~ Narrado por Ruby ~

Hoje fazia exatamente uma semana desde daquela festa e eu estava aqui exatamente onde estive os outros dias da semana, em pé na porta do quarto de Emma, tentando fazer ela sair dali ou pelo menos que ela me deixasse entrar, desde o dia da festa ela não saia do quarto e as únicas pessoas que ela deixa entrar no quarto eram meus tios.

Eu compreendia isso, e não ficava magoada, minha magoa era o fato de a Emma estar passando por tudo isso, ela sempre uma menina muito forte, mas tocar nessa parte da vida dela a desestruturava totalmente e eu tentava sempre ajudar, quando fui morar em Nova York foi exatamente por isso, Emma estava sofrendo bullying no colégio e meus tios acharam que eu poderia ajudar, na época estava passando pela dor da perda dos meus pais e meus tios juntamente com a minha vó achou que seria uma boa ideia eu e a Emma estarmos juntos, por dores diferentes mas que poderíamos acabar uma ajudando a outra e isso acabou de fato acontecendo, me lembro de cada momento que vivi na casa dos meus tios, alguns que sinceramente gostaria de esquecer mas não consigo e outros que eu quero guardar na minha mente por toda a vida.

Emma sempre foi a irmã que eu nunca tive, nada nunca nos afastou ou nos fez estarmos uma longe da outra, quando éramos menores e a Emma descobriu que ela diferente e estava tentando entender tudo aquilo, eu estive com ela, em consultas com o psicólogo, quando ela começou a entender o próprio corpo era sempre comigo que ela conversava, ela ainda nessa época morava na cidade, porem depois meus tios precisaram mudar para Nova York e mesmo que por telefone sempre estava com ela, e obvio que todas as férias ficava lá.

Então no momento mais difícil na minha vida foi uma decisão fácil ir ficar com quem eu mais amava, Emma, tio David e tia Mary, você deve estar pensa que eu me esqueci do meu primo Eric, eu não esqueci, nos dois nunca nos entendemos e com o passar do tempo isso não melhorou na verdade ele conseguiu piorar tudo de uma forma inacreditável.

Como é nosso relacionamento hoje em dia?

Simplesmente não falo com meu primo e não fico no mesmo lugar com ele pode mais de dois segundos.

~ Flashback ~

Hoje faz exatamente seis meses que havia me mudado para a casa dos meus tios, as coisas não estavam sendo fáceis nem pra mim e muito menos pra Emma, fazia seis meses que meus pais haviam morrido eu era apenas uma adolescente e não tinha mais meus pais do meu lado, e a Emma, uma adolescente também estava lidando com o preconceito do pessoal do colégio, algumas garotas estavam pegando no pé dela e estavam pegando pesado, o que estava deixando meus tios bem preocupados pois por conta de tudo isso Emma não queria mais sair de casa, não queria ir mais no colégio, tinha perdido a vontade de fotografar que era sua paixão, depois de alguns dias com muita insistência dos meus tios eles conseguiram convencer ela a ir na consulta com o psicólogo.

Ela insistiu para eu ir com ela, mas sabia que isso não ajudaria, ai combinei com ela que se ela fosse sozinha e não escondesse as coisas da dra. faríamos o que ela quisesse de noite, quando os meus tios saem com a Emma, eu me sento no tapete na sala para fazer minhas atividades do colégio, coloco meus fones e me concentro nas minhas tarefas, depois de um tempo sinto alguém batendo em meu ombro.

— Caramba Eric você me assustou – Tiro o fone e olho para meu primo que havia entrado sorrateiramente.

— Ta assustada priminha?

— Não, só achei que estava sozinha em casa.

— Sozinha? Cadê meus pai e a Emma? – Ele deita no sofá e fico jogando uma bolinha pra cima.

— Foram levar a Emma ao psicólogo

— Ela esta com frescura de novo?

— Cala a boca Eric – Reviro os olhos e me levanto irritada – Você deveria apoiar sua irmã seu imbecil.

— Apoiar em que? Nesse draminha que ela faz e meus pais e vocês caem, vocês são muito idiotas mesmos

— Você é um sem noção Eric – Jogo a almofada nele e começo a subir as escadas e logo escuto ele atrás.

— Calma priminha eu só estava brincando – Ele se coloca na minha frente e eu tento desviar mas ele impede.

— Da licença Eric eu quero passar – Tento me desviar novamente e ele se aproxima mais me deixando entre ele e a parede.

— Qual é prima linda quase não ficamos juntos o que é uma pena porque você se tornou uma doce e linda mulher – Ele passa a mão no meu rosto e tento empurrar o mesmo e ele me prende contra a parede e eu me debato e logo em seguida ele me beija, na primeira oportunidade mordo o lábio dele o empurro.

— Não chega perto de mim seu idiota – Subo correndo e me tranco em meu quarto e fico lá ate ouvir a voz dos meus tios e da Emma.

~ Fim do Flashback ~

~ Narrado por Emma ~

Eu acho que fazia uma semana que estava aqui no meu quarto, não sei exatamente se era tudo isso que fazia, sei que em algum momento do dia minha prima ficava na porta do meu quarto pedindo para poder entrar, ligações dela, da Tinker e estranhamente da Regina se acumulavam juntamente com muitas mensagens, nas poucas pessoas que tinha no meu facebook ou twitter, a maioria era de zoação e chacotas, novamente estava passando por isso, achei que nessa cidade seria diferente mas me enganei, como pude pensar que aqui seria diferente, mas como pude me enganar tanto assim, sou um anormalidade da natureza e isso nunca vai mudar, nem aqui uma cidade totalmente pacata ou na cidade mais movimentada do mundo, eu sempre vou ser uma pessoa anormal, que serve apenas pra gozação e risos de todos.

— Filha vamos comer – Minha mãe tira dos meus pensamentos.

— To sem fome mãe.

— Você precisa comer Emma, não anda comendo bem e vai acabar ficando doente – Minha mãe me descobre e choramingo – Filha por favor levanta

— Eu não quero mãe, to bem aqui – Escuto meu celular tocando e coloco o travesseiro em cima do rosto.

— É a Regina filha, atende, ela tem ligado várias vezes ao dia pra falar e saber de você.

— Mãe eu não posso falar com ela, ignora a chamada.

— Filha, ela não vai...

— Mãe ignora a chamada, não vou falar com ela.

— Mas filha por que não, você a ama, você já...

— Eu a amo, mas ela não vai me amar mãe eu sou um aberração e todos da cidade sabem.

— Você não é uma aberração Emma – Minha mãe senta ao me lado e seguro meu rosto me fazendo olhar para ela – Você não é uma aberração filha, você é especial, e tenho certeza que muitas pessoas veem isso.

— Muitas pessoas? – Rio irônica – Mãe você não vale de muito pra isso, é minha mãe é programada pra me amar, as outras pessoas do mundo me acham uma aberração.

— E seu pai? Sua vó? A Ruby? Seu irmão?

— São todos da minha família e o Eric me odeia.

— Ele não te odeia Emma... – Escuto minha mãe suspirando – E a Regina e a Rose?

— Elas são minhas amigas a algumas semanas mãe e não sabiam nada disso, agora só vão rir de mim como todo mundo e você sabe disso, eu acho que seria melhor eu ter morrido quando os médicos não deram esperanças nenhuma de eu viver – Sinto minha mãe segurar meu rosto novamente e a olho e a vejo com o olhar sério sobre mim.

— Nunca mais diga isso Emma, você é um milagre, um milagre lindo e as pessoas que te conhecem te amam pelo o que você e não pelo o que você ama ou deixa de ter, nunca mais diga que você deveria ter morrido porque isso não vai acontecer – Minha mãe beija meu rosto e escuto alguém batendo na porta e quando olho vejo uma menina com o gesto quase tímido.