Os dias se passaram, e não tive mais nenhuma descoberta sobre Andrew ou qualquer coisa que estivesse relacionada ao seu passado. – Mas aquele nome não saía da minha mente. Angel.

Amélia voltou a ficar por aqui regularmente, sabia que ela só estava me vigiando. – Por isso mantive distância do escritório. – Tentei o máximo para fazer ela acreditar que eu havia deixado essa história de lado.

Andrew estava trabalhando ainda mais nesses últimos dias, o humor dele estava péssimo e só discutíamos quando estávamos juntos. – O que era raro, já que quando ele chegava eu estava dormindo.

Megan não apareceu por aqui até a tarde de hoje. – Eu ainda estava extremamente chateada com ela, por ter contado para Amélia o que eu pretendia fazer.

— Clary? A Amélia me deixou subir... – Ela falou quando eu abri a porta do meu quarto.

— O que você quer, Megan? – indaguei sem ânimo. Deixando mais do que claro que estava chateada.

— Sei que eu errei em contar pra Amélia... – Megan olhava-me triste. – Vai me deixar entrar?

Olhei pensativa para ela, mas acabei cedendo e dando passagem pra ela entrar.

— Você traiu minha confiança, Megan! – falei magoada.

— Clary eu só estava tentando fazer você desistir dessa história!

— Você se recusou a me ajudar e ainda contou as coisas pra Amélia! – fiz uma pausa e falei mais baixo – sabia que agora ela fica no meu pé?! Me vigiando pra saber se estou planejando algo...

— Clary eu sinto muito! – ela levantou os ombros fazendo cara de triste.

— Pensei que fossemos amigas Megan!

— Nós somos! – ela disse vindo até mim.

— Então porque você não me ajuda?! – olhei nos olhos dela. Megan estava quase cedendo.

— Não posso me meter nessa história! – ela suspirou cansada. – Mas posso dizer a Amélia que você desistiu...

— Não é o que eu quero... Mas já seria bom.

— Mas você não vai desistir, não é?! – ela indagou já sabendo a resposta.

— Claro que não!

— Ah Clary! – ela lamentou antes de rir. – Estou desculpada?

— Talvez. – sorri pra ela que me abraçou.

Megan passou a tarde aqui. Algo me dizia que não iria demorar muito pra ela me contar o que eu queria saber. – Por estar se sentindo culpada sabia que mais cedo, ou mais tarde ela me contaria.

Assim que Megan foi embora, Amélia saiu também, ela pareceu começar a acreditar que eu tinha desistido. – Esperei alguns minutos até achar seguro descer e ir até o escritório.

Desci as escadas e me certifiquei de que não tinha ninguém aqui. – Fui até a porta do escritório e girei a maçaneta, mas ela estava trancada. Forcei na esperança de apenas estar emperrada, mas realmente estava trancada.

Bufei frustrada. – Não seria fácil, nenhum pouco fácil!

Acabei voltando para o quarto. – Agora eu não poderia procurar no escritório. Amélia deve ter pedido ao Andrew que o mantivesse trancado.

Mas aquilo não iria me fazer desistir. Eu iria até o fim! Vou descobrir quem é Angel e a historia dela com o Andrew.

Olhei em volta no meu quarto. – Talvez pudesse achar algo por aqui, não faria mal procurar. – Por garantia tranquei a porta com a chave. Não queria ser pega de surpresa outra vez.

Bom, no nosso quarto só havia dois pequenos criados mudo, e uma estante onde havia um aparelho de dvd, o vídeo game do Andrew e alguns jogos para o mesmo. – Acho que aqui não tem onde procurar.

Fui até o closet, descartei o lado onde havia minhas coisas. – Fui até as roupas dele e procurei por todas as prateleiras, não havia nada de diferente ou suspeito. Nas prateleiras de sapatos também não havia nada.

Decidi então procurar na cômoda. – Haviam duas: uma para mim, e outra pra ele.

Procurei na primeira das cinco gavetas. Só haviam cuecas – fiquei bem constrangida e agradeci por Andrew não está aqui, ele adoraria ver a minha cara nesse momento.

Na segunda gaveta só gravatas. – Na terceira algumas camisas. – Na quarta haviam alguns papéis, como os do escritório, li e vi que eram contratos e recibos, no canto havia também um notebook. Tentei abrir a quinta gaveta, mas essa eu não consegui, então tirei a quarta gaveta para que eu pudesse ver o conteúdo da quinta, que estava de baixo.

Ela parecia estar vazia, eu até pensei isso, mas quando olhei para a quarta gaveta comecei a achar algo estranho, o fundo da quinta era mais raso comparado as outras gavetas. – Então comecei a analisa-la depois de algum tempo entendi o que era. Um fundo falso! Claro.

Forcei o “fundo" da gaveta e consegui abri-lo. – Haviam duas caixas pretas medianas, peguei a primeira e me assustei ao encontrar mais duas armas e três facas afiadissimas. Logo tratei de guarda-las em seu devido lugar. – Peguei a segunda caixa em minhas mãos, a abri e vi um envelope marrom dentro. – Comecei a me sentir culpada de estar vasculhando aquelas coisas, mas eu precisava saber. O Andrew sabia tudo sobre mim, até mesmo que minha mãe era uma bandida. Eu tinha o direito de saber algo sobre ele também. – Minhas mãos trêmulas abriram o envelope e três fotos caíram de dentro dele.

Na primeira havia uma mulher jovem, extremamente bonita. A pele levemente bronzeada era um contraste com o cabelo preto dela, os olhos eram da mesma cor do cabelo. Ela tinha um sorriso encantador, ela era uma mulher encantadora. – Virei a fotografia e havia algo escrito na parte em branco.

“Para o primeiro porta retrato do nosso apartamento.

— Angel.”

Então ela era Angel. – Meu coração batia acelerado enquanto eu olhava para ela naquela foto. – O que aconteceu com você, Angel? – me perguntei.

Nas outras duas fotos ela também estava presente, e Andrew estava ao lado dela. – Ele parecia o mesmo, mas ainda sim algo estava diferente nele naquelas fotografias. – Analisei por mais um tempo até ver. Os olhos dele, pareciam menos vazios, Andrew parecia mais feliz. – Senti um aperto no coração ao pensar nisso. Mas era a verdade, ele parecia feliz ao lado dela.

Dizer que aquelas fotografias não me abalaram seria uma grande mentira. Mesmo eu ainda não sabendo nada sobre o que havia acontecido com eles... – Algo me dizia que a historia dos dois não teve um bom fim. Até porque eu não estaria aqui.

Peguei meu celular e tirei uma foto da fotografia em que a garota estava sozinha.

“Ainda vai dizer que não a conhece? Ps: se contar pra Amélia, eu mato você!!!”— mandei a fotografia pra Megan e logo a apaguei do meu celular.

Olhei uma última vez para o Andrew daquela foto ali nas minhas mãos. – Ainda sentia meu coração apertado quando guardei tudo aqui de volta no lugar.

Olhei em volta no closet vendo se algo estava fora de ordem. Tudo parecia certo, então sai dali.

Agora eu sabia como ela era. Ainda não havia descoberto a historia dela, mas sabia que estava perto.

Pensei que o Andrew realmente devia ser apaixonado por ela. – Posso dizer que acho que ele até a amava.

Pensamentos indesejados invadiram minha mente. E eu simplesmente não conseguia parar de pensar e imaginar o que havia acontecido.

Qual é a sua história, Andrew? – me perguntei em meus pensamentos.

Passei a mão pelo meu cabelo nervosamente. – Você precisa se acalmar! – pensei enquanto me sentava na cama.

Meu celular vibrou, peguei ele e li a mensagem.

“A onde você achou isso? Clarissa você enlouqueceu?! Se o Andrew saber disso, se ele vê isso! Meu Deus garota!”— Megan.

“Vai me contar? Ou vou ter que descobrir absolutamente tudo sozinha?”— mandei a mensagem, mas Megan não respondeu mais.

Bufei frustrada. – Tomei um banho e as horas foram se passando lentamente. As imagens daquelas fotografias não saiam da minha mente. Me perturbavam.

O olhar dele era diferente, ele estava diferente! – Parecia feliz ao lado dela, de uma maneira que eu nunca havia visto.

O barulho alto do baque da porta do quarto se fechando me tirou dos meus pensamentos.

Andrew entrou. Ele parecia um pouco estressado – O que não era novidade por aqui. – Ele me analisou com o olhar por alguns segundos.

Precisava fingir que estava tudo bem, ainda não era a hora de confrontar ele sobre isso. Seria uma burrice dizer algo agora, ou fazer ele suspeitar de alguma coisa.

— O que houve? – ele indagou impassível.

Andrew ainda estava me analisando. – tinha que ter cuidado, qualquer palavra errada e ele saberia que eu estava mentindo.

— Nada Andrew. – falei seria, afim de acabar com aquela conversa.

— Nunca é nada quando se trata de você, Clarissa! – ele debochou.

— O que...? – indaguei sem entender.

— Sempre tem um drama... – Andrew olhava-me.

— Drama? – repeti a palavra com indignação.

— Você ficou surda? – falou grosseiramente.

— Você é um idiota!

Me levantei da cama onde eu estava sentada, com a intenção de ir até o closet trocar de roupa para dormir. Mas ele me parou.

Andrew pegou em meu braço, ele não apertou, parecia apenas querer me parar.

— Solta! – olhei nos olhos dele, mandando que ele me soltasse.

Andrew sustentou meu olhar deixando claro que também estava irritado. – Dois segundos depois ele me soltou.

— O que caralho você tem? – me perguntou com grosseria.

— Eu já falei que não é nada!

— Você é uma mentirosa! – Andrew olhava dentro dos meus olhos.

— Eu estou cansada! Só quero dormir! – falei desviando meu olhar do seu.

— Olha pra mim, Clarissa! – ele pediu autoritário.

Com relutância olhei novamente para ele. Para os olhos dele. Agora frios, vazios. – Diferente daquela fotografia... diferente de quando ele estava com ela.

— Responde a minha pergunta! – ele falou. Andrew permanecia fitando meus olhos, analisando-me.

— Não tenho nada pra responder... – o olhar analisador dele continuava sobre mim.

— Responde! O que inferno é o problema?! – Andrew indagou alto e autoritário.

Perdi a paciência e falei no mesmo tom de voz com ele.

— Você e eu! Esse casamento! Isso é problema! Tudo que envolva nós dois! – falei de uma vez.

Ele prestou atenção em todas as minhas palavras. Cada uma delas.

— Você cria esses problemas, Clarissa! Eu já te avisei que eu não presto – debochou.

— Não precisa me dizer, você prova isso todos os dias! – rebati ele que continuava a me olhar com irritação.

— Eu provo?! – ironizou. – Se eu provo tanto assim que não presto, porque caralho você tá me cobrando?

— Porque... Porque você acha que pode fazer o que quer de mim! – Andrew olhou-me satisfeito ao escutar aquelas palavras.

— Esse é o problema? – ele sorriu sacana.

— Não pode simplesmente vim aqui e fazer o que quer! Você me seduz Andrew, depois me descartar. Eu não sou seu brinquedo!

— Você não é meu brinquedo... Você é minha. – Ele me olhava malicioso.

— Não sou! – olhei em seus olhos.

— Você é sim. Sabe que é! – disse se aproximando de mim.

— Não! Você não vai brincar comigo Andrew! – falei decidida.

— O que eu te pedi a primeira vez que nos encontramos na sua casa, Clarissa? Você se lembra? – indagou fitando-me.

“Não se apaixone por mim, Clarissa.”— Lembrava exatamente do que ele havia dito. Lembrei do olhar sério dele ao praticamente me ordenar que eu não me apaixonasse por ele.

— Você disse... – fiz uma pausa antes de repetir aquelas palavras. – Para que eu não me apaixonasse por você.

— E você me falou que nunca o faria. – Andrew sustentava meu olhar enquanto falava. – Você não cumpriu sua palavra.

Ele me olhou por alguns segundos antes de se virar e ir até o banheiro. – Escutei o barulho do chuveiro sendo ligado.

Deixei com que minha pesada respiração saísse. – Mordi o lábio com força tentando suprimir a irritação que sentia. – Eu havia me apaixonado por ele. E aquilo era horrível de admitir.

Fui até o closet e me troquei. – Me sentei no chão tentando me acalmar. Colocar os pensamentos em ordem, mas tudo estava uma grande bagunça aqui dentro.

Meu celular vibrou, olhei no visor e era uma mensagem da Megan.

“Vou contar tudo o que você quer saber. Não me faça sentir arrependimento, Clarissa!

Amanhã que horas posso estar aí?” – Megan.

"Depois que o Andrew sair... Obrigada Meg, não sei como agradecer você!"— digitei a mensagem sentindo meu coração bater mais rápido.

Enfim eu descobriria a história dele. Quem era Angel. E o quão importante ela havia sido para o Andrew.