Perdida em Seoul escrita por Kang SoRa


Capítulo 6
O Zoo Ambulante e a Cabra Cega


Notas iniciais do capítulo

Voltei para mais um capítulo.
Ah, desculpem-me pelo nome dele. Quanto mais eu olho, mais aflição dá.
Bye~



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Sigo grande parte do trajeto espremendo-me contra a porta da van, enquanto olho para a janela. Não queria dizer, mas aquelas cinco pessoas fantasiadas de animais, usando máscara e óculos escuros, apesar de não estarem sendo nitidamente enxergadas por mim, estavam me deixando muito mais desconfortável do que quando um pombo cagou em minha cabeça numa viagem escolar. Que merda. Por que me lembrei disso?

Os integrantes daquele zoológico ambulante, porém, não pareciam nenhum pouco desconfortáveis com a minha presença, usando celulares ou computadores, totalmente alheios a minha existência. Com exceção, talvez, de um… o que é isso? Um hamster? Sinto que esse não para de me olhar. Começo a ruborizar.

—Hey, vejam isso. -diz o pinguim, interrompendo minha metamorfose rumo a um tomate maduro. Ele vira a tela para que todos possam ver- Sabe aquele programa de jogos… aquele que passa aos sábados? O nome é parecido com PlayStation…

The Gamers Station? -pergunta o urso.- Aquele da MBC?

—É, esse mesmo! Parece que aquela MC… -ele dá uma pausa- sabe? Aquela toda errada que está metida num tumulto envolvendo o Hongbin do VIXX… ?

—É uma tal de Ana, né? Não consegui dormir ontem de tanta notificação que recebia no Twitter. Tudo devido a essa garota. -diz o projeto de hamster, tirando os óculos e olhando, novamente, para mim. E aí, Coréia? Partiu ser mais discreta?

—Vocês precisam ver isso. -continua o pinguim, fazendo com que eu me esforce para olhar, apesar de sua frase, provavelmente, não me incluir.

Ele despausa um vídeo onde uma menina aparece atravessando uma rua correndo, enquanto é perseguida por uma manada de pessoas. Ela entra num prédio, sumindo do ângulo das câmeras.

—Parece que o último programa causou tamanho rebuliço que a garota foi perseguida hoje de manhã.

Daebak. -dizem quase todos ao mesmo tempo.

Olho para a tela do computador novamente. Vejo que o tal penguin está vendo posts no Twitter. Estou, secretamente, lendo-os quando reparo na foto de uma menina com o nome embaixo: Ana Morales. Reconheço-a como uma brasileira que tinha encontrado, ontem mesmo, na rua e com quem troquei umas poucas palavras. Nossa, como a Coréia é um lugar pequeno, não é mesmo?

—Licença, moça. Não acha que está sendo um pouco invasiva demais? -olho para o lado e encontro um pinguim olhando para mim. Não é para menos. Estou com a cara quase enfiada em seu computador.

—Desculpe-me. -falo, olhando para a janela.

Ouço uns murmurinhos e risadinhas.

Uns cinco minutos se passam sem que nada além do som de teclas e o barulho da van sejam escutados. Continuo encarando os vultos indefinidos pela janela do carro, quando alguém me toca.

—Licença. Gostaria de uma água? -pergunta o hamster de seu lugar, no outro lado do veículo.

Meus olhos vão do garoto e sua fantasia para a garrafa em suas mãos. Ele está só sendo simpático ou, sei lá, isso é uma forma coreana de mostrar que tem um crush em alguém? Se for o último caso, tenho que deixar claro o quão merda isso é. Volto os meus olhos para o garoto.

—Não, obrigada. -ao ouvir minha resposta, o garoto tira a máscara. É, deve ser um crush mesmo.

Enquanto o projeto de hamster faz o descrito anteriormente, todas as outras pessoas do carro olham para ele. Pelo silêncio que toma o ambiente, todos parecem surpresos.

—O que você está fazendo… ? -pergunta um guaxinim. Ele faz um movimento com as mãos, como se quisesse esconder o rosto do menino. -Você está louco, cara?

O pinguim também acorda de seu transe e vira-se para mim e, já que é a única pessoa entre mim e o hamster, acaba fazendo um muro entre nós. Ha, mal sabem eles que eu não conseguiria enxergar a cara do infeliz de qualquer forma.

—Olha ali, um palhaço pelado! -grita o pinguim a minha frente, olhando-me com expectativa. O que está acontecendo aqui?

—Perdão, mas sou míope. Só o enxergarei se estiver grudado no meu nariz… He, he, he. -falo sem mexer um milímetro do meu pescoço.

Claro que menti. Meu problema de visão é ruim, mas não tanto. Entretanto, a frase surtiu o efeito que eu planejei. Todos parecem aliviados.

—Ah… he, he, he.

Olho para a janela -pela… sei lá… vigésima vez?- e observo, bem mais ou menos, onde estou. Penso reconhecer o local e falo para o senhor no banco da frente:

—Licença, ahjussi. Onde estamos? -pergunto e ele me diz o nome da rua- Acho que você pode pode me deixar aqui.

—Ah, Ok.

Ele pede para o motorista parar e eu desço, não sem antes agradecer a carona. Antes de sair, também, passo o olhar pelo garoto vestido de hamster. Não sei. Algo me diz que já o vi em algum lugar.

—Se suas capacidades artísticas são tão questionáveis quanto a seu senso de orientação, você tem de se certificar de deixar isso claro, garota!

—Ah, qual é? Você chegou aqui. Olha. -Chloe aponta para mim- sã e salva.

—Ok, estou viva. Mas isso só melhora um pouco as coisas. -dou-lhe um olhar de desgosto- Ainda…

—Olha -ela me corta- por que não esquecemos isso e falamos sobre outra coisa? Fiquei sabendo de uns boatos sobre o Hongbin e aquela garota do…

The Gamers Station? Já estou sabendo. O pessoal que me deu carona estava comentando sobre isso.

—Tá vendo? Nem foi tão ruim! Está até sabendo das fofocas sobre os famosos.

Pego uma espátula e jogo na cabeça dela.

—Ei!

Depois de reparar que estava na rua do café e descer do carro, ao invés de me dirigir para o apartamento, resolvi dar uma passada no estabelecimento. Acabei encontrando uma Chloe solitária lavando a louça. E como uma boa amiga, cá estou eu, ajudando.

—Mas parece que a coisa foi feia! Vi num lugar que a menina foi esfaqueada e esquartejada. -viro-me para ela com os olhos arregalados. - Exatamente. Que pessoas doidas! Mas acho que não é verdade. Bom, pelo menos a parte do “esquartejada”, pois parece que o manager do Hongbin divulgou há uma hora que eles estão juntos.

—Oxe. Como assim?

—Né? Muito doido. -ela se desencosta da pia e vira para mim, com a mão que segura a bucha levantada- Mas quer saber? Aposto que foi tudo parte de um plano para manterem a menina viva.

—Não sei… Pouco importa… -falo, sentada ao balcão com a mão segurando a cabeça que pesa- Pelo amor de deus, dá para terminar logo aí?! Estou quase capotando de sono aqui!

—Ok, ok.

Quando ela termina, fechamos tudo e saímos. Meia hora depois, estou esparramada na minha cama. Programo o relógio e olho para o teto. Sem qualquer explicação, lembro-me do hamster da van.

Engraçado. Parece que ele estava fazendo questão de me mostrar quem era.

Caio no sono.


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Notas finais do capítulo

Então foi isso, um capítulo que, apesar da quantidade de palavras, foi bem simples (na minha opinião). Bom, só tenho mais um capítulo pronto dessa fic e estou me esforçando ao máximo para mudar essa situação, mas ainda tenho outra fic para manter. Ah, ainda tem mais uma que ainda nem foi postada, mas já tem alguns capítulos escritos.
Caso ainda não conheça a minha outra fic, aqui está: https://fanfiction.com.br/historia/725673/Over_Game/
Esse capítulo tem uma GRANDE conexão com ela, então recomendo a leitura~



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