Faltava apenas um dia para o tão “esperado” dia da cerimônia. Não consegui falar com Josh, minha mãe sempre colocava alguém para me vigiar de perto, mas eu sabia o quanto ele estava magoado comigo, seu olhar não mentia.

Quanto a Jensen, eu não havia o visto mais, e isso foi um grande alivio, a raiva que eu estava sentindo dele por ter feito aquilo comigo, somente para o Josh ver, estava me consumindo.

Coloquei minha mãe contra parede sobre esse assunto, e ela somente desconversou e depois negou tudo, eu não havia acreditado em uma só de suas palavras.

— Obrigada por me deixar ser sua madrinha, Clary – Julie agradeceu mais uma vez.

Eu havia chamado ela para ser minha madrinha, por ser minha única amiga aqui, enfim, aqui e em qualquer outro lugar.

— Eu sei que só está me agradecendo porque vai ficar perto do Nick na cerimônia – falei rindo, deixando-a vermelha.

— Sem graça! – ela jogou um travesseiro em minha direção, ele caiu próximo a janela, e acidentalmente vi Josh.

— Preciso ir ali, fique aqui! – falei indo rapidamente em direção a porta, essa era minha chance!

— Você vai se casar, daqui a um dia! Juizo! – Julie falou em tom de censura.

Fui rapidamente em direção a porta dos fundos, e sai correndo pelo jardim, consegui alcançar Josh que caminhava tranquilamente com uma mochila em suas costas.

— Está vindo da faculdade? – perguntei atraindo sua atenção, ele se virou e me olhou.

— Sim! – Josh foi cortante – tenho que ir.

— Espera! Olha, eu sei que você viu aquilo na janela, mas me deixa explicar...

— Você não tem que explicar nada, era você e seu noivo. Eu não tenho nada haver com isso.

— Como? – perguntei incrédula.

— Sua mãe sabe bem como colocar os empregados em seu devido lugar. – ele me deu as costas.

— Ela te contou? – gritei com raiva.

— Ela só está fazendo o que acha melhor pra você! O que eu poderia te dar? – escutei ele rindo sem animo. – vá, case-se com ele!

— Eu pensei que você gostasse de mim... – meus olhos ardiam.

— É por isso que eu estou te pedindo isso. – ele me olhou por cima do ombro, se virou e veio em minha direção. Josh pegou delicadamente em meu rosto e me beijou, eu o abracei quando nos separamos  – Vai logo, Clarissa. – neguei com a cabeça.

— Porque todos querem me dizer o que fazer? – falei entre lágrimas.

— Clarissa, vai embora, eu não vou ficar com você, case-se, isso é o melhor pra você.  –  ele começou a caminhar até sumir pela porta da pequena casa em que morava com sua família.

Meu coração estava partido, minha vida acabaria daqui a um dia, e tudo o que eu ouvia do cara que eu achava gostar de mim era isso.

Enxuguei as lágrimas com o dorso da mão.

— Se é isso que vocês querem, é isso que vocês terão!

(...)

Escutei leve batidas na minha porta, a luz entrava por uma pequena fresta entre a cortina e a janela. Me levantei coçando os olhos e falei um “entra” que não sei como pode ser ouvido.

— Olá querida – Lauren, entrou radiante pelo quarto – chegou o grande dia! – disse sorrindo tão alegremente que me fez querer deitar novamente e nunca mais levantar.

— Ah, é. – sorri triste.

— Anime-se! Hoje é dia de festa! E eu vou te deixar ainda mais linda! Não só eu, é claro que o cabeleireiro também vai ajudar, a manicure... – ela continuou falando, mas eu simplesmente balançava a cabeça e sorria fingindo está prestando atenção.

— Vou tomar um banho, e desço para o café, pode me esperar lá embaixo? – perguntei educadamente, interrompendo-a.

— Vou pedi para trazerem o café, sabe sua mãe resolveu fazer a festa aqui, já que você não quis escolher o local, então está uma bagunça lá embaixo querida.

— Ah, tudo bem, Lauren, obrigada. – ela sorriu e saiu pela porta.

A água morna caia sobre meus ombros, eles pareciam pesar muito, eu estava tensa. Não é todo dia que se casa com um desconhecido.

Fechei os olhos, momentos da minha vida se passaram pela minha cabeça, tudo aquilo iria mudar em questão de horas. E eu não poderia fazer nada para evitar.

Josh veio ao meu pensamento, eu ainda gostava dele, seria burrice negar, seu beijo não saia da minha cabeça, mas empurrei esses pensamentos para longe, não seria bom pensar sobre isso, não agora. Então Jensen veio ao meu pensamento, o dia da janela, da “lição” só de pensar em morar na mesma casa que ele, me dava calafrios!

Ele já me mostrava sua frieza e falsidade em apenas alguns encontros, eu não gostava dele, sentia uma grande antipatia por ele, e parecia ser reciproco.

Sai do banheiro já vestida, encontrando Lauren com uma bandeja sobre minha cama e um grande sorriso em seu rosto.

O dia será longo!

Kai, meu cabelereiro havia chegado, com outras mulheres que trabalhavam no salão. Começávamos toda a produção (em mim) por volta das uma da tarde, Julie também estava comigo, fiz questão que ela tivesse um dia de “madrinha” ao meu lado, sendo produzida também.

A cerimonia seria as seis da tarde, em uma pequena igreja que ficava aqui perto, eu não quis nada que chamasse atenção, e nem minha mãe pareceu querer, Jensen foi tão imparcial como sempre.

Eles terminaram de me produzir faltando apenas meia hora para cerimonia, e eu ainda colocaria o vestido. Julie já estava pronta e Lauren apareceu pela porta já vestida com um celular na mão, ela estava nervosa.

— Vamos querida, precisamos colocar esse vestido em você! – disse – gente, rápido, vamos! – um a um todos foram saindo pela porta, menos Julie e Lauren – você pode ajuda-la? – Lauren perguntou já saindo antes de ouvi a resposta.

— Sua sogra é legal – Julie sorriu divertida.

— Eu sei, já o filho dela... – falei triste.

— Não fiquei assim!  Hoje é um grande dia, mesmo que vocês não se amem, quem sabe...

— Não! – falei rapidamente.

— Tudo bem. Podemos?

— Sim.

Julie me ajudou a colocar e fechar o vestido, ela me olhou vendo o resultado final, com um sorriso sincero.

— Linda! – Julie sorriu – nem estou acreditando, veja!

Me virei para o espelho, Julie tinha razão, eu estava linda, mas não me reconhecia naquele vestido, naquela situação, meus olhos marejaram e Julie viu pelo reflexo.

— Nem pensar! – ela me virou pelos ombros – Não chore! Seja forte! Isso vai passar, você vai ver. Só tente, está bem?!

— Filha? – minha mãe entrou pela porta – Oh, Deus!

— O que achou? – perguntei nervosa.

— Você é a noiva mais linda que já vi, querida.

— Obrigada mamãe! – sorri triste.

— Julie, pode nos dar licença... – ela disse sem tirar os olhos de mim.

— Claro – minha amiga se retirou fechando a porta atrás de si.

— Sei que pedi muito a você, reconheço que sacrifiquei parte da sua vida, mas é por algo maior. Não peço que me entenda, só peço que seja paciente. Tudo que eu faço desde que você nasceu é por você! Para sua proteção! Eu morreria por você, filha. E mesmo que ache que eu estou fazendo algo ruim pra você, lá na frente você entenderá. Eu te amo, Clarissa.

— Eu também te amo, mamãe – lágrimas escorriam por meu rosto, minha mãe nunca me disse nada assim, nós não dizíamos essas coisas. Eu a abracei forte e ela retribuiu.

— Venha, não chore! Não quero você com a maquiagem borrada – ela sorriu e eu sorri também.

O carro me aguardava na porta, não seria Josh que me levaria até a igreja. Eu entendo que seria demais, até pra mim.

— Pronta? – mamãe me perguntará.

— Sim. – Eu não estava pronta, eu só queria fugir dali, correr como da primeira vez que vi o noivo, mas eu não podia, eu já estava ali, e não poderia voltar atrás.

Em meio a esses pensamentos adentrei no veiculo com ajuda, por causa do meu vestido, eu não iria acompanhada, mamãe havia comentado que estaria em outro carro, logo a frente. 

Quando eu entrar naquela igreja, e dizer sim, não terá mais volta.