Encontros, Acasos e Amores escrita por Bell Fraser, Sany, Gabriella Oliveira, Ester, Yasmin, Paty Everllark, IsabelaThorntonDarcyMellark, RêEvansDarcy, deboradb, Ellen Freitas, Cupcake de Brigadeiro, DiandrabyDi


Capítulo 18
Quatro Irmãs


Notas iniciais do capítulo

Boa noite gente!

Aqui é a Paty e venho trazer para vocês com muito carinho mais uma one.
Amo romance, no entanto sempre desejei escrever sobre o amor fraternal, algo que lembrasse a importância de nossos irmãos em nossa vida, daí surgiu inspiração para criar essa one.

Como nessa rodada o desafio era apresentar um enredo que já tínhamos em mente, essa foi a ideia que apresentei para a minha desafiante Sel (RêEvansDarcy), bom a Sel aceitou minha proposta, mas me fez dois pedidos:

1° Que a história fosse Peetniss.
2° E que em algum momento do enredo as irmãs dessem apoio para que Katniss e o Peeta ficassem juntos.

Quero agradecer a Sel por ter aceitado minha proposta, a lindona da Bel por ter feito o banner e todas as autoras que fazem parte dessa coletânea agradeço o convite e apoio de sempre.

PS. Não posso me esquecer de todos os leitores maravilhosos que estão acompanhando nossas histórias.



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Talvez fosse difícil para uma mulher dizer o momento exato que se sentiu de fato mãe. Para cada mulher que detenha o título, se lhe fosse perguntado. Quando? Em que momento se apercebeu de sua maternidade?  Certamente teríamos milhares de respostas distintas, como por exemplo.

“No momento que recebi o resultado do exame”.

“No instante que meu bebê se mexeu pela primeira vez em seu ventre”.

“A primeira vez que meu filho teve febre.”

Tantos testemunhos e relatos que lotariam páginas e mais páginas de livros em bibliotecas ao redor do mundo. Katniss sabia disso. Era médica obstetra há quase dez anos, havia acompanhado dezenas de mulheres, desde o início da gravidez até o parto. Escutou dezenas destes relatos e testemunhos, no entanto, como dizia sua mãe quando ela e as irmãs ainda eram pequenas: “Em casa de ferreiro o espeto é de pau.”. 

Diante do espelho em seu quarto, olhando para a sua barriga – ainda lisa – Katniss só conseguia pensar em Greasy Sae Everdeen e todos os ensinamentos que a mulher deixou para si. Entretanto, pensar na mãe, ao invés de acalmar seu coração, a deixava mais apavorada diante da descoberta da gravidez de sete semanas.

“E se ela não conseguisse ser para seu bebê, metade do que sua matriarca foi para ela e suas irmãs?”

Greasy Sae, ou somente Mama Sae, como as quatro filhas gostavam de chama-la, de fato era um anjo transfigurado em gente. A médica pediatra casou-se com Joseph Everdeen aos dezoito anos, mal tinha iniciado a faculdade de medicina. Logo no início do casamento descobriu – para sua infelicidade e a do esposo – que jamais poderia ter filhos. Este foi o primeiro baque, contudo a vida lhe sorriu de uma maneira surpreendente e inesperada.  Ao completar três anos de casados veio a grande bomba que virou a vida do casal pelo avesso.  Joseph descobriu que tinha uma filha. A menina, no caso Katniss, era fruto de um relacionamento com uma antiga namorada do passado, anos antes de conhecer a esposa. O que poderia representar o fim de uma linda história de amor e um casamento que começara há pouquíssimo tempo, foi o estopim para iniciarem uma linda e prospera família.

 Estava viva na memória da futura mamãe Everdeen, a primeira vez que viu sua Mama Sae. O cheiro gostoso que a mulher exalava, foi definido por ela na ocasião como: Cheiro de paz. O aroma era tão marcante que se ela fechasse os olhos, ainda seria capaz de senti-lo no ar.  Com apenas seis anos, Katniss estava apavorada em uma entidade  do estado que acolhia crianças vítimas de maus tratos. A mãe biológica a deixara completamente sozinha dentro de um quarto e sala, por dias consecutivos. Os vizinhos da mulher a denunciaram ao juizado de menores e contaram que a situação era deveras recorrente.  Foi aí que a instituição descobriu Joseph, como consequência Katniss ganhou além do pai, uma mulher incrível, que embora não fosse sua mãe de sangue a acolheu e cuidou como filha legitima.  

Em contrapartida, o jovem casal Everdeen percebeu que a família poderia se tornar ainda maior e mais completa se recorressem à adoção. 

 Katniss ainda lembrava bem da chegada de cada uma de suas irmãs. Johanna fora a primeira. Tinha onze anos na época em que se tornou a filha mais velha do casal. Na ocasião a adolescente havia passado por três lares adotivos e sido devolvida por todos os candidatos a serem seus pais. A menina era tida como um caso perdido na instituição em que vivia desde bebê.

A segunda - Madge - tinha mesma idade de Katniss. A loirinha Juntou-se a família poucos meses depois da morena que já tivera vários sobrenomes e ao contrário de Johanna – que era arredia e desconfiada – a menina era doce como um pote de geleia de morango, prontamente tornou-se a mais apegada a Katniss.

 A última e nem por isso menos amada Annie, fora a mais complicada de lidar. Sofrera abuso psicológico desde tenra idade. Seus pais biológicos eram viciados em substancias ilícitas, não tinham condições de cuidar nem de si mesmos, quem dirá de uma criança de três anos, tão carente de cuidado e atenção quanto a ruivinha.

Doze anos após a adoção de Annie, Joseph faleceu, a união e o amor entre as mulheres da família fortaleceu-se ainda mais, tornado-se um vínculo indissolúvel. Juntas superaram a dor da perda do amado esposo e patriarca. Cinco anos após a morte do marido foi a vez de Greasy Sae deixa-las. Todavia seu legado continuou vivo através das irmãs Everdeen.

Johanna se tornará pediatra, seguindo os passos da mulher que foi não somente sua mãe, mas também sua melhor amiga. Casou-se com Tresh Mason, um militar linha dura, mas super apaixonado pela esposa. Com ele teve uma linda filhinha chamada Rue, hoje com dois aninhos.

Madge morava com o noivo, Gale Hawthorne aproximadamente há cinco anos, não haviam providenciado ainda o bebê, mas não descartavam a possibilidade para breve. Eram sócios em uma firma de engenharia. Madge foi à única das mulheres a seguir a profissão do pai, tornou-se engenheira, conheceu Gale durante um trabalho e se apaixonaram. Dois meses depois, a loira foi morar na casa do engenheiro.

  Annie foi a mais precoce. Casou-se com Finnick Odair ainda na adolescência, dezesseis anos. Os dois queimaram algumas etapas do namoro e atualmente estavam sofrendo no paraíso – era como o casal gostava de dizer –, com um filho “aborrescente” de quinze anos. Finnick II era uma cópia do pai, em todos os sentidos até na “precocidade” com as garotas.  

— Mamãe, como eu gostaria que a senhora estivesse aqui. – Foram as primeiras palavras que Katniss conseguiu pronunciar após uma eternidade observando-se  atentamente no espelho.

─━━━━━━⊱❖⊰━━━━━━─

— Tem alguma pista do que aconteceu Lavínia? O que possa ter deixado ela assim? 

Katniss não se surpreendeu ao ouvir a voz impaciente de irmã mais velha no rol de entrada de seu apartamento, tampouco ao perceber que Johanna não estava sozinha.  Seria impossível que suas irmãs, não viessem para sua casa, ao saber por sua diarista – enxerida –, que ela não estava bem.

  – Não dona Johanna. Há muito anos não a vejo tão mal. Na realidade, só a vi desse jeito duas vezes. A primeira quando a seu pai nos deixou, e a segunda quando foi hora de dona Greasy.

— Obrigada querida, pode deixar que nós assumimos daqui.

— Ela vai ficar bem dona Johanna?

— Ela ficará bem, não se aperreie amada, pode ir.

— Tem certeza? Quem sabe seja melhor eu ficar, caso vocês precisem de alguma coisa?  A menina deve ter passado o fim de semana inteiro naquele sofá. Quando cheguei as janelas estavam fechadas.  E... é... desculpa, acho que ela está sem tomar banho esses dias. 

— Tenho absoluta certeza Vininha, nem que seja a base de porrada, nós vamos retirar nossa irmã dessa fossa.  Agora vá para casa, tire uns dias de folga, nós viemos para ficar.  

 “Ah bicha fofoqueira!” Da poltrona em que estava sentada, Katniss chiou baixinho, se afundando mais entre as almofadas coloridas.

— Amada pode deixar conosco, Annie, Madge e eu cuidaremos dessa doidinha.

 – Katniss Everdeen, o que está acontecendo contigo? 

A indagação de Johanna ecoou por toda a sala.  Katniss bufou irritada e sem tirar os olhos da tela plana da tv respondeu:  

— Estou assistindo Titanic, não esta vendo?          

— Primeiro round. Kat 1, Joh 0. – Madge cochichou no ouvido de  Annie. Johanna encarou as duas de maneira aborrecida antes de continuar a bronca.

— Levanta desse sofá agora! Nem parece que é uma médica formada. Você está a cara da pobreza vestida desse jeito. Já para o banheiro! – ordenou apontando o dedo indicador em direção a suíte de Katniss.

— Segundo round. Joh 1, Kat 0. – Madge repetiu a fala, mas dessa vez um pouco mais alto, sentando-se no sofá ao lado de Katniss.

— Madge cala a boca! E você Joh menos, aliás quase nada, por favor. – Annie tentou apaziguar os ânimos, entretanto não conseguiu deixar de dar razão a irmã mais velha. Constatou ao olhar para Katniss que ela estava péssima. A garota estava abraçada a um pote de dois litros de sorvete de pistache, vestida com um pijama enorme, nariz entupido de tanto chorar, cabelos emaranhados e assistindo Titanic pela enésima no Netflix. Definitivamente, se a pobreza tinha uma cara, era aquela. 

— Chega! Me dá esse controle. –Johanna partiu para cima de Katniss ignorando totalmente a fala anterior de Annie.  

— Ah não! Johanna, essa é a melhor parte. – Katniss reclamou.

— Sério? Vou fingir que não ouvi o que disse.  Melhor parte Katniss?  Maninha o Jack morre congelado. E por quê? Porque a egoísta da Rose, sabe-se lá por qual razão não cedeu um mísero espacinho pro cara na maldita porta de madeira? Pois vamos combinar, tinha espaço suficiente para os dois lá. – Johanna disse revoltada e Katniss torceu o nariz preparando para responde-la, contudo a mais velha foi mais rápida.

—Ah não! Não dá para entender essa sua paixão cega por essa película. A própria Kate Winslet, admitiu em algumas entrevistas anos após a estréia do longa que o final do filme poderia ter sido diferente, caso a vacilona da Rose cedesse um cantinho para o DiCaprio naquela joça, e tu continua a assistindo essa titica. – Johanna despejou sem dó, detestava filme romântico, preferia de terror, principalmente se eles tivessem vampiros e afins. 

— Pow! Pegou pesado agora. Terceiro round, Joh 1...

— Fica quieta Madge!  –Johanna e Annie gritaram juntas, mas a discursão acabou, ao que Katniss começou a chorar compulsivamente, deixando as irmãs assustadas.

— Merda... Não está fora da casinha desse jeito por pouca coisa, não é? – Annie perguntou.

— O que aconteceu mana? Brigou de novo com seu chefe, aquele irritante do Peeta Mellark? – Madge apiedou-se e puxou Katniss para si. Annie retirou o pote de sorvete de suas mãos e pôs sobre a mesinha.  Katniss aumentou o choro ao ouvir o nome pronunciado por sua irmã.

— Vamos lá desembucha. – Johanna já estava no limite de sua paciência, então Katniss inclinou o corpo até a mesinha de centro e pegou o envelope que estava sobre ela o entregando nas mãos da mais velha.  Johanna sem esboçar reação alguma após conferir o conteúdo, repassou o mesmo para a Madge, que repetiu o gesto entregando o envelope para a Annie. As três mulheres ficaram em silêncio por um minuto até que a ficha caiu e Madge foi a primeira e perguntar:

— Isso é um exame de gravidez? – Katniss respondeu num aceno, os olhos cheios de lágrimas.

— Ok, não criemos pânico. Não é o fim do mundo. Você esta grávida, eu vou ser titia, certo? – Foi a vez de Annie se manifestar.

— O que? Por quê? Como? – Johanna ainda parecia não acreditar.

Até que Madge começou a rir, Johanna e Annie também. Katniss assustou-se com a reação das irmãs, mas logo recebeu um abraço coletivo.

— Ah nós vamos ser tias, vamos providenciar o enxoval. Eu serei a madrinha.

— Não eu serei.

— Será uma menina.

 – Não um menino.

O trio desfez o abraço coletivo e começou a falar desesperadamente, Katniss não fazia ideia de quem falava o quê e já estava ficando zonza com a pequena algazarra.

— Será que conseguirei dar conta? – Katniss estava começando a hiperventilar e a soar frio. – E... e se eu fizer com essa criança o mesmo que minha verdadeira m...

Xiu... calma, respira, respira... se fizer com seu filho a metade do que a nossa mãe fez por cada uma de nós, seu filho ou filha será muito  feliz. – Excepcionalmente Johanna foi suave, e aproveitou para acariciar os cabelos da irmã, o gesto acalmou Katniss.

— Mama Sae sempre será nossa verdadeira mãe, maninha e nada no mundo poderá mudar isso. Quando eu descobri que estava grávida, quase entrei em colapso. Lembra o que foi que a mama falava? – Annie questionou.

— Que você aprenderia na pratica a ser mãe, assim como ela aprendeu... e que ela estaria ao seu lado para o que precisasse... mas... mas,  ela não está mais aqui...

— Mas nós estamos Kat. Eu, Johanna e Annie, estaremos sempre com você. Uma por todas e todas por uma, como sempre foi e sempre será. – Madge colocou.

 – Jamais duvide diss...– Johanna parou a frase no ar e franziu o cenho ao analisar a situação, por conseguinte olhou de maneira inquisitiva  para Katniss. – Não ‘peraí. Como pode estar grávida se há meses não sai com ninguém ou tem um namorado...?  – As mulheres se entreolharam e a acusada começou a chorar novamente.

─━━━━━━⊱❖⊰━━━━━━─    

 – O babacão, mulherengo do teu chefe?

— E-eu meio que descobri depois... depois que a gente... ah Joh! Eu descobri que o Peeta Mellark não é tão babaca quanto eu pensava.

— Você está dizendo que o cara não é tão babaca assim, e acabou de confessar que, após um parto difícil que realizaram juntos no hospital acabaram transando na sala de descanso dos médicos? – Katniss inclinou o corpo e abraçou os joelhos escondendo o rosto ali, não queria encarar as irmãs.

Durante meses ela havia feito a caveira do cirurgião frente às irmãs.  Desde que se conheceram uma sucessão de equívocos e desencontros aconteceram entre os dois.  O primeiro deles foi Katniss pensar que ele e Effie Trinket – mãe do rapaz e dona do hospital – fossem amantes quando Peeta lhe deu as primeiras demonstrações de estar interessado nela. Depois cometeu a mesma gafe, achando que Clove - a esposa do irmão dele - é quem fosse a bola da vez. E mais inúmeras coisas que não faziam bem nem recordar.

— Eu sabia que esse ódio todo entre vocês, em especial da sua parte, era tesão reprimido... caracas Kat... na salinha de descanso? – Madge debochou e Katniss levantando a cabeça, a fitou com uma expressão indignada.

 – Eu não sei o que aconteceu Madge, okay? Estávamos felizes por que tudo tinha dado certo durante um parto super difícil que tínhamos acabado de realizar...  nos achávamos emocionados, aí nos abraçamos e quando dei por mim estávamos sobre a mesa se... – Escondeu o rosto entre as mãos por um breve segundo e  logo ajeitou a postura.

— Se pegando... Sei bem como é isso, eu fui a primeira aqui a se casar esqueceu? Hormônios... mão naquilo, aquilo na mão... bons tempos...

 – Annie!

— 'Tá, sua chata... mas o que você precisa fazer agora é contar ao Peeta que ele será papai – disse Annie batendo palmas animadamente.

— Eu não posso fazer isso Annie.

— Como não?— Madge e Johanna questionaram juntas.

— Foi só uma vez. D-depois, eu... eu... – Foi impossível não perceber o tom triste de Katniss. – Eu continuei a trata-lo mal. Ele tentou se aproximar, me chamar para sair, até quis ter um relacionamento de verdade, mas... sei lá o que me deu...   como posso chegar agora e dizer: Ei cara, sabe aquela rapidinha que nós demos na salinha de descanso?  Adivinha? Vamos ter um bebê.  

— O que sente por ele, Katniss? – Johanna questionou percebendo nas entrelinhas que a irmã já estava apaixonada de verdade, mas provavelmente não tinha se dado conta disso.

— Nestes últimos meses... eu não consigo deixar de notar o ótimo profissional, amigo, filho, irmão e ser humano que ele é. Peeta é o homem mais lindo e incrível que já conheci em toda a minha vida. – Ela levantou os olhos e olhou para a parede como se esta fosse a coisa mais interessante do mundo, e continuou. – Eu não posso mais esconder, eu estou apaixonada por ele... – Começou a chorar novamente. – Como eu conto isso? Um cara com quem eu nem namoro.

 Johanna, Annie e Madge se entreolharam de uma maneira tão maliciosa, quanto cúmplice.

— Não... vocês não estão pensando em... – Katniss inqueriu nervosa, conhecia muito bem aquelas três. 

— Pode ter certeza que sim. — O trio respondeu em uníssono

─━━━━━━⊱❖⊰━━━━━━─

 

— Doutor Peeta Mellark, por favor, compareça a recepção principal no primeiro andar. 

Aquele chamado ecoou pelos corredores do Saint Patrick por umas cinco vezes, Peeta estava dormindo na salinha de descanso, indo para o terceiro plantão consecutivo no hospital. O médico encontrava-se exausto, físico e mentalmente. Físico, por causa dos acumulo de serviço, sendo cirurgião chefe do hospital, mentalmente por não conseguir mais retirar certa morena da cabeça.  Tudo que Peeta sempre sonhou em sua vida era encontrar alguém como Katniss Everdeen e como dizia sua mãe. “Aquietar o facho”. Quem sabe ter uns dois, três filhos, um cachorrinho pequinês, e uma casinha num bairro residencial? No entanto, ele sabia que não tinha a menor chance. 

— Doutor Peeta Mellark, por favor, compareça a recepção principal no primeiro andar. 

— Já vai droga! – Não costuma ser grosso, muito menos mal-humorado, mas especialmente naquela segunda ele estava.  Katniss havia saído na sexta a noite do hospital, depois de dizer que o odiava e culpa-lo de ter feito algo que ele nem imaginava o que era. Contudo o que mais o deixava irritado era o fato de que jamais passou tanto tempo longe da morena desde que se tornou chefe. Estava morrendo de saudades, até mesmo das inúmeras discussões sem nexo que mantinham pelos corredores do Saint Patrick. 

— Onde é o incêndio? – perguntou a recepcionista assim que se encostou ao balcão.

— No estacionamento dos funcionários.

— Onde? – indagou intrigado. A moça apontou para os fundos com uma caneta e sorriu de um jeito arteiro. Na verdade, ambas as secretárias lhe olharam da mesma maneira, como se estivessem lhe escondendo um grande segredo.   

Estranhamente todos os carros estavam estacionados nas laterais e o meio estava totalmente livre, até mesmo seu próprio carro não estava no local que sempre se encontrava.  No meio do pátio havia uma cadeira de roda, onde uma moça se achava sentada de costas para ele.

— Ei, você esta bem? – Peeta se aproximou da garota e tocou em seu ombro. A garota, que estava de cabeça baixa, era morena clara, cabelos lisos com mexas vermelhas. 

 – Toma é para você. – Sorriu e lhe deu uma rosa, depois começou a cantar baixinho uma canção que ele conhecia bem, pois era o toque do seu celular, o qual ele gostava de perturbar Katniss  todas as vezes que ela se aproximava dele, principalmente depois do ocorrido na sala dos médicos.  Tiziano Ferro. Inbranato.

E'iniziato tutto per un tuo capriccio
       Io non mi fidavo..era solo sesso
       Ma il sesso è un'attitudine
       Come l'arte in genere
       E forse l'ho capito e sono qui
      Scusa sai se provo a insistere
      Divento insopportabile
      Ma ti amo...ti amo...ti amo
      Ci risiamo..vabè, è antico, ma ti amo

 

Tudo começou por um capricho teu
       Eu não confiava... era só sexo
       Mas o sexo é uma atitude
      Geralmente como a arte
      E talvez eu tenha entendido e aqui estou
     Desculpa se tento insistir
     Eu fico insuportável
    Mas te amo... te amo... te amo
    Nos sorrimos... tudo bem, é antiquado, mas te amo...

— Hei! – A moça se calou e de trás de um carro saiu um rapaz negro tocando um violão, ele fez um breve solo com o instrumento e em seguida, de forma bem afinada e natural continuou cantando junto com a mulher.    

E scusa se ti amo e se ci conosciamo

Da due mesi o poco più

E scusa se non parlo piano

Ma se non urlo muoio

Non so se sai che ti amo..

E scusami se rido, dall'imbarazzo cedo

Ti guardo fisso e tremo

All'idea di averti accanto

E sentirmi tuo soltanto

E sono qui che parlo emozionato

E sono un imbranato...e sono un imbranato!

 

 E desculpa se te amo e se nos conhecemos

Há dois meses ou pouco mais

Desculpa se não falo baixo

Mas se não grito morro

Não sei se sabes que te amo...

E desculpe se rio, me entrego ao embaraço.

Olho pra ti fixamente e tremo.

À ideia de te ter do meu lado.

E me sentir somente teu.

E estou aqui e falo emocionado.

E sou um atrapalhado! E sou um atrapalhado!

— O-o quê? – Mais dois casais se juntaram ao primeiro casal na cantoria, as moças uma ruiva e outra loira respectivamente, cantavam muito bem, os homens que a acompanhavam, um loiro e outro cor de oliva entregaram nas mãos do médico diversos balões em formato de coração e entraram na cantoria, encontravam-se muito alegres e pareciam bem entrosados uns com os outros.

Ciao... come stai? Domanda inutile!
       Ma a me l'amore mi rende prevedibile
       Parlo poco, lo so..è strano, guido piano
       Sarà il vento, sarà il tempo, sarà...fuoco!

Oi... como vai? Pergunta inútil!
       Mas o amor me torna previsível.
       Falo pouco, fico estranho, desatento
       Será o vento, será o tempo, será......fogo!

Logo o estacionamento estava repleto de pessoas, pacientes, funcionários, gente que o Mellark jamais vira na vida, e até um carro de som apareceu no meio da aglomeração.  Peeta ainda estava meio confuso. Aquilo era um flash mob? Mas para ele... Por quê? Quem se achava por trás daquela super produção. Ele ainda se fazia perguntas quando todos se calaram de repente, permanecendo imóveis em suas posições, como se fossem estatuas vivas, um silêncio sepulcral se fez em torno.  Até que uma voz suave e tímida e sem nenhum instrumento a acompanhando chegou aos seus ouvidos. Fechou os olhos e teve medo de se virar, pois sabia quem era a dona daquela voz e julgou estar sonhando. Aquela voz pertencia a mulher por quem ele se encontrava perdidamente apaixonado há meses.

Escusa se ti amo e se ci conosciamo

Da due mesi o poco più

E scusa se non parlo piano

Ma se non urlo muoio

Non so se sai che ti amo..

E scusami se rido, dall'imbarazzo cedo

Ti guardo fisso e tremo

All'idea di averti accanto

E sentirmi tuo soltanto

E sono qui che parlo emozionato

E sono un imbranato! E sono un imbranato

E desculpa se te amo e se nos conhecemos
      Há dois meses ou pouco mais
      Desculpa se não falo baixo
      Mas se não grito morro
      Não sei se sabes que te amo...
     E desculpe se rio, me entrego ao embaraço.
     Olho pra ti fixamente e tremo.
     À ideia de te ter do meu lado.
     E me sentir somente teu.
     E estou aqui e falo emocionada.
     E sou uma atrapalhada! E sou uma atrapalhada!

— Katniss... o quê? Por qu... – Peeta abriu os olhos, estava aturdido. Katniss o deixou completar a frase para logo beija-lo. Som de palmas, gritos e uivos podiam ser ouvidos a quilômetros de distância. O beijo foi mágico até que tiveram que parar para respirar.

 – Você enlouqueceu? – Peeta perguntou ao soltar os balões e  encostar a testa na, dela.

— Enlouqueceu não seria a palavra que eu usaria...

— Por que tudo isso?

— Primeiro porque estou te pedindo em namoro... e... – Katniss olhou em direção as três irmãs  com seus respectivos maridos, que foram os primeiros casais a cantar, com gestos eles a incentivaram a dar sequência em sua  fala.

Aceito.— Peeta nem pensou muito para responder e lhe beijou novamente. – Mas me diga, quem são eles? E por que fez tudo isso?  – Mostrou todas as pessoas em volta deles

— Minhas irmãs e meus cunhados... – Apontou para Johanna e Tresh, Annie e Finnick, Madge e Gale. Os casais acenaram animados em direção aos dois.

— Gostei deles, mas o que você ia me dizer? – indagou diante do silêncio da garota.

— N-na verdade nem sei como, ou por onde começar...

— Pode ser do começo. – Peeta riu, a morena escondeu o rosto entre as mãos, todavia sentiu um puxãozinho na barra de sua saia e olhou para baixo.

Com um jeitinho tímido, Rue que até aquele momento se achava no colo do primo estava sorrindo para ambos, a criança trazia consigo um embrulhinho  adornado com um lindo laço de fita azul.

 – Vai bebê da mamãe! – Johanna gritou para a filha, que entre risadinhas entregou o pacotinho nas mãos da tia, depois voltou correndo para o colo da mãe, que a encheu de beijinhos assim que retirou a menina do chão.

— Toma, é um presente para você. – Katniss estendeu o embrulhinho para o loiro, Peeta lhe entregou a rosa que ainda se achava em sua mão­ – Minhas irmãs me disseram não tem um jeito melhor para fazer isso. Abre. – Mandou, no entanto para não perder a coragem continuou: – Sabe aquela noite...

— Sei, há quase dois meses.

— É-é... – Katniss travou.

— Fala meu amor. – Peeta segurou com delicadeza em seu queixo, contudo ela não conseguiu dizer nada antes de beijar-lhe outra vez, dessa vez quase lhe tirando o fôlego.

— Anda Kat...— As irmãs, os cunhados e os sobrinhos gritaram, os outros participantes do flash mob engrossaram o coro, até no carro o motorista do carro de som ajudou.  

— Abre, por favor – pediu quase sussurrando.

— O que é isso? – Num aceno ela incentivou que Peeta agilizasse a abertura do pacote, entretanto a princípio o homem não entendeu o significado do presente. – Por que está me dando um sapatinho de bebê?  Nunca que isso vai dar no meu p...  – Ele arregalou os olhos tão azuis  quanto o laço de fita e depois de passar uma mão por seus cabelos dourados encarou a morena a sua frente. – V-você...?

— Sim, estou grávida. – Katniss mordeu o lábio inferior.

Peeta se emocionou e abraçou sua amada de forma protetora e a ergueu do chão e começou a girar com ela pelo estacionamento.

─━━━━━━⊱❖⊰━━━━━━─

— Ahhh...

 –Vamos amor só mais um pouco de força...estou vendo a cabeça do nosso filho – Peeta, diferente de outros pais, estava sorrindo abobalhado com a cabeça entre as pernas da noiva realizando mais um parto, mas aquele em especial era de seu primogênito.

— Não aguento mais... – Grunhiu fazendo mais força.

— Vem garotão do papai, você consegue. – Peeta estimulava o próprio filho a nascer.

Katniss estava quase ficando roxa e com as veias saltadas quando, de repente, o bebê escorregou para as mãos do pai.

— Nasceu! – gritou ele de felicidade. – Olha amor o garotão que em poucos minutos fizemos naquela noite está aqui, grande, saudável e com os pulmões fortes. – Ele levou o bebê próximo a cabeça da morena que chorou em ver seu noivo segurando o fruto de um amor que ela nem se dera conta, mas que naquele momento não pensava em estar com mais ninguém a não ser ele.

Peeta afastou a máscara cirúrgica para beijar os lábios de Katniss e colocou o pequeno em cima dela e logo o choro foi cessando aos poucos.

— Oi filho... como você é lindo. Lindo igual ao seu pai.

— Eu te amo, Katniss.

— Também amo você.

No corredor as outras irmãs e seus respectivos maridos aguardavam ansiosos. Queriam ver o sobrinho tão aguardado.

Nos meses que antecederam Peeta não poupou tempo em pedir a noiva em casamento. Por ele já teriam se casado, mas Katniss preferiu esperar a chegada do bebê, além do mais, suas irmãs planejavam um estrondoso casamento. Segundo elas seria épico, e em se tratando das Everdeen ninguém duvidava.

Katniss queria algo simples, mas ao ver a empolgação de Johanna, Madge e Annie não pôde negar isso a elas. Faria o mesmo, se fosse ao contrário.  

 –Ele é tão lindo – suspirou Johanna diante do sobrinho.

 – É sim, se parece com a Kat...

 – Não, se parece com o Peeta, é a cópia dele.

 – Ah, Annie não começa.

 – Não começa você Madge.

 – Acalmem-se meninas – ponderou Katniss após terminar de amamentar seu bebê. – O Peeta Ryan Mellark Júnior ainda é pequeno demais para sabermos com quem se parece mais... entretanto os poucos fios são loiros e os olhos... hummm... – Ela pendeu a cabeça de um lado para o outro analisando. – Bem, olhos de recém-nascidos são um verdadeiro mistério, pois a cor muda.

 – Vamos esperar você se recuperar do resguardo para podermos iniciar os preparativos do grande, grande dia.

 –Mal posso esperar pra ver o que vocês planejaram dessa vez Johanna.

As quatro irmãs riram de tal modo que os maridos e o noivo colocaram a cabeça para dentro do quarto um tanto curiosos.

 – Nada demais rapazes, apenas coisas de irmãs – argumentou Madge.

 – Oh, sim... nada com o que se preocupar – assegurou Johanna.

 – Nada mesmo. – E por fim Annie.

Katniss não podia estar mais feliz e realizada. Mama Sae e Joseph Everdeen podiam não estar mais ali, no entanto as quatro irmãs estariam sempre unidas pelo tempo que lhes fosse permitido estar.


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Notas finais do capítulo

Gente eu não falo italiano, okay? A letra da música (que por sinal é uma delícia) foi retirada de um site especifico de tradução na internet.

Deixarei o link da canção no Youtube para quem quiser ouvi-la:
https://www.youtube.com/watch?v=bP_uEhOTcdE

Espero que tenham gostado. Semana que vem voltamos com outra história bem gostosa para vocês, então até lá. Bjs.



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