Andrew Narrando

Acabei pegando no sono ao lado da Clarissa. – Não consigo entender como mesmo depois de irritado eu ainda a queria tanto.

Quando vi ela com aquele filho da puta do Josh fiquei com tanta raiva que atiraria na cabeça dele. – Mas não estava afim de sujar o saguão do hotel com o sangue dele.

Ver como ela sorria pra ele e como parecia à vontade em sua presença me fazia ter pensamentos assassinos.

E ao invés de prolongar uma discussão, preferi fode-la até ter a certeza de que ela é minha.

Quando acordei Clarissa ainda dormia ao meu lado. – Ela estava completamente nua e a visão de seu corpo me fazia quere-la ainda mais.

Peguei a blusa que eu estava usando e vesti nela – Clarissa estava tão cansada que nem acordou.

Tomei um banho e não demorei para sair do quarto.

Uma mensagem pedindo para que encontrasse com alguém do concelho dos Acionistas chegou no meu celular. – Fui a contragosto, se isso fosse uma armadilha, esse malditos iriam se arrepender.

O local combinado era em um restaurante próximo ao hotel. – Avisei aos dois seguranças para que cuidassem da Clarissa. E pedi para Nick também ficar de olho nela. – Sai do hotel acompanhando de mais outros dois seguranças, entramos no carro e seguimos para o restaurante.

Adentrei o local sozinho – Era um restaurante muito chique – Esses restaurantes de fresco, que eu detestava, mas frequentava.

— Alguém reservou alguma mesa no nome de Jensen Lewis? – pergunto a atendente que me olha.

— Senhor Lewis, a Senhorita está a sua espera... – Ela sai do balcão e vem até mim. – Vou levá-lo até a mesa.

Quando estamos próximos a mesa vejo uma bela mulher de cabelos negros longos e roupas sociais sentada de costas.

Entro em seu campo de visão e ela sorri. – Um sorriso pouco inocente, eu diria. – Ela fica de pé e me cumprimenta com um beijo no rosto.

— Sou Samantha. – se apresenta. – Eu represento o Conselho dos Acionistas... Já nos falamos pelo telefone, se lembra?

— Sim, me lembro... – digo me recordando.

Nos sentamos um de frente para o outro e Samantha leva a taça de vinho tinto aos lábios.

— Pedi tinto para você também, espero que não se importe. – diz logo depois de tomar um gole.

— Preferia whisky. – digo e ela sorri.

Analiso sua expressão e ela parece tranquila demais. – Seu vestido social justo e decotado seria uma distração se outra mulher não estivesse em minha mente.

— Quer pedir antes de conversarmos? – indaga.

— Não. Não quero prolongar essa conversa.

— Você é direto, Andrew. – diz e vejo um brilho de malícia em seu olhar. – Gosto disso.

— O que você quer, Samantha? – indago impassível.

— Os Acionistas convidaram você e a Clarissa para um jantar, hoje a noite. – Ela diz com leveza – Claro, eles também querem resolver alguns negócios com você.

— Que negócio?

— Coisas contratuais. Você sabe exatamente...

— Achei que o contrato estava mais do que claro. – digo bebendo um pouco de vinho.

— Pra nós está, Andrew. – Ela diz. – Mas há algumas coisas que queremos mudar...

— Vocês não podem mudar nada! – falo com irritação. – Meu acordo foi com a Candice.

— Nós representamos a Senhora Goldstein agora, você sabe disso. – Ela volta a sorrir com falsa simpatia. – Não somos seus inimigos, Andrew.

A analiso mas não digo nada. – Não confio nela, e nem nesses filhos da puta.

— Enfim, aqui está o convite... – Ela retira um envelope mediano preto da bolsa e coloca em cima da mesa. – O endereço e horário estão aí. E antes que eu me esqueça, traje social.

Me levanto da mesa e Samantha me olha surpresa.

— Não vai ficar? – pergunta.

— Por que eu ficaria? – sorrio com frieza pra ela que me olha com malícia.

— Interesses... – diz mordendo o lábio inferior.

— Acho que não. – digo tirando dinheiro da carteira e colocando na mesa. Pego o envelope e dou uma última olhada para Samantha, que volta a provar do vinho.

Saio dali pensando nesse maldito jantar. – Preciso ficar de olho na Clarissa, não posso permitir que alguma coisa aconteça com ela.

Chego no hotel e vou direto para o quarto, assim que entro vejo Clarissa sentada na cama comendo. – Uma bandeja generosa está ao lado dela e ela sorri enquanto assisti um programa besta na TV.

A admiro em silêncio – está tão entretida no programa que ainda não notou minha presença. – Ela joga os cabelos pra trás e isso a deixa mais bonita. – Minha blusa ainda está com ela.

Limpo a garganta chamando a atenção dela, Clarissa me olha surpresa. – Tiro minha jaqueta e os sapatos e me deito ao seu lado na cama. – Ela continua sentada comendo e não volta a me olhar.

Me inclino e pego a torrada da mão dela. – Clarissa me olha com indignação enquanto como sua torrada.

— Isso era meu. – diz.

— Era. – sorrio provocativo pra ela que revira os olhos. – Mal educada...

— Você rouba minha torrada, e eu que não tenho educação? – Ela ironiza e eu caio na gargalhada. – Do que está rindo?

— De você! – digo e ela me olha irritada. – Conviver comigo está te deixando irônica.

— Conviver com você corrompe qualquer pessoa, Andrew. – Clarissa fala cheia de certeza.

— Então quer dizer que eu te corrompo? – pergunto sorrindo malicioso pra ela, vejo seu rosto ficar vermelho de vergonha.

— Não falei nesse sentido! – explica.

— Em qual sentindo? – indago provocando ela.

— Idiota! – Ela se levanta da cama e tenho a visão perfeita do seu corpo sendo tapado apenas pela minha camisa.

Quero arrancar a peça de roupa dela e explorar cada parte do seu corpo com a minha boca. – Estou viciando nela, isso não é bom.

Clarissa entra no banheiro e penso em ir atrás dela, preciso do corpo dela, eu a quero. – Antes que eu alcance a porta meu celular toca.

— O que você quer, Nick?— atendo com impaciência.

— Está de mal humor é?— Ele ri do outro lado da linha. – Como foi a reunião hoje?

— Não foi uma reunião...— digo mais baixo para que Clarissa não escute. – Vou até seu quarto te explicar, aqui não é privado o suficiente.

— Ok.

Clarissa Narrando

Acordei vestindo uma blusa do Andrew. – Não me lembrava de como ela veio parar no meu corpo, então obviamente Andrew me vestiu enquanto eu dormia.

Ele não estava mais no quarto pela manhã. – Pedi o café enquanto assistia um programa na TV. – Andrew chegou logo depois e veio me irritar de um jeito que só ele consegue.

Depois do banho ele já não estava no quarto de novo – novidade, não é mesmo?! – Me vesti e passei um bom tempo trocando mensagens com Julie.

Ela me contou como estava conversando a horas com Nick e como ele era gentil e mais muitos adjetivos positivos.

Andrew retornou com um sacola de loja – que parecia muito chique. – Ele me entregou sem dizer nada.

Abri e de dentro dela tirei um vestido preto, ele era bem justo e ia até a altura do joelho. – As alças finas casavam perfeitamente com o decote que ele tinha. – ainda havia um salto da mesma cor dentro da sacola.

Olhei sem entender para Andrew.

— Vamos a um jantar. – diz sério.

— Jantar? Hoje? – indago.

— Sim... com os Acionistas. – Ele me olha esperando minha reação e minha expressão não poderia ser menor do que quase um ataque de pânico.

— Temos que ir? – pergunto baixo.

— Viemos aqui pra isso. – diz por fim.

...

Quando dou por mim já estou na frente do espelho do banheiro vestida com o vestido que Andrew havia me dado. – Detesto vestidos assim e gosto menos ainda de saltos. – Faço uma maquiagem leve e solto o cabelo. – Penso em me arrumar um pouco mais, mas sinceramente me falta vontade.

Não faço ideia do que esses Acionistas querem, se eles vão tentar me tirar de perto do Andrew. – todos esses pensamentos me deixam confusa.

Quando saio do banheiro Andrew já está pronto. – Ele está lindo. Um terno social preto combina perfeitamente com a blusa social que ele usa da mesma cor. A calça social também o deixa estranhamente bonito, apesar de eu preferir ele com suas roupas casuais.

Ele me olha sem pudor e morde o lábio inferior. – Sinto meu rosto queimar de vergonha.

Passo por ele e me sento na cama para colocar os sapatos.

— Clarissa... – ele vem até mim e pega o sapato da minha mão, fito seu rosto sem entender.

Andrew se ajoelha na minha frente. – olho surpresa pra ele que me dá um sorrisinho sacana. – Ele pega no meu pé e coloca o sapato, sinto seus dedos subirem pelo meu tornozelo e acariciarem minha perna. – Ele vai subindo mais e minha pele se arrepia ao sentir seu toque, sua mão para na minha coxa e ele coloca o outro sapato, fazendo a mesma carícia na outra perna.

Sua mão adentra meu vestido, mas eu lhe dou um tapa no braço para que ele pare.

— Andrew! – repreendo ele.

Me levanto da cama me desvencilhando dele. – Sei onde isso acaba.

Ele volta a se aproximar de mim. – Andrew pega na minha cintura com força e me puxa. – Sinto o cheiro dele me inebriar.

— Gostosa. – sussurra no meu ouvido antes de morder a pele nua do meu pescoço.

— Nós temos que ir... – tento adverti-lo.

— Com você gostosa desse jeito não sei se vou conseguir sair desse quarto hoje. – diz rouco. Fecho os olhos enquanto ele beija meu pescoço com vontade. – Sente como você me deixa. – Andrew pega minha mão e coloca em cima do seu membro duro. O tecido da calça não me impede de sentir o quanto ele está excitado.

Alguém tocando na porta me faz afastar a mão rapidamente dele. – Andrew vai a contragosto abrir a porta.

Nick entra no quarto e eu tento agir normalmente. – Andrew mostra que está irritado por ter sido interrompido, mas Nick parece já está mais do que acostumado com as grosserias dele.

Nós saímos acompanhados de mais quatro seguranças. – Um deles dirige o carro onde eu e Andrew estamos e os outros três vão no outro veículo logo atrás de nós com Nick.

Depois de alguns minutos chegamos em uma casa muito luxuosa. – Passamos pela portaria que estava repleta de seguranças.

Somos recebidos a porta por uma bela mulher. – Ela sorri assim que vê Andrew. – seus cabelos pretos estão soltos e ela usa um vestido azul justo e com um decote bem generoso. – Seu rosto está bem maquiado e ela usa um lindo colar no pescoço.

— Senhor Lewis. – Ela vem até nós e cumprimenta primeiro Andrew com um beijo no rosto. – Clarissa... – Ela diz meu nome e me beija no rosto. – Sei que não se lembra de mim, mas eu trabalhava para a sua mãe.

— Realmente não me recordo. – afirmo olhando-a. Não gosto da maneira como ela olha para Andrew.

Em seguida ela cumprimenta Nick e nos diz para entrar. – Os seguranças ficam do lado de fora por ordens do Andrew, que diz para que eles fiquem alerta a qualquer coisa.

A sala é tão linda que parece mais que saiu de um filme. – Me lembro da minha antiga casa e como a semelhança na decoração em dias de jantares importantes é semelhante.

Um belo lustre de pedrarias raras está no centro. – há três sofás dispostos pela sala, e alguns homens e mulheres estão acomodados com copos de bebidas nas mãos.

Eles nos olham assim que chegamos. – Me sinto desconfortável e vulnerável. – Andrew me olha e parece perceber.

— Fiquem à vontade. O jantar não demorará a ser servido. – avisa com um sorriso nos lábios. – Jensen, não se esqueça de vim ao meu encontro mais tarde. – Ela diz olhando para Andrew e se afasta de nós.

Fito o rosto de Andrew sem entender. – Que tipo de insinuação foi aquela?!

Nick nota o clima e diz que vai fazer um reconhecimento do local, nos deixando sozinhos.

— O que ela quis dizer com isso? – indago controlando meu tom de irritação.

— São apenas negócios, Clarissa. – explica impassível.

— Você surta comigo por causa do Josh e essa mulher que eu nem conheço está se insinuando pra você... e me diz que são “apenas negócios”? – sinto a raiva ferver dentro de mim.

— Ai está o ponto, Clarissa... diferente de você, eu nunca fui apaixonado por ela! – fala com seriedade. – Já falei que são só negócios, agora chega disso!

Lanço um olhar feio para ele. – Penso em xinga-lo, mas me controlo. Não sou uma surtada.

Alguns minutos se passam e Nick volta a se juntar a nós. – Estou conversando entretida com ele quando vejo alguém conhecido se aproximar de nós.

— Julie? – pergunto surpresa ao vê-la aqui.

Nick rapidamente se vira para ela e é o primeiro a cumprimenta-la com um beijo no rosto.

A abraço ainda em choque de ver ela aqui. – Andrew olha analítico para a minha amiga, ele está desconfiado.

— O que faz aqui? – indago de uma vez.

— Meu pai disse que haveria um jantar de negócios, e me contou que você estaria aqui... – Ela sorri doce. – Não poderia deixar de vim te ver!

Sorrio pra ela enquanto penso o que o pai da Julie tem haver com isso. – E se ele for um dos Acionistas?

— Onde está seu pai? – pergunto tentando disfarçar o nervosismo.

— Logo ali... – Ela acena para um homem e eu o reconheço.

O pai dela sempre foi um homem muito gentil. – Me recordava das muitas vezes em que ele e minha mãe faziam reuniões em casa. – Que ele trabalhava pra ela eu já sabia, mas ser um dos Acionistas?!

Ele vem até nós e nos cumprimenta. – Andrew está quieto demais, apenas observando.

— Clary, como você está diferente! – Ele diz – Mais bonita, é claro. – sorrio em agradecimento para ele.

— Obrigada Senhor McKee. – agradeço.

 – Não precisa ser formal comigo, é David.  – diz com gentileza e eu sorrio.

Nick começa a conversar com ele e com Julie, eu também participo da conversa, enquanto Andrew pouco fala.

Andrew pede licença e diz que vai pegar uma bebida e me pede para acompanha-lo.

Adentramos mais a casa e antes de chegarmos em um mini-bar, ele me puxa para dentro de um toalete.

— O que está fazendo...? – indago sem reação.

— Aquele homem é o pai da Julie?! – pergunta sério.

— Sim Andrew! Por que?

— Você sabe que ele pode ser um dos Acionistas...

— Sei... Isso quer dizer que nem a Julie é confiável?! – minha voz sai trêmula e vacilante.

Não quero acreditar que até ela está envolvida nessa sujeira. – Estou nervosa e com medo, não faço ideia do que pode acontecer essa noite.

Quando voltamos com a bebida do Andrew somente Nick e Julie estão no mesmo lugar.

— Onde seu pai está? – pergunto fingindo descontração.

— Resolvendo algum negócio, provavelmente. – Ela ri e eu forço uma risada também.

— Jensen? – A bela mulher vem até nós. – Podemos conversar?

Olho para Andrew e peço com o olhar para que ele não vá com ela, mas tudo o que ele faz é me lançar um olhar intenso e acompanha-la por um corredor.

Nick e Julie continuam a conversar enquanto estou absorvida em pensamentos.

Sinto medo de que algo de ruim aconteça.