Acordei naquela manhã não estranhando a ausência do Andrew na cama ou no quarto, me levantei e fui direto para o banheiro, olhei-me no espelho e vi a camisola roxa, lembrei da noite passada e soltei um longo suspiro de insatisfação.

Não demorei no banho, coloquei um short jeans claro e uma blusa preta larga, permaneci descalça como sempre, apenas prendi o cabelo em um coque mal feito.

Desci os degraus calmamente, estava imersa em alguns pensamentos.

As coisas que Andrew me contou sobre minha mãe ainda me rondavam, eu tentava aceitar aquela verdade, mas eu não sabia que seria tão difícil.

Fui até a sala de jantar onde tomávamos o café da manhã, e encontrei Amélia, na companhia de Andrew.

Revirei os olhos ao vê-lo, por sorte, ele não viu.

— Bom dia, Amélia. – falei atraindo a atenção dos dois, me sentei e fiz questão de ignorar Andrew.

— Bom dia, Clary – Amélia sorriu alegre.

Notei os olhos de Andrew fixos em mim, ele me analisava enquanto eu servia um pouco de café em minha xícara.

— Achei que você tivesse um pouco mais de educação. – ele comentou olhando-me fixamente, Amélia havia ido até a cozinha.

— Eu tenho – respondi finalmente encarando-o. – só a uso com pessoas que merecem.

— Então eu não mereço sua educação? – perguntou sorrindo debochado.

— Mentirosos como você não merecem nem isso! – falei.

— Mentirosos? – perguntou irônico – então porque você usava ela com a sua mamãezinha?! Até onde eu sei, ela valia o mesmo que eu.

— Não fala dá minha mãe! – perdi a paciência.

— Fala baixo, você está na minha casa – ele pontuou a palavra como forma de jogar na minha cara.

— Até onde eu sei, infelizmente, por ser casada com você, essa casa também é minha!

— Até onde eu sei, eu comprei essa casa com o meu dinheiro, então ela é minha – Andrew olhava-me agora irritado.

— Vá para o inferno, você e essa casa! – falei alto.

Andrew perdeu a paciência e deu um soco na mesa de vidro – me assustei na hora. – ele veio caminhando perigosamente até mim.

Andrew parou bem na minha frente e abaixou-se um pouco, uma de suas mãos pegou em meu rosto, especificamente em minhas bochechas, ele apertou com força formando um biquinho.

Mas aquilo doía.

— Clarissa, não me provoca! Eu não gosto de ser enfrentado ou irritado, você entendeu? – ele me olhava ameaçadoramente.

Segurei na sua mão cravando minhas unhas bem ali – ele olhou para o local e depois pra mim e sorriu cínico.

— Você não sabe onde se meteu, não é garota?! – ele soltou meu rosto e depois riu debochado.

— O que vai fazer? Me bater? – falei tentando parecer firme.

— Não. – ele me deu as costas e foi em direção a saída – mas posso te foder até você gritar.

Qual era o problema com ele? Porque com certeza ele tinha um!

Maldito Andrew!

— O Andrew já saiu? – Amélia voltou com uma bolsa no ombro.

— Sim, ainda bem! – soltei a respiração pesada.

— O que houve, Clary? – perguntou preocupada.

— Seu filho só deixou claro que ele não gosta de ser enfrentado.

— Ah Andrew! – ela lamentou – querida eu vou dar uma saída, tudo bem você ficar sozinha?

— Já estou acostumada, Amélia. – falei – pode ir.

Depois que Amélia saiu, acabei perdendo o apetite, aquele idiota me tirou até a fome. Me sentei no sofá da sala e fiquei um tempo por ali assistindo qualquer coisa na TV.

— Clary? – escutei Amelia me chamar logo depois de ouvir o barulho da porta abrir. Ela estava acompanhada de mais uma mulher.

E eu conhecia aquela mulher.

— Você? – perguntamos ao mesmo tempo, uma olhando para a outra.

— Vocês se conhecem? – Amelia perguntou curiosa.

— A garota com cara de virgem – ela disse olhando-me.

— A garota da festa do Andrew, não é?! – perguntei.

— Sim, sou eu – disse – Prazer, Megan – ela caminhou até mim e eu me levantei cumprimentando-a com um beijo na bochecha.

— Clarissa, mas me chame só de Clary – sorri simpática, recebendo um sorriso de volta.

— Eu achei que você precisava de uma companhia além de mim e do Andrew – Amelia disse vindo até o sofá e sentando-se – quero dizer, eu não fico muito aqui e o Andrew, você sabe...

— É verdade – confirmei sentando-me ao seu lado e sendo acompanhada por Meagan.

— Nem acredito que você é mulher dele – Megan falou. Ela era uma linda mulher, loira, não muito alta, tinha um corpo bonito. – você é tão linda e me parece gentil e legal – ela falava gesticulado – em comparação com as vadias que ele pega... pegava! – ela me olhou – Ah meu Deus, desculpa Clary!!

— Megan, controla essa boca! – Amelia advertiu.

— Não tem problema, a culpa não é sua – falei forçando um sorriso – eu sei que ele vem me traindo a bastante tempo...

— Ele é um idiota para trair uma mulher como você – falou me fazendo rir – é sério! Olha pra você, só sendo um idiota mesmo!

— Porque não paramos de falar disso?! – Amelia perguntou querendo mudar de assunto – vamos ao que interessa, eu trouxe você aqui pra animar a Clary, não colocar ela pra baixo!

— Como? – perguntei sem entender.

— Piscina! Não tem jeito melhor de animar alguém! – Megan falou animada.

— Que tal Clary? – Amelia perguntou com um sorriso.

— Eu não tenho biquíni...

— Acredito que meu filho deve ter comprado, é só procurar – insistiu.

— Mas... – tentei inventar mais uma desculpa.

— Mas nada! Você vai e pronto! – Megan disso levantando-se.

— Tá bom!

— É isso ai, meninas! – Megan disse por fim.

Todos nós fomos nos “arrumar”. Amélia parecia ainda mais divertida do que antes, ela me ajudou a encontrar o biquíni, que na minha opinião era pequeno até demais. Olhei no espelho pelo menos umas dez vezes antes de sair do quarto, morrendo de vergonha.

— Uau! – Megan disse assim que me viu sair do quarto – você tem um corpo lindo!

— Não acha que está muito pequeno? – perguntei envergonhada.

— Que nada, garota! Tem que mostrar o que é bonito! Além do mais, só nós iremos te ver – ela deu uma piscadela.

— Estão prontas? – Amélia saiu de um dos quartos, ela estava de biquíni, mas vestia uma saída de praia rendada por cima, diferente de mim e Megan, que usávamos só os biquínis.

— Que corpão em! Pra sua idade tá tudo em cima – Megan falou e começou a rir.

— Me respeita garota! – Amélia disse divertidamente.

Nós três descíamos as escadas em meio a risos e conversas quando a porta se abriu com um estrondo.

Andrew, Nick, o outro garoto que havia me salvado e mais um outro (que eu não conhecia) entraram pela porta, eles pararam quando nos viram. E para o meu azar, eu estava bem na frente.

— Nossa em! – o garoto que eu conhecia, mas não sabia o nome disse – Não acredito que ninguém me convidou para essa pool party – ele nos olhava da cabeça aos pés, mas percebi que sua atenção estava em Megan – e ai Megan, tudo bem? – disse malicioso, ela apenas revirou os olhos.

— Que porra é essa? – Andrew disse me encarando, ele transparecia irritação.

— Eu convidei a Megan e a Clary para piscina, não posso? – Amélia disse passando na minha frente.

— Até onde eu me lembro, essa casa é minha – falou cruzando os braços, seus olhos ainda estavam em mim.

— Não seja chato, Andrew! – ela disse para o filho. – não vai apresentar sua esposa para os seus amigos? – perguntou, ele apenas levantou uma sobrancelha.

— Não! – disse encarando-me mortalmente.

— Então eu faço – Amelia virou-se para mim – vem aqui querida – disse sorrindo, olhei rapidamente para Andrew e ele me fuzilava.

— Nick! – falei sorrindo, fui até ele e lhe dei um beijo no rosto. Andrew me olhava com o maxilar travado, era nítida a raiva em seu semblante.

— Oi Clary – Nick sorriu gentil – espero que você esteja bem depois daquele dia...

— Sim, estou – sorri de volta.

— Vocês querem espaço pra transarem? – Andrew falou olhando de mim para Nick.

— Que isso cara – Nick coçou a nuca envergonhando.

— Não fala besteira Andrew! – Amélia disse olhando-o. – esses são Dave – ela apontou para o outro garoto que tinha ido me salvar – e Harris.

— Não posso dizer “prazer” porque se não ele fica irritadinho – Dave brincou recebendo um olhar mortal de Andrew. Nosso cumprimento se limitou a um aperto de mão, assim como em Harris, que me olhava descaradamente, mas nada dizia.

— Já acabou a palhaçada? – Andrew olhava-me furioso. – vamos para o escritório, agora – disse autoritário para os garotos.

— Antes queria dizer que Megan, se você quiser visitar o paraíso comigo, é só me procurar – Dave disse malicioso.

— Prefiro ir para o inferno sozinha! – ela sorriu falsa.

— E tia, a Senhora tá de parabéns!

— Cala boca, Dave! – Andrew deu um tapa na cabeça dele.

— Calma cara, pra que isso?! Não precisa ser agressivo. – falou brincando.

— Vamos – Andrew disse, e eles foram em direção ao escritório – e você, Clarissa – ele olhou-me por cima do ombro – depois a gente conversa!

O que eu fiz? Céus!

— Não liga querida – Amélia disse – ele fica irritado quando é enfrentado assim.

— Pode ser ciúmes, você viu como ele olhou pra você? – Megan comentou.

— Obviamente que não é isso! – falei – é só sentimento de pose! – revirei os olhos.

— Se você diz... – falou.

Nós três passamos a tarde ali, foi bem divertido. Megan era aquela pessoa que eu classificaria como “doidinha”, mas era incrivelmente legal e madura.

— E você e o Dave? – perguntei quando Amélia foi preparar o almoço.

— O que tem? – perguntou mexendo nervosamente nos cabelos.

— Sério Megan? – perguntei rindo.

— Eu era exclusiva dele – falou – longa história.

— Então você é mesmo, prostituta? – perguntei meio receosa.

— É, sou – disse – mas nunca dormi com o Andrew, viu? – falou com pressa em se explicar.

Comecei a rir de sua atitude, logo depois sendo acompanhada por ela.

Nós três almoçamos e depois Megan foi embora, ficando somente eu e Amélia na cozinha.

— Quero conversar com você – escutei Andrew dizer, virei-me para olha-lo e ele estava encostado no batente da porta, sem camisa.

— O que? – perguntei com certa vergonha. Era difícil não reparar nele, apesar de ser um puta idiota, ele infelizmente, me fazia sentir umas coisas, que eu não desejava sentir.

Ele estava usando uma calça jeans preta rasgada nos joelhos, e que deixava a mostra parte da sua cueca, por ser usada em pouco em baixo.

— Só eu e você. – disse olhando fixamente para mim, meio que ignorando sua mãe.

— Tudo bem - disse, Amélia olhava-me atenta – lá em cima?!

Ele não disse nada, apenas saiu andando, e eu o segui.

— Fala – eu disse depois que entramos no quarto. Ele fechou a porta e ficou na minha frente.

— Que merda foi aquela, Clarissa? – perguntou aproximando-se ainda mais de mim.

— O que? – perguntei.

— Não se faça desentendida – ele olhava-me com raiva.

— Ainda não estou entendendo – Andrew olhou-me perigosamente e pegou em meu braço com certa força – me solta – falei encarando ele.

— Eu não gosto desse tipo de coisa, Clarissa – ele olhava dentro dos meus olhos – eu to te avisando, não testa minha paciência, porque eu não tenho.

— Eu não fiz nada – me defendi.

— E o que foi aquilo lá embaixo com o Nick? EM! – gritou.

— Não foi nada – falei – me solta Andrew, por favor – pedi olhando-o nos olhos, o frio estava mais presente do que nunca.

— O que foi aquilo, Clarissa? – ele insistiu, mas um pouco depois me soltou.

— Não foi nada! – falei enquanto passava a mão em meu braço – e também porque isso te importa?

— Porque é comigo que você está casada!

— Como se esse casamento fosse real – falei irritada – nem consumado isso foi. – ele olhou-me mortalmente e por alguns segundos achei que partiria pra cima de mim, mas tudo o que vi foi um sorrisinho cínico.

— Eu até poderia te jogar nessa cama e te foder até você gritar o meu nome – ele chegou bem perto, seu hálito estava contra o meu, minha respiração estava descontrolada – não seria nada ruim te foder, você é muito gostosa e me deixa louco. – ele me pegou pela cintura, meu corpo foi de encontro ao seu.

— Andrew, me solta.. – pedi tentando recobrar a consciência.

— É o que você quer? – senti ele mordendo o lóbulo da minha orelha, fechei os olhos sentindo um arrepio percorrer meu corpo – realmente? – falou perto do meu ouvido provocando-me mais arrepios. Suas mãos subiam sorrateiramente por minhas costas, até chegar no nó que amarrava a parte de cima do meu biquíni, eu ainda vestia ele, porém embaixo eu vestia um short jeans. – posso? – ele perguntou enquanto beijava e chupava o meu pescoço. – diz pra mim, Clarissa – ele falou rouco depois de deixar um forte chupão na minha clavícula.

— Uhum – falei baixinho enquanto seus dedos passeavam pelas minhas costas.

— Isso, seja uma boa garota - uma de suas mãos deslizou até minha bunda e deu um forte aperto me arrancando um gemido – geme pra mim – senti sua outra mão desfazendo o nó do biquíni devagar, enquanto sua boca fazia um caminho de beijos até minha bochecha e parou dando um beijo no canto da minha boca. – gostosa – disse antes de morder meu lábio inferior com força. – é uma pena que eu não posso te foder – ele disse abrindo meu biquíni.

A frase que eu acabará de ouvir me fez acordar pra vida – o empurrei e rapidamente segurei meu biquíni tapando meus seios.

Ele só estava brincando comigo, de novo! E eu tão burra, caí na dele.

Céus Clarissa! Pare de ser uma idiota.

Ele se afastou um pouco de mim e passou a mão nos seus cabelos e logo depois me deu um sorriso malicioso.

— Qual o seu problema? – perguntei encarando-o.

— Por hora, você é o meu problema. – o sorrisinho malicioso estava ali.

— Eu? – perguntei indignada, ainda ajeitando o biquíni.

— Eu sei que você não consegue resistir a mim, Clarissa, e eu até entendo – falou olhando-me sério – mas seria um erro fazer isso.

— Um erro? – perguntei por impulso.

— Você se apaixonaria – ele falou colocando uma mexa do meu cabelo atrás da minha orelha e depois sorrindo cafajeste– e eu não quero isso.

Ele se retirou do quarto, me deixando ali, parada.

Me sentindo uma idiota por caia na dele, e uma burra por ainda responder as suas provocações.

Usada, por entregar meu corpo ao dele.

Merda, Clarissa!