Anxiety escrita por AneLeBlanc


Capítulo 1
Knot


Notas iniciais do capítulo

vejam as cores
glub glub



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Eu não sei o que me faz pensar assim, sabe? Apenas acontece. Tem dias que estou bem... Minto, dias não. Momentos é a palavra certa. Tem esses momentos em que me sinto bem, que me sinto aliviada por olhar para o lado e ver alguém. Só que esses momentos passam.

Vem esse nó na minha garganta, mais forte que os nós de rede de pesca, que matam milhares e milhares de criaturas todos os dias. Nenhum marinheiro faz um nó mais complexo do que o da minha garganta. E esse nó, que forma uma rede de angústia e dor por todo meu corpo, que mata minhas esperanças, me incapacita até mesmo de engolir a saliva. Me tira a vontade de comer a refeição mais refinada que possa ser feita pelo chefe mais consagrado no mundo todo. 

Como se não bastasse, respirar fica complicado também. Para uma pessoa com problemas respiratórios, a ansiedade só piora tudo. Não há remédio nessa terra podre e cheia de sangue que me salve. Simplesmente não existe mais ar puro para tirar essa coisa tóxica dos meus pulmões. Não existe mais nada.

E com essa falta de ar, meu corpo começa a suar frio. O mundo fica frio. Os olhares, os sorrisos, até a margarida mais linda do seu jardim esfria, e morre. Assim como sua alma. Você treme, chora, e tudo escurece. Ainda não desmaiei, ainda não, porque ainda tenho mais coisas para sentir ao mesmo tempo. Sinto que eles estão aqui. Mas quem são eles? E isso me deixa tão nervosa. Tudo se escurece, de novo. Mas ainda estou acordada, de pé, tombando para os lados, mas acordada. Eu sinto a respiração fria deles em minha nuca, o toque frio de seus dedos longos e fortes. Hipócritas, nojentos, porcos. Eles te falam que tudo vai ficar bem, é só tentar sair de casa, conhecer o mundo. Porcos. Frios. Frios assim como eu.

Mas, eu não consigo me concentrar em mais nada. Os sorrisos amarelos, os olhos sem brilho, a margarida morta, nada. É como se tudo fosse distante demais para esforçar a visão. Não consigo sentir mais minhas próprias lágrimas que descem pintando desenhos em meu rosto, marcando minhas roupas. Minha complexa respiração já não importa mais, nada mais importa.

E como o toque final para o prato do desespero eterno, seu coração se aperta, se contorce, grita. É frio também. Uma pedra de gelo dentro do seu coração que esfria todo seu corpo. E essa pedra pulsa também e a cada batida, é uma pontada gelada e morta, como a margarida do seu jardim. 

Nesse momento de ansiedade, você está morto. Mas ninguém te entende, pois, você é a pessoa que transforma o nada em um caos. 

Um sorriso cinza para dizer que tudo está bem, e essas pessoas cinzas vão acreditar. Mas seus olhos não são cinzas, os meus não são. Eles são sinceros e estão escurecendo nesse momento, mas eu percebo sua cor. E acho que você percebe a minha também.


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Notas finais do capítulo

vejam as cores
glub glub



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