O carro havia parado na frente da pequena igreja. Olhei para fora e soltei um longo suspiro. O que eu estava prestes a fazer me exigia demais, e eu sabia que dali pra frente, nada seria como antes. Eu não tinha mais tempo para voltar atrás, tudo que eu vivi até aqui ficaria para trás.

Clarissa Goldstein não seria mais a mesma, Lewis seria meu sobrenome, e quem seria essa nova mulher? Uma mulher que eu não conhecia, e que honestamente não gostaria de conhecer, mas a vida nos obriga a ser pessoas que não queremos.

— Senhorita? – o motorista abriu a porta, me tirando dos pensamentos de até então.

— Sim – ele me ajudou a sair do carro estendendo a mão. Minha mãe que também acabara de chegar, vinha até mim e me ajudou com o vestido.

— Estamos prontas – ela disse a Julie e a Lauren.

Julie seria minha dama de honra e depois tomaria seu lugar como madrinha.

Mamãe entraria comigo, por meu pai já não está mais presente.

Lauren entrou primeiro e nós esperamos alguns minutos até que ela tomasse sua posição no altar. As portas ainda estavam fechadas. Eu não tinha visto ninguém, e ninguém havia me visto.

Um frio em minha barriga me fazia mal, eu estava tão nervosa que minhas mãos tremiam.

— Querida, podemos? – mamãe estendeu seu braço a mim, que entrelacei o meu ao dela. Julie a nossa frente deu o primeiro passo. Ela jogaria as pétalas de rosas.

Andamos lentamente até a grande porta de madeira, que se abriu. Fechei meus olhos por um instante. Era difícil estar ali, fazer tudo aquilo.

Julie em minha frente jogava as pétalas, os convidados se levantaram e olhavam para mim. Adentrei a igreja com uma expressão seria. Tentei olhar para as pessoas, mas aquilo me deixava ainda mais nervosa. Então fiz o que eu não devia, eu sabia que aquilo ia me fazer querer sair correndo da igreja.

Olhei para Jensen, ele estava de pé no altar, usava um terno preto, calça preta, uma blusa social branca por baixo e uma gravata preta, seus cabelos penteados para trás o deixava mais velho do que aparentava ser. Ele estava com um sorriso que faria qualquer um acreditar que estava feliz de estar ali, mas algo me dizia que não. Seu olhar era frio e calculista.

Continuei andando até me dar contar que Jensen caminhará até meu encontro, ele deu um beijo na bochecha da minha mãe cumprimentando-a.

— Cuide bem da minha Clary. – ela disse olhando fixamente em seus olhos.

— Cuidarei, Senhora Candice. – Jensen olhou para mim, me oferecendo seu braço, olhei uma ultima vez para minha mãe como um pedido de socorro, mas sem saída tive que entrelaçar meu braço no dele.

O padre começará a cerimonia, e eu estava mergulhada em pensamentos que me deixavam confusa. Até que escutei o mesmo dizer meu nome.

— Clarissa Goldstein, você aceita Jensen Lewis como seu esposo?

Eu abri levemente meus lábios, mas nenhum som saiu, olhei para Julie no altar que me olhava apreensiva, respirei fundo e mordi o lábio inferior. O que eu estava fazendo? Eu só queria correr dali, o mais rápido o possível. Olhei para Jensen que mantinha o sorriso “noivo feliz e apaixonado”.  “Faça isso, é para sua segurança e a minha também” escutei a voz da minha mãe na minha mente, era por isso que eu estava aqui.

— Sim, eu aceito – toda a igreja soltou um suspiro em tom de alivio. Olhei pelo canto dos olhos e vi algumas convidadas chorando.

— Jensen Lewis, você aceita Clarissa Goldstein como sua esposa?

— Sim. – Jensen nem mesmo pensou. Eu o olhei surpresa, e ele sorriu falso.

— Agora, vocês trocaram as alianças – disse o padre. Julie que segurava as alianças veio até nós e entregou ao padre, logo depois voltando a sua posição. – Clarissa, repita as palavras enquanto coloca a aliança em Jensen.  – apenas acenei afirmativamente.

— Eu, Clarissa, prometo amar-te, respeitar-te, ser fiel a ti, todos os dias da minha vida – falei , colocando a aliança em Jensen. Em nenhum momento o olhei nos olhos, seria demais para mim.

— Eu, Jensen, prometo amar-te, respeitar-te, ser fiel a ti, todos os dias da minha vida – ele colocou a aliança delicadamente em meu dedo. Como se tudo aquilo que ele acabara de dizer fosse verdade.

— Eu vos declaro, casados – por fim o padre disse – pode beijar sua esposa. – a igreja foi tomada por aplausos e gritos animados após suas ultimas palavras.

Eu não havia pensado nessa parte. O beijo. Eu não soube o que fazer, então fiquei imóvel.

Olhei bem nos olhos de Jensen, ele se aproximou de mim, sua mão alcançou minha cintura de forma firme, mas nada muito ousado. Fechei meus olhos a espera de apenas um beijo não muito demorado, apenas uma confirmação de nossos votos. Mas foi tudo o oposto. Jensen tomou meus lábios em um beijo intenso, lentamente ele foi pedindo passagem com a língua e eu concedi, nós estávamos em sintonia, o beijo era quente, seus lábios tinham gosto de menta, e talvez cigarro. Não escutei mais nada ao redor, até ele me soltar de forma não tão delicada.

Eu senti meu rosto queimar, todos olhavam para nós dois. Minha mãe mantinha um sorriso satisfeito e feliz. Sorri para ela e a abracei quando ela veio até mim.

— Parabéns Clary – disse ela no meu ouvido ainda abraçada comigo – quero que você seja feliz, e que tente fazer isso dar certo.

— Mãe.. – falei censurando-a.

Eu e Jensen demoramos a sair da igreja, muitas pessoas vieram nos dar os votos de felicidade. Algumas eu nem mesmo conhecia.

Assim que saímos o motorista nos esperava ao lado de fora com a porta já aberta. Jensen me ajudou a entrar no carro e a ajeitar meu vestido. Ele deu a volta no carro e antes de entrar acenou para as pessoas. Olhei Julie conversando animadamente com Nick na porta da igreja, ela não tinha me visto, mas fiquei feliz ao vê-la tão alegre, pelo menos alguém estava feliz.

— Ainda bem que acabou – Jensen disse me fazendo virar para olha-lo. Ele afrouxava o nó da gravata e começava a bagunçar os cabelos. Jensen era sexy, algo nele me atraia, mas algo também me avisará que era melhor manter a distância.

Ele percebeu que eu o olhava e sorriu malicioso – virei meu rosto rapidamente para janela. O carro começava a andar, e só ai me dei conta do que viria depois. Algo que eu ainda não parei para pensar.

A noite de núpcias. Como eu poderia me entregar para alguém que nem conheço? Alguém que só pelo olhar me transmitia frieza.

— Pra onde vamos? – perguntei depois de longos minutos.

— Vamos para casa de campo da sua mãe, e só amanha viajaremos – disse. Virei para olha-lo, mas Jensen estava mexendo em seu celular.

— Ah, sim.

Eu estava nervosa. O que me aconteceria? O que seria de mim? Eu nem ao menos tinha feito isso antes, quer dizer, não é assim que imaginei minha primeira vez. E nem com alguém como ele.

O carro parou depois de longo minutos em frente a uma grande casa de campo, era antiga, e eu quase nunca vinha aqui. Confesso que não gostava.

O motorista abriu a porta para mim, e Jensen saiu pelo outro lado dando a volta no carro e me ajudando a sair de forma bruta.

Ele me largou e foi andando na frente. Eu desamassava a frente do meu vestido enquanto ele já estava muito a frente.

— Por quê? – sussurrei – ah Deus – peguei em meu vestido e levantei um pouco numa tentativa falha de não arrasta-lo no chão de terra. E fui caminhando, Jensen me esperava impaciente na porta, eu ainda tinha alguns degraus para subir.

— Clarissa, não sei se você percebeu, mas eu gostaria de entrar – falou impaciente.

— Desculpe, mas você viu o tamanho desse vestido? – ele me olhou e somente levantou uma sobrancelha, Jensen me deu as costas e entrou na frente.

— Ótimo! – falei – que bela noite me espera.

— Você nem faz ideia – escutei ele dizer assim que cheguei a porta.

Um calafrio percorreu meu corpo. O que aconteceria comigo?