descendo as escadas na frente de James.

            — Ah, Lily? — James questionou-se um pouco perdido. — Que bom que veio! Estava esperando você para...

            — Está aqui — deixei-o em cima do sofá e caminhei rapidamente em direção à saída. — Não precisa me pagar. É um presente — abri a porta num impulso e fiz menção de sair.

            — Lily, espera — dessa vez era Dorcas.

            Simplesmente ignorei-a e saí andando, deixando o casalsinho para trás, mas, infelizmente, a desgraça não havia acabado.

            — Lils, por favor! Precisamos conversar... — ela puxou o meu braço quando já tinha andado metade do quintal.

            Nessa hora, todas as memórias da noite anterior vieram à tona. A festa, as fantasias, a música, meu beijo com James e ela com ele. Então o sangue me subiu à cabeça. Puxei meu braço com violência e quando me dei conta, meus olhos já marejavam, minhas pernas já tremiam e minha mão já voara na cara da garota em minha frente.

            — Não precisamos não — respondi.

            — Eu não quis...

            Voltei a andar, mas ela ainda não havia desistido.

            — Lily!

            — Como você pôde?! — gritei sem me importar nem um pouco que o garoto responsável por toda aquela baderna estaria a menos de dez metros dali. — Você sabia o que eu sentia. Sabia sobre tudo e ainda fez mesmo assim!

            — Não! Você não entende!

            — Não entendo mesmo. Nunca vou entender — neguei com a cabeça e passei a mão rapidamente sobre a lágrima que escapara de meus olhos inevitavelmente.

            — Me deixa explicar, por favor — a morena suplicou.

            — Eu não preciso das suas explicações, Dorcas. Só... Fica longe de mim, ok? — ordenei, por fim e dei as costas.

            O que ela pensa que eu sou? Idiota? Porque aparentemente ela acha que eu deveria achar super normal o fato de flagrar ela beijando o garoto que eu sempre gostei e ela saindo da casa dele nas horas vagas. Ah, Dorcas. Já chega. Chega de bancar a boazinha.

            Eu sabia que tinha coisa estranha nesse negócio de monitoria. Com certeza ela já vinha flertando ele pelas minhas costas naqueles meses de plantonista. Eu sempre ia para casa correndo para dar continuidade aos meus quadros, mas ela não... Eram raras as vezes que ela me acompanhava até em casa ou me encontrava depois da escola, até porque ela ficava nela o tempo todo e eu agora já sabia o motivo.

            “Ah, que raiva que eu estou de você, Dorcas. Se você aparecer na minha frente de novo... Não vai mais existir mais a segunda sílaba do seu nome, só a primeira estampada na sua cara depois do segundo round de surra que eu vou te dar.”, pensei.

            Não tinha como o dia piorar.

            Primeiro era a decepção estampada na cara do meu melhor amigo depois de ter contado a maior bomba de todas as bombas, em segundo o encontro com meu pai, depois o meu quarto sendo cedido para a duas caras da Petúnia e então Dorcas e James juntos. O cosmos só podia estar de brincadeira com a minha cara.

            Devaneei de uma maneira que mal percebi quando cheguei na frente de casa, mas não consegui adentrá-la. Era demais. Ter que enfrentar tudo isso... Ah, já me sugavam as forças saber que o lugar que servia como meu conforto nas horas de desespero estaria inadequado para uso.

            Então chorei. Ali mesmo, na frente de casa. Sentada sobre o degrau da entrada, os braços ao redor das pernas e o rosto sobre os joelhos.

            Por que tudo era tão injusto?

            — Lily? — um sininho soou.

            Levantei o rosto.

            Era Marlene.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam sobre o aparecimento da Petúnia? E o tapa na cara da Dorcas? Amém sim ou claro? KKKKKKKKKKKK 1000 perguntas que quero respondidas nos comentários!
Obrigada por lerem e tenham um bom dia ^^
Até o próximo capítulo e um beijão da tia Torinha ♥



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