Eu me chamo Júlia, sou viúva, 40 anos, escritora profissional e jornalista. Desde muito cedo adorava trabalhar, sobretudo na capital onde eu era repórter. Minha vida era uma maravilha quando me casei com Leandro há 15 anos. Morávamos num bairro de classe consideravelmente alta em Fortaleza, em Aldeota. Apesar de odiar apartamento, decidi morar porque era mais próximo do nosso emprego. Ele também era jornalista, porém editor chefe de um jornal. Quando teve que cobrir pessoalmente uma reportagem em 2012 e o avião em que estava caiu em São Paulo.

Recebi a notícia com um pesar gigantesco e decidi me demitir e vim morar em Caledônia, minha cidade natal. É uma pacata cidade com menos de 20 mil habitantes e conhecida por aparições de ovnis... Eu particularmente nunca vi, apesar de morar na região rural.

E desde que vim morar aqui, comecei a ter algumas alucinações. Via vultos, rostos em espelhos e qualquer coisa que refletisse; sentia calafrios, coisas estranhas acontecendo... Será que tudo isso era fruto da minha depressão?

— Betho, não mexa mais nesse lixo. Vai dormir.

Fui para a sala já na direção da escada quando escuto batidas fortes na porta. Caminhei vagarosamente e fui olhar no olho mágico. Ninguém. Outra batida.

— Quem está aí?

Fiquei pensativa se abria ou ignorava.